quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Histórias do Facebook


O Facebook faz hoje dez anos de existência. Por todo o mundo são tomadas iniciativas, ouvidas personalidades e feitas análises para fazer um balanço desta ferramenta virtual. Por essa razão, achei oportuno repetir a iniciativa em relação ao meio cristão, e apurar alguns resultados!


O Facebook é um site e serviço de rede social que foi lançada em 4 de Fevereiro de 2004, de operação e de propriedade privada pertencente a Facebook Inc.. Tendo sido lançado como uma rede restrita aos seus fundadores e depois aberta a estudantes universitários, rapidamente foi estendida ao público em geral, atingindo em outubro de 2012 a impressionante marca de mil milhões de utilizadores. O Facebook tem sido apontado, por isso, como a maior rede social do mundo, e considerado um verdadeiro sucesso de aderência.


Como ferramenta, o Facebook permite partilhar informações, noticias, vídeos, fotos, mensagens, entre outras coisas, entre grupos restritos ou com projeção geral, permitindo aos seus utilizadores ter atividades comuns com partilha mesmo em outras redes sociais. Numa outra vertente, o Facebook tem sido utilizada como arma de propaganda de grupos de interesse, mais ou menos lícitos, mais ou menos bem-intencionados, designadamente políticos, ideológicos ou religiosos, para fazerem frente a outros interesses, normalmente já instalados e considerados intocáveis! Exemplo disso são as revoluções sociopolíticas designadas por “primavera árabe”!


Como muitas das coisas que são promovidas neste mundo, e pertencem a este mundo, começam com uma intenção elevada mas, com o tempo, tendem a degenerar, especialmente quando é utilizada e servida por pessoas com intenções duvidosas, pela utilização abusiva e na promoção de atividades pouco respeitáveis.


Mas, não obstante os abusos e propósitos menos recomendáveis, é uma ferramenta virtual muito útil, que tem servido para unir pessoas, amigos, famílias, que por diversas circunstâncias da vida os obrigam a estar ausentes e a ficar distantes fisicamente e, com esta possibilidade, permite trazê-los perto, mostrando como está a sua vida, a sua família, com toda a singeleza e naturalidade da vida.


E, no meio de tudo isto têm surgido histórias verdadeiramente interessantes e notáveis… como outras, menos, e/ou mesmo desagradáveis! A referir, a título de exemplo, um garoto que foi encontrado pelos pais, depois de 22 anos ter sido sequestrado; amigos perdidos que se descobriram; casamentos que se fazem através do facebook, e outros que se desfazem pela mesma forma; empregos que se arranjam… e despedimentos que se arriscam por coisas que se dizem nas suas páginas do facebook. Um caso destes aconteceu muito recentemente em Portugal; recentemente, também, tive conhecimento de uma mulher reformada por invalidez, que perdeu a sua pensão por imagens na sua página do facebook; E, um rapaz que foi ilibado de crime, por ter usado o Facebook no momento da ocorrência do crime. Mais graves são as situações de pessoas anónimas ou de identidade alterada que, como predadores, procuram presas inocentes para abusarem delas. Este parece ser o maior perigo!


Para evitar dissabores é sempre recomendável ter o acesso restrito aos amigos e evitar aceitar como “amigo” pessoas que não conhecemos bem; e, mesmo aqueles que “conhecemos” devemos sempre ter cuidado em aceitar “amigos”, especialmente aqueles que sabemos que nunca são bem-intencionados.


O facebook deveria servir para, de uma forme natural, simples, genuína, honesta e livre, podermos dar a conhecer a nossa vida (dentro de determinadas reservas) aos nossos familiares e aos amigos chegados e, desta forma, poderem partilhar experiencias, conselhos, ajudas, recomendações e sugestões, para ganharem ânimo, conhecimentos e formas para fazer face à vida nas suas diversas vicissitudes, que nos forçam a um relativo isolamento/afastamento, e podermos chorar com os que choram e alegrar com os que se alegram… à distância! Diga-se: à distância de um clique!


Os crentes no Senhor Jesus Cristo poderão ter uma maior vantagem, através do elemento espiritual que dispõe, podendo desfrutar de uma “comunhão virtual” e cooperação institucional.


Nestas circunstâncias fico deveras apreensivo e questiono-me dos verdadeiros propósitos que muitos “amigos" crentes que procuram “amizades” e “escondem” a sua verdadeira vida e identidade! São do tipo “cuscas” que andam a sondar páginas de “amigos” no facebook para “coscuvilhar” e “mexericar” na vida alheia. São do tipo de “Judas” que dão beijos numa “facebook” e com a outra face vendem os seus “amigos” a troco da satisfação pessoal de uma carnal compreensão das coisas de Deus (Colossenses 2:18-23), ou seja, de uma “espiritualidade” carnal!


Ninguém é obrigado a expor-se desmesuradamente nas páginas do facebook… nem é recomendável! Mas, acho extremamente intrigante os “amigos” não terem imagem de identificação e, nem sabermos bem de quem se trata! São do tipo “amigos anónimos”! Outros usam imagens de identificação alheias; ou seja, são do tipo “amigos disfarçados” ou “mascarados”! Mais intrigante, ainda, é quando os “amigos” omitem outro tipo de elementos identificativos, designadamente se são casados e com quem! Quando, de facto, são-no! Ou omitem a sua família, vida, trabalho, etc., … Quais as suas intenções? Ou têm vergonha da vida e da família que têm? Não estão satisfeitos com as suas decisões e escolhas, ou estão insatisfeitos com o que Deus lhes concedeu? São amigos, mas escondem que o são! São amigos para receberem… mas nada para darem! Nestes casos, não diria que são surpreendentes, porque, de facto, se virmos bem as suas vidas, não é tão surpreendente como isso, porque se trata de vidas vazias, sem sentido, sem alegria, sem experiências, sem nada recomendável, deprimidas e deprimentes, sem face! Têm “facebook”, mas o seu “book” não tem “face”! Por outro lado, e pelas mesmas razões, outros, provavelmente mas sinceros consigo próprios, ou porque nada têm a mostrar, ou o que têm não é mensurável, preferem não ter páginas do facebook e, assim, protegem a sua própria “face”… “imagem”… se é que a têm ou a têm merecedora de ser observada!


E, neste cenário, observamos “amigos” com tais páginas vazias, a enviarem mensagenzinhas, recadinhos, pensamentozinhos, versículozinhos bíblicos… geralmente fora do seu contexto e desconexos da sua mensagem original… muitas das vezes sem saberem o que querem dizer… outras vezes com uma aplicação descontextualizada da mensagem da dispensação da graça de Deus… mas, como está na Bíblia… e parece ser espiritual… sentem a “obrigação” de dizer alguma coisa… e assim vai a sua vidinha cristã escondida atrás de "textozinhos" e limitada a “artifícios”, a “narrativas” e a “lirismos” despidos de qualquer substância, consistência e utilidade! Com isso procuram transmitir a “face” de um “book” que não têm, acentuando a dissimulação da sua vida que se esforçam para mostrar que é cristã! Porque, convenhamos, o facebook não passa de uma reprodução do que é a vida real.


Ora, para os que confiam em Deus, e dependem da graça revelado pelo Senhor Jesus Cristo, a verdadeira vida cristã não é reproduzida em “imagens”, “faces” ou “mensagens virtuais” do que gostaríamos que a vida neste mundo fosse, mas de vida real, assente no modelo da graça de Deus que está a ser revelada por Deus ao mundo e é desfrutada somente por aqueles que têm atingido a maturidade espiritual, a maturidade de espírito e do entendimento de Deus, que é transmitida pelo Espírito de Deus através da revelação confiada ao mordomo da graça! E, esse modelo está exaustiva e claramente referenciado na revelação paulina, designadamente:


Vida tranquila (I Timóteo 2:2; II Tessalonicenses 2:12), alegre (Romanos 14:17; Filipenses 3:1) e honesta (Romanos 13:13-14; II Coríntios 8:21; Tito 2:4-5); trabalho honesto (I Tessalonicenses 4:11-12; II Tessalonicenses 3:11-13); família honesta (I Tim 3: 4-5) e disciplinada (Tito 1:4-5; Efésios 6:4); convivência social honesta (Efésios 4:24-32; 5:3-13; I Tessalonicenses 4:11-12), comunhão cristã honesta (I Tessalonicenses 4:6; I Coríntios 11:17-34; Romanos 14-15), etc., etc., etc. Isto, sim, são instruções objetivas e demonstrativas da vontade expressa de Deus (Efésios 6:6), e não conversa fiada! E, isto, sim, é o que eu gostava de ver… nos “amigos”, e não a dita conversa fiada!


Em suma: Façamos amigos… muitos… mas amigos recíprocos e genuínos! Mas, mais que isso, sejam mais amigos, mais verdadeiros amigos e mais amigos de verdade. E, para preservarmos a qualidade do nosso grupo de amigos de vez em quando temos de fazer uma limpeza e reciclagem dos mesmos! E, então, reter, guardar e defender os que são verdadeiros amigos!


Por fim, não poderia deixar de dar uma palavra de agradecimento e de encorajamentos àqueles que são amigos, e revelam-se amigos genuínos e inquestionáveis. É desse tipo de amigos que todos nós precisamos. Amigos que gostam de partilhar, dar e receber, honestos e transparentes; amigos que não precisam de subterfúgios para revelar o que não são, mas são o que são, nem precisam de se esconder atrás de “faces”, de “aparências” ou de “fantasias”, mas são como são. Amigos que se alegram connosco e choram connosco. Amigos genuínos e têm coragem de se revelar como são! O Deus de toda a graça seja convosco.



Em conclusão, não esqueçamos das palavras do Senhor Jesus:



  • «Não vos chamarei mais servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigo…» (João 15:15); e:

  • «Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos» (v. 13).


V. Paço

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Corrompendo a Mensagem e Defraudando a Esperança




Recentemente, numa reunião, chamada “reunião de jovens” fomos confrontados com uma dissertação bíblica que deixou os mais atentos na verdade de Deus perplexos, uma vez que, entenda-se, qualquer pessoa pode, de facto, falar da bíblia; mesmo os ateus poderão falar dela e, por vezes fazem-no com grande eloquência. Mas, falar da parte de Deus, só pelo Espírito de Deus (I aos Coríntios 2:10-16),e não se pode falar pelo Espírito de Deus se não se falar da revelação do Mistério da graça de Deus. E, aqueles que são sérios nas coisas de Deus têm o cuidado de falar de Deus com verdade, como na presença de Deus.

Assim, com o intuito de alertar os que querem e fazem questão de levar as coisas de Deus a sério e de estar firmes em Deus, alerto para algumas questões que o mensageiro pôs em causa, corrompendo a mensagem da graça de Deus confiada a Paulo e defraudando a esperança dos membros do “Corpo de Cristo”, designadamente:


1.    Qual é a esperança da Igreja “Corpo de Cristo”? Que é como dizer: qual é a nossa esperança? (Só se o mensageiro não pertencer à Igreja “Corpo de Cristo" e tiver outra esperança!)

Mais importante que alguns “palpites” de supostos “servos” de Deus, é saber o que Deus diz, especialmente para a Igreja Corpo de Cristo, com a revelação confiada ao Apóstolo Paulo.


1.1    - Nós esperamos ser revestidos de imortalidade (I Coríntios 15:53-54), ou esperamos “vencer” para ter acesso à “árvore da vida… para a saúde dos povos”?

Ensinava o mensageiro: Nós esperamos um cidade celestial, a nova Jerusalém… citando:

«Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus»  (Apocalipse 2:7).
«No meio da sua praça e de uma e da outra banda do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a saúde das nações  (grego: ethnos, etnias, povos)»  (Apocalipse 22:2);
«Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas» (Apocalipse 22:14).
Mas, esta é a esperança dos crentes da Profecia.

No entanto, como é diferente e superior a esperança da Igreja “Corpo de Cristo”:
«Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então, cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória»  (I Coríntios 15:53-54).

Quem desconhecer as diferenças da esperança da Igreja “Corpo de Cristo”, conforme a revelação do Mistério, da esperança dos crentes da Profecia, conforme a revelação dos profetas, mesmo do NT (incluindo Pedro e João), muito mal vai no “conhecimento das riquezas incompreensíveis de Cristo” e quer colocar a Igreja celestial debaixo de um jugo e de uma esperança bem mais inferior. Boa, mas muito inferior! Com isso, defrauda-se a esperança da Igreja Corpo de Cristo e coloca-se em causa a própria Palavra de Deus! A minha esperança é ser revestido com a imortalidade e não ter necessidade de “ir comendo” da árvore da vida. A árvore da vida dá vida, mas não dá a imortalidade!



1.2 – A Igreja “Corpo de Cristo” espera reinar neste mundo ou estar assentada, em Cristo, “acima de todos os celestiais”, no Trono de Deus?

A Igreja “Corpo de Cristo” estará a governar o universo, incluindo anjos – principados e potestades – sob a direção do Senhor Jesus Cristo, a imagem do Deus Triuno.
«Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos e qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à sua direita nos céus, acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro. E sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, o constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos.
«Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e nos fez assentar noslugares celestiais, em Cristo Jesuspara mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça, pela sua benignidade para connosco em Cristo Jesus».(Efésios 1:17-23 e 2:5-7)
O Senhor Jesus Cristo é a cabeça de todo o principado e potestade (Colossenses 2:9-10) e exercerá essas funções como cabeça da Igreja (Efésios 1:17-23).

E, como é diferente de:
«Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele mil anos» (Apocalipse 20:6);
«E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os alumia, e reinarão para todo o sempre» (Apocalipse 22:5).

Este reino, como toda a revelação profética descrimina, restringe-se à terra. Os crentes da profecia reinarão neste mundo, mas não os celestiais, ou os anjos! Pelo contrário, dependerão dos anjos para o gozo das suas bênçãos.

Além disso, a Igreja “Corpo de Cristo” não espera a primeira ressurreição (reporta-se a Daniel 12:1, 2, 3 e 13), mas espera a ressurreição conforme a revelação do Mistério (I Coríntios 15:49-58), oculta na Profecia, a ressurreição da glória!



1.3 - Nós esperamos novos céus e nova terra, ou esperamos algo que já está preparado, antes da fundação do mundo?

Vejamos a excelência das revelações acerca da Igreja “Corpo de Cristo”:
«Mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória» …
«Mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam.
«Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito…»  (I Coríntios 2:7, 9-10).

Tudo o que diz respeito à igreja “Corpo de Cristo” foi estudado, planeado, e preparado por Deus antes da fundação do mundo. É o lugar onde Deus habita, o primeiro local do Universo que Deus “criou” para se “instalar”, com o Seu trono: O “Seio do Pai”!
«Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória» (Colossenses 3:1-4).
«Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas»  (Filipenses 3:20-21).

Tudo o que diz respeito à Profecia, desde anjos, à criação como ao ser humano terá de ser restaurado, por ter sido afetado pelo pecado, E, essa obra ainda está por realizar, como diz Pedro e João:
«Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça»  (II Pedro 3:13);
«E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe»  (Apocalipse 21:1…)

”Mas Deus no-las revelou pelo Seu Espírito…” que é uma referência à revelação que recebera do Senhor acerca da Igreja “Corpo de Cristo”. É claro, isto é matéria para os “perfeitos” ou maduros (v. 6), que não é compreendido e dificilmente se dá a perceber à mente carnal e natural! (I Coríntios 2:10, 14-15).



1.4 - A Igreja “Corpo de Cristo” espera uma nova cidade… ou já tem uma Herança?
É comum ouvir-se fazer a aplicação da “nova Jerusalém” como vinda do céu para a Igreja “Corpo de Cristo”. Ora, a Igreja não espera nada do céu senão o Senhor Jesus Cristo, mas para nos tirar da terra. E, pelo que verificamos nos textos anteriores a sua esperança será cumprida nos lugares celestiais (grego: sobre os celestiais).
«E, juntamente com ele, nos ressuscitou, e  (juntamente com ele)  nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para connosco, em Cristo Jesus» (Efésios 2:6-7)

Assim no grego: “Assentados juntamente (com Ele – Cristo) nos lugares celestiais em Cristo Jesus”, ou seja, com Cristo assentados em Cristo Jesus! Simplesmente extraordinário… Sublime!

«Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas» (Filipenses 3:20-21).
“Pátria”: no grego: 4175 politeuma politeuma, ou seja, o nosso governo… a nossa vida administrativa… no trono do Pai, onde o Senhor está e de onde sairá, pois O esperamos, o Senhor Jesus Cristo.

«Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno conhecimento da verdade segundo a piedade, na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos e, em tempos devidos, manifestou a sua palavra mediante a pregação que me foi confiada por mandato de Deus, nosso Salvador…»  (Tito 1:1-3).

Mas, como é diferente, e inferior: diga-se: muito bom, mas inferior à esperança da Igreja:
«Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo…»  (Apocalipse 21:2).

Será que a Igreja “Corpo de Cristo” espera uma cidade com portas, janelas, muros, etc.? Para quê? E com os 12 Apóstolos como fundamentos e com anjos como guardas?

E, é preciso ser vencedor para entrar nela?
«O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho…»  (Apocalipse 21:7).

Ou seja, sem graça… mas com mérito?




2. As diversas citações do “Velho Testamento”:
A generalidade dos pregadores gostam de dissertar com base nos textos do Antigo Testamento, deixando supor que a atuação de Deus é a mesma nos nossos dias!
Normalmente é o refúgio dos pregadores que não dominam a revelação paulina e os ensinos da graça de Deus, correndo o risco de dizer aquilo que não é vontade de Deus.

E perguntamos: Será que Deus coroa hoje os crentes como primeiros-ministros se forem fiéis à semelhança da experiência de José no Egipto? Então porque muitos crentes são igualmente fieis e morrem na prisão... e estão desesperadamente desempregados e com necessidades?

Será que o Senhor nos sustenta como a Elias? Mas, as nossas botijas de azeite esgotam-se… e os corvos não nos trazem comida  a casa e, se não trabalharmos o maná não cai à nossa porta!

Será que o Senhor nos guarda da boca dos leões, como a Daniel? Então, porque é que muitos crentes morreram nas praças romanas e continuam a morrer de todas as maneiras? E porque os fieis morrem queimados nas suas fornalhas ardentes?

Será que o Senhor nos dá capacidade sobre humana para os atletas cristãos ganharem aos “descrentes”, ou dá-lhes “sabedoria” superior aos “descrentes” para serem melhores alunos e mais excelentes profissionais que aqueles? Se não trabalharmos para isso nada conseguiremos!

Então porque os crentes sofrem aflições de toda a ordem, necessidades mais diversas, sem qualquer promessa de Deus  de nos livrar… senão que o Espírito nos ajuda nas nossas fraquezas… e gememos… e temos que trabalhar e nos esforçar cada dia para darmos sustento a nós e aos nossos familiares, e com isso, dar o testemunho que o próprio Senhor determinou que dessemos. Este é que é o testemunho que temos de dar: em casa… na sociedade… no trabalho… e disse: “fazendo assim a vontade do Senhor…” (Efésios 6).

Os “evangélicos” opõem-se ao ensino dos carismáticos, mas imitam-nos no seu discurso com subtileza. E subentendem: O Senhor não promete curar mas se estás doente é disciplina do Senhor! O Senhor não promete riquezas materiais mas se formos ricos é porque o Senhor abençoou… independentemente da forma como se enriquece! O Senhor está se tiveres sucesso… etc., etc., etc.!

A verdade é que nunca foi essa a mensagem do Apóstolo Paulo à Igreja “Corpo de Cristo”, pois não teve revelação da parte do Senhor com isso! E, se virmos as orações do apóstolo não há nenhuma oração por bens físicos ou materiais: todas por questões espirituais: conhecimento da revelação do Mistério e vida em função desse conhecimento!

Não deixem defraudar a V. esperança com discursos que ponham em causa aquilo que Deus mandou escrever acerca da nossa gloriosa esperança! Nem se deixem defraudar com modelos de vida prática nada condizentes com o modelo de Deus para a Igreja “Corpo de Cristo”, assentes na exclusividade da graça de Deus! Tais discursos colocam em causa a nossa fé na Palavra de Deus e na obra eterna de Deus, e privam-nos da excelência da graça de Deus e que Ele fez questão prepará-la para si mesmo e para nós! E, nós desfrutarmos dela! Glória a Deus.

Este é um exemplo de como se pode falar de Deus sem falar de Deus: falar acerca de Deus sem falar da parte de Deus! Falar da verdade e não ser verdadeiro. Porque, falar da Bíblia, qualquer um o pode fazer; mas, falar da mensagem da revelação do Mistério de Cristo, só pelo Espírito de Deus pode ser feito (I aos Coríntios 2:10-14).

É claro que isto interessa e preocupa a poucos. E, nesta matéria é que se vê quem leva as coisas de Deus a sério… porque a única coisa de Deus palpável que temos, neste mundo, é a Sua Palavra. O resto, o que uns e outros dizem, não passa de discursos mais ou menos humanos e vãos! Mas, mesmo assim, ouvia-se muitos améns de alguns anciãos de igrejas locais… por isso é que… e não é de admirar! Mas esta é a sua glória e o seu reino e o seu galardão: a glória e o louvor dos homens! Nós, porém, esperemos pelo Tribunal de Cristo!

Também não pretendo que estas observações revistam qualquer caracter pessoal, mas que sirvam, pelo menos, para repor a verdade naqueles que “amam a verdade da revelação da Sua manifestação (a Paulo) ”, pois, para esses está reservada uma coroa… (II Timóteo 4:8) e que nos consolemos com a Sua excelência da nossa esperança.

Abraço em Cristo, aos que nos amam na fé!

vpaço



domingo, 12 de janeiro de 2014

Revelação de Jesus Cristo



«Revelação <602> de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou e as notificou a João, seu servo…»  (Apocalipse 1:1);
«Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação  <602>  do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos…»  (Romanos 16:25).

Revelação, grego: Strong: 602 apokaluqiv apokalupsis, de 601; TDNT-3:563,405; substantivo, feminino. Significado: (1) Ato de tornar descoberto, exposto; (2) Uma revelação de verdade, instrução; (3)  Manifestações, aparecimento…; 601 (verbo, revelar).

Quem lê os textos supra citados, o leitor comum, poderá concluir que se trata da mesma revelação do Senhor Jesus Cristo, ou da mesma manifestação do Senhor Jesus Cristo, levando muitos a crer que o livro do Apocalipse relata o cumprimento da esperança da Igreja "Corpo de Cristo. Mas, não obstante se tratar da mesma palavra usada pelos Apóstolos Paulo e João, e se referir à mesma gloriosa pessoa do Senhor Jesus Cristo, trata de assuntos, propósitos, meios, bases, estruturas e cumprimentos diferentes.

Enquanto João descreve a revelação do Senhor Jesus Cristo, no quadro profético, cujo propósito é "julgar e pelejar com justiça" (Apocalipse 19:11), pois foi essa a revelarão que ele recebera do Senhor, Paulo descreve a revelação do Senhor Jesus Cristo no quadro do Mistério, cujo propósito é demonstrar "graça e paz" (I aos Tessalonicenses 1:1). A este propósito ele escreve: 

«Ora, Àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação  <602>  do mistério…»  e: 

«Se é que tendes ouvido a respeito da dispensação da graça de Deus a mim confiada para vós outros; pois, segundo uma revelação  <602>, me foi dado conhecer o mistério, conforme escrevi há pouco, resumidamente…»  (Efésios 3:2-3).

Na revelação do Senhor de acordo com João, o Senhor virá à terra e todo o olho o verá (Apocalipse 1:7); mas, na revelação do Senhor de acordo com Paulo, pelo Mistério, ninguém o verá, pois o Senhor virá somente aos ares (I aos Tessalonicenses 4:17; I aos Coríntios 15:44 e 52). Além disso, a revelação do Senhor Jesus Cristo na perspetiva profética é sempre feita através dos anjos, como é o caso... mesmo que não seja referido diretamente (Atos 7:53; Gálatas 3:19), enquanto a revelação do Senhor Jesus Cristo segundo o Mistério foi dada a Paulo diretamente pelo Senhor (Atos 26:16; II aos Coríntios 12:1)

Esta revelação referida pelo Apóstolo Paulo reporta-se ao aparecimento do Senhor a ele, desde a glória, aquando da sua viagem para Damasco, como ele mesmo se referiu:

«Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem do seu encarcerado, que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus, que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho, para o qual eu fui designado pregador, apóstolo e mestre…»  (II a Timóteo 1:8-11).

Essa revelação será consumada a todos os membros do "Corpo de Cristo" na iminente vinda do Senhor Jesus Cristo aos ares para arrebatar a Sua Igreja…

«Assim como o testemunho de Cristo tem sido confirmado em vós, de maneira que não vos falte nenhum dom, aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual também vos confirmará até ao fim, para serdes irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo»  (I aos Coríntios 1:6-8).

Ora, esta não é a revelação que João fala. É claro que o Apóstolo Paulo também faz referência à revelação do Senhor Jesus Cristo nessa mesma perspetiva, mas no sentido de revelar que, aqueles que não obedecem ao evangelho da graça de Deus estão expostos às consequências da revelação do Senhor Jesus Cristo no quadro profético. Ou seja, quem não estiver preparado para receber a revelação o Senhor Jesus Cristo segundo o Mistério, terão de receber a revelação do Senhor no quadro profético, como ele diz:

«Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação  <602>  do justo juízo de Deus…»  (Romanos 2:5);

«E a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente connosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder»  (II aos Tessalonicenses 2:7-9).

«A ira de Deus se revela  <601>  do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça…»  (Romanos 1:18); Ou seja, está na eminencia de se manifestar… (assim grego).

No entanto, não podemos confundir a revelação do Senhor Jesus Cristo segundo a revelação do Mistério, que era de manifestação de graça e paz ao mundo, especialmente aos que creem, com a revelação do Senhor Jesus Cristo que Pedro também falou. E, embora ele falasse da revelação do Senhor Jesus Cristo com graça e em salvação, fala no âmbito da revelação profética, para os crentes que viverão na grande tribulação, debaixo dos dias da ira de Deus. Nesses dias, o mundo estará sob a ira de Deus, mas os santos estarão protegidos dessa ira. Assim, o mundo estará sob a ira de Deus, mas os santos sob as asas da graça de Deus. Vejamos o que Pedro diz:

 «Que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se  <601>  no último tempo…»  (I de Pedro 1:5); e:

«Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação  <602>  de Jesus Cristo»  (I de Pedro 1:13); e, ainda:

«Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda coparticipante da glória que há de ser revelada  <601> …»  (I de Pedro 5:1).

Pedro fala da revelação de Jesus Cristo conforme João falou, ou seja, no âmbito profético. Essa revelação ou manifestação do Senhor será de vingança sobre os que se perdem; mas, para os santos, aqueles que esperam em Deus, de acordo com as profecias, esses serão contemplados com a graça de Deus na sua salvação e condução às delícias messiânicas do Reino milenial.

Outro aspeto importante, para aqueles que tem o entendimento correto destas verdades, é o aspeto prático. Paulo diz:

«Porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação  <602>  de Jesus Cristo. Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja de Deus e a devastava. E, na minha nação, quanto ao judaísmo, avantajava-me a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais. Quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça, aprouve revelar  <601>  seu Filho em mim, para que eu o pregasse entre os gentios, sem detença, não consultei carne e sangue»  (Gálatas 1:12-16).

Esta é a postura que o crente deve tomar, enquanto estiver neste mundo, e sob os dias da graça: revelar o carácter do Senhor nesta manifestação. Neste sentido Paulo é um modelo do crente dos dias da graça, ou seja, como um pecador pode ser salvo e viver vitoriosamente pela graça nos dias maus; e, revelar graça e paz; que, convenhamos, é totalmente oposta à postura dos crentes proféticos que esperam a revelação do Senhor Jesus nesse quadro, e clamam por vingança sobre os seus inimigos:

«Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira porque está escrito (daquele que disse:): Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor…»  (Romanos 12:19);

Versus:

«E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?»  (Apocalipse 6:10);

«Porque verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande prostituta, que havia corrompido a terra com a sua prostituição, e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos.» (Idem 19:2).

Palavras para quê! Será que estamos na graça? Quem anda na graça? O Senhor nos dê graça para sabermos e revelarmos a sua graça!

Vítor Pereira do Paço