segunda-feira, 14 de outubro de 2019

As Ressurreições

Quantas Ressurreições Há?

«E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo» (Hebreus 9:27)

Assim, pelas palavras do escritor aos Hebreus, está reservado a todo o homem morrer e, depois disso, o juízo, o que subentende que todos serão ressuscitados para esse efeito.

A esperança de uma ressurreição é algo que sempre fez parte da espectativa de todos aqueles que criam em Deus, o Deus Criador, e esperavam o cumprimento da sua promessa em restaurar a sua criação afetada pelo pecado, para a qual a ressurreição os conduziria a desfrutar das bênçãos de uma nova criação, livres do mal e dos seus efeitos, bem como de pessoas e seres dominados por ele.

Vejamos alguns testemunhos:
«Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros, o verão; e, por isso, o meu coração se consome dentro de mim» (Job 19: 25-27)

«Quanto a mim, contemplarei a tua face na justiça; eu me satisfarei da tua semelhança quando acordar» (Salmos 17:15).

«Portanto, está alegre o meu coração e se regozija a minha glória; também a minha carne repousará segura» (Salmos 16:9).

«Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há abundância de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente» (Salmos 16:11).

Daniel, é o profeta do antigo regime mais pormenorizado dos últimos dias. A ele foram desvendados os últimos acontecimentos da presente era humana, enquadrando o tempo e os momentos em que ocorrerão as ressurreições:

«E, naquele tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levantará pelos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro. E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna e outros para vergonha e desprezo eterno. Os sábios, pois, resplandecerão como o resplendor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas, sempre e eternamente. E tu, Daniel, fecha estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará.

«E eu, Daniel, olhei, e eis que estavam outros dois, um desta banda, à beira do rio, e o outro da outra banda, à beira do rio. E ele disse ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: Que tempo haverá até ao fim das maravilhas?

«E ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, quando levantou a sua mão direita e a sua mão esquerda ao céu e jurou, por aquele que vive eternamente, que depois de um tempo, de tempos e metade de um tempo, e quando tiverem acabado de destruir o poder do povo santo, todas essas coisas serão cumpridas.

Eu, pois, ouvi, mas não entendi; por isso, eu disse: Senhor meu, qual será o fim dessas coisas?

E ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim. Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão. E, desde o tempo em que o contínuo sacrifício for tirado e posta a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias. Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias. Tu, porém, vai até ao fim; porque repousarás e estarás na tua sorte, no fim dos dias» (Daniel 12).


Ele vem esclarecer que a ressurreição é diferenciada: onde serão separados os justos, que confiam em Deus, dos impios, que não creem em Deus.

No entanto, esta visão ainda é um pouco obscura, já que ele está a observar os “últimos dias” de longe, como disse o anjo:
«E ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim» (v. 9).

Verificamos, também, que, para o tempo do fim do pecado passarão 1290 dias, a contar do momento em que a abominação da desolação chegue ao lugar santo, como o Senhor disse, mais tarde, no seu sermão da montanha. Esse será o momento em que o mal atingirá o seu clímax: a entrada do anticristo no lugar santo (II Tessalonicenses 2 e Mateus 24) e, quando colocar a sua imagem no santuário (Apocalipse 13). Depois disso, ainda estão determinados mais 45 dias, (1335 dias), que será o momento da bem-aventurança messiânica. Estes 45 dias parecem reportar-se ao período em que os anjos de Deus serão enviados a toda a terra para apanhar e juntar o joio para o lançar na segunda morte; serão, por isso, dias de limpeza, purificação e restauração da terra, e instauração do Reino messiânico sobre as nações.

E, ficou a promessa a Daniel, que ele morreria e descansaria, e estaria na sua boa sorte no fim dos dias, ou seja, nos 1335 dias:
«Tu, porém, vai até ao fim; porque repousarás e estarás na tua sorte, no fim dos dias» (v. 13).

Esta ideia de ressurreição comum parece manter-se no discurso do Senhor Jesus Cristo, no seu ministério terreno:
«24 Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida25 Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão26 Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo. 27 E deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do Homem. 28 Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. 29E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação30 Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; como ouço, assim julgo, e o meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai, que me enviou» (João 5).


O Senhor no seu discurso faz referência a dois tipos de pessoas: os que estiverem vivos e ouvirão a sua voz: não morrerão, mas passarão da morte para a vida!

Muitos teólogos interpretam estas palavras como figurativas, uma vez que, os que ouvira estas palavras já morreram à cerca de 2.000 anos! Mas, como o Senhor disse: não entendem as palavras de Deus nem o Poder de Deus! (Mateus 22: 29) A verdade é que o Senhor falou enquadrado no espaço e no tempo profético. E, no desenrolar da cronologia profética, de acordo com a revelação de Daniel 9, restavam poucos dias para a morte do Senhor (Daniel 9: 26), como restavam poucos dias para o subsequente início da grande tribulação (Atos 2: 16-21), ou seja, sete anos que antecederiam o encerramento da Profecia (Daniel 9: 24), com os tempos de refrigério e o estabelecimento do Reino milenial. E, a promessa de Deus é que o Senhor guardaria os santos eleitos para a Sua vinda. Tudo isto é confirmado por João no livro do Apocalipse quando diz que faltam sete anos para este cumprimento profético.

Depois, o Senhor fala dos que estiverem mortos: desses, o Senhor refere mais dois grupos: os que ressuscitarão para a vida e os que ressuscitarão para a condenação eterna.

A tradição ensina que estas ressurreições serão no mesmo tempo e, nas palavras do Senhor parece indicar isso. No entanto, o Senhor não está a tratar o assunto doutrinariamente ou dispensacionalmente, mas factualmente: ou seja: vai haver duas ressurreições: uma para a vida e outra para a morte. Além disso, o Senhor ainda está a falar para um futuro, em relação aos seus dias, e não no momento efetivo.

Neste sentido estão as palavras do Senhor em João, capítulo 11:
«E todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá. Crês tu isso?» (João 11:26).


Vejamos o contexto:
«23 Disse-lhe Jesus: Teu irmão há-de ressuscitar. 2 4Disse-lhe Marta: Eu sei que há-de ressuscitar na ressurreição do último Dia. 25 Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; 26 e todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá. Crês tu isso? 27Disse-lhe ela: Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo».


A ideia que fica parece ser que no último dia (1.335) ressuscitarão todos os mortos e serão julgados no mesmo momento. A confusão dessa ideia parece resultar de Mateus 25:
«31 E, quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os santos anjos, com ele, então, se assentará no trono da sua glória; 32 e todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas. 33 E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda».


No entanto, esta vinda do Senhor é a PAROUSIA à terra para estabelecer o seu reino milenial. E, antes de ser inaugurado o reino messiânico, o Senhor fará o julgamento das nações, com os vivos que representarão as suas nações na altura, como também os seus líderes, e não parece haver lugar a qualquer ressurreição.

Ora, se a visão dos patriarcas se limitava a uma esperança, a visão dos profetas era mais objetiva, no entanto, era uma visão longínqua e não desenvolvia os pormenores dos acontecimentos que envolverão esses grandiosos momentos. As suas revelações era para os tempos do fim… e morreram em esperança:
«13 Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas, mas, vendo-as de longe, e crendo nelas, e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra.

«39 E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa40 provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados» (Hebreus 11).


No entanto, a descrição de João evangelista no livro do Apocalipse é mais minuciosa, já que ele foi arrebatado e transportado para os dias da grande tribulação, vendo e vivendo aqueles dias como numa realidade virtual que somente agora a ciência moderna está experimentando:
«Eu fui arrebatado em espírito, no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta…» (Apocalipse 1: 10).


No grego, literalmente: «eu estava em espírito em o dia do Senhor, e…»
“dia do Senhor”, segundo a revelação profética é o período em que o Senhor será glorificado sobre toda a terra, desde a sua preparação até à sua conclusão, tendo a sua culminância no momento da sua manifestação em poder e glória com o seu exército de seres celestiais…

Ver: Isaías 2 (v. 12); Jeremias 46: 10; Joel 2 (v. 31 com Atos 2: 16-21); Zacarias 14:1; I Tessalonicenses 5:1-11; II Pedro 3: 8-14). Segundo estes textos o “dia do Senhor” compreenderá o período longo de tempo, que decorrerá desde o início da grande tribulação até à reconstrução de novos céus e nova terra”, quando tiver destruído todos os seus inimigos e entregará todas as coisas ao Pai, para dar início ao “DIA DE DEUS”

«Depois, virá o fim, quando tiver entregado o Reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo império e toda potestade e força. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há-de ser aniquilado é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que sujeitou todas as coisas. E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, PARA QUE DEUS SEJA TUDO EM TODOS» (I Coríntios 15: 24-28).

«Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato e piedade, AGUARDANDO E APRESSANDO-VOS PARA A VINDA DO DIA DE DEUS, EM QUE OS CÉUS, EM FOGO, SE DESFARÃO, E OS ELEMENTOS, ARDENDO, SE FUNDIRÃO? Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça. Pelo que, amados, aguardando estas coisas, procurai que dele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz…» (I Pedro 3: 11-14).


E, quanto à ressurreição, o que é que João viu no “DIA DO SENHOR”?
«E, depois destas coisas, ouvi no céu como que uma grande voz de uma grande multidão, que dizia: Aleluia! Salvação, e glória, e honra, e poder pertencem ao Senhor, nosso Deus…» (Apocalipse 19: 1).

«E ouvi como que a voz de uma grande multidão, e como que a voz de muitas águas, e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Aleluia! Pois já o Senhor, Deus Todo-poderoso, reina» (Idem, 19: 6).

«E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça» (Idem 19: 11).

«1 E vi descer do céu um anjo que tinha a chave do abismo e uma grande cadeia na sua mão. 2 Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. 3 E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que mais não engane as nações, até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de tempo.

4 E vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. (5 Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram). Esta é a primeira ressurreição. 6 Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele mil anos.

7 E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão 8 e sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha. 9 E subiram sobre a largura da terra e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; mas desceu fogo do céu e os devorou. 10 E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre.

«11 E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. 12 E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. 13 E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. 14 E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. 15 E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo» (Apocalipse 20).


A leitura do capítulo 20 de Apocalipse leva-nos a entender três momentos:
  1. 1)      A manifestação do Senhor Jesus Cristo e de um anjo que tinha a chave da prisão do abismo e uma grande cadeia na sua mão com a qual prenderá o dragão, por um período de mil anos.

Um outro momento tem a ver com a ressurreição dos crentes, o seu julgamento e entrada no reino milenial, de acordo com a revelação profética.
  1. 2)      Nesta descrição, que é mais clara no grego, temos descriminado vários crentes: os que reinarão com Cristo, os que morreram pelo testemunho de Jesus e aqueles (assim no grego literalmente) que não adoraram a besta…


Todos estes, crentes da Profecia, que morreram desde Abel até ao último que morreu na esperança da Profecia, ou seja, Reinar com Cristo na Terra, viverão e reinarão com Cristo durante mil anos.

Destes, é dito, claramente, que fazem parte da PRIMEIRA RESSUREIÇÃO.
Por fim, é feito o relato de “OS DEMAIS”, ou seja, os que serão vivificados somente passado mil anos:
  1. 3)      Os descrentes, aqueles que não creram nem creem, só ressuscitarão “depois que os mil anos se acabaram”. E, serão “acordados”, mas para serem apresentados diante do grande trono branco, diante do qual serão julgados e condenados pelo Senhor Jesus Cristo.


Grego: Strong: 326, anaxaw, anazao, reviver… é uma palavra que não é usada no NT para a ressurreição dos crentes, dando a entender que eles vão ser chamados a “viver”, mas não como a ressurreição dos crentes. É interessante verificar que o texto diz: “vi os mortos…”, ou seja, eles não vão ser vivificados, mas acordados… mas continuarão a ser mortos… Continuarão mortos? Não vale a pena especular. Fiquemos com a imaginação!

Uma vez que esta “ressurreição” é para morte, não é chamada de “SEGUNDA RESSURREIÇÃO” para não ser confundida com a “PRIMEIRA RESSURREIÇÃO”, mas de “SEGUNDA MORTE”, já que, aqueles que forem chamados a esta convocatória será para a morte eterna.

Assim, a ressurreição dos crentes é chamada de “primeira ressurreição” porque é uma ressurreição para vida; a ressurreição dos descrentes é chamada de “segunda morte” porque é uma ressurreição para morte.

A confusão que surge na diferenciação e entendimento correto destes momentos deve-se ao facto de ocorrer no versículo 5 a frase:
«Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição».

Até parece indicar que a primeira ressurreição é para aqueles que ressuscitarão depois dos mil anos. Não esqueçamos que a pontuação não é bíblica nem inspirada. O texto original foi escrito sem pontuação. Os tradutores e editores é que têm feito esse trabalho que, por vezes, não é o mais facilitador na compreensão do texto. Assim, entendemos que a frase “mas os outros mortos não reviveram até que os mil anos se acabaram” é um parêntesis, pois o texto fala da ressurreição dos crentes e da sua participação no reino milenial. E, se colocarmos essa frase no fim do versículo seis (6) o esclarecimento é perfeito. E, melhor vemos isso, quando percebemos como o texto dos versículos 7 a 10 descreve o que se passará no fim dos mil anos, quando o Dragão for solto (certamente com os seus exércitos) para enganar as nações (desta forma as nações serão peneiradas) serão manifestados os descrentes que nascerem e viverem nesse período do reino milenial. Com esta atuação estes descrentes do reino milenial serão mortos e reconduzidos ao grande trono branco para serem julgados com os demais mortos. O Diabo, por sua vez, será lançado no lago de fogo sem qualquer julgamento.

I Coríntios 15 o apóstolo Paulo apresenta a ordem dos acontecimentos, inclusivamente, a ordem das ressurreições reveladas na Profecia:
«21 Porque, assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. 22 Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo23 MAS CADA UM POR SUA ORDEM: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda. 24 Depois, virá o fim, quando tiver entregado o Reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo império e toda potestade e força. 25 Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés».

Notem a ordem descrita pelo apóstolo Paulo:
  1. 1)      Cristo, as primícias;
  2. 2)      Os que são de Cristo na Sua vinda;
  3. 3)      O fim…


«Mas, agora, Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que dormem» (v. 20).

Cristo como as primícias é aquele que ressuscitou num novo corpo e não mais voltou a morrer. Claro que neste número não podem ser incluídos todos aqueles que momentaneamente foram ressuscitados no período dos profetas, no ministério do Senhor Jesus ou dos apóstolos. Esses foram ressuscitados mas voltaram a morrer. Esses, que foram ressuscitados e morreram, voltaram a morrer com a esperança de ressuscitar para participar no reino milenial de Cristo na terra, como já vimos nas citações bíblicas feitas, sendo um verdadeiro exemplo disso Lázaro, irmão de Maria e de Marta (João 11).

Depois, refere “OS DE CRISTO NA SUA VINDA”. Ou seja, a ressurreição dos crentes que esperam a vinda do Senhor para serem ressuscitados. Neste sentido, a vinda do Senhor é aquela que está descrita na revelação Profética, desde Génesis a Malaquias, e desde Mateus a Atos dos Apóstolos, e as epístolas dos apóstolos de Israel, designadamente Tiago, Pedro, João e Judas e Apocalipse. Em todas estas passagens bíblicas vemos relatada a esperança de Israel e dos crentes da Profecia, bem como a espectativa da vinda do Senhor em poder e glória para restaurar a terra e estabelecer o seu reino nela. Esta é, como vimos, a PRIMEIRA RESSUREIÇÃO.

E, ainda, depois, virá o fim… Este fim é a destruição do todo o mal e dos maldosos: tudo será retirado do reino de Deus e de Cristo e lançado na lixeira de Deus, o lago de fogo e enxofre (Apocalipse 20). Será a limpeza da criação de Deus, e onde o pecado e os seus efeitos serão removidos, bem como as pessoas e os seres celestiais que se revoltaram contra Deus durante as eras até ao momento em que o Senhor fará novos céus e nova terra onde habitará a justiça (II Pedro 3).

Com estas considerações penso que ficará esclarecida a questão da falsamente propalada “PRIMEIRA E SEGUNDA RESSUREIÇÕES”, que é melhor referida como “PRIMEIRA RESSURREIÇÃO” e “SEGUNDA MORTE”!

Mas, surge uma outra questão: onde colocar a ressurreição da Igreja “Corpo de Cristo”? Ela faz parte da primeira ressurreição ou terá uma ressurreição própria e independente? A ressurreição do “Corpo de Cristo” está incluída na ressurreição “dos que são na Sua vinda” ou será outra a sua ressurreição? A compreensão inadequada deste assunto tem levado alguns crentes a dizer que a ressurreição do “Corpo de Cristo” pertence à “primeira ressurreição” e, como tal, depois surgem as dificuldades de localizar o seu momento, chegando alguns a pensar que será no período da grande tribulação, imediatamente antes da ressurreição dos crentes da Profecia. Esta e muitas outras suposições e considerações são feitas com o risco de colocar o “Corpo de Cristo” em eventos, lugares e momentos que é impossível que ele lá esteja.




A RESSURREIÇÃO DO "CORPO" DE CRISTO

Para analisar esta questão começaria por convocar a nossa atenção para o texto de I aos Coríntios 15, e principiaria por dizer o seguinte:

(1) O relato que o apostolo Paulo faz aqui da ressurreição começa por ser no âmbito da Profecia.

a.      O apóstolo não diz nada que os crentes da profecia não soubessem, pois diz: «Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras…» (v. 3-4);
                                                              i.      Por isso, não temos aqui nada de segredo ou “Mistério”,
                                                            ii.      Nem é objetivo do Apóstolo falar do propósito da ressurreição do Senhor, mas, tão-somente que…
                                                          iii.      Há uma ressurreição e que o Senhor Jesus Cristo ressuscitou.
b.      A expressão utilizada pelo apóstolo “vos entreguei o que também recebi…” não é necessariamente algo que faça parte da revelação do Mistério que recebera do Senhor. Tudo o que faz parte do Mistério não estava revelado na Profecia…. Mas, pode ser factos retirados da Profecia a título de exemplo ou para referência, como são exemplos disso Romanos 14 e 15, I aos Coríntios 10-11; Gálatas 4: 21-31, etc., etc., etc.
c.       A prova de que esta abordagem é feita no âmbito da Profecia está nos testemunhos que são feitos: O Senhor foi visto por Cefas (v. 5), e pelos doze (v. 5), e por mais de quinhentos irmãos (v. 6), por Tiago (v. 7), outra vez por todos os apóstolos (v. 7), todas estas manifestações enquanto o Senhor ainda estava na terra, ainda não tinha subido ao céu e, como tal, ainda não tinha sido glorificado (João 20: 17 – «Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai…»). Por isso, os crentes ainda podiam tocar no Senhor e nenhum mal lhes acontecia: (Lucas 24:39 – «Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; tocai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho»).


(2)   Depois deste relato o apóstolo faz uma nova revelação:
«E, por derradeiro de todos, me apareceu também a mim, como a um abortivo» (v. 8).
a.      “Por derradeiro de todos…” ou seja, Paulo foi o último a ver o Senhor, desta forma factual, ou seja, não se tratava de sonhos ou visões.
b.      Mas, a aparição do Senhor a Paulo foi diferente e teve um novo carácter, foi como um abortivo.
                                                              i.      “Abortivo” significa “fora do tempo determinado”. É como dizer que, o aparecimento do Senhor a Paulo estava fora do que estava previsto na Profecia. Segundo a Profecia, depois do Senhor ter ascendido aos céus só estava prevista a sua manifestação na Sua vinda para reinar, no fim de sete anos de grande tribulação. Isso é o que diz Pedro (Atos 2: 16 21 com 3: 19 a 21) e João (Apocalipse 1: 7), e “todo o olho o verá”!
                                                            ii.      Se a aparição do Senhor a Paulo não estava prevista na Profecia, e foi fora da sua cronometria, então era Mistério, um segredo.
                                                          iii.      Esta manifestação do Senhor insere-se num programa de Deus planeado antes dos tempos das eras e foi revelado agora pela epiphaneia (aparição) do Senhor Jesus Cristo (II Timóteo 1: 9-11; Tito 1: 1-4), sendo Paulo constituído um exemplo de salvação pela graça para todos os que neste tempo presente são salvos (I Timóteo 1: 11-16; Colossenses 1: 24-27).
                                                           iv.      Outro facto importante que distingue a manifestação do Senhor a Paulo de outras manifestações anteriores é que Senhor aparece a Paulo glorificado, como cabeça do “Corpo de Cristo” (Efésios 1:17-23) e como cabeça de todo o principado e potestade (Colossenses 2:9-10), ou seja, como Senhor de todo o universo, e não como Messias de Israel, o Rei dos reis e Senhor dos senhores da terra. Por isso, a manifestação do Senhor a Paulo foi com uma glória e luz mais forte que a do sol (Atos 9: 3-7; 26: 13); mas o aparecimento do Senhor aos doze apóstolos de Israel nada lhes causou. Também não devemos confundir as manifestações reais e físicas com as visões, como teve Estevão (Atos 7), João (Apocalipse 1) e outros apóstolos na ocasião.

(3)   Por essa mesma razão é que o apóstolo Paulo, o apóstolo do “Corpo de Cristo”, também chamada Igreja “do Corpo” (Romanos 12, I Coríntios 12, Efésios 1, etc.), quando fala da ressurreição do “Corpo de Cristo” diz que é um mistério, ou seja, é ou era um segredo oculto em Deus até ser revelado aos seus santos pelo apóstolo, a quem lhe foi confiado essa ~mensagem (ver os textos citados):

«50 E, agora, digo isto, irmãos: que carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem a corrupção herda a incorrupção. 51 Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, 52 num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. 53 Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade54 E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então, cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória».


a.      Segundo este texto, até a ressurreição dos crentes do “Corpo” será diferente: «a carne e o sangue não herdarão o reino de Deus». Os crentes da Profecia ressuscitarão em carne e participarão num reino milenial terreno de carne e sangue (Hebreus 2:14), mas a ressurreição do “Corpo” será glorioso, e habitarão com Deus na luz inacessível (Colossenses 1:12 com I Timóteo 6: 16);
b.      Segundo o texto sagrado, os santos da Profecia precisarão de acesso à árvore da vida para prolongar os seus dias (Apocalipse 22: 1-5), mas os membros do “Corpo” de Cristo participarão da natureza de Deus, a imortalidade (I Timóteo 6: 16 com I Coríntios 15: 53).

(4)   Por essa mesma razão é que o apóstolo, quando trata este assunto, usa uma linguagem própria para cada grupo de crentes:

a.      Quando fala dos crentes da Profecia, o escritor usa a terceira pessoa do plural: “ELES” e “OS”, não se incluindo nesse grupo – «depois, os que são de Cristo, na sua vinda…»; mas, quando fala do “Corpo” de Cristo ele usa a primeira pessoa do plural: “NÓS”, incluindo-se nesse grupo – «Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados…». Desta forma o apóstolo distingue uns dos outros e a suas esperanças, o que é Profecia e o que é Mistério.
b.      Essa forma é encontrada em I aos Tessalonicenses 4: 5 – «Dizemos-vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem».

(5)   Para reforçar a diferença de crentes, de esperanças e de manifestações do Senhor, o apóstolo faz questão de usar uma palavra diferente, exclusiva para a Igreja “Corpo de Cristo”: Strong: 2015, epifaneia, epiphaneia (epi = de cima, topo + 5316, fainw, phaino, trazer à luz). A palavra corrente para vinda é PAROUSIA. Esse é o termo comum para se referir à vinda do Senhor no quadro da Profecia. Mas, para se referir à manifestação do Senhor para arrebatar a Sua Igreja, Paulo usa o termo EIPHANEIA, uma palavra composta pela preposição “EPI” e o verbo “PHAINO”. A preposição “EPI” é muito própria de Paulo para definir a vinda do Senhor, os lugares celestiais, o conhecimento da revelação do Mistério, a natureza e propósito do “Corpo” de Cristo, etc. Aqui, também: a manifestação do Senhor é de cima, e não há contacto com a terra.

a.      Enquanto a vinda do Senhor para raptar o Seu “Corpo” é uma vinda aos ares (EPI = em cima), conforme I Tessalonicenses 4: 13-18, na vinda do Senhor da Profecia o Senhor colocará os seus pés no monte das Oliveiras (Zacarias 14: 4).

b.      Além do mais, quando o Senhor vier no quadro do programa da Profecia à terra, “todo o olho o verá” (Apocalipse 1:7), mesmo aqueles que o trespassaram; Mas, a epifaneia do Senhor para o “Corpo” ninguém no mundo o verá: virá aos ares e, num ápice, num piscar de olhos, os membros do “Corpo” ressuscitarão e se juntarão aos crentes vivos e se juntarão ao Senhor nos ares (I Coríntios 15 e I Tessalonicenses 4).

c.       É interessante verificar que Paulo usa a mesma palavra para a manifestação do Senhor a Paulo, na sua viagem a Damasco e a manifestação do Senhor para arrebatar o “Corpo de Cristo” – EPIPHANEIA, senão vejamos:

Ø  II Timóteo 1:10 – «E manifestada, agora, pelo aparecimento <2015> de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho».
Ø  I Timóteo 6:14 – «Que guardes o mandato imaculado, irrepreensível, até à manifestação <2015> de nosso Senhor Jesus Cristo».
Ø  Tito 2:13 – «Aguardando a bendita esperança e a manifestação <2015> da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus».
Ø  II Timóteo 4:8 – «Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda <2015>.
Assim, nesta perspetiva, a ideia que fica é como se a manifestação do Senhor a Saulo de Tarso e a sua manifestação para arrebatar o “Corpo” de Cristo fosse uma só manifestação, ou, se quiserem entender de outra forma, a segunda manifestação será semelhante à primeira e terá o mesmo carácter.

d.      Analisemos a perspetiva daquele momento:
                                                              i.      Quando o Senhor glorificado apareceu a Paulo, só Paulo viu o Senhor; Os que com ele estavam, viram a luz, ouviram sons, de forma que ficaram todos atemorizados, incluindo os animais, mas nada perceberam (Atos 26: 12-18); “Viram a luz… se atemorizaram muito… nada ouviram…” (Atos 22: 6-11); “ouviram um som… mas não vendo ninguém… (Assim o grego – Atos 9: 3-7).
                                                            ii.      Muito provavelmente será essa a experiência dos crentes no arrebatamento: «ouvem a voz do Senhor a chamar… e a conhecem…», aplicando aqui as palavras do Senhor, já que se aplicam a todos os crentes em todas as dispensações (João 5: 28-29 e 10: 1-5), quando o Senhor, desde os ares, ao nível das nuvens, «com voz de Arcanjo e Trombeta de Deus” fizer soar a sua voz os santos reconhecerão o som e a linguagem e ressuscitarão (I Tessalonicenses 4: 16); mas os descrentes só verão nuvens e ouvirão o alarido de guerra (assim o grego) e se assustarão tremendamente.

(6)   Então, e voltando a I aos Coríntios 15: 23, questionamos: Se Paulo era detentor da revelação do Mistério de Deus e fala de ORDENS ou GRUPOS nas ressurreições, porque ele não refere explicitamente a ressurreição do “Corpo” no grupo das ressurreições? Será que não fala? A verdade é que fala, senão vejamos:
«20 Mas, agora, Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que dormem21 Porque, assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. 22 Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. 23 Mas cada um por sua ordemCristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda24 Depois, virá o fim, quando tiver entregado o Reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo império e toda potestade e força».

«Cada um por sua ordem…» Grego: Strong: 5001, tagma, tagma = de 5021; TDNT- substantivo. Significado: 1) aquilo que foi organizado, algo colocado em ordem; 2) um corpo de soldados, corporação; 3) bando, tropa, classe.
Então: qual é o grupo, a corporação a que pertence a Igreja “Corpo” de Cristo?

a.      Vimos que a ressurreição dos crentes da Profecia, os crentes messiânicos, aqueles que esperavam o reino de Cristo na terra, enquadram-se na ressurreição que ocorrerá na vinda do Senhor à terra, em poder e glória, para estabelecer o seu Reino messiânico; Todos os profetas falaram dela… e está definido o dia em que ela ocorrerá (Daniel 12). Essa será a PRIMEIRA RESSURREIÇÃO.

b.      Vimos, também, que a ressurreição dos membros do “Corpo de Cristo” era um Mistério: quer pela natureza, pela forma, pelo momento e pelo propósito; a sua ressurreição não estava profetizada e, ainda hoje, não sabemos quando isso acontecerá: é um mistério.

Então, onde “encaixa” a ressurreição do “Corpo de Cristo”? Em que ordem ou grupo?
                                                              i.      A Igreja “Corpo de Cristo” pertence ao grupo que “pré-espera”, “espera de antemão”, faz parte de um grupo que se reporta ao propósito de Deus concebido antes da fundação do mundo (Efésios 1:12, conforme 1:4, Romanos 8: 28-30);
                                                            ii.      Em um momento não revelado, antes da saída de Cristo do Céu para se manifestar na terra, Ele aparecerá com Deus entre os celestiais e nos juntaremos a Ele para a glorificação com Ele (Colossenses 4: 1-3; Tito 2: 13).
                                                           iii.      Nós, naquele momento, receberemos a nossa incorruptibilidade e imortalidade e entraremos na posse da nossa vocação celestial acima dos celestiais (grego: EPI-CÉUS --- Efésios 2: 4-10, Colossenses 3: 1-3 --- Strong: 2032, epouraniov, epouranios).
1.      Muito provavelmente, no meio deste processo, ocorrerá o Tribunal de Cristo (Romanos 14:8-12; I Coríntios 4: 1-5; II Coríntios 5:10; II Timóteo 4:8).
2.      Em função disso, cada crente receberá a sua coroa ou herança onde governará (Romanos 8; I Coríntios 3: 21-23; 6: 1-3; Efésios 1: 9-10; 2: 6-10; Filipenses 3: 20-21 – Grego: “assento de governo”).
3.      Nesta altura e neste momento o crente será glorificado e receberá a capacidade para lutar e vencer as hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais e reivindicar a sua herança (Efésios 6: 10-18; I Tessalonicenses 5: 4-11; Romanos 16: 20).

(7)   A ressurreição do “Corpo de Cristo” foi sempre vista como uma unidade em Cristo: ela foi pensada, programada e definida antes da fundação do mundo, e tudo aquilo que o Senhor experimentou, mesmo antes da fundação do mundo, era sempre na perspetiva da Sua união com o Seu “Corpo” místico, a Sua Igreja celestial.
«Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo, 4 como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em caridade, 5 e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado» (Efésios 1).

«11 N’Ele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade, 12 com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que primeiro esperamos em Cristo» (Idem).

«10 Para que, agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus, 11 segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus, nosso Senhor» (Efésios 3).


«6 Todavia, falamos sabedoria entre os perfeitos; não, porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam; 7 mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória8 a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória. 9 Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam. 10 Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus» (I Coríntios 2).

«1 Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade, 2 em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos3 mas, a seu tempo, manifestou a sua palavra pela pregação que me foi confiada segundo o mandamento de Deus, nosso Salvador» (Tito 1).

«24 Regozijo-me, agora, no que padeço por vós e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja; 25 da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a palavra de Deus: 26 o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e que, agora, foi manifesto aos seus santos27 aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória» (Colossenses 1).


Romanos 3: 25 e Efésios 1: 9 – Grego: “protiyhmai, protithemai) – literalmente “pré-colocado”, pré-propôs… proposto de antemão, antes da fundação do mundo…

Então, onde ficamos em tudo isso?
É fácil ver quantos têm assumido erradamente que a ressurreição do “Corpo de Cristo” se enquadra no segundo grupo ou na segunda ordem da ressurreição, em Cristo “na sua vinda” à terra; no entanto, de acordo com a "revelação do mistério, mantido em segredo até aos “últimos tempos" (Romanos 16:25), a nossa é a ressurreição anterior a essa. A revelação de Deus a Paulo é que fomos feitos parte da morte e ressurreição de Cristo, mesmo antes da fundação do mundo (Efésios 2: 5-6; Colossenses 2: 12-13). 

Tudo aquilo que o Senhor viveu e passou, nós estávamos n’ Ele e com Ele: seja no nascimento, na vida e na morte; estávamos com o Senhor na sua circuncisão, no seu batismo, no sacrifício da Sua morte, na Sua ressurreição e na Sua glorificação:
«4 Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, 5 estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), 6 e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar nos lugares celestiais, (grego: “com e em”) em Cristo Jesus7 para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para connosco em Cristo Jesus. 8 Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie. 10 Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas» (Efésios 2).

«Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo e não segundo Cristo9 porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade. 10 E estais perfeitos nele, que é a cabeça de todo principado e potestade; 11 no qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo da carne: a circuncisão de Cristo12 Sepultados com ele no batismonele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos. 13 E, quando vós estáveis mortos nos pecados e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas, 14 havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz15 E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo. 16 Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, 17 que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo» (Colossenses 2);

«1 Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. 2 Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra; 3 porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus4 Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, também vós vos manifestareis com ele em glória» (Colossenses 3).


Assim:
«28 E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto29 Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. 30 E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou31 Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?» (Romanos 8).

Nós somos contados entre os primeiros frutos, como membros do Corpo de Cristo, e, como tal, somos contados como "Cristo" ("assim também é Cristo" - I Coríntios 12: 12, referindo-se ao conjunto de Cristo e Igreja).

Todas essas passagens olham para o futuro, para o momento da sua realização, como Deus através de Paulo "chama as coisas que não são como se já fossem". E, embora um dia andaremos e realizaremos as “obras que Deus pré-preparou (assim no grego, i.e., preparou antes da fundação do mundo) para que andássemos nelas” (Efésios 2:10), e o contexto refere-se aos “séculos vindouros” (v. 7), devemos andar já de acordo com a nossa esperança (Efésios 4:1), como cidadãos celestiais, e não sujeitos aos rudimentos do mundo e segundo as instruções dos homens que interpretam as coisas de Deus segundo a sua carnal compreensão (Colossenses 2).

Paulo exortava os crentes ao conhecimento de Cristo ressurreto, glorificado, como cabeça da Igreja (Filipenses 3: 10-11) para atingir a maturidade de Cristo, pelo prémio da vocação celestial de Deus (assim o grego, v. 14), «pensando e buscando as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado», ou seja, a nossa vocação celestial (Colossenses 3:1-4).



EXORTAÇÃO
Infelizmente, muitos que se supõem ter muito conhecimento da Bíblia, pararam no tempo e lembra-nos Paulo a dizer:
«Vigiai justamente e não pequeis; porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa» (I Coríntios 15:34).

E, se bem que gostaríamos de ir mais longe nas nossas considerações, e revelar os resultados de escavação profunda e nos deliciarmos nas profundezas de Deus, a verdade é que nem todos estão preparados para as coisas espirituais. E, como Paulo escreveu: «Não vos pude falar como a espirituais…» os crentes na generalidade não querem, não se importam, e têm inveja dos que chegaram a esse patamar…

«E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém» (Romanos 1:28)

Com o prejuízo de perderem a sua coroa, a sua herança, a sua luta e o seu ministério celestiais… mesmo sendo salvos, como que pelo fogo: despidos!

Por isso, Deus não ajudará aqueles que não se importam com o seu conhecimento. Mas, aqueles que andam e se submetem à mente de Cristo, Deus os esclarecerá ainda mais…
«Considera o que digo, porque o Senhor te dará entendimento em tudo» (II Timóteo 2:7).

«Pelo que todos quantos já somos perfeitos (gr. “maduros”) sintamos isto mesmo; e, se sentis alguma coisa doutra maneira, também Deus vo-lo revelará» (gr. “esclarecerá”, JFA, RA) (Filipenses 3: 15).


Que esta palavra sirva para nos exortarmos mutuamente e nos leve ao crescimento do Corpo de Cristo porque é isso que garante a vitória final do CORPO. 

«A graça do Senhor seja com o nosso espírito».


VPP