quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

A Autoridade de Deus

 Autoridades, Poderes, Governos e Ministros de Deus


Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação» (Romanos 13: 1-2).

Tradicionalmente se entende este texto como uma referência às autoridades governamentais humanas, aos governos dos países. No entanto, nada é dito nesse sentido, mas são exortações com um sentido genérico e o assunto é apresentado como um princípio estabelecido por Deus, a regra delineada pelo Criador para as suas criaturas. A referência feita aos magistrados, no versículo terceiro não passam de exemplos e aplicações deste princípio hierárquico estabelecido por Deus a toda a Sua criação, sendo que o seu significado no grego (archon, Strong: 758) é autoridade, governo, líder.

Uma leitura cuidada das Escrituras não deixa dúvidas que Deus estabeleceu uma hierarquia na organização humana, que não é mais que o reflexo do que existe em toda a criação, especialmente a estabelecida para além da terra ou seja, a celestial. A organização humana não é mais que o reflexo da organização de todo o universo, que deveria viver assim harmoniosamente; mas a harmonia foi alterada com a rebelião das hostes celestiais da maldade, que optaram seguir um sistema de trevas e o implementaram igualmente na terra com a queda de Adão e pela depravação humana (Apocalipse 12 com Romanos 1). Nesse aspeto negativo, mais uma vez, a terra mantém-se como um reflexo do que está acontecendo nos celestiais (Efésios 2:1-3 e 6:11-12): uma criação em rebelião com o seu Criador e o seu domínio está a ser liderado pelo “príncipe dos poderes/autoridades das trevas e dos ares (ver e ler os textos das citações supra). Parece, assim, que o Senhor se retirou, temporariamente, do governo visível da terra e dos celestiais (I Coríntios 15: 24-26, 53-57; Hebreus 2:8), até que o “Corpo de Cristo” assuma o seu lugar no propósito de Deus após a ressurreição do arrebatamento (Romanos 8: 14-30; 16: 20; I Coríntios 15: 49-58; Filipenses 3: 20-21).

Não obstante isso, nada afetou a hierarquia estabelecida por Deus. Romanos 8: 38; Efésios 1: 19-23; 2: 2-3; 3: 10; 6: 12; Colossenses 1: 16 e 2: 15 descreve as hierarquias mais importantes, que estão distribuídas da seguinte forma:

Principados (príncipes, primeiros) / Tronos, potestades/poderes/autoridades, domínios (senhores de áreas geográficas no Universo), nomes (ou títulos de seres ou senhores importantes) e a ekklesia “Corpo de Cristo” (com a autoridade do Trono de Deus) e, acima de tudo, como cabeça, CRISTO.

«Ele é a imagem do Deus invisível, o primogénito de toda a criação. Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência, porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse» (Colossenses 1: 15-19).

Estes, são dos lugares celestiais (ver, ainda, Efésios 3: 10 e 6: 12).

Já nos escritos sagrados hebraicos temos estas referências bem retratadas: Daniel 10 faz referência ao príncipe do reino da Pérsia. O que sugere que estes príncipes espirituais tinham uma grande influência no curso e no destino dos reinos terrenos. Este príncipe (certamente com os seus exércitos – que tinham carros e cavaleiros celestiais – ver II Reis 6: 17), impediu o Anjo Gabriel (segundo alguns, Arcanjo) de vir esclarecer e confortar Daniel.

Foi o Arcanjo Miguel, hierarquicamente superior, chamado príncipe dos príncipes ou dos primeiros príncipes (plural: o que sugere haver vários) – Daniel 10:13, e “grande príncipe” (12:1) que veio socorrer a Gabriel.

Entretanto, num dos confrontos entre o Arcanjo Miguel e Satanás, lemos que Miguel não ousou pronunciar juízo de maldição contra o diabo, mas endossou-o para o Senhor, superior hierárquico do diabo. Isto aconteceu porque o diabo é um querubim, da ordem dos serafins e, por isso, superior hierarquicamente aos arcanjos (Judas 1: 9).

Contrariamente aos seres celestiais, os incrédulos – especialmente religiosos – não respeitam as autoridades superiores, e dizem mal do que não sabem, como disse Judas:

«E, contudo, também estes, semelhantemente adormecidos, contaminam a sua carne, e rejeitam as dominações (governo), e vituperam as autoridades. Estes, porém, dizem mal do que não sabem; e, naquilo que naturalmente conhecem, como animais irracionais, se corrompem» (Judas 1: 8-9).

Pedro faz referência ao mesmo facto:

«Mas principalmente aqueles que segundo a carne andam em concupiscências de imundícia e desprezam os poderes superiores. Atrevidos, obstinados, não receiam blasfemar das autoridades; enquanto os anjos, sendo maiores em força e poder, não pronunciam contra eles juízo blasfemo diante do Senhor. Mas estes, como animais irracionais, que seguem a natureza, feitos para serem presos e mortos, blasfemando do que não entendem, perecerão na sua corrupção, recebendo o galardão da injustiça» (II Pedro 2: 10-13).

 

Já Paulo diz que muitos crentes falam de anjos, metendo-se em coisas que não sabem (Colossenses 2: 18), e na verdade, isso acontece: há uma generalidade falta de conhecimento da realidade presente e futura dos anjos, resultante do escasso, errado ou total desconhecimento da revelação do Mistério. E é em Paulo onde encontramos maior abundância de referências e do assunto dos anjos.

 

A questão da “AUTORIDADE” é a razão principal porque o ser humano não deve dizer mal dos anjos: como diz Pedro e está escrito na epístola aos Hebreus (2: 7), eles são superiores em força e poder em relação aos homens. Por isso, é um desrespeito quando não se respeita e obedece às autoridades estabelecidas por Deus na Sua criação e, assim, os desrespeitosos das autoridades incorrem em insurreição a Deus. E, esse princípio aplica-se nas relações humanas, sendo as autoridades humanas um reflexo das hierarquias estabelecidas por Deus e ainda em vigor em toda a criação, sendo que os seres espirituais e celestiais respeitam mais estas instituições que o próprio ser humano! Por isso é que somos ensinados por Paulo a respeitar as autoridades do mundo e, até, a orar por elas:

Não é uma obrigação primária, absoluta, para o "Corpo de Cristo", porque a Igreja está num patamar superior aos anjos, e, como tal, estamos acima dos governos humanos, pois iremos julgar o mundo; mas, por causa do bom testemunho, devemos respeitá-los enquanto ainda não tomamos a nossa posição celestial.

«Admoesta-os a que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obedeçam e estejam preparados para toda boa obra» (Tito 3: 1).

«Sujeitai-vos, pois, a toda ordenação humana por amor do Senhor; quer ao rei, como superior» (1 Pedro 2:13).

 

«Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade» (I Timóteo 2: 1-2).

 

O Senhor deu exemplo disso quando disse: “os filhos não precisam de pagar imposto" ou obrigações aos poderes instituídos, mas, por causa do testemunho, devemos respeitar.

«Quando Jesus e os discípulos chegaram à cidade de Cafarnaum, os cobradores do imposto do Templo foram perguntar a Pedro: —O mestre de vocês não paga o imposto do Templo? — Paga, sim! — Respondeu Pedro.

Depois Pedro entrou em casa, mas, antes que falasse alguma coisa, Jesus disse: — Simão, o que é que você acha? Quem paga impostos e taxas aos reis deste mundo? São os cidadãos do país ou são os estrangeiros?

— São os estrangeiros! — Respondeu Pedro.

— Certo! — Disse Jesus. — Isso quer dizer que os cidadãos não precisam pagar.

Mas nós não queremos ofender essa gente. Por isso vá até o lago, jogue o anzol e puxe o primeiro peixe que você fisgar. Na boca dele você encontrará uma moeda. Então vá e pague com ela o meu imposto e o seu»

(Mateus 17: 24-27).

 

Outro testemunho é dado por Pedro nos dias após o Pentecostes:

«Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens» (Atos 5: 29).

 

Não esqueçamos que o Senhor, ao tomar a forma humana, humilhou-se (Filipenses 2: 5-7), porque fez-se inferior aos anjos (Hebreus 2: 5-18), e por causa da paixão da morte. No entanto, com a vitória da Sua obra o Senhor foi coroado “Príncipe” (v. 10, conforme Atos 3: 15 e 5: 31). E, o lugar que ocupa na glória, à dextra de Deus, é, primeiramente o cumprimento da Profecia, o Filho do Homem, para cumprir as promessas feitas aos pais (Romanos 15: 8), de restaurar todas as coisas na terra à condição original, como descendente de Davi, ser Rei dos reis e Senhor dos senhores. Nessa qualidade de Homem, o Senhor está no Trono do Pai em cumprimento da Profecia, “até que os seus inimigos sejam colocados por escabelo dos seus pés” (Hebreus 1: 13 em cumprimento do Salmo 110: 1, conforme Apocalipse 3:21). Após isso, depois da grande tribulação e de serem restauradas todas as coisas, o Senhor se assentará no Seu trono, em Jerusalém (Atos 3: 18-21).

Posição igual, mas em cumprimento de propósitos diferentes, é a que o Senhor Jesus Cristo ocupa, atualmente na glória, no trono do PAI, como cabeça da Igreja “Corpo de Cristo” (Efésios 1: 19-23). Este aspeto e facto era um mistério oculto em Deus, desde antes de toda a criação, antes dos tempos das ERAS, segundo a revelação do Mistério. E, segundo esta revelação, o Senhor ocupa o Trono por direito próprio: foi feito para Ele, segundo a revelação planeada desde antes da fundação do mundo; na Profecia, o Senhor ocupa a dextra de Deus como refugiado do mundo (Salmo 110: 1; Apocalipse 12: 5), daqueles que o perseguiam e do príncipe deste mundo, até que chegue a hora do Senhor derrotar os seus inimigos e coloca-los por escabelo dos seus pés, que será na grande tribulação e, no Reino, no período milenial (Apocalipse 19-20).

Nesta qualidade de Homem, perfeito, mas inferior aos anjos, o Senhor estava totalmente dependente do Pai. O príncipe deste mundo [que pela descrição, era o Belzebu, o príncipe dos demónios, a semente da serpente (Génesis 3: 15), o filho de Satanás, o filho do leão (Salmo 91: 13), que é o demónio do Anticristo, que foi também vencido na cruz do Calvário e está preso até ao dia da grande tribulação (Efésios 4: 8-9; II Tessalonicenses 2; Apocalipse 9 e 13), que “foi, não é (atualmente), mas que virá… e subirá do abismo (quando for aberto – Isaías 14: 15) ” – Apocalipse 17: 8] este, com todas as suas hostes, e com o apoio do mundo revoltoso contra o seu Criador, judeus e gentios, investiu sobre o Senhor Jesus Cristo e o levou à cruz do Calvário, pensando que o derrotaria. Foi um período de trevas inimagináveis: três dias e três noites de trevas para todo o universo: céus e terra! Mas, ao terceiro dia fez-se LUZ! O Senhor derrotou todos os seus inimigos terrenos e celestiais (Colossenses 2: 15), dando uma prova da Sua vitória, que será visivel na ressurreição do arrebatamento. Neste momento ainda não é visível (I Coríntios 15: 22-28; Romanos 8: 24). 

(Faz-se uma grande confusão com os textos de Isaías 14 e Ezequiel 28, atribuindo o texto a Satanás, quando se trata de um homem, o rei da Babilónia e de Tiro. No entanto, o texto fala não de um homem qualquer, mas de um super-homem, um semideus, um sujeito homem possesso por um demónio, o anjo do abismo, o verdadeiro anticristo, que dominará a terra no período da grande tribulação (ler citações bíblicas supra). O diabo dominará os céus como príncipe das autoridades dos ares e o anticristo (a Besta, pois este demónio tem um aspeto de “besta”) dominará a terra como o príncipe deste mundo (João 14: 30). Nesse tempo o mundo/kosmos passará pelo momento mais tenebroso que o universo teve/terá e terrível. E, o Senhor permitirá que tudo bata no fundo para, nesse momento, iniciar a restauração de todas as coisas, começando pela Igreja “Corpo de Cristo”.)

Há uma questão básica da nossa esperança que os crentes têm ignorado e são prova disso as perguntas que muitos deles fazem e não lhes é dada qualquer resposta bíblica fundamentada, designadamente: «porque é que o Senhor permitiu a revolta de Satanás e porque deixa-o andar à solta? Isto, certamente, por milénios e milénios!

A resposta está na revelação do Mistério do “Corpo de Cristo”. Não havia nem há anjos e/ou seres espirituais e celestiais suficientemente fortes para vencer Satanás, mesmo sendo eles em número inferior, ou seja, cerca de “um terço das estrelas do céu” (Apocalipse 12). Isto porque os seres mais fortes, os príncipes e os dominadores desta era optaram por ir após Satanás! Mas, a revelação do Mistério veio desvendar os planos de Deus: a derrota de Satanás e das suas hostes será operada por Deus através da Sua ekklesia, o “Corpo de Cristo” que, após a ressurreição do arrebatamento será dotada de poder (Filipenses 3: 20-21) que superará todas os poderes criados e autoridades instaladas, como foi exemplificado na ressurreição e glorificação do Senhor Jesus Cristo (Efésios 1: 19-23), conforme Paulo relata a luta da Igreja “nos lugares celestiais” (6: 12), e, “em breve o Senhor colocará Satanás debaixo dos nossos pés” (Romanos 16: 20). Este é outro aspeto da graça de Deus: não será pelos anjos, ou outros poderes instalados, mas pela ekklesia “Corpo de Cristo” que o Senhor iniciará a restauração de todas as coisas (Romanos 8: 14-30).

Outro ponto básico, mas de suprema importância, quanto à nossa esperança, que os crentes ignoram, têm a ver com a razão das nossas funções futuras e celestiais. E, elas têm a ver com o papel destes seres celestiais, as autoridades celestiais: uma vez que estes senhores optaram por seguir a Satanás, o Senhor vai-lhes retirar as suas autoridades e vai dá-las aos membros da Igreja “Corpo de Cristo”, como diz o apóstolo Paulo aos coríntios: “Não sabeis que os santos vão julgar o Kosmos?” (I Coríntios 6: 2) e, “Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos?” (v. 3). “Julgar”, grego “krino”, “Strong: julgar, reinar, governar”. Certamente é o tipo de julgamento retratado no livro de Juízes. Filipenses 3: 20, dá essa ideia: “A nossa cidade está nos céus”. “Cidade” no grego é a tradução da palavra “politeuma”, que significa “assento de governo”, oriunda da palavra “politeuomai” que significa “administrar questões civis”, dirigir o estado, segundo Strong. É o que significa a ekklesia estar “em Cristo” (Efésios 2: 5-10), assentada à destra de Deus, no Seu Trono. Não se assentará literalmente, pois ali estará pessoalmente o Senhor Jesus Cristo, o “cabeça da ekklesia”, mas que atuará como se lá estivesse, atuará com a autoridade do Trono de Deus, como fazendo parte do “Corpo de Cristo”, o grupo que exercerá por todo o Universo as funções do Trono de Deus. Os membros do "Corpo de Cristo" serão os delegados diretos da autoridade de Deus e os intermediários de Deus no Seu governo, aplicando o Seu poder. Será desta forma - no exercício das suas funções celestiais - que a Igreja demonstrará (assim no grego) ser o instrumento das riquezas da graça de Deus (Efésios 2:7) nos séculos vindouros, como a multiforme sabedoria de Deus (Efésios 3: 8-11). Estas é que são "as obras que Deus preparou para que andássemos nelas" de Efésios 2: 10, pois Paulo está a falar dos lugares celestiais e do futuro. 

Infelizmente, nem todos os membros do "Corpo de Cristo" serão coroados e reinarão, mas isso é outro assunto que não abordaremos aqui. Ficam, no entanto, alguns textos sagrados que dão alguma informação para o leitor mais estudioso puder refletir: Romanos 8: 17 e II Timóteo 2: 12; 4: 6-8).

O papel da Igreja “Corpo de Cristo” abriu uma nova página na cumprimento dos propósitos de Deus: passados, presentes e futuros. E vemos um exemplo disso nas palavras do Apóstolo Paulo aos Gálatas que passamos a citar:

«Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema» Gálatas 1: 8).


Notem: se no quadro profético, no programa do estabelecimento do Reino, estava vedado ao homem amaldiçoar os anjos, por serem uma autoridade superior, ou os próprios anjos blasfemarem outros anjos superiores, agora, Paulo, vem tomar uma atitude diferente: amaldiçoa os próprios anjos do céu! Porquê? Não estava a desrespeitar a hierarquia estabelecida por Deus? Não estava a revelar-se contra as autoridades superiores? Não: por várias razões: (1) primeira, porque a Igreja “Corpo de Cristo” é superior aos anjos (ao contrario dos crentes do reino, que estão dependentes dos anjos e precisam deles – Hebreus 1: 14; Apocalipse 2-3. Vemos isso, na descrição das hierarquias estabelecidas por Deus em Efésios 1: 19-23, sendo a ekklesia o topo da hierarquia na criação, e o Senhor Jesus Cristo por cima, como sua cabeça. (2) segundo e como consequência do primeiro: da posição da igreja, esta irá julgar o mundo/cosmos/universo e os anjos, como parte dele – I Coríntios 6: 2-3. Isto por uma razão muito simples: uma vez que os anjos falharam no seu ministério hierárquico e governamental nos domínios astrais, com a revolta contra Deus, o Senhor vai retirar os principados (as funções de autoridade) aos anjos e irá entregá-las à ekklesia “Corpo de Cristo” (Paulo tem inúmeras referências ao facto que recomendo a leitura – supra, 3: 22). (3) O Plano e propósito da Igreja é primeira em relação aos anjos: se foi a última a ser revelada e realizada (depois dos anjos e de Adão, i.e., da Profecia), foi a primeira a ser planeada (preparada desde antes dos tempos das eras – do tempo que era sem tempo, ao que frequentemente chamamos erradamente de “eternidade passada” (I Coríntios 2: 7, grego). A ekklesia, o “Corpo de Cristo” foi eleita desde antes da fundação do mundo (Efésios 1: 4), e, por isso, primeiro que os anjos eleitos, que foram pensados e criados/gerados “desde a fundação do mundo” e será a primeira a entrar na restauração, por fazer parte do "Corpo de Cristo". (4) Por causa da mensagem: a Mensagem da revelação do Mistério, o “Edito Imperial” de Deus, é a mais importante das revelações: mais importante que a revelação aos anjos (a “Bíblia" dos anjos/seres celestiais) e anterior a ela, pois, também, foi concebida e declarada antes da fundação do mundo (Tito 1: 2-3, com II Coríntios 2), e é mais importante e anterior à mensagem de Deus para a terra, designadamente a Adão, a Abraão, a Moisés e a todos os profetas, que foi revelada desde a fundação do mundo (Lucas 1: 70; Atos 3: 18 e 24). Estes são somente alguns apontamentos entre outras razões que me reservo, de momento, expressar. Estes são somente simples tópicos para o leitor refletir e verificar como a cristandade (e muitos crentes desta comunidade evangélica e dos “irmãos”) está longe de perceber… e, há coisas que não podem ser ditas a todos, como o próprio Senhor fez com os discípulos e Paulo com as igrejas!

 

Notem um pormenor muito importante, neste contexto, para o qual dou um simples lamiré: Apocalipse 12 relata um confronto NOS CÉUS ente o Arcanjo Miguel e os seus exércitos e Satanás e as suas hostes das trevas, como houveram muitos outros ao longo da presente ERA das trevas, pelas descrições das Escrituras: hebraicas e gregas. Mas, só nesta descrição de Apocalipse 12, no fim do tempo, é que o Arcanjo Miguel consegue levar a melhor sobre o Dragão, a antiga serpente, chamado diabo e Satanás, conforme o texto. Segundo a escatologia paulina, este confronto ocorrerá depois da ressurreição do arrebatamento da ekklesia “Corpo de Cristo” e da derrota que ela causará no príncipe dos poderes e autoridades celestiais (que o obteve pela força das trevas e pelo mal) e o despojará dos lugares supra-celestiais (grego: epouranios, ou seja: epi+ouranos) para tomar a posse da sua herança celestial (Efésios 6: 12; Romanos 16: 20; I Tessalonicenses 5: 5- 11; Colossenses 2: 15; Filipenses 3: 20-21, no grego). Só depois, com Satanás e os seus exércitos enfraquecidos e debilitados é que Miguel, com os seus exércitos, derrotará o diabo e o precipitará na terra para sofrer a grande tribulação com a Besta e o Falso Profeta (Apocalipse 12, 19-20). É oportuno lembrar as palavras do Senhor Jesus Cristo quando referiu: Não obstante os reinos das trevas dominarem presentemente nos lugares celestiais e na terra, eles estão em conflito entre si; razão, pelo qual, não subsistirão (Lucas 11: 17-18). A queda de Satanás é tripla: (1) dos supra céus (pela Igreja "Corpo de Cristo") para os céus; depois, (2) dos céus (gerais) para a terra (pelos anjos de Miguel); Depois, então (3) será precipitado da terra para o abismo (pelos homens de Deus? os 144.000? - Apocalipse 12: 10, 11, 17; 14: 1-5; 20: 1-3).

Estes, repito, são alguns apontamentos sobre a existência das hierarquias na criação de Deus, a sua composição e relação delas entre si, entre muitos pormenores que não foram dissecados, por não ser a ocasião para isso.

 

A AUTORIDADE NA DISPENSAÇÃO DA GRAÇA

Paulo, o apóstolo da ekklesia, o “Corpo de Cristo”, pregou em pleno Evangelho da Graça de Deus, que é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (II Timóteo 4:17; Romanos 1:16; Efésios 3: 1-2). Ele recebeu a sua comissão diretamente do Senhor, e a sua mensagem por diversas visões e revelações do Senhor Jesus Cristo glorificado (I Coríntios 15: 8-9; II Coríntios 12: 1, 7; Gálatas 1: 11,12; Efésios 3: 3). Esta mensagem contém a pregação da cruz, que é, para nós que somos salvos, o "poder de Deus" (I Coríntios 1:18).

Mas antes da salvação, todos estávamos sob o domínio e o poder do espírito que ainda opera nos filhos da desobediência ("potestade das trevas", autoridade, domínio, reino… - Colossenses 1:13). Andávamos de acordo com o sistema deste mundo que foi implantado por Satanás, o príncipe dos poderes espirituais, manifestadas nas concupiscências de nossa carne (Efésios 2: 2-3). Como tal, o ser humano não possui a mínima capacidade para andar sob o poder/autoridade ordenada por Deus, o poder superior.

Mas graças a Deus, que é rico em misericórdia, pois quando, pela fé, confiamos na Sua palavra, pela obra de Seu Filho na cruz, fomos libertos do poder/autoridade das trevas e transportados para o reino do Filho do Seu amor, ou seja, para o Seu glorioso Reino Celestial/Lugares (Colossenses 1: 13; Efésios 1: 3; 2: 4-6). Deus, através da operação do Seu Santo Espírito, coloca-nos (batiza-nos/identifica-nos) no Corpo Único de Cristo, sob o poder e a autoridade de Jesus Cristo como nossa CABEÇA (I Coríntios 12: 13; Colossenses 2:12).

A boa nova que Jesus Cristo morreu por nossos pecados, foi sepultado, ressuscitou dos mortos ao terceiro dia é o único evangelho que salva o ser humano (I Coríntios 15: 3-4). Os pecadores que acreditam nesta maravilhosa mensagem são contados como santos. E, agora, como salvos, membros do “Corpo de Cristo”, se noutro tempo eramos insurretos, desobedientes, insujeitos às autoridades, devemos aprender o verdadeiro significado de AUTORIDADE e ser exemplos na sua aplicação.

 

Vamos, então, examinar, Romanos 13: 1-7:

«Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.

Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal. Portanto, é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência. Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo. Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra».

 

Estas revelações de Paulo aos santos em Roma revelam que eles deveriam estar sujeitos aos poderes superiores que foram ordenados por Deus. Observe que Paulo não está abordando a humanidade perdida nem as pessoas religiosas além de Cristo, mas os santos que habitavam em Roma. Lembrem-se que somente os crentes, membros do Corpo Único de Cristo, é que são contemplados nesta Epístola Romana (Romanos 1: 6; 12: 4-5). Somente os membros do Corpo é que pertencem à jurisdição de Deus e foram instruídos por Deus através de Paulo a estarem sujeitos às autoridades (I Coríntios 6:20; II Coríntios 5:15; Efésios 5:21). Dito de outra forma, este capítulo 13 de Romanos são recomendações de Paulo para o Corpo Único de Cristo.

 

O versículo 1 declara:

«As autoridades que há foram ordenadas por Deus».

Estas autoridades são poderes superiores de Deus e ordenados por Deus. Deus estabeleceu uma hierarquia na Sua criação, e nela vemos um propósito específico. E são definidas em função de uma instituição. Esse propósito é o processo de crescimento ou a edificação do Corpo de Cristo. Isso será explicado mais adiante neste artigo.

Esses poderes delegaram autoridade e os seus instrumentos tiveram o privilégio de exercer poder, uma vez que a autoridade sob a qual operavam não se originava em si mesmos, mas fora delegada por Deus. Assim, esses ministros de Deus receberam autoridade para funcionar de maneira adequada, a fim de cumprir seu dever e cumprir o propósito de Deus. Como tal, eles não tinham poder em si mesmos para reivindicar o poder ou o exercício do poder.

Historicamente é da maior importância doutrinária; Paulo, o apóstolo de e para os gentios, é o mais alto poder instituído por Deus para o Corpo de Cristo, devido ao seu ministério de apóstolo com a sua correspondente mensagem (Romanos 11:13; I Timóteo 2: 6-7). Paulo, com o Evangelho da Graça de Deus, em vigor nesta dispensação, foi a autoridade enviada por Deus (Gálatas 1: 15,16; I Coríntios 9:17; Efésios 3: 1,2), com a autoridade delegada pelo Senhor Jesus Cristo, já glorificado, e constituído Cabeça da Igreja.

Vejamos os textos sagrados:

«Paulo (chamado apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus) …» (I Coríntios 1: 1).

«Paulo, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dos mortos) …» (Gálatas 1: 1).

«Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, segundo o mandado de Deus, nosso Salvador, e do Senhor Jesus Cristo, esperança nossa…» (1 Timóteo 1: 1).

«Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade, … mas, a seu tempo, manifestou a sua palavra pela pregação que me foi confiada segundo o mandamento de Deus, nosso Salvador…» (Tito 1: 1-3)

“Mandamento”, no grego, Strong: 2003, epitagh, epitage, de 2004; TDNT-8:36,1156; substantivo, feminino; significado: 1) injunção, mandato, comando.

Este termo foi usado da septuaguinta para se referir ao EDITO de Assuero, que nem o próprio imperador poderia revogar!

Paulo revelou o seu entendimento sobre a sua autoridade delegada e o uso de seu poder dentro do Corpo de Cristo, com exemplos dos utilizados no quotidiano:

 

Romanos 15: 15-16 – Paulo escreveu aos crentes de Roma por causa da graça que lhe fora dada por Deus que os colocou sob a sua autoridade/poder, como membros do Corpo de Cristo:

«Mas, irmãos, em parte vos escrevi mais ousadamente, como para vos trazer outra vez isto à memória, pela graça que por Deus me foi dada, que eu seja ministro de Jesus Cristo entre os gentios, ministrando o evangelho de Deus, para que seja agradável a oferta dos gentios, santificada pelo Espírito Santo».

(Ver 12: 3).

 

I Coríntios 3: 5-7 – Paulo, como apóstolo, afirma que ele, em si, é nada.

«Pois quem é Paulo e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Pelo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento».

 

II Coríntios 10: 8 – Paulo reconheceu que a sua autoridade e poder lhe foram dados e que era para a edificação do Corpo de Cristo e não para a destruição/divisão deles.

«Porque, ainda que eu me glorie mais alguma coisa do nosso poder, o qual o Senhor nos deu para edificação e não para vossa destruição, não me envergonharei».

 

II Coríntios 12: 11 – Paulo afirma ainda assim, "embora eu não seja nada".

«Fui néscio em gloriar-me; vós me constrangestes; porque eu devia ser louvado por vós, visto que em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos, ainda que nada sou».

 

II Coríntios 13: 3-4 – Cristo falou por meio de Paulo e viveu Cristo pelo poder de Deus que se manifestou aos coríntios.

«Visto que buscais uma prova de Cristo que fala em mim, o qual não é fraco para convosco; antes, é poderoso entre vós. Porque, ainda que tenha sido crucificado por fraqueza, vive, contudo, pelo poder de Deus. Porque nós também somos fracos nele, mas viveremos com ele pelo poder de Deus em vós».

 

Efésios 3: 8 – Paulo afirma ser menor que o menor de todos os santos.

«A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo».

 

Colossenses 1: 29 – O trabalho energético de Paulo estava de acordo com a obra de Cristo glorificado nele.

«E para isto também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente».

 

É claro que Paulo entendeu com humildade de espírito e ousadia de coração que a sua posição de autoridade e poder fora ordenada por Deus (Romanos 1: 5; II Coríntios 10: 8; I Timóteo 2: 7; II Timóteo 1:11) e delegada pelo Senhor Jesus Cristo.

Na versão JFA, RC e RA, a palavra portuguesa autoridade poder em Romanos 13:1 e II Coríntios 13:10 e a palavra em autoridade em II Coríntios 10: 8 são traduzidos da mesma palavra grega (1849, exousia, exousia). Assim, em II Coríntios 10: 8, Paulo escreve que sua "autoridade" lhe fora dada pelo Senhor. No capítulo 13, versículo 10 de II Coríntios, Paulo também afirma que usaria de rigor (rispidamente/severidade) entre os coríntios de acordo com o "poder" que o Senhor lhe dera. Na mente de Paulo, tanto a autoridade quanto o poder estão correlacionados e vieram de Deus.

Há um “cordão de três dobras” nas Escrituras que não pode ser quebrado quanto à investidura de Deus ao Seu porta-voz com autoridade/poder. O registo sagrado mostra que Deus investiu de autoridade a Moisés na Dispensação da Lei no Tempo Passado, como também havia investido de equivalente autoridade a Pedro, o principal apóstolo profético do Reino. A Pedro foram entregues as “chaves” do Reino dos Céus na Terra, com Pedro usando essas chaves durante a festa do Pentecostes, conforme descrito nos primeiros capítulos de Atos; como, de igual modo, confiou a Paulo a dispensação da graça de Deus, com a sua correspondente autoridade/poder para estabelecer na igreja “Corpo de Cristo” as sãs doutrinas da verdade da graça (1 Coríntios 9:17; Efésios 3: 2; Colossenses 1:25; compare Atos 13: 4-12). Essa autoridade foi reconhecida pelas colunas da Igreja em Jerusalém:

«… Antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da circuncisão (porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os gentios), e conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que se me havia dado, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios e eles, à circuncisão» (Gálatas 2: 7-9).

 

Vamos resumir o que analisamos até agora:

  1. O 13º Capítulo de Romanos é dirigido a toda alma dentro do Corpo Único de Cristo, que é a ekklesia nesta Dispensação da Graça de Deus.
  2. Deus conferiu autoridade/poder equivalente ao valor da mensagem o apóstolo Paulo (a sua autoridade não estava nele, em si, mas resultava da sua mensagem, a Palavra confiada a ele pelo Senhor glorificado), ao qual todos os santos do “Corpo” devem estar sujeitos. O poder superior não era de nenhum homem dentro de seu próprio poder, pois o homem nada era. Por causa do mandamento de Deus para a edificação do Corpo Único de Cristo, o Senhor estabeleceu uma hierarquia de poderes superiores, que eram homens que receberam a mordomia da revelação do Mistério, com Paulo sendo o primeiro nesta hierarquia da Dispensação da Graça de Deus, abaixo da “Cabeça”: Cristo (I Coríntios 4: 1-2; I Timóteo 1: 12-16).

Paulo era o “poder superior” por causa do “corpo de doutrina” que Deus lhe confiara (II Coríntios 12: 1, 7; I Timóteo 1: 11; Tito 1: 3, 9). Assim, a autoridade superior delegada a Paulo éna realidade, para nós, no século XXI, todo o conjunto de ensinos referentes ao “Corpo de Cristo”, desde o plano de salvação, a esperança, as riquezas e o poder que realizará os planos de Deus (Efésios 1: 17-19), (ou seja, as Escrituras corretamente divididas).

  1. Deus havia designado (ordenado) alguns apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores dentro do Corpo de Cristo para facilitar o processo de edificação quando a Palavra da Verdade estava sendo revelada a Paulo (Efésios 4: 11-14). Esta descrição era uma verdadeira hierarquia. Isso está espelhado numa descrição equivalente em I aos Coríntios 12: 27 e 28:

«Ora, vós sois o corpo de Cristo e seus membros em particular. E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos, em segundo lugar, profetas, em terceiro, doutores, depois, milagres, depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas….»

Esses homens cooperavam em harmonia com Paulo. Eles eram cooperadores com o apóstolo quando ele exercia a sua autoridade apostólica na prossecução de seu ministério (I Tessalonicenses 3: 1-2; Filipenses 2: 19-25; I Timóteo 1: 3; Tito 1: 5).

Dentre de si mesmos, esses homens dons não eram a autoridade, mas por causa do depósito da Verdade depositado à sua responsabilidade por Deus através do ministério de Paulo. Para eles, a sua autoridade não era delegada, mas subdelegada através do Apóstolo Paulo, que podiam falar e repreender com a mesma autoridade (II Timóteo 1: 6; I Timóteo 5:17; II Timóteo 2: 2; 4: 2-5; Tito 2:15).

«… Não porque não tivéssemos autoridade… mas para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes» (II Tessalonicenses 3:9);

«Fala disto, e exorta, e repreende com toda a autoridade. Ninguém te despreze» (Tito 2:15).

 

Submissão, Obediência e Vida

Em Romanos 13: 2-5, há duas questões básicas apresentadas relativas à forma como os santos poderiam responder aos poderes superiores do versículo um. Certamente, isso é consistente com as outras advertências dadas por Paulo ao longo desta Epístola Romana.

Por exemplo, em Romanos, capítulos 6 a 8, Paulo apresenta aos santos a novidade de vida em que fomos chamados para entrar. Um crente pode optar por andar "após" a carne ou andar "após" o Espírito de Deus. Uma caminhada é uma vida diária em sujeição a Deus e à Sua Palavra revelada sob a Graça. O oposto é a resistência a Deus e à Sua autoridade, representada no ministério de Paulo e contida nas suas epístolas (I Coríntios 14:37; II Coríntios 13: 3).

Da mesma forma, em Romanos 13, a exortação é promover a obediência a Deus mediante a submissão voluntária ao poder / governantes / ministros superiores de Deus. O oposto disso é resistir ao que Deus ordenou para ser autoridade, ou seja, resistir aos representantes da autoridade de Deus é resistir ao próprio Deus.

 

 

AS DUAS QUESTÕES BÁSICAS

  1. Um Crente que Anda Segundo a CARNE :
    1. Esses crentes resistem ao poder/autoridade de Deus - Romanos 12: 2.
    2. Esses crentes resistem à ordenança (disposições) de Deus – v. 2.

A ordenança de Deus revela a vontade e o propósito de Deus, para que os santos possam orientar a sua maneira de viver, para que possa funcionar como um filho adulto/maduro de Deus, manifestando graça e Verdade (Romanos 8:29; 15: 8; II Coríntios 3: 18).

    1. Esses crentes que resistem recebem para si mesmos condenação ou julgamento:
      1. Durante o período de Atos, quando a epístola aos Romanos foi escrita, Paulo exerceu a sua autoridade com a operação sinais miraculosos/físicos e confrontando todos àqueles que se opunham à pregação de Seu evangelho. Assistimos, também, a várias manifestações de perda espiritual pela falta da experiência da graça nas assembleias locais quando rejeitavam e falaram contra Paulo (Atos 13: 11; I Coríntios 4:21; 5: 3-5; 11: 27-30; II Coríntios 12: 12-13: 3,10; Gálatas 4:15).
      2. O período pós-Atos foi marcada pela cessação dos dons sinais físicos, mas a magnitude da perda espiritual aumentou à medida que os santos, desde os dias de Paulo, rejeitavam consistentemente a Autoridade de Deus encontrada nas epístolas paulinas, abandonando os seus ensinos. Como um todo, a Igreja visível – o grupo de crentes professos – preferiu seguir uma suposta demonstração do poder de Deus, conforme registado nos capítulos 1-8 de Atos. O Corpo de Cristo negligenciou, e até mudou, o verdadeiro sentido de "... os poderes que são ordenados por Deus" para “os poderes da Igreja! No entanto, permanece um dia em que todo o Corpo comparecerá diante do Tribunal de Cristo (o “Bema” ou “pódio de Cristo” para os crentes prestarem contas (I Coríntios 3: 10-4: 2; II Coríntios 5:10).
      3. Entendamos que, quando há resistência, há oposição a:
        1. Ao poder de Deus;
        2. Às ordenanças de Deus;
        3. Aos governantes de Deus (I Timóteo 5: 17);
        4. Aos ministros de Deus (I Tessalonicenses 3: 2).

 

  1. Um Santo que Anda Segundo o ESPÍRITO:
    1. Estes santos vivem sujeitos ao maior poder/autoridade de Deus - Romanos 13: 3.
    2. Estes santos andam influenciados e dependentes permanentemente do poder/autoridade de Deus, à medida que crescem no conhecimento da vontade e do propósito de Deus revelado a Paulo para o “Corpo de Cristo”. Aqueles dons, como poderes de Deus, detentoras da autoridade suprema de Deus, deviam exercer a sua autoridade de maneira tão rigorosa e fiel para que os demais santos chegassem à plenitude de Cristo com plena solidez, bondade e maturidade espiritual (Filipenses 2: 19-21; I Timóteo 4: 15, 16).
    3. Esses demais santos receberão o “louvor” e o “apoio” da parte dos poderes/autoridades (Filipenses 2: 16), designadamente:
      1. Durante as jornadas apostólicas de Paulo, quando ele deixava os irmãos no meio das perseguições, ele frequentemente enviava os seus cooperadores ou ministros de Deus para verificar se eles permaneciam na fé e para confirmá-los na graça de Deus. Quando esses ministros de Deus trazia boas notícias de que os santos estavam submissos à “autoridade de Paulo”, essas notícias refrescavam o apóstolo e levaram ao seu louvor sobre eles (I Tessalonicenses 3: 1-10; Filipenses 2: 19-23; II Coríntios 7: 6-16), uma verdadeira imagem do que ocorrerá no “Bema” de Cristo” (Tribunal de Cristo).
      2. O objetivo de Deus era usar homens investidos de poder / autoridade delegada, contidos na Doutrina divulgada oralmente (ainda não havia as epístolas), para levar os membros do “Corpo de Cristo” à maturidade e à edificação pelo PODER DE DEUS  (I Coríntios 2: 5).

Romanos 13: 4 registra que isso é bom. Os ministros de Deus, cheios do Seu Espírito, seriam mordomos fiéis da Verdade confiada a Paulo e não adulterariam a revelação (II Timóteo 2: 2).

      1. Quando a sujeição é verificada, assistimos à submissão de:
        1. A Palavra da Verdade revelada;
        2. A autoridade de Paulo, como apóstolo de Jesus Cristo;
        3. Às Palavras de Cristo em Paulo; e
        4. Ao poder de Cristo nas suas vidas.

 

A advertência é clara e os resultados muito evidentes, se os lideres da cristandade não reconhecerem o ministério de Paulo como o despenseiro da “casa espiritual (em espírito) de Deus, o impacto desses ministério será a destruição e a divisão da Igreja, manifestada pela ignorância da vontade de Deus e na perda da verdadeira identidade do “Corpo de Cristo”.

Adequadamente, o ensino / trabalho de cada ministro deve estar em sintonia com a liderança de Deus na divulgação da Palavra da Verdade corretamente dividida. Anos mais tarde, quando Paulo escreveu a sua segunda epístola a Timóteo, esse aspeto da autoridade foi expresso em II Timóteo 2:15:

«Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja (gr. “divide”) bem a palavra da verdade».

 

Os líderes pertencentes ao Corpo de Cristo deviam ensinar a Palavra da Verdade corretamente dividida, deixando claras as diferenças entre a Verdade do Mistério e a Verdade Profética, entre o Corpo de Cristo e o Israel Nacional, entre o Programa Celestial e o Programa Terreno, e entre o modelo da Graça e o modelo da Lei.

 

Resumindo o que abordamos até ao momento, verificamos que Deus ordenou que o apóstolo Paulo, com autoridade delegada, fosse o Seu porta-voz durante esta presente dispensação da graça. Paulo era o “despenseiro”, ou “mordomo” dos mistérios da graça de Deus (I Coríntios 4: 1 com Efésios 3: 2). Essa autoridade era acompanhada com dons sinais, ao que ele intitula de “sinais do seu apostolado” (II Coríntios 12: 12 e I Coríntios 9: 2). Ele usou esse poder sobre os perdidos e, especialmente, sobre os salvos para levar à compreensão de que Cristo estava falando através dele. Paulo poderia e usou esse poder de maneira destrutiva (nos descrentes e alguns crentes) e para edificação (os crentes) (I Coríntios 5 e 11; II Coríntios 10: 8; 13: 2, 10; Atos 13:11).

Com relação aos poderes superiores / governantes / ministros de Deus, conforme registrado em Romanos 13: 3-6, Paulo também enviou outros, como Tito, Timóteo e Epafrodito, como ministros subdelegados por Paulo para confirmar os santos na fé do Evangelho da graça de Deus, segundo a revelação do Mistério. Esses homens eram os "dons" que Deus deu ao Corpo de Cristo, conforme registrado em I Coríntios 12:28 e Efésios 4:11.

A marca de identificação dos verdadeiros ministros de Deus seria que eles não mudariam a sã doutrina que Paulo lhes havia confiado. Eles ensinavam e faziam o mesmo que Paulo ensinava e fazia (II Timóteo 2: 1 e 2; Filipenses 4: 9). Esperava-se, assim, que as assembleias locais se submetessem a esses verdadeiros poderes / governantes / ministros de Deus, provando dessa forma a sinceridade de seu amor (II Coríntios 7: 5-16). As assembleias locais deveriam / devem permanecer assim fieis contra os falsos apóstolos de Satanás e os obreiros fraudulentos. Esses falsos obreiros eram enviados por Satanás ao Corpo de Cristo para atrair os membros para um sistema diverso da graça, ou seja, para retornaram à Lei / Obras / Carne. Deus até rotula esses falsos obreiros como “ministros da justiça” (II Coríntios 11: 13-15; Efésios 4:14).

Por sua vez, a obediência das igrejas a Deus era verificada quando as assembleias se submetiam ao ensino de Paulo e dos seus cooperadores e rejeitaram as falsas autoridades / poderes. Isso era a evidência de sua obediência ao Espírito de Cristo que estava neles enquanto viviam sob o sistema de Graça / Fé / Espírito (I Tessalonicenses 3:8; Filipenses 2: 12-18). Servir a Cristo e estar envolvido com a obra de Cristo implicava (e implica ainda hoje) obedecer aos escritos de Paulo e responder de maneira honrosa a Deus as seus cooperadores, como ministros da sua autoridade, dando honra a quem pertence a devida honra (Filipenses 2: 25-30; I Tessalonicenses 5: 12-13).

 

A APLICAÇÃO DO ASSUNTO

Os crentes que optem resistir aos poderes instituídos de Deus significa que andam segundo a carne. Hoje, a maioria dos membros da Igreja, que é o Seu Corpo, encontra-se nessa posição devido à sua ignorância da revelação Paulina e à desconsideração da sua autoridade, poder e epístolas da Dispensação da Graça de Deus. Embora muitas das consequências dessa resistência possam não ser vistas nesta vida, todas as coisas serão manifestadas no Tribunal de Cristo (I Coríntios 3: 10 a 4: 5; II Coríntios 5:10). No entanto, o crente que agora ministre outro evangelho devido à sua negligência em dividir corretamente a Palavra da Verdade entre Profecia e Mistério está numa posição de maldição (Gálatas 1: 8 e 9), e, por isso, de reprovação em relação à fé e às boas obras da graça (II Timóteo 3: 8; Tito 1: 16).

 

Devemos ter em mente que, como Paulo escreveu Romanos durante a diminuição de Israel (Romanos 11: 11-13), e como Deus levantou esse apóstolo da Graça, quem falava contra Paulo naquele período resultava num juízo que podia levar à destruição do próprio corpo físico. Um bom exemplo disso está em I Coríntios 5, em que um membro do Corpo de Cristo estava tendo relações sexuais com a esposa de seu pai. Esse homem, assim como toda a assembleia de Corinto, estava fora da conduta piedosa que que é admissível na mensagem de Paulo, em função da autoridade que lhe fora concedida por mandado de Deus. Embora os coríntios estivessem falando contra Paulo, eles estavam essencialmente falando contra Deus ou a resistir ao poder superior de Deus sobre eles e, como resultado, Deus através de Paulo trouxe uma condenação à carne desse homem que era culpado de fornicação.

Igualmente aconteceu na descrição de I aos Coríntios 11, onde toda a assembleia estava sentindo os efeitos da rebelião em relação ao depósito da verdade de Paulo, que no caso era o desrespeito pela unidade do Corpo, ou seja, “desprezavam a Igreja de Deus”. Ele havia trabalhado para edificar os santos, mas muitos estavam doentes, até morrendo, porque resistiram ao poder superior, a Palavra da Verdade em Paulo. Nesses casos, Paulo desempenhou o papel de justiceiro (Romanos 13: 4; I Coríntios 4:21; II Coríntios 13: 2, 10; I Tessalonicenses 4: 6).

Tendo a diminuição de Israel sido concluída, e a revelação do Mistério encerrada, que presumimos coincidir com Atos 28, verificamos que os tempos dos dons sinais apostólicos tinham terminado, cessado e desaparecido (I Coríntios 13: 8-12). Isso foi operado por Deus em simultâneo com a conclusão do conhecimento perfeito celestial, de cima, superior (grego = epignose, ou seja: epi = de cima, supra + gnosis = conhecimento) da revelação do mistério da vontade de Deus, conforme revelado a Paulo  (Efésios 1: 9, 10; Colossenses 1:25).

Portanto, descobrimos que, desde então, desde que a revelação fora concluída, até aos nossos dias, o método de Deus para confirmar os crentes com a sã doutrina, para proceder à reprovação dos casos impróprios, ou proceder à correção e instrução dos santos, é o descrito em II a Timóteo 3:16 é: Um livro completo, chamado Escrituras Sagradas, que seja estudado e aplicado de acordo com II Timóteo 2:15.

Todo crente pode encontrar-se sujeito a Deus durante esta presente dispensação da graça, vivendo a vida sob Seu poder à medida que crescemos no entendimento da graça; PARA HOJE A GRAÇA REINA – Romanos 5:21.

 

Versículos 6 a 8:

«Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo. Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra. A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei».

 

Voltemos a considerar Romanos 13: 6-8, onde encontramos um ponto importante nesses três versículos. Os membros do Corpo Único de Cristo devem cumprir o seu dever para com os ministros de Deus, que é a de prestar obediência e fidelidade à mensagem que receberam da parte de Deus, já que eles cumpriram fielmente as suas responsabilidades que lhes foram dadas por Deus. Aqueles que receberam as “coisas espirituais” do ministro de Deus ficam obrigados ao dever do amor de fornecer as “coisas materiais” àquele fiel poder / governante / ministro, para que ele possa continuar naquele seu ministério espiritual (Gálatas 6: 6; I Coríntios 9: 10-14).

Romanos 13: 6 demonstra que esses poderes/governantes/ministro de Deus deveriam participar continuamente dessa partilha. O que é "exatamente isso?" No contexto, o ministro de Deus exerce o seu poder delegado por Deus em benefício dos santos para a sua edificação e maturidade. O versículo 5 revela que os santos devem obedecer aos ministros de Deus, não por causa da disciplina mas por causa da consciência (ou seja, para o santo possuir uma consciência pura e boa em relação aos mandamentos de Deus ministrados por Paulo, em contraste com uma consciência fraca ou manchada em caso de disciplina, que ocorrerá no tribunal de Cristo). Esta é a formação de Cristo como templo de Deus em Espírito (Gálatas 4:19; Efésios 4: 11-12; Colossenses 1:28). Esses homens de Deus deveriam usar efetivamente a sã doutrina de Paulo, o ensino oral (primeiramente) e o escrito (atualmente) que facultava o crescimento e o proveito espiritual de Deus na nova vida dos santos (I Timóteo 1: 10, 11; 4:15).

Na verdade, é o Espírito Santo que toma a Palavra de Deus através de um ministério eficaz e eficiente das Escrituras no coração dos crentes pelo poder de Deus, fortalecendo assim o homem interior (Romanos 15:13; Efésios 3: 16-17; Romanos 8:29; II Coríntios 3:18). Na verdade, se aqueles ministros de Deus deixassem de ministrar a Palavra corretamente dividida, os santos não seriam estabelecidos por Deus na sabedoria espiritual do Mistério, mas teriam uma sabedoria humana e mundana (II Coríntios 2: 5; Romanos 8: 5-7).

No versículo 6-8, há quatro palavras que a maioria dos crentes vê como se tratando apenas de alguma forma de governo humano/nacional/civil. As palavras são: tributoimpostotemor honra.

O versículo 7 diz: “A ninguém devais coisa alguma…”. Este é o cabeçalho coletivo que une todas as quatro palavras a uma única questão. A questão é que os santos cumpram fielmente a sua responsabilidade para com os ministros de Deus, que são os poderes superiores. Prestar os seus deveres aos ministros de Deus, apesar de estarem aqui nesta terra, seriam verdadeiros exemplos de fidelidade ao próprio Deus. E, quando diz:

«… a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros»

É sinal de que se trata de questões entre crentes e não questões com o mundo. Além disso, não creio que se refira às autoridade humanas, pagãs e que estejam ao serviço de Deus, porque o mundo jaz no maligno (I João 5: 19), anda segundo o príncipe dos poderes das trevas (Efésios 2: 1-3) e fazem tudo para destruir os filhos de Deus, em claro cumprimento e no seguimento dos propósitos de Satanás.

 

TRIBUTO  – uma taxa ou pagamento de uma contribuição em contraprestação por um serviço prestado, no caso que seria pago ao ministro de Deus (I Coríntios 9: 9-14; II Coríntios 8: 8-14 / 9: 5-8; Gálatas 6: 6). Ao "taxar-se" a si próprio, denotava uma atitude de sujeição a Deus, pois o santo reconhecia a ordenança ou o decreto de Deus.

IMPOSTO  – Grego: “telos”, “fim”. Seria uma obrigação a pagar para realizar um propósito específico. Paulo coletou dinheiro das assembleias locais para ser usado para ajudar outras assembleias. Paulo foi convidado a assumir "a comunhão do ministério aos santos" (II Coríntios 8: 1-18; II Coríntios 1:13).

TEMOR - um medo saudável de desagradar o ministro de Deus. Esse temor piedoso era benéfico, pois influenciava à disposição e a uma atitude positiva em relação à sujeição a Deus (II Coríntios 7: 1; Efésios 5:21).

HONRA - um sistema interno de reconhecer e valorizar ou estimar os Homens de Deus pelo seu ministério a favor dos santos, especialmente quando estes abraçam a vontade de Deus, conforme expresso por aqueles fiéis mordomos (I Tessalonicenses 5: 12-13; I Timóteo 5: 17).

Por fim, Romanos 13 é muito claro em afirmar que o poder superior / o governante / o ministro de Deus deveria olhar continuamente para o que edificava, pois era para bem. Isso trazia maturidade aos santos para que eles pudessem fazer a obra do ministério. Efésios 4: 11-13 é uma passagem maravilhosa das Escrituras que confirma esta verdade. Se um servo de Deus foi usado para criar as condições de os santos ficarem aptos para a obra do ministério de Deus, então, dar cumprimento a esse ministério é crescer até chegar a varão perfeito (maduro), chegar à estatura da plenitude de Cristo. Este é o bem PRESENTE que obtemos do ministério dos ministros de Deus. Outro bem, mas FUTURO, é o galardão que obteremos no Tribunal de Cristo pela maturidade e ministério que resultará dessa maturidade em Cristo (I Coríntios 3-4). Caso contrário, os santos não entenderão o valor das palavras de Paulo e não reconhecerão o seu apostolado com as implicações negativas que isso lhes trará, presentemente e no futuro (I Coríntios 14: 37).

 

 

UMA VISÃO DISPENSACIONAL

Na presente Dispensação da Graça de Deus, Jesus Cristo é a Cabeça do Corpo Único. Para tornar conhecida essa posição da ekklesia celestial, Deus entregou à confiança de Paulo um ofício divino de autoridade. Não havia outros humanos que tivessem esse cargo (Romanos 11: 13), embora houvessem outros apóstolos no Corpo. Assim como Moisés, que foi o primeiro e único que possuía "o modelo do tabernáculo” e entregou a Lei ao povo de Israel, Paulo foi o primeiro e o único a quem Deus confiara "o modelo das palavras sãs” que as apresentou aos incircuncisos na dispensação da graça de Deus (Tito 1: 3; I Timóteo 1: 11). Paulo recebeu "o modelo das palavras” orais através de visões e revelações do Senhor glorificado (Atos 9: 16; 18: 9; 26: 16; Gálatas 1: 11, 12; Efésios 3: 3; Colossenses 1: 25). Todos os outros “dons” que Deus deu aos homens (apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, professores, etc.) receberam as suas instruções por meio da iluminação, à medida que foram ensinados pelo Espírito Santo através do ministério de Paulo. Posteriormente, eles ministravam as mesmas coisas pelo Espírito de Deus, confirmando todos os aspetos desta Revelação do Mistério (Efésios 3: 4-5; I Coríntios 1: 10; 2: 13; 14: 26-37; I Timóteo 1: 3; II Timóteo 2: 2).

Como a autoridade e o poder de Deus foram personificados em Moisés no início da Dispensação da Lei, da mesma forma a autoridade e o poder de Deus foram personificados em Paulo no início da Dispensação da Graça de Deus. De igual modo, como o ministério de Moisés teve grande contestação interna e externa, chegando a ter momentos de perigo de sua vida, o ministério de Paulo teve grande contestação desde o início, chegando mesmo a correr o risco da sua vida. Ainda, da mesma maneira que Israel rejeitou a revelação de Deus com a valorização das suas tradições, a cristandade tem valorizado as suas tradições humanas em detrimento da revelação paulina. As consequências serão as mesmas: Israel foi posto de parte, temporariamente, até ao tempo da disciplina e da restauração de Deus, a cristandade será posta de parte para ser sujeita à disciplina de Deus, com a mesma disciplina do Israel professo na grande tribulação. O remanescente será salvo: de Israel e da cristandade, o Corpo de Cristo (Romanos 11).

Quando o ministério dos dons cessou, em resposta à conclusão da revelação do Mistério, os dons de Paulo e os outros “dons” que Deus dera aos homens, também terminaram; e, Deus não dando mais DONS ou deixando de continuar a dar “dons”, será que Ele deixou de ter a Sua voz autoritária ativa? Existe algum um poder/autoridade pelo qual Deus ainda fala, hoje? Sim, ainda há uma autoridade que fala.

E, da mesma maneira, assim como nos dias de Paulo, quando os perdidos e muitos crentes falavam contra os desígnios de Deus no processo de edificação do “Corpo de Cristo”, quando se opunham a Paulo e aos demais “dons” (autoridades subdelegadas de Deus), hoje, a mesma má vontade é demonstrada em relação àquilo que os substituiu.

Ao olharmos para o ministério de Paulo, bem como o ministério dos outros homens ordenados por Deus, descobrimos que os ministérios deles deveriam proporcionar um efeito quádruplo. Esses homens deveriam prover a doutrina, reprovação, correção e a instrução em justiça”. Com o desaparecimento desses "dons” dados aos homens, Deus os substituiu por Sua Palavra escrita, que se encontra completada (II Timóteo 3: 16). Notem que toda a Escritura é proveitosa e não, agora, o ministério dos dons.

Um dos principais desígnios de Deus no processo de edificação do “Corpo de Cristo” era fazer com que Paulo completasse a Palavra da Verdade através da sabedoria oculta de Deus que ele recebera de Jesus Cristo (I Coríntios 2: 7), revelada pelo Seu Espírito (v. 10-16). Esta revelação é chamada de MISTÉRIO. Foi e é ... a pregação de Jesus Cristo segundo a revelação do MISTÉRIO, que foi mantida em segredo desde o início do mundo...”, e a sua vitória foi completar a revelação da Palavra de Deus (Efésios 3: 1-3; Colossenses 1: 24-29; II Timóteo 4: 16-18).

Essa Palavra de Deus completada era conhecida como Escrituras (II Timóteo 3: 16). O texto de II a Timóteo 3: 16-17, revela que o ministério quádruplo dos homens talentosos havia sido substituído pelas Escrituras que fazem exatamente a mesma coisa. Deus, substituindo o ministério de Paulo, bem como o ministério dos outros “dons”, as Escrituras proporcionam ao “Corpo de Cristo” a doutrina, a repreensão, a correção e a instrução em justiça.

HOJE, não existe mais poderes superiores, governantes ou ministros de Deus, fisicamente, de Romanos 13, que foram substituídos pela Palavra perfeita, completa e consumada de Deus, a Bíblia em geral e os escritos de Paulo em particular e as suas epístolas após Atos 28 em muito especial (7 epístolas). Notem que Paulo escreveu 13 epístolas: 6 + 7, que reflete o significado do seu apostolado: não pertence aos 12 apóstolo de Israel, mas é o 13º apóstolo, o apóstolo dos gentios, o mordoma da dispensação da casa de Deus.

Hoje, não temos Cabeça a não ser Cristo: nenhum outro líder, nenhum outro supervisor, nenhum outro ancião, nenhum outro oficial, nenhuma outra autoridade. Hoje temos as Escrituras Paulinas, conforme Pedro confirmou (II Pedro 3: 15-16). Notem a expressão de Pedro: “como as demais Escrituras…”

 

Com a segunda Epístola de Paulo a Timóteo, sendo o último livro da Bíblia a ser escrito enquanto Paulo estava perto de sua execução, Deus havia usado os "poderes superiores" de Romanos XIII para dar, copiar, coletar e agrupar tudo o que havia de Escrituras sagradas. O desígnio de Deus era ter todas as Escrituras residentes no Corpo de Cristo antes da morte de Paulo. Assim, com a sua segunda Epístola a Timóteo, o depósito da Verdade, ou o “modelo das sãs palavras” de Jesus Cristo glorificado (não o terreno – “ainda que tenhamos conhecido a Cristo segundo a carne, já não o conhecemos desse modo” – II Coríntios 5: 16) estava concluído. O “Corpo de Cristo” só tem um lugar onde pode ser encontrado: as Escrituras paulinas (como era legitimo falar em “Lei de Moisés”, para Pedro também era legitimo falar em “Escrituras de Paulo e das demais Escrituras”). Mas, correspondentemente, o “Corpo de Cristo” é o guardião das “Escrituras Sagradas” da revelação do Mistério. O “Corpo de Cristo”, a Igreja do Deus vivo, é a coluna e a firmeza da verdade (I Timóteo 3:15). O Corpo de Cristo é o depositário da Palavra da Verdade completa. Os sessenta e seis livros das Escrituras reunidos em um único volume, são os escritos que Deus soprou/inspirou os seus ministros a escrever. As escrituras agora é que proporcionam a doutrina, a reprovação, a correção e a instrução correta de Deus (II Timóteo 3: 16, 17; Romanos 16: 25, 26; I Coríntios 14: 37; Colossenses 4: 16).

Desde a morte do apóstolo Paulo que o processo de edificação de Deus passou a ser feito pelas Escrituras; NÃO um homem como um “DOM” ou mesmo homens especialmente dotados para o ministério, pois essa falsa ideia tradicional não é declarada em II a Timóteo 3:16 como o meio de edificação. Por meio da Palavra da Verdade encontrada em um LIVRO estudado e "corretamente dividido", Deus, pelo Seu Espírito, opera o correto e pleno crescimento de cada membro do “Corpo” em Cristo (crescendo naquele que é a Cabeça” – Efésios 4: 15) e os torna aptos para o ministério do Senhor (Efésios 4: 15; II Timóteo 2: 15).

«Considera o que digo, porque o Senhor te dará entendimento em tudo» (II Timóteo 2: 7).

«Pelo que todos quantos já somos maduros sintamos isto mesmo; e, se sentis alguma coisa doutra maneira, também Deus vo-lo revelará» (Filipenses 3: 15-16).

«Medita estas coisas, ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos» (I Timóteo 4:15).

 

Por sua vez, os anciãos que desejem o ministério do presbitério (liderança da Igreja local) devem governar bem, ser considerados dignos de dupla honra, especialmente aqueles que trabalham no ministério da palavra e na doutrina (I Timóteo 3: 1-7; 5: 17).

«Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível… apto para ensinar… não neófito…» (I Timóteo 3: 1-7);

«… Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes…» (Tito 1: 5-9).

 

 

 

CONCLUSÃO

Não faltam, hoje, nas livrarias versões da Bíblia com títulos nos topos dos parágrafos que criam muitos mal-entendidos, inclusivamente no capítulo 13 de Romanos, quando intitulam o capítulo e quase determinam a interpretação do texto e condicionam a compreensão dos "poderes superiores", deixando transparecer que se trata dos governos humanos e suas lideranças. Muitas dessas versões com os seus títulos descontextualizados levam os crentes ao engano! E, quando nos questionamos se Deus tem algum livro que seja a reprodução exata da Sua Palavra (ou seja, qual das centenas de traduções é a Palavra de Deus para nós), as pessoas costumam concluir que hoje não temos a Palavra de Deus em um livro que seja inerrante, completa e perfeita. O crente comum tem sido repetidamente bombardeado por homens instruídos que afirmam não existir uma Bíblia perfeita; que apenas os manuscritos hebraicos e gregos originais eram perfeitamente inspirados; e que esses mesmos manuscritos foram destruídos pelo uso há muito tempo. Assim, de acordo com muitos desses estudiosos, nenhuma Bíblia é a Palavra de Deus para os crentes, hoje!

No entanto, quando questionados sobre a autoridade humana, proclamam ousadamente que Deus estabeleceu um governo civil com líderes humanos. Os cristãos devem obedecer aos governos, poissegundo eles, são ministros ou governantes de Deus. Não é interessante que muitos tenham certezas dogmaticamente construídas numa interpretação pessoal de que Romanos 13 fala sobre obediência ao governo humano, mas, ao mesmo tempo, afirmam que nenhuma tradução da Bíblia perfeita! Se a Bíblia deles tem erros, eles, então, estão pregando erros!

É muito estranho pensar que Deus pode estabelecer um homem num governo civil para ser uma autoridade sobre o Seu povo e, ao mesmo tempo, não consegue manter a Sua Palavra intacta num LIVRO chamado Escritura Sagrada, em que pecador ou santo poderia chegar ao conhecimento da salvação e da revelação de Deus sobre o Mistério do “Corpo de Cristo”! Parece então que o povo de Deus deve ouvir as autoridades governamentais em vez de procurar e ler as Escrituras perfeitas que contêm as palavras de Deus! O homem é agora a autoridade sobre o que representa a sua fé e a quem deve uma obediência cega. A isto chama-se Humanismo!

Curiosamente, a maioria das pessoas, provavelmente crentes, confia no governo humano e nos seus líderes, em vez de confiar que Deus que pode preservar a Sua Palavra pura e perfeita, denominada Escrituras Sagradas e reunidas num Livro! É por isso que hoje encontramos pessoas que seguem cegamente os governos humanos e negam arrogantemente que Deus possa ter mantido a Sua palavra intacta e pura. Surpreendente!

Essas versões pervertidas precisam ser entendidas à luz apropriada de quem as possui. Para os menos informados dizemos que todas as versões da Bíblia existentes têm o seu texto  protegido por direitos autorais, salvo muito raras exceções. Os editores das Bíblias, com raríssimas exceções, têm os governos humanos a proteger as suas traduções ou versões (as violações de direitos autorais roubam os lucros corporativos – II Coríntios 2:17 e I Timóteo 6: 9-10; Tito 1: 11). O que, também, não deixa de ser surpreendente! O estudante da Bíblia reconhecerá em Lucas 4: 5-7, Efésios 2: 2, Daniel 10, Ezequiel 28: 1-19 e Isaías 14: 9-18 que todos os governos humanos atualmente, atualmente, incluindo os protestantes, estão sob o domínio e controle de Satanás. O único governo que Deus estabelecerá na terra e que será justo e prospero é o Reino de Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo, que se assentará no trono da sua glória (Mateus 25: 31). Todos os outros assentos de autoridade governamental, celestial ou terreno, criados por e para Jesus Cristo (Colossenses 1:16) foram roubados e assenhoreados por Satanás, tendo-os distribuído aos seus súbditos como quer.

Todos estes poderes, principados e potestades, celestiais e terrenos, voltarão para o Senhor (Efésios 1: 9-10 – Gr. “reunir sob a cabeça”), sob a autoridade de Deus, no tempo determinado pelo Pai (Apocalipse 12:10; Hebreus 2: 8; 1 Coríntios 15: 24-27). Mas, esse momento ainda não chegou (I Coríntios 15: 24-28), pois o homem forte da casa ainda não foi preso  (Mateus 12: 25-29; 28: 18; Apocalipse 20: 1-3). Assim, os governantes das nações são homens de Satanás, não ministros de Deus; nem eles ocupam os assentos do poder superior. Portanto, apelar a qualquer governo humano para proteger "a Palavra de Deus" em um livro é como colocar a raposa a guardar um galinheiro.

«Porque há muitos desordenados, faladores, vãos e enganadores, especialmente os da circuncisão: aos quais convém tapar a boca; homens que transtornam casas inteiras, ensinando o que não convém por torpe ganância» (Tito 1: 10-11).

 

Certamente, que o estudante cuidadoso da Palavra, pode ver que a situação não mudou desde os dias de Paulo até aos nossos; apenas a pressão dos adversários de Deus é que se tornou sofisticada provocando a tendência ao engano daqueles que têm os corações mais simples e indiferentes (Romanos 16: 17, 18), mas a alma atenta e dedicada reconhece que Deus exaltou o ministério do apóstolo Paulo com poder e autoridade com o objetivo de tornar conhecidas as riquezas de Sua Graça entre as Nações.

Dizer que Romanos 13: 1-7 (que são formas fracas, limitadas e corruptas de governo humano e/ou de líderes governamentais) fala de ministros de Deus é contaminar a glória de Deus e o Seu propósito eterno. É também negligenciar e ocultar a verdade do desígnio inicial de Deus no processo de edificação do Corpo de Cristo através desses poderes superiores / governantes / ministros de Deus, dos quais Paulo foi o primeiro apóstolo na Dispensação da Graça de Deus (I Timóteo 1: 15-16).

Compreender e defender os "poderes superiores", "governantes", "os ministros de Deus" como os obreiros de Deus para a edificação do “Corpo de Cristo”, começando com Paulo no seu ministério de apóstolo da graça e com a Palavra da Verdade que lhe foi confiada por revelação, permite que o “Corpo de Cristo” cumpra o objetivo e o propósito de Deus enquanto está na terra, de chamar e salvar os membros do Corpo pelas riquezas de Sua Graça  (Romanos 1: 5; 15: 16-18; Gálatas 1:15; Efésios 2: 8).

O Pai Celestial, o Senhor Jesus Cristo e o Espírito Santo ainda estão operando a Dispensação da Graça, e Paulo, o apóstolo do Mistério ainda continua a falar através das suas Epístolas com a mesma autoridade e poder! Se o leitor reconhecer esta autoridade então está no bom caminho para chegar à plenitude de Cristo e ser apresentado diante de Deus como “perfeito em Cristo” (II Coríntios 10: 2-4).

A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o Vosso espírito.