quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O Perdão de Pecados

O Perdão de Pecados
Na Dispensação da Graça de Deus

 «Em quem [Cristo] temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da Sua graça» (Efésios 1:7).

Um homem de negócios recentemente aceitou Jesus Cristo como Senhor e Salvador e alegrava-se no conhecimento de seus pecados se encontrarem perdoados.
Ultimamente, porém, ele tem consciência do pecado estar a rastejar de volta para sua vida. Medos de um Deus irado o assombram e torturam a sua frágil consciência,
levando-o a questionar-se se Deus ainda o aceita.
Uma dona de casa tem um marido que é alcoólico. De manhã cedo, ele voltou para casa bêbado, com uma grande amolgadela no carro da família. Ele desculpou-se, mas ela sabe que, se ela o perdoa, ele voltará a fazê-lo novamente.
Uma velha mulher de 83 anos, senta-se sozinha numa casa grande e vazia. Anos atrás, a sua família magoou-a profundamente. Houve uma altura em que ela queria perdoar, mas eles nunca reconheceram que o erro tinha acontecido. “Como poderiam eles ter feito tal coisa?”, pergunta ela. Agora ela espera a morte e libertação da amargura e desilusão que se prende a ela.
Os exemplos acima referidos são mais que meramente hipotéticos. Há incontáveis casos semelhantes que são vividos todos os dias em casas e igrejas por todo o mundo. Têm os Cristãos a resposta para tais situações? Isso depende a que “Cristãos” perguntamos. Uma das doutrinas mais incompreendidas na Palavra de Deus é a questão dos pecados perdoados. Estou convencido de que duas das coisas mais difíceis de ensinar a um Cristão são:
1.   Os seus pecados foram completa e eternamente perdoados; e,
2.   Este perdão deve agora estender-se a outros.
Porquê existem tantas opiniões diferentes sobre um assunto tão fundamental para a vida Cristã? Tal como acontece em relação a outros temas na Bíblia, a falha em “dividir correctamente a Palavra da verdade” tem conduzido crentes sinceros em Cristo a posições contraditórias sobre o perdão. Eles dizem, “Graças a Deus por Ele ter-me perdoado todos os pecados, mas…”, e então eles apresentam a lista de condições na qual eles acreditam que devem cumprir, para Deus os aceitar.

Perdão Sob a Graça
Paulo, o apóstolo dos gentios e o revelador dos mistérios de Deus para a Igreja que é o Seu Corpo, apresenta uma única condição: CRER NO SEU EVANGELHO. De acordo com a passagem acima referida de Efésios 1:7, o perdão de pecados está intimamente ligado com a nossa redenção, que por sua vez, está assente no sangue sacrificial de Cristo e as riquezas da Sua graça. Além disso, notemos que o perdão (assim como as nossas bênçãos espirituais) foi algo alcançado no passado na vida do crente em Cristo. Nós temos  (no presente) a redenção… o perdão dos pecados.
Para aqueles que necessitam de confirmação destas maravilhosas notícias, considerem, em oração, estes exemplos adicionais das epístolas de Paulo:
«Antes sede, uns para com os outros, benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como, também, Deus vos perdoou em Cristo» (Efésios 4:32);
«Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados» (Colossenses 1:14)
«E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou, juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas» (Colossenses 2:13)
«Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça. Assim, também, David declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça, sem as obras, dizendo: Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos; Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado» (Romanos 4:5-8)
«Seja-vos, pois, notório, varões irmãos, que por este se anuncia a remissão dos pecados. E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudeste ser justificados, por ele é justificado todo aquele que crê» (Actos 13:38,39)
Os versos acima enunciados apresentam o ensino sobre o perdão para a presente dispensação da Graça de Deus (Efésios 3:1-9). O crente instruído na Graça sabe que o homem, por natureza, está morto em delitos e pecados, e como tal não merece um lugar no céu com Deus (Efésios 2:1,8,9). O amor de Deus providenciou perdão ao homem perdido através do sangue de Seu Filho. A responsabilidade que o Deus Soberano tem colocado sobre o homem, como resposta ao Seu amor, é a Fé em Jesus Cristo. “Cristo morreu pelos nossos pecados… e que ressuscitou ao terceiro dia…” é o evangelho que Paulo recebeu do Senhor Jesus glorificado e pregava onde quer que fosse (I Coríntios 15:1-4). O Espírito Santo de Deus pega então no pecador salvo e baptiza-o de forma sobrenatural em Cristo, estabelecendo uma união eterna (I Coríntios 12:13). Isto tem sido testificado pela prova de que nada nos pode separar do amor de Cristo porque o Espírito Santo nos selou até ao dia da redenção (arrebatamento) (Romanos 8:31-39; Efésios 1:13-14, 4:30).
O conhecimento destes factos pelas escrituras dá ao crente uma grande paz e uma alegria inexplicável. Mas como é o caso com muitos assuntos bíblicos, aqueles que querem homogeneizar a Palavra de Deus vão aos ensinos sobre perdão dado a Israel, para a dispensação passada, e arbitrariamente transplantam-nos para a presente dispensação da Graça. Os resultados são medo, dúvida e falta de ousadia nas nossas orações.

Perdão Sob a Lei
Na verdade pode ser benéfico estudarmos como era concedido o perdão sob a Lei de Moisés, de forma a compreendermos as diferenças.
«E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra» (II Crónicas 7:14).
Eis um versículo citado frequentemente e utilizado por pregadores sinceros que desejam ver o nosso país restaurado no aspecto moral e espiritual. Na verdade, existem aqui sábios conselhos para os crentes de todas as épocas. Espírito de humildade, oração, buscando a face de Deus e abandonando o pecado deve produzir um tremendo reavivamento na Igreja de hoje. Mas olhemos profundamente para o versículo. «E se o meu povo, que se chama pelo meu nome…» refere-se a Israel, sob a Lei, e não à Igreja, sob a Graça. A terra que é curada não é Portugal, mas antes é a Palestina. Agora reparemos na natureza condicional deste perdão. «E se o meu povo… se… então… perdoarei os seus pecados…». Este síndrome do “se – então”, tão característico do pacto da Lei, leva-nos a retroceder a Êxodo 19:5:
«Agora, pois, se, diligentemente, ouvirdes a minha voz, e guardardes o meu concerto, então sereis a minha propriedade peculiar de entre todos os povos: porque toda a terra é minha.»
Este sistema de bênção condicional é referido repetidamente ao longo dos livros do Velho Testamento, de Êxodo a Malaquias. Se Israel obedecesse aos mandamentos de Deus (a lei), Deus os abençoaria. Se eles desobedecessem, Deus os amaldiçoaria (Deuteronómio 28:1-68). Esta não é a forma como Deus lida com os crentes actualmente. Nós já fomos abençoados com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo (Efésios 1:3,7). Isto inclui o perdão dos pecados.
Em relação à passagem de II Crónicas 7:14, nós devemos reconhecer a diferença entre interpretação e aplicação. Uma vez que toda a Escritura é inspirada por Deus e proveitosa, há verdades neste versículo que nos falam actualmente, mas nós só o podemos aplicar à luz da revelação do mistério que nos foi dado através do Apóstolo Paulo (Romanos 16:25; Colossenses 1:25-27). O versículo refere-se a bênçãos condicionais, que pertencem por interpretação a Israel, sob a lei.
Enquanto alguns têm vindo ao conhecimento da diferença entre o sistema Mosaico e o Paulino em relação às bênçãos (incluindo o perdão), poucos têm visto que o perdão condicional é transportado para os evangelhos e epístolas do Novo Testamento não escritas por Paulo. Considere o seguinte:
«E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; Se porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas» (Mateus 6:12,14,15)
«E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia. Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se de coração não perdoares, cada um, a seu irmão, as suas ofensas» (Mateus 18:34,35)
«E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas; Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará as vossas ofensas». (Marcos 11:25,26)
«Não condeneis, e não sereis condenados» (Lucas 6:37).
«Olhai para vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o, e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. E se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me, perdoa-lhe» (Lucas 17:3,4)
Observemos cuidadosamente que o perdão, nos exemplos em cima, é oferecido pelo Pai celestial só quando o perdão é primeiramente oferecido aos outros. Da mesma forma, o outro (ofensor) é perdoado só se ele se arrepender. A ordem é: (1) Ofensa cometida, (2) Confrontação e repreensão, (3) Arrependimento do infractor, (4) Perdão oferecido pela vítima e (5) Perdão de Deus oferecido. Este ensino mostra o perdão em relação à fase milenial do reino de Deus na terra, segundo a profecia (Lucas 1:70; Actos 3:21; Apocalipse 5:10).
Em contraste, os escritos de Paulo revelam que o crente em Cristo actualmente trabalha a partir da posição de perdão perpétuo a partir da qual ele é livre para perdoar outros.
«…Perdoando-vos uns aos outros, como, também, Deus vos perdoou em Cristo» (Efésios 4:32);
«…Perdoando-vos uns aos outros,… assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós, também» (Colossenses 3:13).
Este ensino mostra o perdão em relação à parte celestial do reino de Deus de acordo com o Mistério (Romanos 16:25; I Coríntios 2:7; Efésios 1:4; II Timóteo 4:18). Como Scofield tão bem afirmou: “Perdão sob a lei é condicionado a um espírito semelhante em nós (nós perdoarmos primeiro). Sob a graça, somos perdoados por amor de Cristo e exortados a perdoar porque fomos perdoados primeiramente.”
Que diferença entre a lei e a graça, entre perdão condicional e incondicional! Ambos os sistemas são consistentes com o carácter de Deus e trabalham de acordo com o Seu plano para as dispensações. Como na verdade nos devemos alegrar em sermos membros salvos do Corpo de Cristo durante a presente dispensação da graça de Deus! Isto mostra que, embora o próprio Deus nunca mude, o Seu trato, para com o homem, muda com o curso da história e profecia.
Alguns podem permanecer na crença de que os ensinos de Jesus sobre o perdão, enquanto na terra, representam a doutrina que mais tarde foi escrita para nós, como membros da igreja actual. Eles afirmam ainda que nós devemos tornar o nosso perdão condicional. Eles fazem-no por causa de pretextos tradicionais e do medo de que a graça será corrompida.
Em primeiro lugar, nós concordamos que “Porque tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito…” (Romanos 15:4). Toda a Escritura é igualmente inspirada por Deus, mas é proveitosa somente quando é bem dividida (II Timóteo 2:15; 3:16). Em segundo lugar, entendemos que o ministério terreno de Jesus foi somente para os Judeus, de acordo com a profecia (Mateus 10:5-6; 15:21-28; Marcos 7:24-30; Romanos 15:8). Em terceiro lugar, a vida e os ensinos do nosso Senhor não anularam o concerto da lei dada através de Moisés no monte Sinai (Mateus 5:17-18; 8:1-4; 23:1- -3; Lucas 2:21-24; Gálatas 4:4). Jesus viveu e trabalhou como um Judeu, sob a lei foi circuncidado ao oitavo dia, observou os dias de festa dos Judeus, disse ao leproso curado para se mostrar ao sacerdote e apresentar a oferta (sacrifício de animal) que Moisés mandara, e ordenou os Seus discípulos a observar e praticar tudo o que aqueles que estavam assentados na cadeira de Moisés ordenavam (ou seja, os escribas e fariseus que tinham essa autoridade e eram adeptos rigorosos de ensinar e seguir a lei à letra).
Enquanto os ensinos de Jesus a respeito do Reino levaram a lei a um ponto mais íntimo, para incluir os motivos (emocionais) do coração (Mateus 5:22,28,32,34), e enquanto alguns ajustes foram feitos de modo a introduzirem a chegada do Reino (Mateus 5:44; 13:52), o Seu ensino foi uma confirmação das coisas que haviam sido antes profetizadas. (Romanos 15:8). Quaisquer novas revelações dadas por Jesus neste tempo foram apenas detalhes adicionais confirmando o reino milenial que havia sido profetizado e que se encontra descrito no velho testamento.
Finalmente, temos que reconhecer que o apóstolo Paulo é o “teólogo” para a presente dispensação da Graça de Deus. Apenas nos seus escritos podemos encontrar a doutrina, a posição, o andar e o destino para a Igreja, Corpo de Cristo. O nosso Senhor Jesus Cristo conduziu um ministério celestial através do apóstolo Paulo, que foi o seu porta-voz (I Coríntios 14:37, II Coríntios 13:3; Gálatas 1:11; 2:2,9; Efésios 3:1-9). Nós somos hoje beneficiários do seu ministério, através das suas epístolas. Que nunca percamos de vista onde nos encontramos no programa de Deus. Isto é crucial para o nosso estudo do perdão, como se tem vindo a mostrar.
Estar devidamente ajustado ao ensino da Graça é absolutamente essencial para uma vida alegre e vitoriosa na fé. Como podemos amar e louvar a Deus por algo que nós não temos certeza se Ele nos deu? Da mesma forma, como podemos ter alegria e paz quando tememos que Deus nos retire as bênçãos? Não deixemos que ensinos não-bíblicos ou não–dispensacionais nos separem do gozo do perdão dos pecados e da comunhão com Aquele “no qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele” (Efésios 3:12).

O Perdão nos Nossos Relacionamentos Pessoais
É muito provável que vacilemos nesta área se não estivermos firmemente apoiados no evangelho da graça. Nós somos instruídos a lidarmos com o nosso próximo da mesma maneira que Deus lidou connosco.
Uma vez que Deus nos perdoou de todas as ofensas (passadas, presentes e futuras) será razoável não perdoarmos aqueles que nos tem ofendido? “Mas eu fui extremamente magoado”, é aquilo que o leitor poderá estar a pensar.
Será que nunca ferimos o coração do Pai Celestial com o nosso espírito imperdoável? Nós nunca conseguiremos perdoar mais do que Deus nos perdoou. Deus sabia de antemão a forma como nós iríamos pecar contra Ele, no entanto ele perdoou todo o nosso pecado assim que cremos na sua obra redentora e a aceitamos como único meio pelo qual podemos ser salvos.
Para alguém que possa estar a debater-se com um espírito de inflexibilidade ficam aqui estas sugestões:
(1)  Tenha a certeza que compreende e crê no evangelho da Graça (Romanos 3:19-28). Sem a presença do Espírito Santo na sua vida e sem o amor que Deus derrama em nossos corações, não estaremos capacitados para perdoar da forma que é aceitável para Deus (Romanos 5:5).
(2)  Reconheça que a incapacidade de perdoar é um pecado originário da carne (do velho homem) (I Tessalonicenses 5:15; Romanos 12:17-21).
(3)  Não ceda aos desejos da carne (velho homem) mas combata-os (Romanos 13:8-14).
(4)  Considere os pecados dos quais foi perdoado e o que eles deverão ter significado para o nosso Senhor Jesus aquando da sua morte por nós. Um certo homem orava sempre desta maneira: “Senhor, nunca me deixes esquecer o que fui antes de me ter tornado um Cristão”. Como semente decaída de Adão, o nosso pecado contra o Deus santo é infinitamente maior do que qualquer pecado que possamos cometer uns contra os outros.
(5)  Considere o que a sua desobediência está a fazer à sua alma interior. Algumas pessoas pensam que ficam perfeitamente justificadas guardando para si os maus sentimentos, enquanto são apoiadas nestes maus sentimentos por outras pessoas. Tal atitude provoca maior dano na alma da pessoa ofendida do que propriamente no transgressor. 
(6)  Perdoe a pessoa como um acto de espontaneidade! Isto é o amor cristão em acção. Não espere até que se “sinta” capaz de perdoar.
(7)  Ore pelo bem-estar espiritual do ofensor (transgressor). Eu sempre ouvi um pregador dizer: “É extremamente difícil permanecer implacável contra alguém por quem você ora constantemente”. Que excelente conselho! Deus promete a “paz que excede todo o entendimento” quando apresentamos todas as nossas petições a Ele. (Filipenses 4:6-7). Com isto temos a alegria extra de sabermos que estamos a agradar e a trazer honra ao nome de Deus.
(8)  Esteja preparado para o reaparecimento da raiz da amargura. Muitos cristãos têm relatado o reaparecimento de sentimentos destrutivos, especialmente se o transgressor permanecer intransigente ou as ofensas continuarem a acontecer. De novo os desejos do velho homem a aparecer! Neste caso, repita os passos anteriores.
(9)  Utilize a situação para permitir que Deus o use conforme a imagem do Seu Filho (Romanos 8:28,29). Pecadores sem vergonha têm vindo a causar dor e sofrimento à família de Deus. Que oportunidade fantástica para retiramos o nosso Cristianismo do “armário” e deixar que este brilhe diante os homens.
Até agora ainda nada foi dito acerca da mudança de atitude do ofensor (transgressor). Se a pessoa ainda se encontrar perdida devemos procurar, de forma sábia, compartilhar as verdades do evangelho da salvação com ela. Se já for salva devemos, de forma amável, aplicar os ensinamentos que estejam coerentes com as instruções do apóstolo Paulo acerca do irmão errante. (Gálatas 6:1; II Timóteo 2:24-26; I Coríntios 5; II Coríntios 2; Hebreus 12:14-15). «O que encobre as suas transgressões, nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia» (Provérbios 28:13). Esta é uma verdade que transcende as dispensações e que é válida em todo o tempo. Se estamos a permitir que o Senhor Jesus o ame através de nós, certamente estaremos interessados na mudança do seu comportamento.
Apesar de estar fora do âmbito do presente artigo, o tema acerca da confissão de pecados tem sido muito discutido, em grande parte por causa da má aplicação do versículo que se encontra em I João 1:9. Paulo não fala de confissão nas sua epístolas, apesar de Lucas nos dar uma um relato inspirado em relação ao seu ministério (Actos 19:18 – aqui é um reconhecimento das pessoas acerca da sua maldade pessoal). Muitos dos mandamentos de Paulo não podem ser obedecidos sem um auto julgamento por parte da pessoa que falhou. Mas isso não pode incluir a necessidade de confissão do pecado; pelo contrário: mudar o seu curso de vida (II Coríntios 7:1; II Timóteo 2:21; I Coríntios 5:2, 11:32).
Quando um crente peca, devemos concordar com a Palavra de Deus que isso é errado e abandonar esse comportamento ou atitude colocando de parte o velho homem e dando lugar ao novo homem. (Efésios 4:22-24; Colossenses 3:7-10). Em suma, reconhecemos os nossos pecados não para recebermos perdão mas para que possamos estar devidamente ajustados na graça e assim podermos glorificar Aquele que nos perdoou de todas as transgressões. 
Após tudo isto, temos que estar conscientes que nem todas as pessoas irão mudar. Mas nós podemos, se procurarmos viver para aquele que morreu por nós e ressuscitou de entre os mortos. Perdoar não é fácil, mas é uma boa oportunidade para que o Espírito Santo nos molde à semelhança do “Corpo de Cristo – o Novo Homam”. Lembremo-nos que Deus nos ordena que perdoemos, mas ao mesmo tempo nos dá a capacidade para tal fazermos. O nosso Deus nunca nos pedirá algo que nós não consigamos fazer. Se Deus pôde ressuscitar o Senhor Jesus Cristo da morte e dar de novo vida à sua alma morta, não poderá Ele também dar-nos a vitória nesta área? “Fiel é o que vos chama, o qual também o fará” (I Tessalonicenses 5:24)
por Ken Lawson


Notas e Conclusão do Editor: 
Então, como crentes. Membros do “Corpo de Cristo”, que devemos fazer?
Se pecarmos contra Deus, Paulo diz, simplesmente: Deixai… despi-vos do velho homem e revesti-vos do Novo… (Colossenses 3; Efésios 4-5).
Alguns que não entendem a simplicidade da actuação da graça de Deus, e ainda influenciados pelo “espírito do Reino”, perguntam: “Mas, o Senhor não perdoa só quando confessamos?” Sim, no programa do Reino era assim; no programa da graça não é assim. Os nossos pecados foram perdoados quando cremos no Evangelho da graça de Deus: pecados passados, presente e todos aqueles que, eventualmente, viéssemos a cometer no futuro. Por isso, quando se diz que precisamos de “confessar os nossos pecados” para o Senhor nos perdoar eu pergunto? Quais, se não conhecemos a maior parte dos nossos pecados? O perdão de Deus é um efeito da obra que o Senhor faz em nós quando cremos n’Ele como nosso salvador.
Além disso, confessar os pecados e pedir o perdão por eles no nosso dia-a-dia subentende que a salvação do Senhor não é concludente, plena, perene e incondicional, ou seja, pela graça. O perdão seria condicional, pela confissão dos respectivos pecados. Ora, isso vai contra tudo o que é a essência da graça de Deus.
Nós somos salvos por crer no Senhor, e não por confessar os nossos pecados. O perdão é, por isso, uma consequência de crer no Senhor como Salvador. Romanos 10:9-10 fala em confessar o Senhor como Senhor e salvador no nosso íntimo e dirigido a ele, e não confessar ou professar o Senhor aos outros (isso seria obras), e muito menos os nossos pecados.

Relativamente ao perdão mútuo, entre os membros do “Corpo de Cristo”, também não temos qualquer exemplo de confissão de pecados. Essa ideia vem, igualmente, do programa do Reino e é Tiago que o afirma na sua epístola (capítulo 5).

Se o crente peca e decide se manter nesse pecado, deve ser disciplinado. Se reconhece que está mal e se arrepende, e retoma a vida espiritual, deve ser aceite em comunhão. Toda a igreja em geral e cada membro em particular é obrigado a perdoar e recebê-lo em comunhão (Romanos 14; I Coríntios 11-B; II Coríntios 2 e 7; Gálatas 6:1-2) sob pena de poderem ser disciplinados pelo Senhor, como aconteceu com a doença e morte de alguns crentes. O pecado que temos ali – e única discussão do Apóstolo Paulo, era alguns crentes mais ricos não aceitarem à comunhão alguns outros crentes mais pobres. Quebrar a comunhão era negar e recusar os efeitos da obra do Senhor Jesus Cristo que fez a unidade do Corpo, que, conforme Efésios 2:11-21 – dos dois povos fez um Corpo. Recusar a comunhão dos membros do Corpo à comunhão seria condicionar a obra/morte do Senhor Jesus Cristo pelo Corpo e, à semelhança de Judas, trair o Senhor: daí a referência: “na noite em que foi traído”. E, a traição estava a ser paga com doença e morte.

No entanto, aqueles que se mantem com uma postura carnal e escandalosa, devemos evitá-los… “nem seque comais… ou tenhais comunhão” (I Coríntios 5-6).
No entanto, devemos perceber que uma é a postura do crente para os membros do Corpo e outra, diferente, a postura com o descrente. Com o descrente temos o exemplo de Paulo que nos é lícito defender os nossos direito. Não reclamá-los, com um espírito de einvindicação e ataque, mas numa atitude de humildade e defesa dos nossos direitos humanos e sociais (Actos 16:35-40).
Relativamente à compreensão destas matérias devemos atentar não só para o que o Apóstolo Paulo escreveu, mas, também, para o exemplo que ele nos deixou como um exemplo do que a graça de Deus pode e deve fazer num indivíduo, membro do “Corpo de Cristo” (Filipenses 4:9).
Tudo isto pode parecer ofensivo à racionalidade humana e vai contra tudo aquilo que parece justo, mas não passa de uma sensação humana e carnal. Toda a atitude de Deus baseada na sua graça é contra natura, que o homem natural não entende e o crente carnal tem dificuldades em aceitar (I Coríntios 1-2). É loucura para os sábios deste mundo e escândalo para os religiosos deste século.
Vítor Pereira do Paço

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Verdadeiro Reavivamento



«Nos dias do profeta Esdras, Israel estava muito num estado semelhante ao da Igreja hoje. Contudo, felizmente, alguns dos líderes adquiriram a convicção de que estavam a negligenciar a Palavra de Deus – especialmente a parte que lhes era dirigida a eles  – a lei de Moisés.
Como resultado eles construíram um púlpito para Esdras no qual ele se ergueria para ler as Escrituras ao povo (Neemias 8.4). Esdras leu “desde a alva até ao meio-dia”, enquanto outros misturados entre a audiência “ensinavam ao povo a lei” fazendo com que eles a entendessem.
"E leram no livro, na lei de Deus: e declarando, e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse.”
O resultado foi que “todo o povo se foi a comer, e a beber, e a enviar porções, e a fazer grandes festas: porque entenderam as palavras que lhes fizeram saber (v. 8, 12).    
Semelhantemente, depois de nosso Senhor ter explicado as Escrituras aos dois discípulos a caminho de Emaús, eles disseram um para o outro:
"Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras?” (Lucas 24:32).
Grupos e indivíduos bem-intencionados têm estado a orar em vão durante décadas por um verdadeiro reavivamento espiritual na Igreja, porém o único caminho seguro para o reavivamento é o interesse renovado na Bíblia, e especialmente no que Deus nos diz ali nas Epístolas de Paulo.
Quando nos tornarmos convictos da nossa negligência da Palavra de Deus que nos é dirigida a nós nas Epístolas de Paulo; quando os homens de Deus estudarem a Palavra para a “manejar bem” e começarem a ensiná-la do púlpito, um grande reavivamento espiritual seguir-se-á inevitavelmente. Ah, mas a maioria do povo de Deus é demasiado complacente, está demasiado satisfeito com uma profissão superficial, para entrar nesta bendita experiência. Todavia, quando estudamos a Palavra de Deus por nós mesmos, e especialmente a parte da Sua Palavra que se aplica particularmente a nós, como aconteceu com os Israelitas dos dias de Esdras, nós experimentaremos a alegria de compreender a carta do amor de Deus para connosco.»
Cornelius R. Stam, in "Two Minutes With The Bible"


De facto, o único reavivamento que a Escritura fala para o “Corpo de Cristo” é no “conhecimento” do Evangelho de Paulo e os seus efeitos nas nossa vidas: viver segundo o Mistério! O que está para além disso não passa de influências do movimento carismático e uma luta vã, que vai contra tudo o que está previsto por Deus para o mundo! Cuidado com as “vozes” de reavivamento que se venham a ouvir!
«Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá. Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porquanto os dias são maus. Pelo que não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor. E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo» (Efésios 5:14-20).
Ser cheios do Espírito de Deus”, segundo Colossenses 3:16-17 (passagem correspondente a Efésios) é ser cheio da Palavra de Cristo, conforme revelado a Paulo:
«A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração. E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.»
Esta é a vida do Espírito, de acordo com a discussão de Gálatas 5 e 6.
Vejamos outros textos sagrados:
«Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.» (Romanos 12:1-2)
A experiência da vontade de Deus passa, obrigatoriamente, pela transformação do nosso entendimento que é operado pela Palavra de Deus, que no caso concreto, é o entendimento de tudo o que o Apóstolo descreveu nos capítulos 1 a 11.
«Não conhecemos nenhuma passagem das Escrituras que nos dissuada de orar por um verdadeiro despertamento espiritual entre o povo de Deus.» (C. Stam). Mas, as orações do Espírito e que estão transcritas nas epístolas de Paulo são sempre para a compreensão e vida de acordo com a Pregação do Mistério (Efésios 1:16-23; 3:14-21 Colossenses 1:9.14).
O Senhor nos dê a graça para vivermos a vida que Ele preparou para nós, verdadeiramente despertados.
VP

O Conselho Eterno de Deus - IV Parte: O Evangelho Eterno




O Evangelho Eterno de Deus
(Em Preparação)
A Importância do Evangelho de Paulo como Decreto de Deus na Ordem de Revelação – O Último na Revelação; O Primeiro na Glorificação.

Qual é o valor da Palavra de Deus? Qual o valor que Deus dá à Sua Palavra e qual o valor que lhe devemos dar? Digo-o a respeito, primeiramente do Decreto de Deus e, também, da Palavra revelada, a que foi dada a conhecer ao homem pelo Espírito Santo sob o ministério do Apóstolo Paulo, e que aqui chamamos de “Evangelho Eterno”.
Estou convicto que não tem sido dado o valor que deve ser dado à Palavra de Deus, nem como deve ser dado à Palavra de Deus: nem o quanto, nem o como!
Para muitos pode ser indiferente, pois não passará de uma simples divergência de opinião. Mas, será assim que o Senhor vê a Sua Palavra?
Dizem, então, alguns, que entendem a Palavra à sua maneira, como se isso fosse possível. Mas, “nenhuma Escritura é de particular (gr. Conforme pessoal ou individual) interpretação (II Pedro 1:20); Esta palavra, especialmente a revelada ao Apóstolo Paulo[1] só o Espírito de Deus é que a entende e a quem o Espírito a revela (I Coríntios 2). Sem o Espírito de Deus o seu conhecimento não passa de uma “carnal compreensão” (Colossenses 2:18), e a sua divulgação não passa de uma propaganda diabólica (I Timóteo 4:1; II Coríntios 11:1-15), m efeitos nefastos e totalmente reprováveis por Deus (Gálatas 1:6-12). Sem a direção e dependência do Espírito Santo a apresentação da Palavra de Deus será fruto de ignorância (I Timóteo 6:3-5), com a máscara de “Palavra de Deus”, mas não passará de uma falsificação (II Coríntios 2:17). Fora desta linha, a linha que foi revelada ao Apóstolo Paulo, o Evangelho deixa de ser boa nova, para ser uma maldição para os ouvintes (Gálatas 1:6-12), com a eminente perdição dos próprios ensinadores (Filipenses 3:17-19; II Pedro 3:15-16), como dos seus ouvintes (II Pedro 2:1-3). Deus não tem por inocente aquele que recusa, desconhece ou altera a Sua Palavra: seja por ignorância ou propositadamente (I Coríntios 3:17; II Tessalonissenses 1:7-10).
A agravar toda esta situação está a ação de Satanás cuja principal tarefa é tentar corromper esta Palavra sagrada[2], promovendo doutrinas de demónios (I Timóteo 4:1), usando os seus ministros (II Coríntios 12; I Timóteo 1:20; II Tessalonissenses 2:20), que, conforme o Apóstolo Paulo diz aos Tessalonissenses, “são doutrinas de perdição”, “com todo engano da injustiça para os que perecem”, e “já opera” em grande maneira (2:7, 11-12). E, não pensemos que todos estes ataques contra a Palavra de Deus são coisas absolutamente escandalosas, erros abismais, como seja a divindade do Senhor Jesus Cristo, a Pessoas e obra do Senhor, ou a Pessoa e ação do Espírito de Deus. Não, por vezes são simples tendências de opinião. Tudo aquilo que não esteja de acordo com a revelação do Senhor glorificado ao Apóstolo Paulo, ou seja, o ensino que assenta exclusivamente na graça de Deus, é o suficiente para ser classificado como “doutrinas de demónios”.
Basta ler a epístola do Apóstolo Paulo aos Gálatas para termos a noção da importância de conhecer, crer, anunciar e viver esta Palavra de Deus tal como foi revelada ao Apóstolo Paulo. A palavra, até pode ser anunciada de acordo com a Bíblia. Ou seja, até pode estar de acordo com os ensinos dos antigos Pactos, como a palavra anunciada a Adão, Enoque, Noé, Abraão, Moisés, aos Profetas, ou mesmo pelo Senhor em carne, de acordo com a revelação relatada nos Evangelhos, que pertence à revelação profética. Se a mensagem hoje anunciada colidir com a revelação da glória e a respeito da glória do Senhor como “Cabeça da Igreja”, a revelação que é “segundo a revelação do mistério” (Romanos 16:25-26) será um Evangelho corrompido que não salva, não santifica, não edifica, nem promove a realização da obra de Deus, já que, não é o ensino que o Espírito revelou na Sua Palavra. Sobre isso, diz o Apóstolo Paulo: “É outro (gr. “heteros” = outro diferente) evangelho… o qual não é outro (gr. “Allos” = outro da mesma natureza, igual”, K.S.Wuest), literalmente: “outro evangelho, o qual não é igual” (Gálatas 1:6-7), embora pareça ser igual e se baseie em muitos textos da Bíblia, como nos ensinos de Moisés. Diz o Apóstolo: “Cristo de nada vos aproveitará… Separados estais de Cristo… da graça tendes caído!” (Idem, 5:2, 4).
Descrição: Could-a-Nearby-Supernova-Bring-The-Apocalypse-2.jpgSó me questiono acerca do seguinte: Será que o Senhor não se importa com o que fazem da Sua Palavra? Será que o leitor não se importa com o que fazem da sua palavra? Se alguém deturpa a nossa palavra, isso chama-se calúnia, mentira, difamação. E, se alguém denigre a nossa palavra, colocando em causa a nossa credibilidade, mantemo-nos indiferentes? O que habitualmente é feito nestas circunstâncias? Coloca-se os caluniadores em tribunal, ficando os tais sujeitos a pena de crime e a eventual pagamento de indemnização. E, se nós humanos agimos assim, como pensarão que agirá o Senhor Deus, o Todo-poderoso, o criador do universo e de todas as coisas contra aqueles que corrompem a sua sagrada Palavra: a palavra que é a mais importante e a mais valiosa em toda a criação de Deus?
Já leram o texto que diz: «no dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho» (Romanos 2:16).

Para percebermos, um pouco, o valor desta Palavra que me refiro nestas considerações, vejamos a seguinte ilustração:
Os regimes jurídico-políticos modernos têm um sistema jurídico que assenta numa hierarquia de diplomas legais, sendo a principal lei chamada “Constituição”. Por exemplo, em Portugal, o seu regime jurídico-político assenta numa lei fundamental chamada de “Constituição da República Portuguesa”. Esta lei define os princípios fundamentais que defendem e protegem, os direitos, deveres e obrigações dos cidadãos, os cargos políticos e as suas funções, etc., etc., etc.. Tudo (todos os atos) e todos (os cidadãos) estão sob a autoridade desta lei fundamental. Qualquer ato político, jurídico ou cívico que colida com a lei constitucional incorre em inconstitucionalidade direta ou em ilegalidade, sendo, por isso, declarado inválido ou nulo.
Ainda, no caso concreto do sistema jurídico português, abaixo desta lei fundamental estão as leis chamadas reforçadas, as leis de base, as leis quadro, ou, ainda, as leis de autorização legislativa. Normalmente, este tipo de leis, pelas matérias que versam e pela sua importância, são leis aprovadas pela assembleia da república. Estas leis definem o sentido, a extensão, conteúdo e o alcance das matérias que tratam, cabendo, depois, às leis subordinadas o seu desenvolvimento e aplicação. É o caso das leis de desenvolvimento, em relação às leis de base; ou as leis de autorização legislativa em relação às leis de autorização.
Abaixo deste tipo de leis ainda poderemos encontrar os decretos e regulamentos emitidos pelos diversos ministérios, ou os editais dos governadores civis, câmaras municipais, etc., etc., etc..

Quando olhamos as obras de Deus e as Suas revelações deparamos com um sistema algo parecido. Deus faz um Decreto antes dos tempos eternos acerca de si mesmo, como Deus Tri-Uno, acerca do Pai, do Filho e do Espírito, e do “Corpo de Cristo”. Deus “pré-ordenou”, ou ordenou antes de tudo (I Coríntios 2:7. Ver, ainda: Romanos 8:28-30; Efésios 1:4-5). Deus prometeu antes dos tempos eternos (certamente a si mesmo, pois não havia mais ninguém a quem o fazer – Tito 1:1-3). Este Decreto, embora fosse o primeiro a ser editado, foi mantido em segredo no seio de Deus até ser revelado a Paulo para a Igreja “Corpo de Cristo” (e não ao mundo) – Colossenses 1:25; Gálatas 2:7; I Tessalonissenses 2:4; I Timóteo 1:11; Tito. 1:1-3.
Deus, depois disso, decretou a criação do universo, o Céu dos Céus (onde se instalaria – tomando a forma de Deus: como FILHO – Filipenses 2:5, para governar a criação), a criação dos céus e os anjos para neles habitar.
Depois disso, Deus decretou a criação da terra (Job 38:4-11). Não ignoremos que, em relação à criação material de Deus, não houve somente um Decreto de Deus, designadamente: “haja luz… haja separação… haja porção seca… haja seres… etc.”, como toda a criação do universo está sujeita às suas próprias leis estabelecidas por Deus, que é a lei da física. Certamente que haverá milhares e milhares ou milhões e milhões de leis que dominam e fazem girar todo o universo.
Ainda, depois, decretou a criação do homem – Adão e Eva; e, depois, decretou a “lei natural” (Romanos 7:1-4; I Coríntios 14:34).
Depois disso, temos outras leis, sempre subordinadas, como são os Decretos a Noé, a Abraão, a Moisés, aos profetas, do Senhor Jesus Cristo no Seu ministério terreno e dos Apóstolos messiânicos, ou do Reino messiânico.
Todas estas leis ou decretos, em contraste com o Decreto Eterno do Mistério, dizem respeito ao plano de Deus para ESTA CRIAÇÃO[3], céus e terra, ou seja, toda a esfera onde vivem os anjos e os homens que, por causa do pecado, e afetarem esta criação, terá de haver uma restauração e serem feitos novos céus e nova terra (II Pedro 3:9-13; Apocalipse 21:1). Mas, o Decreto Eterno é doutra criação: é de uma NOVA CRIAÇÃO, no sentido em que é uma criação diferente (e não de novas criaturas, assim o grego II Coríntios 6:17). Acerca da esperança da Igreja “Corpo de Cristo” nada será feito nada novo: tudo está previsto e preparado por Deus desde antes da fundação do mundo, isto é, desde antes desta criação (I Coríntios 2:9; Efésios 1:10; Filipenses 3:20; Colossenses 1:5). É uma esfera que não foi afetada pelo pecado, porque se trata do Seio de Deus (João 1:18; Colossenses 2:2-3; 3:1-4; Filipenses 3:20-21), algo que está para além dos céus, onde está a essência de Deus, que será algo muito maior e grandioso do que existe nesta criação.
Além disso, o Decreto Eterno de Deus, não obstante ser o último a ser revelado – no fim dos tempos da revelação (I Coríntios 10:11; Gálatas 4:4) – e isso por causa da sabedoria de Deus – foi o primeiro a ser decretado. E, por ser o primeiro a ser decretado, é o mais importante. Por esta razão, todos os demais decretos reportam-se sempre ao Decreto Eterno e estão-lhe sujeitos. Este é o sentido que o Apóstolo Paulo dá quando diz que as coisas desta criação reveladas são sombras do que diz respeito ao “Corpo de Cristo” (Colossenses 2:17; I Coríntios 10:11; Hebreus 9:23). Comparar, ainda: Efésios 5:1-32, Romanos 7:1-4, em relação à lei natural de Adão e Eva, que apontava para o Decreto Eterno, que dizia respeito a Cristo e ao Seu Corpo; Colossenses 2:9-23, Gálatas 4:1-11 e 5:22-23, em relação às ordenações mosaicas que eram figuras e sombras do Corpo de Cristo; Ou, ainda, Colossenses 2:9-10 e 15; Gálatas 3:19; Efésios 1:18-23; 2:6-7; 3:9-11, em relação ao papel dos anjos, que são uma figura do papel que a Igreja terá na eternidade, e o papel do Corpo em relação a eles.

Com tal entendimento verificamos que o Decreto eterno não só é o mais importante, porque fala das coisas de Deus mais excelentes, como é o primeiro e o mais importante Decreto de Deus, ao qual todos os demais decretos de Deus estão dependentes.

Com a revelação que o Senhor confiou a Paulo verificamos que todas as coisas que Deus estava a fazer ao longo dos tempos, desde a fundação do mundo, visava realizar um plano que lhes era muito anterior: o Corpo de Cristo para os “lugares além celestiais”, e não, Deus a agir em função das circunstâncias do mundo e em função das atitudes dos homens. Por exemplo: Deus não começou com a Sua obra da formação e edificação da Sua Igreja “Corpo de Cristo” porque Israel rejeitou o Messias (historicamente parece ter sido isso que aconteceu – Romanos 11), mas porque se referia ao cumprimento do pano eterno de Deus, que a “seu tempo” ou no tempo certo seria manifestado e revelado (Romanos 5:6; Gálatas 3:22-25; 4:1-4; I Timóteo 2:6; Tito 1:1-3).


  
A.       A IMPORTÂNCIA DO DECRETO DE DEUS
Neste capítulo pretendemos abordar a importância que Deus deu e dá à revelação do Mistério e o valor que, da mesma maneira, lhe deveremos dar. Tal importância e implicações é tanto mais sério quanto os riscos que estão implícitos no caso da sua rejeição.
O verdadeiro barómetro da manifestação do Espírito está no verdadeiro e correto conhecimento desta revelação e à correspondente aplicação prática na vida diária (I Coríntios 2; Gálatas; Efésios 5:18-20 com Colossenses 3:16-17).

O princípio bíblico de "os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros" (conforme Mateus 19:30 e Marcos 10:31) parece descrever o relacionamento de Deus com os Seus eleitos – O Corpo foi ordenado primeiro, nos tempos eternos idos, mas é o primeiro a ser glorificado, na ordem dos eleitos resgatados.


I. O DECRETO DE DEUS ACERCA DO CORPO FOI DECLARADO PRIMEIRO
(1) O Decreto Eterno do “Corpo de Cristo”, não obstante ter sido o último a ser revelado (I Coríntios 10:11, conforme Colossenses 1:25), foi o primeiro a ser ordenado, ou seja, antes de qualquer outro decreto ou ordenação de Deus, seja a ordenação de Deus para criar os anjos e o Universo, seja a ordenação da Terra e suas criaturas, seja do homem. Além disso, será o primeiro a ser completado (Romanos 8:17-22).
(2) A revelação deste Decreto Eterno – expresso no Evangelho da Graça de Deus – foi revelado primeiramente a Paulo, antes de qualquer outro (Tito 1:13), diretamente pelo Senhor (Atos 9; II Coríntios 12:1-10) e através dele pelo Espírito de Deus (I Coríntios 2; Efésios 3:1-6).
(A)  pro chronwn aiwniwn (pro chronwn aiwniwn) - Antes dos tempos eternos, ou seja, antes da eternidade das eternidades (JFA, RA).
(B)  ephggeilato (ephggeilato) O termo está no grego em voz média, indicando: o próprio Deus declarou-o ("intensificação" indicativa de força), ou Deus declarou para si mesmo (termo reflexivo). O contexto obriga a esta última definição:
                                                               i.      Antes das eras eternas, não havia ninguém a quem fazer esta declaração.
                                                             ii.      Foi mantida em segredo até à chamada de Paulo para o ministério (Tito 1:1-4, conforme I Coríntios 2:7 – pré-oredenou – e Gálatas 1:15).
(C)  Observe no versículo 3 os verbos manifestou e mandamento.
(3) Deus DECRETOU o Evangelho de Paulo, antes que decretasse o universo (I Coríntios 2:7 – Deus pré-ordenou antes do mundo).
(4) Deus PRÉ-DETERMINOU o Mistério dentro de si mesmo antes da fundação do Mundo (Efésios 1:4-9; 3:9).


II. O DECRETO DE DEUS ACERCA DO CORPO FOI MANTIDO ESCONDIDO NO SEIO DE DEUS
A “Declaração em Deus” e “escondendo dentro de Deus” do Evangelho Paulino explica por que é designado de “Mistério” tantas vezes na sua linguagem. E, porque foi mantido em segredo por muito tempo (formulado/declarado primeiro e revelado em último) explica porque é chamado de “Grande Mistério” (Efésios 5:32; I Timóteo 3:16).
(1)    Oculto no Seio da Divindade:
(A)  Oculto em Deus (Efésios 3:9);
(B)  Escondido em Cristo (Colossenses 2:2-3).
(2) Escondido Durante Toda a História Humana até Ser Revelada a Paulo e ao Corpo:
(A)  Absolutamente não revelado às gerações (Efésios 3:5 - grego, indicativo negativo);
(B)  Oculto durante os Séculos (Efésios 3:9);
(C)  Oculto durante os séculos e as gerações (Colossenses 1:26);
(3) A Sabedoria do Mistério Estava Escondida:
(A)  Dos príncipes angélicos (I Coríntios. 2:7);
(B)  Dos anjos (Gálatas 1:11-12);
(C)  A toda a hierarquia dos anjos (Efésios 3:10).


III. O DECRETO DE DEUS ACERCA DO CORPO FOI REVELADO AO APÓSTOLO PAULO NO FIM DA HISTÓRIA REVELADORA (A ÚLTIMA DAS REVELAÇÕES E PARA COMPLETAR AS REVELAÇÕES DE DEUS)
(1) O Mistério que desde tempos eternos esteve em segredo é o Evangelho de Paulo (Romanos 16:25).
(2) A sabedoria oculta em Mistério (I Coríntios 2:7) é a sabedoria agora revelada de Efésios 1:9, 17.
(3) O Mistério revelado a Paulo e o seu apostolado:
(A)  O seu apostolado é verdadeiramente profético – deve ser diferenciado do apostolado messiânico – dos doze apóstolos, ou seja, dos doze e das suas extensões, conforme descrito em Gálatas 1:2-7, a saber: o Mistério sobre o “Corpo de Cristo” foi revelado a Pedro e aos apóstolos do Reino por Paulo (gr. “en Paulo”), ou seja, pelo Espírito Santo (grego: “en pneumati“) através do ministério de Paulo, pela sua palavra oral e escrita. Por sua vez, o Mistério do Decreto Eterno de Deus foi revelado a Paulo pelo próprio Senhor – directamente revelado (Efésios 3:3-5), e não como as revelações proféticas, acerca do Reino Messiânico que foi revelado pelo ministério dos anjos.
(B)  Pelo ministério de Paulo e dos seus apóstolos, todo o “Corpo” tem o Mistério declarado (Colossenses 1:26-7; II Timóteo 4:17).
(4) A Paulo foi confiada a conclusão da revelação de Deus (I Coríntios 10:11; Efésios 3:2; Colossenses 1:25; I Timóteo 1:11; Tito 1:1-3) e a revelação ficou completa (II Timóteo 4:7, 17).
(5) A revelação, confirmação e conclusão do Mistério era a razão para a existência dos sinais dados pelo Espírito Santo ao “Corpo de Cristo”, bem como a razão para a sua cessação (I Coríntios 1:7; capítulo 13; 14:37. Estes dons não devem ser confundidos com os sinais messiânicos de Marcos 16 e Atos 1-8 (estes nunca são chamados dons, mas sinais).


IV. O DECRETO DE DEUS ACERCA DO CORPO PREVÊ A SUA GLORIFICAÇÃO PRIMEIRO DE TODOS.
O Corpo ao entrar na posse da sua esperança porá em movimento a purificação Universo (terra, céus e céu dos céus), do reino angélico e a restauração do reino de Israel e das Nações eleitas. Esta é uma consequência imediata da super-estrutura dispensacionalista da Escritura. Mas também temos:
(1) Israel inicia a sua última geração (a quarta) com a ascensão do Corpo de Cristo (I Tessalonissenses 4:14-16; 5:1-5; II Tessalonissenses. 2:5-7-15, conforme Romanos 11:25-29);
(2) O Mundo irá entrar na sua restauração com a manifestação visível do “Corpo de Cristo” ao mundo (Romanos 8:16-23; Colossenses 3:2-4);
(3) Quando o número total dos membros do “Corpo de Cristo” for salvo e o corpo “completado” (Romanos 11:25), de imediato a “cegueira de Israel” será levantada – ou seja, entrará em cena a última geração de Israel (Romanos 11:25, conforme Paulo: Atos 9:17-18 e Moisés: II Coríntios 3);
(4) A declaração do “Grande Mistério da Piedade” é feita em relação ao “Corpo de Cristo”, que começou com a manifestação desta mensagem que “é segundo a Piedade” em carne – nos seus membros, e está personificada na carne do Senhor Jesus Cristo – e terminará na glorificação do “Corpo”. A verdade acerca deste mistério não se pode referir a Cristo, pessoalmente, mas é a verdade de Cristo e do Corpo corporativamente (I Timóteo 3:16).

Nenhum outro programa tem essas características. Notem que não há nenhum indício de atraso entre o período de membros do corpo crerem e o momento em que forem recebidos na glória, e para o mistério é total (conforme I Coríntios 13; Efésios 1:9; 5:32; Colossenses 1:25).

  

B.       A IMPERATIVIDADE DO DECRETO DE DEUS
Depois de analisarmos a Importância que esta revelação tem para Deus, como Decreto Eterno, será imprescindível analisar a Imperatividade e a necessidade deste Decreto.

O que é este Decreto Eterno de Deus, em que consiste e como o podemos conhecer? A que diz respeito?
A revelação do Mistério feita a Paulo é que contém o conteúdo deste Decreto de Deus. Não diria que a revelação do Mistério, ou seja, o “Evangelho de Paulo” (conforme Romanos 16:25-26) é o Decreto de Deus, mas que é a revelação desse Decreto. A revelação dada a Paulo e reproduzido em todas as suas epístolas contêm o conteúdo, o sentido, os propósitos, o modelo e o método do Decreto de Deus. Digamos que, o Decreto Eterno de Deus é a Constituição Eterna de Deus para a Sua Criação. O Evangelho de Deus, ou a revelação do Mistério, é a Lei de Base das obras e dos propósitos de Deus. Todas as demais leis ou decretos são-lhe inferiores e, por isso, estão-lhe sujeitas e apontam para ele. Conforme diz o Apostolo Paulo aos Efésios:
«A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo» (3:8).
Ou seja: as riquezas incompreensíveis de Cristo é o conteúdo do Decreto Eterno; o Evangelho é a Lei reforçada que o dá a conhecer e o desenvolve, ou o aplica à Sua criação, que no caso concreto são os membros do “Corpo de Cristo”.

Assim, como o Senhor Jesus Cristo, Pessoa, é a imagem do Deus invisível (Colossenses 1:15-19) e o “Corpo de Cristo” (a Igreja) é a imagem do Deus eterno, na Sua essência (Colossenses 3:10-11), o “modelo” de doutrina revelado ao Apóstolo Paulo, o Evangelho da graça de Deus, também chamado o Evangelho da Glória do Senhor Jesus Cristo, é o reflexo e uma reprodução exata do Decreto Eterno ordenado por Deus, e prometido por Deus, antes dos tempos eternos (II Coríntios 4:4; I Coríntios 2:7; Tito 1:2-3). O próprio Evangelho foi concebido à própria imagem de Deus e para refletir a imagem de Deus; e fá-lo como nenhuma outra revelação de Deus.

Com isto, quero mostrar ao leitor não tanto a importância das palavras de Deus, mas a importância da revelação dada ao Apóstolo Paulo, diretamente pelo Senhor glorificado (II Coríntios 12:1-4), a importância da distinção desta revelação confiada ao Apóstolo Paulo e a sua exclusividade, no tempo presente, como instrumento do Espírito Santo para realizar a obra que está a fazer: a edificação do “Corpo de Cristo”.

Por essa razão o disse e repito: muitos crentes, inclusivamente fundamentalistas, conservadores e dispensacionalistas, que dizem que dão muito valor à mensagem revelada a Paulo – que reconhecem o seu apostolado e mensagem e a sua distinção, independência e exclusividade em relação aos demais apóstolos, ainda não a têm valorizado quanto a deveriam valorizar, nem a estão a valorizar como deve ser valorizada. E, para seu próprio prejuízo, e prejuízo do seu ministério o fazem!

É nosso propósito, de seguida, e pela graça e sabedoria de Deus, fazer perceber ao leitor o que significa a revelação dada a Paulo, como apóstolo especial de Deus para a Igreja “Corpo de Cristo”, sob algumas perspectivas, imprescindíveis para a compreensão do Corpo e para o seu funcionamento.
E, neste sentido, é imprescindível perceber, também, que a revelação do Mistério é acerca do “Corpo” e é para os membros do “Corpo de Cristo”, e não para o mundo ou para os próprios anjos. A revelação deste mistério é dado pelo Espírito Santo, para aqueles que têm o Espírito Santo, e dentre destes, aqueles que deixam o Espírito Santo revelar (I Coríntios 2:10, 12; Efésios 1:16-18).

Assim, iremos, querendo o Senhor, abordar os seguintes temas:
(1)  A Imperatividade do Evangelho de Paulo;
(2)  A Imperatividade do Conhecimento do Evangelho de Paulo;
(3)  A Imperatividade de Viver o Evangelho de Paulo;
(4)  A Imperatividade de Anunciar o Evangelho de Paulo.



  

I.     A IMPERATIVIDADE DO EVANGELHO DE PAULO
Neste capítulo nos propomos complementar os estudos das sessões anteriores, dando aspectos complementares e fundamentais do evangelho distintivo de Paulo, aspectos que configuram as implicações práticas da sua pregação.
Um dos aspectos mais fundamentais do evangelho de Paulo é a lei que lhe está implícita. Todos os apelos do evangelho são feitos com base numa lei, constituída como padrão da justiça da graça, e reflecte as marcas, a vida e as características do “Corpo”:
«E vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou; onde não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo em todos. Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos de caridade, que é o vínculo da perfeição.» (Colossenses 3:10-14).
«Mas vós não aprendestes assim a Cristo, se é que o tendes ouvido e nele fostes ensinados, como está a verdade em Jesus, que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso sentido, e vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade.» (Efésios 4:20-24).

Parece ser ideia generalizada de que, por nos encontrarmos na “Dispensação da Graça”, diga-se: “Economia da Graça” (assim o grego, que significa: a “lei da casa da graça”), o Evangelho é facultativo. Aceita quem quiser e rejeita quem quiser. No entanto, isso vai contra tudo o que a revelação do Evangelho da Graça diz.
Se o Evangelho fosse facultativo, que autoridade haveria em Deus para castigar os que rejeitam ou desobedecem ao Evangelho? O Evangelho de Paulo não é opcional, mas obrigatório.
É por essa razão que é dito que a experiência da salvação é chamada de “obediência da fé” (Romanos 1:5; 6:17; 16:26). Ou seja, trata-se de uma obediência ao “evangelho da graça” e o ser humano que for salvo sê-lo-á se aceitar o evangelho tal como ele foi revelado ao Apóstolo Paulo, sem alterar uma só vírgula ou pontuação, sob pena de a sua fé se tratar de uma fé vã:
«Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado, o qual também recebestes e no qual também permaneceis; pelo qual também sois salvos, se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado, se não é que crestes em vão (I Coríntios 15:1-2).

Vejamos mais textos importantes, neste contexto:
«Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar (gr. “alterar”) o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo: se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.» (Gálatas 1:6-9);
«Quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu, com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder» (II Tessalonissenses 1:8-9);

Será oportuno aqui referir que o pecado de não andar conforme o evangelho de Paulo é tão grave como qualquer outro pecado de homicídio, sodomia, ladroagem, perjúrio ou qualquer outro:
«Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa legitimamente, sabendo isto: que a lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas, para os fornicadores, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros e para o que for contrário à sã doutrina, conforme o evangelho da glória do Deus bem-aventurado, que me foi confiado (I Timóteo 1:8-11)

Sendo a sua oposição uma perfeita resistência ao Espírito de Deus (I Coríntios 2:10-13) e um indício de perdição:
«E em nada vos espanteis dos que resistem, o que para eles, na verdade, é indício de perdição, mas, para vós, de salvação, e isto de Deus.» (Filipenses 1:28; II Pedro 2:1-2; 3:14-15).

Por isso, serão inexcusáveis – ficarão sem desculpa – todos aqueles que rejeitam o Evangelho de Paulo, e são dignos da condenação de Deus: quer pela rejeição do plano de salvação de Deus, como pelo desperdício dos dias da benignidade de Deus que estão a ser dados ao mundo para os levar ao arrependimento (Romanos 2:1-4). Assim, e por essa mesma razão, todos quantos forem à perdição serão julgados segundo o “Evangelho de Paulo”:
«No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho.» (Romanos 2:16).

Por isso, longe de nós pensar que, por estarmos sob a graça de Deus, estamos livres de qualquer prescrição divina, como se os membros do “Corpo de Cristo” fossem um grupo de anarquistas.
Diz Paulo:
«Onde está, logo, a jactância? É excluída. Por qual lei? Das obras? Não! Mas pela lei da fé (Romanos 3:27);
«Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais doutro, daquele que ressuscitou de entre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus.» (Romanos 7:4);
«Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.» (Romanos 8:2);
«Para os que estão sem lei, como se estivera sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei.» (1 Coríntios 9:21);
«Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo(Gálatas 6:2);
«Todavia, aos casados, mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher se não aparte do marido.» (I Coríntios 7:10).
«Se alguém cuida ser profeta ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor. Mas, se alguém ignora isso, que ignore.» (Idem, 14:37-38).

No entanto, não pense o leitor que esta lei é do tipo da “Lei de Moisés”, ou que está a esse nível. Esta Lei celestial está acima de qualquer outra ordenanção de Deus. Assim como o “Corpo” está colocado acima de todas as coisas na criação de Deus, o seu regime jurídico e o seu próprio conceito de justiça está acima de qualquer outro regime jurídico abaixo do céu, mesmo a “Lei dos Anjos”, a Lei do Universos (Física e Astronómica), a Lei de Moisés, a Lei das Nações (Noé), a Lei do Marido (Adão – Romanos 7), entre outras. Por isso, os membros do “Corpo de Cristo” estão acima da Lei de Moisés, porque o regime jurídico que o rege, que é a Lei do “Corpo de Cristo” é superior (Gálatas 5:23).
Para reforçar a importância do Evangelho de Paulo e a obediência ao mesmo acrescento o seguinte: Paulo usa uma palavra grega “anomos” (adjectivo: strong 459, i.e. “sem lei”) e “anomia” (substantivo: strong 458, i.e. “iniquidade”) com uma particularidade extraordinária.
Diz ele: “O mistério da iniquidade já opera” (II Tessalonissenses 2:7), referindo-se à acção de Satanás na tentativa da corrupção da sã doutrina, ao erro e à mentira (v. 9-10), introduzindo as “doutrinas de demónios” (I Timóteo 4:1), com o ministérios dos seus falsos apóstolos e ministros (II Coríntios 11:1-15). Este ministério do “espírito de Satanás” está em oposição ao ministério do Espírito de Deus. Como os seus falsos ministros estão em oposição aos Ministros do Corpo, especialmente em oposição ao Apóstolo Paulo. E, qual é a operação do mistério da iniquidade? É a formação de um “corpo”, que se opõe ao “Corpo de Cristo”, o “anti-corpo de Cristo”, formado pelas organizações e manifestações de um falso cristianismo personificado na “cristandade”.
Diz o Apóstolo, mais:
O anticristo é o “homem do pecado” (gr. “anomos”, sem a Lei de Cristo, o evangelho da graça de Deus, conforme a revelação dada a Paulo – Idem, v. 10-12) e, por isso, é chamado, também, de “filho da perdição” (Idem, v. 3, 8).
O ensino/doutrina que seja ministrado e que não esteja de acordo com a revelação confiada ao Apóstolo Paulo não passa de erro, mentira, em oposição ao evangelho da graça de Deus, e se encontra em linha com o ministério do anticristo, cujo ensino já opera e é uma preparação para a manifestação do que personifica o pecado: o anomos, i.e. o iníquo.

O Evangelho ou a doutrina que o Senhor confiou ao Apóstolo Paulo para o Seu “Corpo” é chamado de “Lei da Sua Casa”, que consiste na actuação da “Graça de Deus” como modelo de conduta. Nas versões portuguesas das Escrituras, normalmente é chamado de “DISPENSAÇÃO”, que é a tradução da palavra grega “oikonomia”, raiz da palavra portuguesa “economia” e que significa, simplesmente “lei da casa”, do grego: “oikonomia”, strong 3622, palavra composta de oikos (casa) e “nomos” (Lei) – I Coríntio 9:17; Efésios 3:2; Colossenses 1:25.
Com isto, o Apóstolo faz-nos saber que na “Casa de Deus” não há rebaldaria, mas instruções e directivas rigorosas que devem ser respeitadas, cumpridas e obedecidas, sob pena de se incorrer nas mais graves penas: se se tratar do plano de salvação, implicará a perdição; se se tratar do ensino da “edificação do Corpo”, implicará a disciplina de Deus. Em qualquer caso, enquadra-se tudo nas obras da carne e da operação de Satanás (II Coríntios 4:1-4; I Coríntios 3:16-17), sendo os seus efeitos os mesmos.

1.1 – Leis Explicitas e Leis Implícitas
Na revelação que nos foi deixada pelo Apóstolo Paulo encontramos instruções que são explícitas, claras e objectivas, e outras que estão implícitas nas entrelinhas, e se extrai do “espírito” da letra!
Vejamos algumas referências ao que foi dito:
«O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será convosco.» (Filipenses 4:9);
«Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós, pelos que assim andam.» (Idem, 3:17).
Há muitas coisas que, para as quais não temos ensino especifico, mas, nesses casos, devemos observar o exemplo do Apóstolo Paulo relatado nas suas epístolas: se ele não ensinou e não fez, então não devemos contrariar esse modelo de vida, de ministério, de ensino.[4]
Paulo, pela graça de Deus, foi constituído modelo físico para os membros do “Corpo” que vivem neste mundo, como reflexo da “Cabeça do Corpo” que está na glória (I Coríntios 11:1-2; I Timóteo 1:15-16).
Assim, nos escritos de Paulo extraímos a Lei de Cristo, ou a Lei do “Corpo de Cristo”, sendo algumas das normas claramente explícitas, com as suas diretivas diretas e objetivas; outras, porém, são diretivas subjetivas, resultantes da jurisprudência que resulta da forma como o Apóstolo tratou as questões nas assembleias locais, designadamente:
«Ora, quanto às virgens, não tenho mandamento do Senhor; dou, porém, o meu parecer, como quem tem alcançado misericórdia do Senhor para ser fiel. Tenho, pois, por bom, por causa da instante necessidade, que é bom para o homem o estar assim.» (I Coríntios 7:25-26);
«Será, porém, mais bem-aventurada se ficar assim, segundo o meu parecer, e também eu cuido que tenho o Espírito de Deus.» (Idem, 40).
«E louvo-vos, irmãos, porque em tudo vos lembrais de mim e retendes os preceitos como vo-los entreguei.» (I Coríntios 11:2);
«Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.» (II Tessalonissenses 2:15);
«Mandamos-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que andar desordenadamente e não segundo a tradição que de nós recebeu (II Tessalonissenses 3:6).

Nestes últimos textos são usados um termo, que nos é traduzido por “tradições”, e corresponde à tradução da palavra “paradosis” (Strong: 3862 paradosiv), que significa “ensino oral”. Correspondia ao ensino ministrado oralmente pelo Apóstolo, a forma de vida e o modelo que é característica do “Corpo de Cristo”, antes de ter feito qualquer escrito.
Assim, a Lei do Corpo que está implícita no Evangelho de Paulo estabelece um padrão de vida pelo qual a fé de cada membro do “Corpo” será avaliada externamente, pelas obras relacionadas com a edificação do “Corpo” (I Coríntios 3:10-4:5).

Desta maneira, assim como poderemos ver na revelação do Sinai uma lei, a Lei de Israel, também chamada de “Lei de Moisés”, na revelação da glória, do Senhor glorificado poderemos ver outra lei, a Lei do “Corpo de Cristo”, também considerada de “Lei de Paulo”. Uma, reproduz o ministério da condenação, o outro da justiça; um, corresponde ao Velho Testamento, o outro ao Novo; um, trata do ministério da letra, o outro, do ministério do Espírito. Tudo isto é tratado e desenvolvido pelo Apóstolo do “Corpo” na sua II Epístola aos Coríntios, capítulo 3.

1.2 – A Lei Distintiva Paulina
1.2.1 – Visão Dispensacional das Leis de Deus
1.       Já vimos nos estudos anteriores que o Plano de Deus revelado nas Escrituras Sagradas refere-se a três tipos de famílias de eleitos: O Corpo, Israel e as nações, diferenciadas por três esperanças distintas.
2.       Dispensação, ou economia, por definição, significa o direito do lar e de cada família de eleitos de Deus que é administrado de acordo com uma lei compatível com a sua esperança.
3.       Três tipos de direito, uma lei distinta para cada família distinta.

1.2.2 – Distinção do Direito Paulino Pela Comparação Directa da Lei Mosaica
1. Ambas as leis contêm comandos diretos e comandos jurisprudenciais, sendo estes últimos tidos mais como princípios gerais que se acomodam pelo menos dois comandos diretos de um determinado tipo.
a. Exemplo Mosaico: O processo do comando legal é que Israel tem de proteger aqueles que não podem proteger-se. Os comandos diretos desta jurisprudência podem ser inferidos em Êxodo 21:20-27; 22:21-27.
b. Exemplo Paulino: O processo do comando legal é que o Corpo de Cristo tem de observar uma vida sem quaisquer símbolos ou rituais religiosos. Os comandos diretos desta jurisprudência são encontrados em Gálatas 4:8-11; Efésios 1:18; Filipenses 4:4; Colossenses 1:9; 2:16; 4:2; I Tessalonicenses 5:17.
2. A Lei Paulina é expressa explícita ou implicitamente nas suas epístolas, com cada questão abordada pelo contraste com a Lei de Israel.
a. Alguns comandos Paulinos usam a sintaxe de Israel. Exemplo: “Não cobiçarás” (Êxodo 20:17, conforme Romanos 7:7).
b. Alguns comandos Paulinos modificam a sintaxe de Israel. Exemplo: “Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa, para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra.” (Efésios 6:2-3). Neste caso, segundo os peritos nas línguas originais, Paulo não está citando o texto hebraico nem o texto dos LXX (Êxodo 20:12).
c. Alguns comandos Paulinos negam/contrariam a sintaxe da Lei de Israel. Exemplo: «Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.» (Colossenses 2:16-17). Esta é uma negação contundente do comando de Moisés (Êxodo 20:8-11).
d. Todos os comandos Paulinos são distintivos, pela forma independente que ele usa, modifica ou anula a sintaxe de Israel.
i. A sintaxe Paulina e o sentido das suas citações terá de ser obtido pelo sentido do seu contexto, que dá a verdadeira sintaxe de seu significado (ou semântica).
ii. Por exemplo, o comando de Moisés "não cobiçarás" é, no contexto de Israel, resultante de tudo aquilo que lhe foi dado por Deus, no âmbito das bênçãos terrenas, matérias, humanas e espirituais. Os eleitos de Israel não deveriam cobiçar as bênçãos dos outros seus irmãos ou dos outros eleitos. Deveriam, isso sim, buscar mais e mais o que era seu. Desejar aquilo que não era para ser possuído seria negar a suficiência das promessas messiânicas e defraudar a sua esperança milenial; Por sua vez, o comando Paulino "não cobiçarás" assenta no contexto dos eleitos do “Corpo”, com a sua esperança a cinde to céus, em Cristo e com Ele, sentado no trono do Pai e expressando sua autoridade sobre as hostes angelicais e toda a ordem criada. Um desejo por aquilo que não é para ser possuído será negar a suficiência da esperança do Corpo e da graça. Este é precisamente o método de Paulo em definir a "prática" do “Corpo” em Colossenses 3:5-7. Os comandos para abandonar a vida velha assentavam no facto de eles terem sido elevados com Cristo à glória, à destra de Deus (Colossenses 3:1-4, cf Efésios 1:20-21; 2:6); e, os comandos práticos de Colossenses 3:8-10, 12 são dados tendo por fundamento o facto de que a natureza do Corpo de Cristo espelha humanidade pré-encarnada de Cristo (Colossenses 3:11). Assim, os comandos "não cobiçarás" são diferentes nessas duas leis.
iii. Paulo repete a sintaxe de 8 dos Dez Mandamentos de Moisés, mas o sentido e o tratamento que lhes é dado é distintivo. Veja Romanos 7:7; 13:9; Efésios 6:2-3.
d. Outros comandos Paulinos, ou citações que faz dos textos proféticos, revelam uma liberdade tal que, por vezes é difícil identificar a fonte. Com isto, o Apóstolo, ao citar o V. T. não quer dizer que a Profecia está em cumprimento (nem podia, porque o “Corpo” é mistério), mas que a Profecia foi escrita por base no “Corpo”, e a sua verdadeira fonte é o “Corpo de Cristo” (I Coríntios 2:9; Romanos 10:1-21; 15:1-13; Efésios 4:8; etc. Ou seja, o Apóstolo ao citar o V.T. não está a citar ou a aplicar o V. T., mas, simplesmente a citar a letra do V.T. com o sentido do “Corpo de Cristo”, que lhe é anterior.
e. Os comandos Paulinos estão resumidos, essencialmente, no terceto da vocação do Corpo (Efésios 1:18-19), no séptuplo da fé, (Efésios 4:4-6), e na peças da armadura de Deus (Efésios 6:10-18).


1.3 – O Conteúdo da Lei Paulina
Por estranho que pareça, muitos dos defensores da doutrina distintiva de Paulo, como o ensino exclusivo para a Igreja “Corpo de Cristo”, não sabem qual o conteúdo e onde assenta o “seu evangelho”.
Se quisermos ter uma noção algo global, mas muito abrangente, da Lei do “Corpo”, obtemo-la no texto de Efésios 4:3-6, que diz:
«Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz: há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos.»

Primeiramente, o Apóstolo começa por localizar a doutrina que recebeu do Senhor, reportando-se à Sua obra relatada no Capítulo Deus, como uma aplicação da ação do Espírito de Deus, ou seja: o Senhor, pela obra da Cruz, fez a paz entre judeus e gentios, e entre estes e Deus. Esta paz está reproduzida no “Corpo” de Cristo.
O Espírito Santo, que está a formar este “Corpo”, em intrínseca unidade entre si e em Cristo, como Cabeça, opera a sua manifestação em cada um dos seus membros: guardando-a e protegendo-a.
Assim, quando os santos guardam, protegem ou defendem a unidade do Corpo, estão a ser conduzidos pelo Espírito de Deus.
Esta defesa da verdade e feita pelo “vínculo da paz”. Esta paz não é a paz dos homens, a tolerância, a indiferença, por vezes demonstrada num espírito pacifista. Esta paz é a paz do capítulo 2, feita pelo Senhor.  Porque, muitas vezes, a defesa da “Unidade do Espírito” implica muito combate (capítulo 6:10-20), muito conflito e muita contenda.
E, em que consiste a “Unidade do Espírito”?
Está no texto seguinte: Um Corpo > um Espírito > uma Esperança > um Senhor > uma Fé > um Batismo > um Deus.
Qual o seu significado?
A. Um Corpo. A doutrina de Paulo fala da obra de Deus no “Corpo de Cristo” que é só um. A singularidade do “Corpo” contrasta com o programa messiânico em que havia muitos corpos, nações diferenciadas (Israel/Gentios), línguas, povos, raças, etc. Esta unidade do “Corpo de Cristo” é expressa na assembleia local. Assim, na igreja local não deve haver nenhum grupo divisionista: nenhuma denominação, sem seminários, sem placas de missão, sem grupos de "adesão", sem coros, sem células, não escolhe grupos de 35/40 anos, ou grupos profissionais, peças especiais, tipo clero, etc. (Atos 20:33-35 (cf. I Timóteo 5:8; Romanos 16:17; I Coríntios 11:1; Filipenses 3:17; 4:9; I Tessalonissenses 1:6-7; 4:1; II Tessalonicenses 3:6,14; II Timóteo 1:13-14; Efésios 4:15-16; Colossenses 2:19; I Timóteo 2:5), não igrejas étnicas, etc., etc.
B. Um Espírito. Somente o Espírito Santo. Mais nenhuns espíritos atuam no “Corpo”; nenhum ministério angelical, não esperar o auxílio de anjos, sem livros promocionais do ministério dos anjos aos santos - hoje, não ao movimento carismático com cultos especiais de expulsão (Romanos 8:26; Filipenses 4:13), etc.
C. Uma Esperança. Somente o Paraíso Celestial, com o Cristo exaltado no Trono do Pai sobre as hostes angelicais e toda a demais criação de Deus. Sem esperança terrena, sem o judaísmo messiânico, sim símbolos e rituais religiosos, sem lealdade religiosa a Israel como povo especial (veja um corpo), sem cantar temas messiânicos, sem ações políticas para além da boa cidadania (Filipenses 1:27; 3:20). Assim, hoje, não há suporte para um "Estado cristão", um "Estado judeu" ou um "Estado islâmico".
D. Um Senhor. Somente Cristo como único Senhor (I Coríntios 8:5-6). No “Corpo” não há senhores, nem príncipes (como em Israel), nem ministério angelical, pastoral, profissional, sacerdotal, etc. (Atos 17:11; Romanos 14:5; Efésios 1:16-17; Filipenses 1:9-11; Colossenses 1:27 - 2:3; II Timóteo 2:15; etc.). Além disso, o Senhorio de Cristo, no Evangelho de Paulo, nada tem a ver com o Senhorio de Cristo na revelação profética. O Senhorio de Cristo, hoje, deve ser proclamado como “Cabeça do Corpo da Igreja”, que está colocado no Trono do Pai, acima de todo o principado, poder, trono ou autoridade (Efésios 1:18-23). “Jesus Cristo conforme a revelação do mistério” (Romanos 16:25-26).       
E. Uma Fé. Só o Evangelho de Paulo, como “modelo das sãs palavras do Senhor Jesus Cristo” (I Timóteo 6:3-4), que lhe foi revelado e confiado pelo Senhor glorificado, conforme a revelação do Mistério. Por isso, não há lugar a multiplicidade de evangelhos ou credos, nenhuma confissão de fé cerimonial, ritual ou simbólica, nenhuma obra, nenhuma manifestação física, etc. (Efésios 2:8-10; Gálatas 3:22-29 – Fé como “corpo de doutrina, modelo doutrinário, acerca do Corpo”).
F. Um só Batismo. Somente o batismo pelo Espírito no Corpo de Cristo (regeneração do Corpo: Tito 3:5). Por isso, no “Corpo” não há lugar a qualquer lavagem simbólica ou batismo simbólico, de qualquer tipo; não há lugar a batismo carismático de qualquer espécie, sem circuncisão, nenhum sacrifício, nenhum ato simbólico religioso de qualquer espécie, sem festas ou dias sagrados, sem dias mensais, sem folgas semanais ou do Senhor; sem dias das mães, sem a dedicação de bebes, sem dias de natal, sem dias de páscoa, sem dias especiais; sem símbolos religiosos, sem roupas religiosas, sem trajes e sem hábitos ou colares especiais ou académicos; não xales ou véus de oração, sem traje especial apenas para o domingo, sem horário definido religiosamente para a oração ou a leitura ou a "hora tranquila", sem motivação religiosa como o jejum; nenhuma Bíblia em cima de livros escolares para fazer apenas um ponto, não encenado orações para uma revista religiosa, nenhum ato religioso de conversão, sem ir para a frente, sem mãos erguidas; não "cada cabeça inclinar-se e os olho fechados", sem cerimónias de casamento religioso, sem regulamentação religiosa de alimentos; sem refeições simbólicas, sem comunhões tradicionais de abnegação, etc., etc., etc..
G. Um Pai-Deus. Só Deus e Pai do Senhor Jesus Cristo. Nenhum deus, nenhum ministério angelical, nenhuma autoridade doutrinária (Atos 17:11; Romanos 14:5; Efésios 1:17; Filipenses 1:9-11; Colossenses 1:27-2:3; II Timóteo 2:15; etc.); nenhuma autoridade espiritual, nenhuma cabeça denominacional, nenhuma direcção de missão, nenhuma direcção seminarista / professores, nenhuma autoridade judiciária espiritual; nenhuma identificação tipo “direção” - "pastor" da juventude, diretor de música, etc.; sem títulos ou formas religiosas de identificação de igreja local, tipo "pastor", "pai", "irmão", "irmã", "diácono", "reverendo", "santidade", “rabino", com sentido especial (Romanos 1:1-7; I Coríntios 1:1-2; II Coríntios 1:1-2; Gálatas 1:1-2; Efésios 1:1; Filipenses 1:1; Colossenses 1:1-2; I Timóteo 1:1-2; II Timóteo 1:1-2; Tito 1:1-4; Filemon 1-2.

Chamo especial atenção do leitor para a revelação que é feita no Evangelho de Paulo acerca de Deus: mais e melhor o Senhor é dado a conhecer, quer na pessoa, quer na ação da divindade. Isto é novo na revelação de Deus, ou seja, Deus só é dado a conhecer verdadeiramente pela revelação que foi feita directamente da glória, através do Apóstolo Paulo:
«Porque, agora, vemos por espelho em enigma; mas, então, veremos face a face; agora, conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido.» (I Coríntios 13:12).

Se a mensagem que for anunciada como que da parte de Deus não respeitarem estes critérios ou princípios, estarão em contraponto com o Evangelho de Paulo, e muito provavelmente estarão fora da graça, com as consequências espirituais que daí resultam. E, muitos ensinadores ignoram que, não obstante nos encontrarmos na “dispensação da graça”, há mais referência nas epístolas de Paulo à disciplina, à correcção e ao temor de Deus que em qualquer outro escrito das Escrituras.





II.   A IMPERATIVIDADE DO CONHECIMENTO DO EVANGELHO DE PAULO

Paulo usa um termo especial para se referir a este conhecimento da verdade: epi-conhecimento, ou conhecimento das coisas superiores, super-conhecimento.
Será que se pode viver para Deus sem o “epi-conhecimento”? Será que é valida uma vida espiritual sem que ela assente numa conduta “consciente” e resultante de um conhecimento de Deus e da sua vontade? Será que Deus aprova uma vida só de intenção?
Será que alguém pode ser salvo sem o “epi-conhecimento” do plano da salvação?
Não. Não. Não.
Em breve, querendo o Senhor.






III.A IMPERATIVIDADE DE VIVER O EVANGELHO DE PAULO

O que é que a revelação do Mistério ensina acerca da “vida do novo homem”? Onde assenta? O que reflecte? O que se vive e como se vive?
Muitas coisas se têm ouvido pela cristandade fora que são uma verdadeira ofensa à graça de Deus e à revelação da graça de Deus.
Devemos aceitar tudo, pela graça? Não.
A graça de Deus é para ser apropriada e vivida, não para ser abusada. A graça é a vida disponibilizada por Deus e não tolerância para com os erros dos outros!
- Não obras religiosas ou sagradas (cirurgias, como circuncisão, orelhas furadas, etc.);
- Não lavagens religiosas ou sagradas como baptismos de pessoas, carros, casas, etc,;
- Não tempos, dias, horas ou momentos religiosos ou sagrados, como “dia do Senhor”, “Domingo”, etc.;
- Não Alimentos religiosos ou sagrados, ou jejuns, etc.;
- Não lugares sagrados ou lugares sagrados, como templos, terras de Israel, águas do Jordão, etc.;
- Não roupas sagradas, como batina, labitas, gravata e casaco, etc.;
- Não pessoas sagradas, como “sacerdotes”, “pastores”, “reverendos”, reis, príncipes, etc.;
- Não símbolos sagrados, atos sagrados / atitudes especiais, como joelhos, mão levantadas, olhos fechados, unção de pessoas, etc.

O que está para além disso deixa de ser graça, para ser um legalismo religioso, com os mesmos efeitos da lei de Moisés e com as mesmas consequências: “queda da graça” e inoperância do Espírito. Ou seja: carne em acção.
Brevemente, se Deus quiser.





IV.A IMPERATIVIDADE ANUNCIAR O EVANGELHO DE PAULO

A Revelação Originária: Revelação feita directamente pelo Senhor a Paulo, na glória (II Coríntios 12:1-4);
Me foi confiada… (Efésios 3:    Colossenses 1:   ; Tito 1:1-3).
Ai de mim se não anunciar o evangelho… (I Coríntios 9
Sabendo o temor que se deve ao Senhor, persuadimos os homens à fé… (II Coríntios 5
“Completei…” (Colossenses 1; II Timóteo 4
A Revelação Derivada: A Paulo e através de Paulo, pelo Espírito de Deus na delegação apostólica; tem uma forço equivalente à originária, pois é feita com a mesma autoridade e pelas pessoas originárias (I Timóteo 1; Tito 1);
A Revelação Secundária: A revelação que é feita pelo Espírito de Deus quando lemos os Escritos de Paulo.
“O que de mim ouviste… ensina-o” (II Timóteo 2)
“Persiste em ler…

O Apóstolo está preocupado em passar a mensagem correctamente e fielmente, e não tanto pela quantidade. Há galardão para quem anuncia fielmente e não para quem anunciar muito! Como há detrimento para aqueles que anunciam erradamente e, não tanto, para aqueles que não anunciam!
A comissão de anunciar a mensagem da graça não pode ser encontrada em Mateus 28:28 ou Actos 1, quando o Senhor diz:
“Ide por todo o mundo…”
Porque, esta mensagem está em todo o mundo e foi anunciado a toda a criatura (Colossenses 1).
Paulo fez a plantação e colocou o fundamento; agora, nós, como Apolo, temos que regar a mensagem, mantê-la e cuidar dela (I Coríntios 3). Regar, diga-se: tratar bem da semente que foi lançada.

Geralmente se pensa e se diz que Paulo anunciava a Palavra e que Apolo orava, pela referência que é feita à “rega”. No entanto, as referências que são feitas ao ministério de Apolo não são de orar muito, mas de pregar bem: anunciar bem, clara e correctamente a mensagem da graça. Além disso, o contexto é isso mesmo que ensina: Paulo plantou ou colocou o fundamento, como referência ao seu apostolado, que foi colocado por mandamento de Deus como o obreiro de dar início – colocar o fundamento – e ser o vaso escolhido por Deus para nos dar a revelação do modelo – ao EDIFÍCIO do “Corpo de Cristo”. Agora, veja cada um como edifica, como Apolo; veja cada um como rega, como Apolo; veja cada um como está a dar continuidade a esta construção espiritual, porque, se alguém não edificar bem, está a destruir; e quem destruir, Deus o destruirá.


Em breve, querendo o Senhor.






C.        A NECESSIDADE DO EVANGELHO DE PAULO
Verificamos, com esta analise que, a revelação confiada ao Apostolo Paulo é imprescindível para:
(1) A salvação – Romanos 10:9-13; Efésios 1:13-14; 2:5-10; Gálatas 1:6-9; (2) a edificação e maturidade espiritual – Efésios 5:18-21 com Colossenses 3:16-17; Efésios 4:7-16; Romanos 16:25-26; (3) o ministério – exercício dos dons e cultos – Romanos 12:1-10; I Coríntios 14:26-40; Colossenses 1:9-14; (4) a supervisão e avaliação da obra de Deus – identificação do erro – Romanos 16:17-19; I Coríntios 2; 14:36-40; Filipenses 3:15-19; II Tessalonissenses 3:6-7; (5) a compreensão do sofrimento e contrariedades – II Coríntios 12:1-10; Efésios 3:1; Romanos 8:26; (6) a preparação para o combate espiritual – Efésios 6:10-20; I Tessalonissenses 5:8-9; II Coríntios 10:4; (7) o tribunal de Cristo, relativo aos membros do Corpo, e ao Trono Branco, para os perdidos – Romanos 2:16; I Coríntios 2:10-15; II Coríntios 5:10.
O Evangelho de Paulo não é opcional, mas necessário, imprescindível.

A. Essencial para a Conversão: Romanos 10:9-13 (não-cerimonial), Gálatas 1:6-9; 2:5; Efésios 5:2; 2:8-10; 17-18; I Tessalonicenses 5:8; II Tessalonicenses 2:13-15.

Comentários sobre Romanos 10:9
(1) O contexto proíbe a atividade religiosa de simbólicos: tal não é o resultado da fé: Romanos 10:6-7 (Efésios 2:8-10).
(2) Romanos 10:9_a está no vocativo, no grego, ou seja, querendo dizer: se tu confessares com a tua boca: "Senhor Jesus". A confissão é feita em particular a Cristo, i.e., o confessor aborda Cristo como "Senhor Jesus". As traduções tradicionais por vezes dão um sentido diverso do original. AV acrescenta o artigo (o mínimo de mudança ofensiva), o VSR acrescenta "que" e "é" ("que Jesus é o Senhor") e altera a palavra de ordem ("Jesus", "Senhor" em vez de "Senhor Jesus"); NASB é quase tão ruim; KJV II acrescenta o artigo e as alterações da ordem das palavras. O que leva as pessoas a entenderem de forma diferente, designadamente a entenderem que têm de fazer uma confissão pública de que Jesus é o Senhor, um ato religioso, umtestemunho como elemento necessário para alcançarem a salvação de Deus – Isto é o oposto direto do texto e do contexto.
(3) Romanos 10:9_b confirma a privacidade da confissão de fé – dizem no seu coração.
(4) Romanos 10:9_a e Romanos 10:9_b são um paralelismo semita, cada uma sendo uma maneira de afirmar a mesma coisa. Por isso, se ambos são privados, qualquer um deles o será privado.
(5) O paralelismo de Romanos 10:9_a e 9b equivale com o paralelismo de Romanos 10_a e 10_b, com os dois versos juntos, formando uma introversão.
(6) Todos os paralelismos de Romanos 10:9_ e 9_b e Romanos 10:10_a e 10_b são resumidos como "crença em Deus" no versículo 11 e "invocando o nome do Senhor" no versículo 13, mas esses dois versículos descrevem uma confissão privada, particularmente o versículo 13.
(7) Esta confissão de fé privada é a confissão de um só “Corpo” do versículo 12 – é a confissão do corpo, quer para os judeus quer para os gentios.
Ponto: Se alguém faz um ato simbólico, como parte da sua confissão de fé, e realmente deseja e fica satisfeita com isso como forma para alcançar a salvação de Deus, então, essa pessoa, não terá sido salva; não importa quantas vezes ele/ela diz as palavras "Jesus é o Senhor" (cf. Atos 16:16-17). Estes atos simbólicos incluem fazer uma confissão de fé pública na frente dos outros, daqui para frente, levantando as mãos, ter alguém “orando com eles", todas as “cabeças abaixadas e todos os olhos fechados", “quartos de oração”, etc., estão em violação com o modelo da graça.
Exemplo Paulino: Atos 22:6-9; I Timóteo 1:15-16 (Cristo encontrou Saulo/Paulo em particular, e Paulo foi constituído nosso modelo).

B. Essencial para a Edificação do Corpo e Maturação Espiritual: Romanos 16:25; I Coríntios 3:10-11; Efésios 4:12-13; Filipenses 1:21-29; Colossenses 2:2-3; I Tessalonicenses. 1:6-7; 3:2; 4:1; I Timóteo 3:8; Efésios 5:18-21 com Colossenses 3:16-17; Efésios 4:7-16.
C. Essencial para o Ministério: I Coríntios 11-14; Efésios 1:15-23; 4:1-16; Romanos 12:1-10 (“renovação do entendimento”, conforme experiência da Vontade de Deus no Mistério: O Corpo); Filipenses 1:3-7; I Tessalonicenses 2:3-4; I Timóteo 3:8.
D. Essencial Para a Supervisão e Avaliação da Obra de Deus – identificação do erro – Romanos 16:17-19; I Coríntios 2; 14:36-40; Filipenses 3:15-19; II Tesslonissenses 3:6-7.
   «Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.» (I Coríntios 2:15).
E. Essencial para a Compreensão do Sofrimento e Contrariedades – II Coríntios 12:1-10; Efésios 3:1; 4:1; Romanos 8:26; Filipenses 1:12-19, 29; I Tessalonicenses. 2:2; 3:1-5, II Tim. 2:1-4.
F. Essencial para o Combate Espiritual (presente e futuro, no arrebatamento): I Coríntios 3:10-15; I Tessalonicenses 4:13-18; Efésios 5:8; 6:10-17; II Coríntios 5:10. Neste momento, o nosso combate é de “Defesa do Evangelho”; no futuro, na entrada na glória, será de ataque e expulsão de Satanás e suas hostes dos lugares celestiais.
G. Essencial para o Julgamento Final: Romanos 2:16; I Coríntios 3:10-15; II Coríntios 5:10; Filipenses 1:9-11; II Tessalonissenses 1:5-10; 2:10-15.

CONCLUSÃO: Aqueles que negam (ao invés de simplesmente estar inconsciente) o caracter distintivo, autónomo e independente, especial e exclusivo do Evangelho de Paulo, conforme está resumido nos sete pontos da Unidade do Espírito, não são salvos; se os tais não se arrependerem e “crerem na palavra do Evangelho em verdade” ou de forma correta (Colossenses 1:5) irão arder eternamente no fogo divino. Diz o Apóstolo:
«E em nada vos espanteis dos que resistem, o que para eles, na verdade, é indício de perdição, mas, para vós, de salvação, e isto de Deus.» (Filipenses 1:28); e:
«Quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu, com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder, quando vier para ser glorificado nos seus santos e para se fazer admirável, naquele Dia, em todos os que creem (porquanto o nosso testemunho foi crido entre vós).» (II Tessalonissenses 1:7-10).
Mas, aqueles que o confessarem no coração ao “Senhor Jesus”, (na forma como está revelado para o “Corpo” – como expressão daquele que morreu pelos nossos pecados e que ressuscitou para nossa justificação e que foi elevado à glória para cumprir todas as coisas – I Coríntios 15:1-4; Efésios 4:10), e despidos de qualquer obra ou rito, são salvos.





[1] Notem que a revelação profética (do Reino Messiânico), contrariamente à revelação do Mistério, dada a Paulo, foi feita através dos anjos (Daniel 10:12-21; Atos 7:52; Gálatas 3:19; Apocalipse 1:1). O Mistério, só pelo Espírito de Deus (I Coríntios 2; Efésios 2:5). Os anjos aprendem da Igreja (Efésios 2:10).
[2] Satanás não está muito empenhado na corrupção moral dos crentes; a “carne” é suficientemente capaz de fazer esse trabalho. Os crentes são mormente derrotados moralmente por causa da sua carne que pela acção das hostes espirituais da maldade. A sua principal acção é sobre a Palavra de Deus, no seu desconhecimento e na sua errada divulgação (II Coríntios 4:3-4; I Timóteo 4:1; II Timóteo 2:26).
[3] Notem que, tudo o que diz respeito ao Mistério, foi preparado e determinado desde “antes da fundação do mundo” (Efésios 1:4; 2:5-10, ver sentido no grego: “pré-preparou”). Mas, tudo o que diz respeito a “esta criação”, no quadro da Profecia, foi determinado “desde, ou depois da fundação do mundo” e só será preparado depois da Igreja entrar na posse da “gloria do Mistério” (Mateus 25:34; II Pedro 3:13; Apocalipse 21:1; Romanos 8:18-21).
[4] Notem: digo: nas epístolas de Paulo, porque só a ele foi revelado o ensino para a Igreja “Corpo de Cristo”, e o Apostolado; não é em Atos dos Apóstolos que devemos buscar esses exemplos, tanto é que Lucas está mais vocacionado para a revelação do Reino profético, sendo o livro de Atos uma continuidade do evangelho de Lucas. Lucas trata do Evangelho do Reino antes da revelação do “Corpo” e Atos do Evangelho do Reino depois da revelação do “Corpo”. As diferenças são substanciais.