terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Estás a Trabalhar em Vão?



«Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor» (I Coríntios 15:58).

Que maravilhosas palavras de segurança! Qual dos leitores não sentiu, em algum momento, que o seu trabalho para o Senhor está a ser em vão? Nessas ocasiões, que consolo é saber que há uma garantia incondicional, não qualificada e dada por Deus de que o nosso trabalho para Ele não é em vão!

Mas, porque é que Paulo tem uma frase controversa quando escreveu aos gálatas, onde ele disse:
«Receio de vós que haja eu trabalhado em vão para convosco» (Gálatas 4:11).

Aqui, o apóstolo parece recear que o seu serviço para confirmar os gálatas nos ensinos da graça estivesse a ser em vão, caso eles continuassem nas obras da Lei.

E, aos Filipenses, Paulo exorta-os:
«Retendo a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, possa gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão» (Filipenses 2:16).

Aqui parece que o trabalho de Paulo seria em vão se os filipenses deixassem de RETER a palavra da vida e deixassem as instruções que lhes tinha deixado.

E, ainda, escreveu também aos Tessalonicenses a considerar, quando disse:

«Portanto, não podendo eu também esperar mais, mandei-o saber da vossa fé, temendo que o tentador vos tentasse, e o nosso trabalho viesse a ser inútil (em vão)» (I Tessalonicenses 3: 5)

Aqui, novamente, Paulo parece apreensivo que todo o trabalho que ele havia concedido ao povo de Deus fosse em vão, caso as tentações do tentador conseguissem afastar os tessalonicenses para longe da fé.

Em consideração a afirmações como estas, como Paulo poderia declarar tão categoricamente que o trabalho dos coríntios não foi em vão? Eles fizeram um trabalho melhor do que o dele? Certamente não! Sentimos que a resposta está na garantia que Paulo lhes deu de que o trabalho deles não seria em vão se fosse "no Senhor". Embora fosse possível que o trabalho do apóstolo Paulo fosse em vão para os Gálatas, ou para os Filipenses, e para os Tessalonicenses, aquilo que fizermos “ no Senhor” nunca será em vão.

Por que é que, então, ele condiciona o serviço para os Gálatas, e para os Tessalonicenses e para os Filipenses? Bem, lembremo-nos o que Paulo diz do Tribunal de Cristo:

«Mas cada um receberá o seu galardão, segundo o seu trabalho» (I aos Coríntios 3: 8). 

Observemos que seremos recompensados de acordo com o nosso trabalho, não de acordo com o fruto de nosso trabalho. Ou seja, Deus pretende nos recompensar com base em nossa fidelidade, não na fidelidade daqueles a quem concedemos o nosso esforço no trabalho que fizermos. Se não fosse assim, então Paulo ficaria sem qualquer recompensa de Cristo, pois, depois de todo o trabalho que fez nas igrejas da Ásia, toda aquela comunidade se afastou dele (II Timóteo 1: 15). E assim, se a infidelidade daqueles a quem nós dedicamos o nosso trabalho espiritual faz você pensar que todos os seus esforços foram inúteis, lembremo-nos de que o nosso trabalho pode ser em vão neles, mas o nosso trabalho não será em vão no Senhor. Você tem a Palavra de Deus no nosso trabalho!

Claro que, se não houvesse um Tribunal de Cristo, então o nosso trabalho para o Senhor seria de facto em vão. E, se o leitor está se questionando se podemos estar descansados nestas palavras, lembre-se de que alguns coríntios insistiam em que não havia ressurreição dos mortos (I Coríntios 15:12). E se não houvesse ressurreição, também não haveria Tribunal de Justiça a seguir, e se não houvesse Tribunal de Justiça, o nosso trabalho será em vão! Esse raciocínio defeituoso progressista ameaçava anular todo o trabalho do Senhor em Corinto! Não é de admirar que o apóstolo comece este capítulo da ressurreição, primeiro assegurando aos coríntios que a sua fé não era "em vão" (15: 2, 14, 17), e, depois, termina a dizer-lhes, também, que o seu trabalho também não seria em vão.

Embora alguns líderes espirituais evitem ensinar doutrina porque, no seu entendimento, a doutrina não é muito produtiva, o apóstolo Paulo tinha outro pensamento. A descrença na doutrina da ressurreição dos mortos ameaçava prejudicar a fé e o trabalho dos santos em Corinto, mas o caso hermético de Paulo para a ressurreição neste abençoado capítulo explica por que ele poderia dizer que "portanto" temos todo o incentivo que precisamos para ser “sempre abundante na obra do Senhor”.

Então, se às vezes parece que andamos às voltas e sem sentido, e o nosso esforço não parecendo chegar a lugar algum enquanto trabalhamos para o Senhor, fechamos com mais uma promessa incondicional do apóstolo da graça:

«E não nos cansemos de fazer o bem; porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido» (Gálatas 6: 9).

Ricky Kurth, Adaptado.

Quando Paulo fala do seu “trabalho não ser em vão”, não se refere aos resultados do seu trabalho, que, no caso, seria a firmeza dos crentes na fé. Não! Paulo referia-se à qualidade do seu serviço como servo e Apostolo do Senhor, pois, nessa missão, ele fê-lo com eficiência e concluiu-o com todo o êxito, conforme escreveu a Timóteo:
«Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que, por mim, fosse cumprida a pregação e todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da boca do leão»
E:

«Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda»
(II Timóteo 4: 17, 6-8).

Ou seja, Paulo apresentou a mensagem com toda a pureza, sem qualquer alteração ou adulteração. Poderíamos dizer: foi fiel em toda a sua causa!
Mas, em relação aos crentes é diferente: os crentes ao desprezarem o ministério, os escritos, o ensino e o exemplo de Paulo, não estão a aproveitar nada dele. Então, para eles, Paulo correu, sofreu e trabalhou em vão! Na generalidade dos casos, os crentes deste tempo da Graça de Deus não têm aproveitado nada do ministério de Paulo a seu favor (Efésios 3:1-2). No caso, não o aceitando, pondo-o em causa, desacreditando-o... e, como resultado disso, não adotando os seus modelos de vida, ensino e práticas que são assentes do Evangelho da Graça de Deus conforme lhe fora confiado pelo Senhor, para os que assim fazem, o esforço de Paulo está a ser em vão... e irão sofrer por isso: as suas obras sofrerão detrimento...
«Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele»
«Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento»;
«Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá…»;
 (I Coríntios 3: 10, 15, 17).

Considerando que será com base no Evangelho de Paulo que o Senhor irá “avaliar” os crentes (Romanos 2: 16), membros do “Corpo de Cristo”, estes, ao desprezarem o trabalho dele - que corresponde ao seu ensino e modelos de vida, já que foi isso que Deus determinou para a Sua Igreja “Corpo de Cristo”, - estão a viver e a trabalhar em vão, com as consequências inerentes dessas opções: as suas obras sofrerão detrimento!

Por isso, cremos, convictamente, que a “obra no Senhor” não é tudo aquilo que é feito "em nome do Senhor" ou com uma simples intenção de agradar ao Senhor! Muitos o fazem, bem-intencionados, mas o resultado disso faz mais mal que bem ao Senhor e à Sua obra. Sempre assim foi. Noutro tempo o Senhor deu o exemplo que muitos profetizaram, expulsaram demónios e até fizeram sinais maravilhosos, mas o Senhor nunca os tinha conhecido (Mateus 7: 22-23). O trabalho que é feito “no Senhor” é aquele que é feito segundo as regras (II Timóteo 2:5), assente no modelo estabelecido por Deus: “É crer segundo as Escrituras” (João 7: 38) e não segundo a convicção pessoal e individual (II Pedro 1: 20). Por isso o Apóstolo fala da “Sua” revelação como tendo modelos: Modelo de fé para salvação (Efésios 2:8) e modelo de fé para a vida (I Timóteo 1: 15-16; Filipenses 3: 17; 4: 9).

O trabalho de Paulo, no rigoroso cumprimento do seu ministério e em conformidade com o programa do Mistério, foi feito no Senhor e não será em vão; Infelizmente, para muitos, para a generalidade da igreja cristã confessa que não segue o modelo da dispensação da graça de Deus (o ensino da graça de Deus – Efésios 3:2), o esforço, o ministério e a mensagem de Paulo tem sido em vão para eles! Exemplo disso são aqueles que o abandonaram (II Timóteo 1: 15) e aqueles que lhe procuraram causar inúmeros mal: a ele e ao seu ministério (4: 14-15).

No mesmo sentido, mas no programa profético, o Senhor referiu-se a este tipo de postura dos apóstolos e dos discípulos em geral, recomendando-os a "não dar pérolas a porcos…" (Mateus 7:6).
Paulo, ainda, em igual sentido, diz: "Não vos pude falar como a espirituais..." (I Coríntios 3:1) e, como hoje, a generalidade dos crentes vivem com mensagens de estorietas, fábulas e ensinos segundo as suas próprias concupiscências (I Timóteo 1:4; 4:7; II Timóteo 4:4).

Aos Hebreus diz:
«Do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação, porquanto vos fizestes negligentes para ouvir. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite e não de sólido mantimento» (Hebreus 5: 11-12).

Assim, e olhando os movimentos que se vive em muitas igrejas locais ao nosso redor, caraterizados por comportamentos que definem os últimos dias da dispensação do Mistério, e ouvindo mensagens que, embora assentes no fundamento que foi colocado: Jesus Cristo, não são assentes no modelo e com os materiais que caracterizam a “dispensação da graça de Deus”, mas assentes em fábulas/histórias judaicas e tradições do mundo, assentes em coisas da carne e desta terra (Colossenses 2), é imperioso e mais preferível guardar o nosso depósito, e não partilhar a nossa coroa com quem não dá qualquer valor às riquezas superiores da glória e, antes partilhá-las com crentes idóneos, honestos e fieis (II Timóteo 2: 1-5).

Não crestes em vão? Então, também não vivas em vão!