Sede
Completos Espiritualmente
Entendendo Efésios 5:18
O assunto do “enchimento do
Espírito” é um tema muito preferido pela generalidade dos cristãos, mormente
pelos crentes que tem uma influência carismática, desconhecendo a questão na
sua essência e vivendo muito do que é comummente dito e das emoções que
procuram ter.
Neste estudo não pretendemos
ir a “reboque” do ensino que herdamos, nem de pensamentos humanos, mesmo
oriundos daqueles que são reconhecidos como “homens” de Deus, nem assentamos a
nossa fé nas convicções pessoais e particulares, mas, com a nossa investigação,
procuramos ter a “nossa” própria fé, ou seja, a fé recebida diretamente do
Senhor, pela Sua Palavra.
Então, vejamos o que o
assunto nos trás! Comecemos por ler o texto sagrado:
************************
«14 Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, e levanta-te dentre os
mortos, e Cristo te esclarecerá.
15 Portanto, vede prudentemente
como andais,
Não como
néscios, mas como sábios, (16 remindo o tempo, porquanto os dias são
maus).
17 Pelo que não sejais insensatos, mas entendei
qual seja a vontade do Senhor.
18 E não vos embriagueis com vinho (em que há contenda), mas enchei-vos do Espírito,
19 Falando entre vós com
salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no
vosso coração,
20 Dando sempre graças por
tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo,
21 Sujeitando-vos uns aos
outros no temor de Deus» (JFA, JC).
“E <2532> não <3361> vos embriagueis <3182> (5745) com vinho <3631>,
no qual <1722> <3739> há <2076> (5748) dissolução <810>, mas <235> enchei-vos <4137> (5744) do <1722> Espírito <4151>” (JFA, RA)
«E,
não embriagueis vinho em que há dissolução, mas portai-vos como completos em (no)
espírito».
Exame Exegético
Embriagueis:
Strong: 3182
meyuskw
methusko, forma prolongada (transitiva) de 3184; TDNT-4:545,verbo; significado:
1) intoxicar, embebedar; 2) ficar bêbado, ficar intoxicado.
Textos:
Lucas
12:45 - Mas, se aquele servo disser consigo mesmo: Meu senhor tarda em vir, e
passar a espancar os criados e as criadas, a comer, a beber e a embriagar-se
<3182>,
Efésios
5:18 - E não vos embriagueis <3182>
com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito,
I
aos Tessalonicenses 5:7 - Ora, os que dormem dormem de noite, e os
que se embriagam <3182> é de
noite que se embriagam.
Contenda:
Strong: 810
aswtia
asotia, de um composto de 1 (como partícula negativa) e um suposto derivado de
4982; TDNT-1:506,87; significado: 1) vida dissoluta, descontrolada; 2)
desperdício, prodigalidade:
Textos:
Efésios
5:18
- E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução <810>, mas enchei-vos do Espírito,
Tito
1:6 - alguém que seja irrepreensível, marido de
uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução
<810>, nem são insubordinados.
1
Pedro 4:4 - Por isso, difamando-vos,
estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de devassidão <810>,
Enchei-vos:
Strong: 4137 plhrow pleroo, de 4134; TDNT-6:286,867; verbo. Significado: 1) tornar cheio,
completar, i.e., preencher até o máximo; 2) tornar pleno, i.e., completar: 2a)
preencher até o topo; 2b) consumar: um número; 2c) efetuar, trazer / a
realização, realizar, cumprir.
Textos:
João
19:36 - E isto aconteceu para se cumprir <4137>
a Escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado.
No
Evangelho de João, 15 vezes, sendo 8 para “cumprir a Escritura”.
Romanos
8:4 -
a fim de que o preceito da lei se cumprisse <4137>
em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.
Romanos
13:8 - A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos
ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido <4137> a lei.
Romanos
15:13 - E o Deus da esperança vos encha <4137>
de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder
do Espírito Santo.
Romanos
15:14 - E certo estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que
estais possuídos de bondade, cheios <4137>
de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros.
Gálatas
5:14 - Porque toda a lei se cumpre <4137>
em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Efésios
1:23 - a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche <4137> em todas as coisas.
Efésios
3:19 - e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que
sejais tomados <4137> de toda a
plenitude de Deus.
Efésios
4:10 - Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus,
para completar <4137> todas as
coisas.
Efésios
5:18 - E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos
<4137> do Espírito,
Colossenses
1:9 -
Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar
por vós e de pedir que transbordeis <4137>
de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento
espiritual;
Colossenses
1:25 - da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte de
Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento <4137> à palavra de Deus:
Colossenses
2:10 - Também, nele, estais aperfeiçoados <4137>.
Ele é o cabeça de todo principado e potestade.
Colossenses
4:12 - Saúda-vos Epafras, que é dentre vós, servo de Cristo Jesus, o qual se
esforça sobremaneira, continuamente, por vós nas orações, para que vos
conserveis perfeitos e plenamente convictos <4137>
em toda a vontade de Deus.
Colossenses
4:17 - Também dizei a Arquipo: atenta para o ministério que recebeste no
Senhor, para o cumprires <4137>.
Comentário
1. Ambiguidade Exegética
Efésios 5: 18 é um dos versículos da
Escritura mais prestado pela cristandade para promover o ensino e experiências
cristãs nada concordantes com o ensino de Deus para a Igreja “Corpo de Cristo”!
«Não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos em
espírito, falando entre vós com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando
e louvando de coração ao Senhor».
Primeiramente, devemos ter consciência que o apóstolo está a falar de "esclarecimento espiritual", pois diz: "Desperta... e Cristo te esclarecerá"! Desperta a mente, o espírito para a Palavra de Deus e sairás esclarecido por Cristo. Desperta do meio dos perdidos, que estão mortos, para andar segundo o Cristo de Deus, Cristo cabeça da Igreja na forma e condição que está nos lugares celestiais como cabeça da igreja. Isso é explicado nos versículos seguintes: vede prudentemente como andais... não sejais insensatos, mas entendei a vontade do Senhor... (o seu ensino para a igreja Corpo de Cristo), e não vos embriagueis com vinho, ou seja, não deis lugar à carne, como os que dormem... de noite... e se embriagam... de noite (ver I aos Tessalonicenses 5:4 a 11, e Romanos 13:11 a 14), mas sede completos espiritualmente com a palavra de Deus (com a vontade de Deus), ou sede cheios no vosso espírito (na vossa mente) com essa vontade de Deus, ou seja, com a Palavra do Cristo de Deus (como cabeça da Igreja), conforme Colossenses 3:16 e seguintes.
Este versículo
é preferido pelos chamados “carismáticos” para ensinar que a vida do crente
assenta numa experiência transcendente subsequente à sua salvação, que definem
como a "segunda bênção", ou recebe o batismo ou a plenitude do
Espírito. Mas, «o verbo "ser cheio" é pleroo (pleroo) em que é utilizado o caso acusativo da coisa
preenchida, e o caso genitivo da matéria (conteúdo) com a qual é cheio e o caso
dativo dos meios utilizados para realizar o enchimento»[1],
a que obriga a outro entendimento.
Por vezes, a
preposição “en” é acrescentada para enfatizar o agente. No português está
traduzido como "cheios do"; o grego tem "sede cheios em". Alguns
exegetas defendem que o emprego da preposição “en” (em espírito) deve-se entender no caso locativo. Qualquer uma
destas questões gramaticais afasta irremediavelmente o entendimento tradicional
desta frase: “enchei-vos do Espírito”.
Para
entendermos isso, aqui vai um exemplo, entre muitos:
«Ora,
o Deus de esperança vos encha [no grego: acusativo] de todo o
gozo e paz em [no grego: en, como dativo] crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo» (Romanos
15:13).
Ou seja: empregue o caso dativo, que exprime a ideia do “meio” através
do qual se opera o enchimento, será, neste texto, “em crença” ou “em fé”, ou
através da fé. Assim: (1) Deus é que enche; (2) o conteúdo é o gozo e paz; (3)
o meio é a fé… (4) que leva à esperança…
As
interpretações mais comuns de enchimento, o meio ou o processo pelo qual uma
pessoa é “cheia” não estão exegeticamente sincronizadas com o ensino Paulino. Elas
são, em vez disso, desenhadas a partir de uma ampla variedade de textos, sem
qualquer ligação explícita com o conceito de encher. A única associação de
algumas (não todas) é que o espírito é mencionado. Com isto não queremos
negar que um cristão deva depender da ação do Espírito Santo; mas, somente que
não há nenhuma base textual para justificar o seu uso na definição do
enchimento descrito em Efésios 5: 18.
Ora, este
enchimento e os enchimentos que o Apóstolo Paulo refere nos seus escritos não
podem ser explicados pelo ensino messiânico ou profético. O que o Apóstolo
Paulo escreveu nos seus escritos só neles é que pode e deve ser encontrada a
sua explicação.
Voltando,
agora, a Efésios 5:18, teremos de estabelecer alguns pontos prévios que
condicionam o entendimento do texto, designadamente:
«Existem
regras gramaticais no idioma grego que nos conduzem ao sentido correto das
verdades com relação ao “enchimento do Espírito”. As palavras que encontramos
em Efésios 5:18, são: "...enchei-vos do Espirito".
Em
primeiro lugar, o verbo está no modo
imperativo. Em outras palavras, o imperativo que sejamos cheios…,
primeiramente porque é um mandamento de Deus!
Em
segundo lugar, o tempo do verbo é o presente,
e esse tempo, no modo imperativo, sempre representa algo atual e em
prosseguimento…
Em
terceiro lugar, o verbo está no plural,
o que nos ensina que tal mandamento foi endereçado não apenas ao pregador e ao diácono,
ou só ao professor da Escola Dominical, mas igualmente a todo o crente…
Em quarto lugar, o
verbo esta na voz passiva. Essa
classificação gramatical apresenta o sujeito do verbo como inativo, sobre o
qual é exercida a ação expressa pelo verbo. Isso nos ensina que o enchimento é
obra de Deus».[2]
Em quinto lugar, a
preposição encontra-se no caso dativo,
que denota os meios utilizados, ou seja, não deve entender-se cheio com o
Espírito, mas cheio através do Espírito[3];
Segundo o Dr. Arp e
outros exegetas, que defendem o caso
locativo, deve entender-se o texto como “cheio em espírito” ou “cheio no
espírito”, como se referindo ao nosso espírito (mente).
Por isso,
"ser cheio", estando no plural, modo imperativo, tempo presente, voz
passiva e caso locativo, significa
"sede continuamente cheios em espírito" (“en pneumati”), e através do Espírito “de (o) espírito” (se se
entender como no caso dativo). E, estando no caso dativo, o Espírito é o meio
pelo qual o enchimento é feito, e não a substância com a qual o crente é cheio.
É o meio do enchimento!
2. Significado de Plhrow Pleroo (Encher/Completar)
Muitas
interpretações de Efésios 5: 18 explicam que plhrow
pleroo
significa controlo. Mas o controle não é parte do sentido semântico de pleroo. Ele
não está listado com tal significado em BAGD, LSD, TDNT, 4 NIDNTT,
EDT, ou L & S[4]. Esse
sentido parece exigir um esforço considerável para o defender, ao “ver” um
aspeto adicional no significado que não é apoiado por nenhuma daquela ampla
gama de léxicos autoritários – ainda que sejam defensores do entendimento do
controlo; dizendo, simplesmente, que significa controlo sem (até onde eu pude
descobrir) fundamentação, ou com pouca ou nenhuma argumentação. Tal
definição confunde o significado da palavra (ou ação de modo descrito) com os
resultados da ação.
A base
provável que muitos assumem tal definição é o paralelo (mas mal pensado)
popular com “embriagueis”, mas isso é insuficiente (e impreciso). Traduzir
pleroo
como controle implica causalidade: Um fator positivo, volitivo (especialmente
quando descreve uma pessoa). Mas o vinho é um negativo, agente anti volitivo,
que facilita a perda de controlo e da contenção. Isso torna as pessoas
parecerem / sentirem-se mais ousadas, mais confiantes e capazes, porque as
restrições morais de consciência e juízo moral (inibições, etiqueta,
autocontrole, propriedade) ficam alterados. Como resultado, as pessoas
fazem (ou tentam fazer) coisas que normalmente não fariam. O vinho não
controla uma pessoa, mas remove os controlos. O resultado de ser cheio de
vinho não é controlar pelo vinho, mas ter as ações descontroladas que se
caraterizam como refletindo a influência debilitante do vinho.
Como já
pudemos verificar pelos usos da palavra pleroo, ela significa preencher e
completar, no sentido de cumprir, e não encher no sentido de
“transbordar”. Não é, por isso, utilizado no seu sentido metafórico,
determinado para descrever um processo em que um recipiente ou um objeto que
tem/contêm uma substância e é alterado em função do que contém. Há um vazio ou
espaço que é, após o enchimento, ocupado por uma substância anteriormente
ausente. A mesma palavra pode ser usada metaforicamente numa variedade de
sentidos marcados em que uma substância, quantificável e física, não está
envolvida. Termos emocionais são frequentemente usados desta maneira:
preenchido com raiva / alegria / etc.. Antes do enchimento, a qualidade está
ausente; depois é presente. Contanto que a falta não é entendida para
exigir uma avaliação negativa, uma definição apropriada que é adaptável a uma
larga variedade de usos é: para preencher ou fornecer o que falta ou está
ausente.
Vejamos alguns usos:
Plhyw pletho (Strong: 4130) forma prolongada de uma palavra primária plew pleo (que aparece somente como uma alternativa em certos tempos e
na forma reduplicada pimplhmi pimplemi); verbo: 1) preencher (conteúdo).
Textos:
Atos 2:4 – Todos ficaram cheios <4130> do Espírito Santo e passaram a falar em outras
línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem.
Atos 4:8 – Então, Pedro, cheio <4130> do Espírito Santo, lhes disse: Autoridades do
povo e anciãos,
Atos 4:31 – Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam
reunidos; todos ficaram cheios <4130> do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de
Deus.
Plhrhv pleres (Strong: 4134) de 4130; TDNT-6:283,867; adjetivo: 1) cheio, i.e., preenchido, completo
(em oposição a vazio).
Textos:
Atos 6:3 – Mas, irmãos, escolhei dentre vós sete homens
de boa reputação, cheios <4134> do Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste
serviço;
Atos 6:5 – O parecer agradou a toda a comunidade; e
elegeram Estêvão, homem cheio <4134> de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão,
Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia.
Atos 6:8 – Estêvão, cheio <4134> de graça e poder, fazia prodígios e grandes
sinais entre o povo.
Atos 7:55 – Mas Estêvão, cheio <4134> do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu
a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita…
Plhrow
pleroo (Strong: 4137) de 4134; TDNT-6:286,867; verbo: 1) tornar cheio, completar, i.e.,
preencher até ao máximo.
Textos:
Atos 1:16 – Irmãos, convinha que se cumprisse <4137> a Escritura que o Espírito Santo proferiu
anteriormente por boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que
prenderam Jesus,
Atos 3:18 – mas Deus, assim, cumpriu <4137> o que dantes anunciara por boca de todos os
profetas: que o seu Cristo havia de padecer.
Efésios 1:23 – a qual é o seu corpo, a plenitude
daquele que a tudo enche <4137> em todas as coisas.
Efésios 3:19 – e conhecer o amor de Cristo, que
excede todo entendimento, para que sejais tomados <4137> de toda a plenitude de Deus.
Efésios 4:10 – Aquele que desceu é também o
mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher <4137> todas as coisas.
Efésios 5:18 – E não vos embriagueis com vinho,
no qual há dissolução, mas enchei-vos <4137> do Espírito,
Filipenses 1:11 – cheios <4137> do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus
Cristo, para a glória e louvor de Deus.
Filipenses 2:2 – completai <4137> a minha alegria, de modo que penseis a mesma
coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento.
Filipenses 4:18 – Recebi tudo e tenho abundância; estou
suprido <4137>, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa
parte como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus.
Filipenses 4:19 – E o meu Deus, segundo a sua
riqueza em glória, há de suprir <4137>, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades.
Colossenses 1:9 – Por esta razão, também nós, desde
o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis
<4137> de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a
sabedoria e entendimento espiritual;
Colossenses 1:25 – da qual me tornei ministro de
acordo com a dispensação da parte de Deus, que me foi confiada a vosso favor,
para dar pleno cumprimento <4137> à palavra de Deus:
Colossenses 2:10 – Também, nele, estais aperfeiçoados
<4137>. Ele é o cabeça de todo principado e potestade.
Colossenses 4:12 – Saúda-vos Epafras, que é dentre
vós, servo de Cristo Jesus, o qual se esforça sobremaneira, continuamente, por
vós nas orações, para que vos conserveis perfeitos e plenamente convictos
<4137> em toda a vontade de Deus.
Colossenses 4:17 – Também dizei a Arquipo: atenta
para o ministério que recebeste no Senhor, para o cumprires <4137>.
Plhrwma
pleroma (Strong: 4138) de 4137; TDNT-6:298,867; Substantivo: 1) aquilo que é (está) preenchido/completo.
Textos:
Efésios 1:10 – de fazer convergir nele, na
dispensação da plenitude <4138> dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra;
Efésios 1:23 – a qual é o seu corpo, a plenitude
<4138> daquele que a tudo enche em todas as coisas.
Efésios 3:19 – e conhecer o amor de Cristo, que
excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude <4138> de Deus.
Efésios 4:13 – Até que todos cheguemos à unidade
da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à
medida da estatura da plenitude <4138> de Cristo,
Colossenses 1:19 – porque aprouve a Deus que, nele,
residisse toda a plenitude <4138>
Colossenses 2:9 – porquanto, nele, habita,
corporalmente, toda a plenitude <4138> da Divindade.
Resumindo: Os termos usados por
Paulo têm o sentido de completar e estar completo (4137 e 4138), e não
tanto de transbordar (4130 e 4134), habitual no programa profético.
Interessante atentar para o uso
do verbo (pleroo) e do substantivo (pleroma)
na epístola aos Efésios:
Efésios 1:10 – De fazer convergir nele, na dispensação da plenitude
<4138 – substantivo> dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu,
como as da terra;
Efésios 1:23 – Igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude
<4138> daquele que a tudo enche <4137> em todas as coisas (A Igreja completa Aquele
que completou tudo – 4:10);
Efésios 3:19 – E conhecer o amor de Cristo, que excede todo
entendimento, para que sejais tomados <4137 – verbo: completos> de toda a plenitude <4138 – substantivo: a Igreja ou “o Corpo”, conforme 1:23> de Deus.
Efésios 4:10 – Aquele que desceu é também o mesmo que subiu
acima de todos os céus, para encher <4137 – verbo: completar> todas as coisas.
Efésios 4:13 – Até que todos cheguemos à unidade da fé e do
pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita maturidade, à medida da
estatura da plenitude <4138 – Substantivo: A Igreja, conforme o
mesmo 1:23> de Cristo;
Efésios 5:18 – E não vos embriagueis com vinho, no qual há
dissolução, mas enchei-vos <4137 – verbo: sede completos> do Espírito (antes: em espírito)
Por outras palavras: "enchei-vos, no espírito e espiritualmente da plenitude de Deus (3:19), o "Corpo" de Cristo - aquilo que é a plenitude daquele que cumpre tudo em todos (v. 1:23). Sede cheios espiritualmente da plenitude de Deus.
Ora, esta correspondência
ajuda-nos a determinar o que o Apóstolo quer referir-se com os termos usados e
para o que ele os refere: ser cheio com aquilo que é completo: estar completos
com aquilo que é completo, ou pleno. E não poderia entender-se de outra
maneira; aquilo que é imperfeito e incompleto não pode completar ninguém. Por
isso, lemos que Cristo subiu acima de todos os céus (a posição que o Corpo
ocupa) para completar todas as coisas… (Efésios 4:10), e, assim, no estamos
completos n’Ele (Colossenses 2:9-10), e é com isso que nos devemos encher, pois é isso que fala da nossa "perfeição" em Cristo.
Assim:
(1)
O Senhor subiu à glória para cumprir ou
completar o propósito eterno do Conselho de Deus (4:10 com 3:11), a Igreja
“Corpo de Cristo”, que, por sua vez,
(2)
(A Igreja “Corpo de Cristo”) é a plenitude
ou o complemento de Cristo (no seu plano e propósito das riquezas da Sua graça
– 1:23),
( 3)
E a “plenitude de Deus” (3:19, conforme
2:10);
( 4)
O Senhor deu dons à Igreja “Corpo de Cristo”
para que todos cheguemos ao conhecimento pleno da “plenitude de Cristo”e da "plenitude de Deus", ou seja, de
tudo o que diz respeito à Igreja “Corpo de Cristo” (4:11-13 conforme 1:23);
( 5)
A Palavra de Deus, a revelação do Espírito, que é a revelação do Mistério de Cristo confiada ao apóstolo Paulo, é a única forma de
atingirmos esta maturidade espiritual – e, antes de nos distrairmos com o mundo
(5:1-13), é melhor andarmos completos no espírito ou espiritualmente (5:18),
que é estarmos cheios do conhecimento daquilo que é completo;
( 6)
Esta plenitude vai-se cumprir e diz respeito à “dispensação da plenitude” (1:9-10), que nos foi revelado (v. 9) pelo Espírito nos escritos do apóstolo Paulo (3:4-6); por isso devemos conhecer profundamente e sermos cheios com esta revelação, que cria em nós as condições para gozarmos a experiência deste plano glorioso da graça de Deus.
2.1 – A Relação
de plhrow (pleroo), plhyw (pletho), e plhrhv (pleres)
Os verbos plhrow (pleroo) e plhyw
(pletho) são essencialmente sinónimos para o uso do significado
preencher. Eles são usados, no entanto, de maneiras distintas no NT, o que
provavelmente significa que, ao tempo dos Apóstolos, os termos tenham alguma
distinção entre si, mesmo que não seja óbvio para nós. Com base nos
contextos em que cada um deles é utilizado, as seguintes diferenças funcionais
podem ser sugeridos no uso NT.
O termo plhyw (pletho), quando se refere a um enchimento de
/ pelo Espírito Santo, descreve “algo repentino, atos sobrenaturais, situações inesperadas,
fenómenos estrondosos, incidentes – orientado para atos de habitação; indefinidos
quanto à duração, com duração contanto que o seu propósito e situação de demanda
resultem em proclamação verbal".[5] Esta
palavra ocorre em Lucas 1:15, 41, 67; Atos 2:4; 4:8, 31; 9:17 e 13:9. Apesar do
fato de que ela seja usada somente em Lucas / Atos, as descrições contextuais
dos pontos de eventos / condição são suficientes para determinar a diferença
funcional com a palavra plhrovw (plerovo). Note-se em todos estas
passagens:
"... Enfatiza o evento em
vez do estado de plenitude. Sem condições foram necessárias para este
recheio especial, mas em vez disso, o Espírito Santo veio sobre o povo
soberanamente...
Este enchimento especial... não
está diretamente relacionado com a espiritualidade. E uma vez que não há
condições para cumprir, a fim de obter este enchimento especial, não podemos
procura-lo. Concluímos, pois, que o "pimplemi"
(pimplemi) descreve a metáfora de um recheio especial do Espírito Santo, que
foi necessária aos profetas e apóstolos durante os dias finais do programa da
Antiga Aliança e o início do programa da Nova Aliança Israelita".[6]
As palavras plhrovw plerov e plhvrhw plevreo são distintas na sua utilização (isto é,
quando comparadas com pivmplhmi
pivmplhmi).
O adjetivo plhvrhs (plevres) descreve uma condição
de plenitude em que alguém / alguma coisa é caracterizada pela qualidade do que
o preenche. O verbo plhrovw
(plerovo) descreve o processo pelo qual essa condição é alcançada ou o estado
em que ela existe (ver acima).
Os únicos
textos que usam plhvrhs plevres
em referência ao Espírito Santo também são limitadas a Lucas / Atos: Lucas 4:1
e Atos 6:3, 5; 7:55; 11:24. Em nenhum desses textos há a declaração verbal
como um resultado do enchimento. Em vez disso, descreve a condição do
indivíduo, caracterizada pela fé, sabedoria, ou do Espírito. Desde plhrovw plerovo e plhvrhs plevres são essencialmente a mesma palavra (verbo e
adjetivo), e uma vez que é usada plhrovw
plerovo do Espírito apenas uma vez (Efésios 5:18), é razoável esperar que eles
têm significados semelhantes. O único fator que poderia alterar essa
expectativa é se o contexto do uso solitário verbal desse significativas
indicações contextuais que algo diferente estava em causa.
Como
relacionado ao conceito de enchimento do Espírito, neste sentido, plhrovw plhrovo / plhvrhs plevres pode ser definida como "uma disposição
caracterizada pelo controle do Espírito; envolvendo atitudes adequadas e
habilidades que gradualmente se desenvolvem em algo que responde de bom grado à
fiscalização indireta do Espírito nas suas circunstâncias e experiências, e são
durativas na natureza, sendo adequado para a pessoa e aplicável a qualquer
situação relevante".[7]
Assim, Paulo
diz: “sede ou estai continuamente
completos/plenos” (e não no sentido de transbordar… como de uma experiência
sobrenatural e sentimental se tratasse).
3. Significado do Imperativo Presente Passivo
Imperativos
passivos não são comuns no NT.[8] À
primeira vista, as definições padrão para essas duas categorias: passivo e imperativo, parece contraditório:
como alguém pode ser comandado (imperativo) e estar dependente de quem emana o
comando (passivo)?[9] Existem
várias explicações que explicam as várias categorias de imperativos passivos,[10] mas
a explicação mais adequada deste texto é que plepow
pleroo é um verbo causativo na voz ativa. Como
tal, o imperativo passivo descreve "a condição ou o estado resultante
dessa ação".[11] Quando
isso é combinado com o aspeto verbal indicado pela forma atual (aspeto
imperfectivo: ação descrita como um processo contínuo) presumo que a instrução
de Paulo é caracterizada por uma força continuada e uma condição permanente da
plenitude por meio da ação do Espírito na nossa vida. Não é, em outras
palavras, o tipo de instrução que requer do crente o cumprimento de um conjunto
infinito de requisitos para ativar ou perpetuar o processo do enchimento (ou
seja, não é cheio por "fazer algo a si mesmo para ser preenchido por fazer
tal e tal"). Em vez disso, Paulo descreve a condição da plenitude espiritual
que caracteriza os crentes maduros e exorta-os a continuar nas graças
espirituais que produziram a esta condição: a Palavra de Deus.
Assim,
reiteramos, o significado das palavras de Paulo: “sede… estai ou deixai-vos continuamente completar”!
4. Significado de “En” em Efésios 5:18
No
entendimento tradicional, a vida vitoriosa do crente implica, muitas vezes, (se
não é declarado abertamente, fica implícito) que o Espírito seja, tanto o
conteúdo com o qual o crente é cheio, assim como o agente que realiza o
enchimento. Embora
muitas vezes ensinado, o primeiro (conteúdo) pode ser eliminado
gramaticalmente. A de construção en (en) + dativo nunca se refere ao conteúdo do
enchimento, o que seria expresso pelo caso genitivo. A sugestão
de que o “espírito” é o conteúdo do enchimento também coloca problemas
teológicos em que isso implicaria na receção do Espírito numa fase de pós-conversão. Deve
também notar-se que en (en) não expressa o agente que realiza o enchimento,
mas, o meio do enchimento. O agente pessoal é expresso por upo (upo) + genitivo, e não por en (en) + dativo. O agente pessoal,
na verdade, não está especificado no texto, apesar da teologia de Efésios (por
exemplo, 3:14-21) poder ser assumido que é a obra de Cristo, com a en
(en) + dativo. Paulo está descrevendo o estado espiritual necessário para que a
obra de Cristo se realize no crente.
«16 Para que, segundo
as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo
seu Espírito no homem interior;
17 Para que Cristo
habite [a palavra], pela fé,
no vosso coração [i.e. mente]; a fim de,
estando arraigados e fundados em amor, 18 poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o
comprimento, e a altura, e a profundidade (da revelação do Mistério – O
Cristo);
19 E conhecer o amor de
Cristo [i.e. o plano do amor de Cristo], que excede todo entendimento,
para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.
20 Ora, àquele que é
poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou
pensamos, segundo o poder que em nós opera, 21 a esse glória na igreja, por Jesus Cristo,
em todas as gerações, para todo o sempre. Amém!»
Tema: Cheios… corroborados…
Local: homem interior… no coração… em
espírito (mente);
Base: As riquezas da glória (As bênçãos
espirituais de 1:3);
A medida: Poder da Palavra de Deus;
Agente: o Espírito Santo;
Conteúdo: Conhecimento de Cristo – A
revelação do Mistério de Cristo (3:5-6);
Resultado: A plenitude de Deus
(conforme 1:23 e 4:11-12 – “O Corpo de Cristo”);
Efeitos: Adoração e louvor (vv. 20-21).
Assim,
acrescentamos, Paulo está a dizer: “Estai ou deixai-vos (imperativo passivo)
continuamente (presente) completar em…” (no ou através… conforme seja
caso locativo ou dativo; e nunca “com” o Espírito [conteúdo], como os
carismáticos ensinam, nem pelo – como agente da ação)!
Mas há mais
aspetos que são necessários saber para chegarmos a um entendimento claro e
completo do texto:
5. Significado de "espírito / Espírito"
A grande
questão que se coloca é de saber se o Apóstolo se refere ao Espírito Santo ou
ao nosso espírito (espírito humano). A generalidade das versões traduz “espírito”
com letra maiúscula, o que condiciona à partida a interpretação. Mas, como
disse um exegeta das Escrituras: algumas traduções são mais interpretações que
traduções; e muitos tradutores condicionaram as suas traduções pelo
entendimento que tinham das Escrituras, dando, em alguns casos, o sentido
diverso do original, como é o presente dado.
A discussão
anterior parte do pressuposto que pneuma
pneuma se refere ao Espírito Santo[12]. Mas,
os exegetas mais recentes dividem-se no entendimento e na determinação do
verdadeiro sentido da palavra pneuma: se se refere ao Espírito de Deus, ou se
se refere ao espírito do crente. E, diga-se, com fortes argumentos e
fundamentos de cada uma das posições.
Por outro
lado, o emprego gramatical dos termos usados deixam muitas questões no ar, como
seja: Sendo usado o modo imperativo na voz passiva, em que a ação não depende
do sujeito, mas do agente da passiva, como poderemos ser cheios do Espírito
Santo se seria Ele que enche? Como
poderia o Espírito Santo impor uma ordem que depende de si mesmo?
O Dr. Arp (com
acordo de Lenski, Abbott, Westcott), por sua vez, defende que pneuma refere-se
ao espírito humano, conforme alguns breves comentários que seguem:
Que pneuma pneuma pode referir-se ao espírito
humano não está em discussão aqui. A questão é se, nesta passagem, pneuma se
refere ao espírito humano. O Dr. Arp dá as seguintes razões para a sua
conclusão:
1. "En"
(em) deve ser entendido como locativo e, portanto, faz mais sentido que se
refira ao espírito humano do que ao Espírito de Deus;
2. O
contexto favorece a referência ao espírito humano.
Quanto ao
significado da preposição "En", o principal argumento do Dr.
Arp é que o significado primário de en é (locativo)[13]
e que esse significado deve ser assumido a menos que uma boa razão possa mostrar
o contrário.
Ele parte do
pressuposto que podem ser considerados quatro usos (agente, instrumento, conteúdo
e local) e rejeita os primeiros três, pela imperatividade gramatical. Quanto
aos sentidos de agente e conteúdo, não há qualquer dúvida; quanto ao
instrumento, ou seja, o meio de que depende ou não o que está a ser distinguido,
já será mais discutível. No entanto, ele rejeita o instrumento, porque não há
outro exemplo de plhrovw plerovo
seguido por “en” que indique isso. Além disso, quase todos os outros
usos do NT plerovo + "En"
(8 ×) têm o significado de cumprir em vez de encher com um conteúdo (todos eles
são locativos), que são paralelos ao uso em Efésios 5: 18. Há outro exemplo
com o qual é possível compará-lo – Colossenses 2:10 – o que provavelmente é locativo.
O segundo
argumento, de que o contexto favorece uma referência ao espírito humano, é
baseado em apenas um fator contextual: que "En" é locativo. Se
esta conclusão é correta, então sim, o espírito humano faz o melhor
sentido.
Mas, não só o
contexto aponta para isso: para espírito humano, ou seja, a nossa mente, o
nosso entendimento, como o local onde o Espírito Santo atua (conforme Romanos
8:16), como os usos que o Apóstolo Paulo faz do termo “espírito”, como mente ou
entendimento. Vejamos alguns usos:
«Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito,
no evangelho de seu Filho, é minha testemunha de como incessantemente faço
menção de vós» (Romanos 1:9);
«Agora, porém, libertados da lei, estamos
mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade
de espírito e não na caducidade da letra» (Romanos 7:6);
«Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso
Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de
Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado… que não andamos segundo a carne, mas
segundo o Espírito» (Romanos 7:25-8:1);
«Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na
verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive, por causa
da justiça» (Romanos 8:10);
«Porque, se viverdes segundo a carne,
caminhais para a morte; mas, se, pelo espírito, mortificardes os feitos do corpo,
certamente, vivereis» (Romanos 8:13);
«Porque qual dos homens sabe as coisas do
homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as
coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus. Ora, nós não
temos recebido o espírito do mundo, e sim o espírito que vem de Deus, para que
conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente… Pois quem conheceu a mente
do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo»
(I Coríntios 2:11-12, 16).
«Eu, na verdade, ainda que ausente em pessoa,
mas presente em espírito, já sentenciei, como se estivesse presente, que
o autor de tal infâmia seja…» (I Coríntios 5:3);
«Para que o Deus de nosso Senhor Jesus
Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de
revelação no pleno conhecimento dele…» (Efésios 1:17).
«E vos renoveis no espírito do vosso
entendimento…» (Efésios 4:23);
«Vivei, acima de tudo, por modo digno do
evangelho de Cristo, para que, ou indo ver-vos ou estando ausente, ouça, no
tocante a vós outros, que estais firmes em um só espírito, como uma só
alma, lutando juntos pela fé evangélica» (Filipenses 1:27);
«Porque nós é que somos a circuncisão, nós
que adoramos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não
confiamos na carne» (Filipenses 3:3).
Entre outros…
Por isso,
temos fortes evidências que o Apóstolo se refira ao espírito humano, embora ninguém
saiba ao certo o que "na sua mente" significaria “em espírito”;[14] Por
isso, muito provavelmente ele se refira ao nosso espírito, como o campo onde
Deus trabalha ou, como em 1:17, a uma atitude espiritual.
Assim, há duas
consistentes interpretações gramaticais no texto: (1) o “em espírito” estar no
caso dativo e, nesta situação referir-se-ia ao Espírito Santo de Deus, querendo
o Apóstolo dizer: “enchei-vos através do Espírito Santo…” ou (2) o “em
espírito” estar no caso locativo e o Apóstolo esteja a dizer para “estarmos
completos em espírito…” ou no nosso espírito, com aquilo que é completo.
Qualquer uma
das posições nos conduzem a um só conteúdo,
como veremos mais adiante: a Palavra de Cristo.
Assim, e no
fim deste Ponto, concluímos que o Apóstolo esteja a dizer: “estai ou deixai-vos completar
continuamente em espírito…” (no vosso espírito ou na vossa mente), “através
da ação do Espírito de Deus…”, na
sequência da oração que tinha feito antes, no capítulo 1:
«16 Não cesso de dar graças a Deus por vós,
lembrando-me de vós nas minhas orações, 17 para que o Deus de nosso Senhor Jesus
Cristo, o Pai da glória, vos
dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação, 18 tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que
saibais…»
Deus, à medida que crescemos no
Seu conhecimento, dá-nos um espírito (entendimento completo) da sua sabedoria
revelada, iluminando os nossos entendimentos para sabermos a Sua vontade…
E na sequência da oração que fez
no capítulo 3:
«16 Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que
sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior; 17 Para que Cristo habite [a
palavra], pela fé, no vosso coração [mente]; a fim de, estando arraigados e fundados
em amor, 18 poderdes
perfeitamente compreender,
com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a
profundidade (da revelação do Mistério – O Cristo); 19 E conhecer o amor de
Cristo [i.e. plano do amor de Cristo], que excede todo entendimento,
para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus».
A linguagem é a mesma do nosso
texto:
«14 Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, e
levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.
15 Portanto, vede
prudentemente como
andais,
Não como néscios, mas como sábios…
17 Não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.
18 E não vos embriagueis com vinho (em que há “mundo”), mas andai
deixando-vos completar
continuamente no espírito…»
No “nosso
espírito…”, porque é ali que a obra de Deus se constrói e se forma. É no nosso
espírito que o Espírito de Deus trabalha, nos ensina, nos ajuda, nos fortalece,
testifica, conforta, confirma, etc.[15]
Por isso, faz todo o sentido. E, só com um espírito completo, ou maduro, é que
o crente tem condições para ser um instrumento de Deus na Sua obra.
6. O Conteúdo
Depois destes
esclarecimentos surge-nos a questão: se é estar completos no espírito, ou
através do Espírito de Deus, qual é o conteúdo da plenitude? Devemos nos deixar
cumprir ou completar com quê?
Já foi
demonstrado gramaticalmente que o conteúdo não é o “Espírito Santo” (Pessoa),
uma vez que a expressão não se encontra no caso genitivo. Além disso, sendo
empregue o imperativo na voz passiva, não fazia sentido o Espírito mandar
encher, sendo ele o agente, o conteúdo e a condição do enchimento!
Por outro
lado, sendo empregue no caso dativo da matéria (conteúdo), em que a referência
seria ao Espírito Santo como meio de encher o conteúdo, como que dizendo:
“deixai-vos encher através do Espírito…”, ficaria a questão: “encher com quê?”
Repito: sendo
empregue no caso dativo… e empregue com referência ao Espírito santo, em que
Ele é o meio… deixai-vos encher em… ou através do Espírito… surge a pergunta:
com quê?
E, sendo no
caso locativo, e empregue em relação ao espírito humano: “em” ou no (vosso)
espírito, surge a mesma pergunta: encher a mente com quê?
Quaisquer umas
das posições conduzem-nos a um só conteúdo: A Palavra de Cristo – A Palavra de
Cristo e acerca de Cristo glorificado, como cabeça do Corpo da Igreja e da
própria Igreja “Corpo de Cristo”.
Por isso
chamamos a atenção para o uso do verbo nos diversos usos de Paulo, que
normalmente usa o verbo com o substantivo: cheios daquilo que está cheio, ou
seja, estai completos/plenos com aquilo que é completo (o Corpo de Cristo –
1:23, com 3:19 e 4:12-13) e está completo (a revelação do Corpo de Cristo –
Colossenses 1:25 com II Timóteo 4:17).
Pelo que, cremos
que se trata da Palavra de Deus acerca do Cristo de Deus, a plenitude de Cristo
(1:23) e a plenitude de Deus (3:15-19).
Isso é
perfeitamente claro no texto paralelo de Colossenses 3: 16-17, senão vejamos:
«16 A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a
sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e
cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração. 17 E, quanto fizerdes por palavras ou por
obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai».
Notemos os
paralelismos feitos, especialmente entre Efésios 5: 18-20 e Colossenses 3:
15-17, como demostrado na tabela abaixo. O estreito paralelo entre essas
duas passagens sugere fortemente que elas estão discutindo o mesmo tema,
chamado “enchimento em espírito” em Efésios e “habitação completa da palavra”
em Colossenses. O primeiro dos paralelismos são os particípios
adverbiais provavelmente exprimindo o meio ("fazer isso…, fazendo...")
e os outros provavelmente são particípios de circunstância (algo que se faz ao
fazer o primeiro). Estes paralelismos ajudam a definir o que se entende: estar
completo em espírito é o mesmo que permitir que a palavra de Cristo habite
abundantemente em nós…
EFÉSIOS 5: 17-20
|
COLOSSENSES 3: 15-17
|
Efésios 3:15-21
|
2:14 Porque ele é a
nossa paz, o qual de ambos os povos fez um;
4: 3 Procurando guardar a
unidade do Espírito pelo vínculo da paz:
|
15 E a
paz de Cristo, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em
vossos corações; e sede agradecidos.
|
E peço:
15 Segundo as riquezas da sua glória, vos
conceda que sejais corroborados com poder…
17 Estando arraigados e fundados em amor
|
17 Pelo que não sejais insensatos, mas
entendei qual seja a vontade do Senhor.
|
10 E vos vestistes do novo,
que se renova para o conhecimento,
segundo a imagem daquele que o criou;
|
18 Poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o
comprimento, e a altura, e a profundidade (da revelação do Mistério – O
Cristo);
|
18 E não vos embriagueis com vinho, em
que há contenda, mas sede cheios (sede completos) em espírito (no homem
interior),
|
16 A palavra
de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, (no homem
interior… em espírito)
|
17 Para que Cristo habite, pela fé, no vosso
coração… (em espírito)
|
19 Falando entre vós…
|
…Ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros,
|
Poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos,…
|
…Com salmos, e hinos, e cânticos
espirituais,
|
…Com salmos, hinos e cânticos espirituais;
|
21 A Esse glória na igreja…
|
…Cantando e salmodiando ao Senhor no
vosso coração,
|
…Cantando ao Senhor com
graça em vosso coração.
|
19 E conhecer o amor de Cristo, que excede todo
entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus
|
20 Dando sempre graças por tudo a nosso
Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo,
|
17 E, quanto fizerdes por palavras ou por obras,
fazei tudo em nome do Senhor
Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.
|
20 Ora, àquele que é poderoso…
|
21 Sujeitando-vos uns aos outros no
temor de Deus.
|
Mesmo
tratando-se do caso dativo que empregue no nosso texto, e “em Espírito” se
refira ao “Espírito” de Deus, pode ser uma referência direta à Palavra de Deus,
como é feito por Paulo em muitas situações. “Espírito” não como pessoa, mas
como “manifestações do Espírito”, que reveste o caráter do doador. Espírito e Palavra
são indissociáveis e, em muitas vezes, a mesma coisa: se não diretamente, está
implícito. Vejamos alguns exemplos:
O Evangelho de
João, capítulo 14, revela que o ministério do Espírito Santo está associado com
as coisas de Cristo:
«13 Mas, quando vier aquele Espírito da verdade,
ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo
o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir. 14 Ele me
glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar.
O Senhor
afirmou que as “suas palavras são espírito e vida” (João 6:63).
Esta
associação de Espírito e Palavra percorre toda a Escritura, desde o Antigo
Testamento. Do início da criação lemos:
«…E o Espírito de
Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus…» (Génesis 1:2-3).
Sobre isso,
diz o Salmo 33:
«Pela palavra do SENHOR
foram feitos os céus; e todo o exército deles, pelo espírito da sua boca»
(v. 6).
Paulo diz:
«Toda Escritura
divinamente inspirada…» (II Timóteo 3:16).[16]
Inspirada
(Strong: 2315 yeopneustov theopneustos),
ou seja, theos (Deus) + Pneo (vento, do espírito). A palavra de Deus tem a sua
inspiração ou ação do Seu Espírito: sai do Seu espírito (mente) e é comunicada
pela pessoa do Espírito Santo.
«Então, entrou em mim o
Espírito, quando falava comigo, e me pôs em pé, e ouvi o que me falava» (Ezequiel
2:2).
Pode
ser recordado, ainda, que no dia de Pentecostes, «estando todos cheios do Espírito Santo, começaram a falar línguas…
conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem» (Atos 2:4).
No nosso texto
não é diferente:
«Cheios pelo Espírito…
falando entre vós…»[17]
Em suma:
Espírito e Palavra de Deus são indissociáveis!
Agora, sugiro
que façamos um exercício de ler “Palavra” ou “Evangelho” onde está “Espírito”;
o texto resulta consistentemente claro e objetivo[18].
Vejamos:
«Mas, agora, estamos livres da lei, pois
morremos para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de
espírito (do Evangelho), e não na velhice da letra» (Romanos 7:6);
«Porque a lei do Espírito (Evangelho) de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do
pecado e da morte. (conforme 7:23 – Mas vejo nos meus membros outra lei que
batalha contra a lei do meu entendimento e me prende debaixo da lei do pecado
que está nos meus membros)» (Romanos 8:2);
«Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis;
mas, se pelo espírito (Palavra) mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque
todos os que são guiados pelo Espírito (Palavra) de Deus, esses são filhos de Deus. Porque não
recebestes o espírito (Palavra) de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito (Palavra) de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba,
Pai. O mesmo Espírito (Palavra) testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus» (Romanos 8:13-16);
«Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito (Espírito e Evangelho); porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas
de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas
do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém
sabe as coisas de Deus, senão o
Espírito de Deus. Mas nós não recebemos o espírito (a mente/ palavra) do mundo, mas o Espírito (Evangelho) que provém de Deus, para que pudéssemos
conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus. As quais também
falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais. Ora, o homem natural não
compreende as coisas (Palavra) do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode
entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual
discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque quem conheceu a
mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo» (I Coríntios 2:10-16);
«O qual nos fez também capazes de ser ministros dum novo testamento,
não da letra (Lei), mas do Espírito (Evangelho); porque a letra mata, e o Espírito (Evangelho) vivifica. E, se
o ministério da morte (Lei), gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira
que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa
da glória do seu rosto, a qual era transitória, como não será de maior glória o
ministério do Espírito (Evangelho)? Porque, se o ministério da condenação (Lei) foi glorioso, muito mais excederá em
glória o ministério da justiça (Evangelho). Porque também o que foi glorificado, nesta parte, não foi
glorificado, por causa desta excelente glória (II Coríntios 3:6-10).
«Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé (Evangelho)? Sois vós tão insensatos que, tendo começado
pelo Espírito (Evangelho), acabeis agora pela carne? (Lei)» (Gálatas 3:2-3);
«Porque nós, pelo espírito (Evangelho) da fé, aguardamos a esperança da justiça» (Gálatas 5:5);
«Digo, porém: Andai em Espírito (Evangelho) e não cumprireis a concupiscência da carne
(Lei). Porque a carne (a Lei) opõe-se ao Espírito (Evangelho), e o Espírito (Evangelho), opõe-se à carne (Lei); e estes opõem-se um ao outro; para que
não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito (Evangelho), não estais debaixo da lei… Se vivemos no Espírito (no Evangelho), andemos também no Espírito (pelo Evangelho)» (Gálatas 5:16-18, 25);
«O qual, noutros séculos, não foi manifestado
aos filhos dos homens, como, agora, tem sido revelado pelo Espírito (Evangelho) aos seus santos apóstolos e profetas…» (Efésios 3:5);
«Não extingais o Espírito (o Evangelho); Não desprezeis as profecias…» (I Tessalonicenses 5:18-19);
«Mas o Espírito (a Palavra) expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da
fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios…» (I Timóteo 4:1).
São, assim,
alguns exemplos como poderemos ver implícito ou expresso o Evangelho ou a
Palavra de Deus, a Revelação do Mistério confiado a Paulo, que contrasta com o
ensino do mundo e da própria Lei (carne, no sentido de humano).
Posto isto,
poderemos muito bem entender o texto em consideração como “estai completos com
aquilo que é completo: a Palavra de Deus”. Ou noutras palavras: “estai
completos através da Palavra de Cristo”, que, segundo o versículo 14, refere-se
ao “Cristo te esclarecerá…”, e com a “vontade de Deus” do versículo 17.
Faz sentido?
No meu espírito faz muito sentido: quer pelo texto, pelo contexto, pela
linguagem habitual do Apóstolo Paulo, como pela mensagem de Deus revelada a
Paulo: no conteúdo, nos meios e no propósito.
7. Paralelo Estrutural
Observe o
paralelismo estrutural nos vv. 15 a 18 (ambos os versos contêm uma mhv mhv / allav
ajllav [não/mas] par):
Vede
prudentemente como andais:
Não como néscios (versus) mas como sábios…
Não sejais
insensatos, 17a = Não vos embriagueis com vinho, 18a
Compreender a
vontade do Senhor, 17b = Sede completos em espírito, 18b
Assim, o texto dá-nos a entender que a vontade do Senhor (17b) está em paralelo com o estar completo no espírito
(18b), especialmente se é para ser entendido em termos do ministério do
Espírito usando a Palavra de Cristo, as Escrituras na vida do crente
(Colossenses 3), através do qual a vontade do Senhor é conhecida.
E, se quisermos fazer a sua aplicação para o texto do versículo 18 o apóstolo quer que não sejamos néscios, insensatos ou embriagados com vinho em que perdemos o "entendimento" das coisas, mas, como adultos, sejamos sábios, entendidos e perfeitos no entendimento daquilo que é completo: a Igreja "Corpo de Cristo", conforme a revelação do Mistério confiada a Paulo para o tempo presente da graça.
E, se quisermos fazer a sua aplicação para o texto do versículo 18 o apóstolo quer que não sejamos néscios, insensatos ou embriagados com vinho em que perdemos o "entendimento" das coisas, mas, como adultos, sejamos sábios, entendidos e perfeitos no entendimento daquilo que é completo: a Igreja "Corpo de Cristo", conforme a revelação do Mistério confiada a Paulo para o tempo presente da graça.
8. O Processo
Como é que eu
poderei ser cheio em espírito da Palavra de Deus, ou como poderei deixar-me
encher, pelo Espírito Santo da Palavra de Deus?
O que o
Apóstolo Paulo diz sobre o assunto?
Analisando
Colossenses 3:16, onde o Apóstolo diz: “A Palavra de Cristo habite em vós
ricamente…” ou “abundantemente”, concluímos que não poderemos abundar da
Palavra de Cristo se a negligenciarmos, se não nos aplicamos à sua leitura,
meditação e estudo.
Isto significa
que não é suficiente sermos uns “desenrascados” da Palavra de Deus, mas
“mestres”, “doutores”, cultos e entendidos. Quando a Escritura nos considera
“adultos” isso está subentendido.
Não poderemos
falar dos escritos de Paulo sem passar pelas palavras que ele escreveu a
Timóteo:
«Procura apresentar-te a Deus aprovado, como
obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da
verdade» (II, 2:15).
Frequentemente
falamos do sentido da palavra “manejar”
(Grego: Strong: 3718 oryotomew
orthotomeo, de um composto de 3717 e a raiz de 5114; verbo), que significa
cortar a direito, como o alfaiate corta a fazenda, partir direito, como o pai
de família corta o pão e divide pela mesa, atalhar caminho, etc.
Por isso, não
se trata de conhecer intelectualmente as Escritura, mas conhecê-las
profundamente, ao ponto de saber como dividir as Escrituras. Ou melhor: nós não
temos que dividir as Escrituras, mas reconhecer a sua divisão, como o próprio
Pedro faz na sua II Epístola:
«…Todas as suas epístolas, entre as quais
há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente
as outras Escrituras, para sua própria perdição» (3:15-16).
As suas… e as
outras Escrituras…!
Também é
importante que se diga que “A Palavra de Cristo” é mais que as “palavras que
Cristo falou e revelou a Paulo”. Trata-se da Palavra acerca do Cristo
glorificado, com tudo o que o reveste, designadamente posição, funções e
propósito, que se resume ao título de “Cabeça do Corpo da Igreja” (Colossenses
1:18).
«Considera (gr. “pensa com a mente”) o
que digo, porque o Senhor te dará entendimento em tudo» (II Timóteo 2:7).
Este era o
pensamento do Apóstolo:
«E, na verdade, tenho também por perda todas
as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor;
pelo qual sofri a perda de todas estas coisas e as considero como esterco, para
que possa ganhar a Cristo» (3:8).
«Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o
Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de
revelação…» (Efésios 1:17);
«Até que todos cheguemos à unidade da fé e do
pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da
estatura da plenitude de Cristo» (Efésios 4:13);
«Por esta razão, também nós, desde o dia em que
o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno
conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual…»
(Colossenses 1:9);
«E vos revestistes do novo homem que se refaz
para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou…» (Colossenses 3:10).
O pleno
conhecimento… é uma mente, um espírito cheio da palavra de Cristo e, assim,
completo espiritualmente! Como? Através da palavra de Cristo. Isto é a obra do
Espírito de Deus.
Por isso,
também, resistir à Palavra de Deus é o mesmo que resistir a Deus e ao Espírito
Santo:
«8 E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes
sinais entre o povo. 9 E levantaram-se alguns que eram da sinagoga
chamada dos Libertos, e dos cireneus, e dos alexandrinos, e dos que eram da
Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão. 10 E não podiam resistir à sabedoria e ao espírito
com que falava…
«51 Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo;
assim, vós sois como vossos pais» (Atos 7).
E pode ser
muito bem aplicado ao nosso texto e assunto: “Palavra de Cristo”. Resistir à
palavra de Cristo é mesmo resistir a Deus e ao Espírito de Deus, como escreveu
o Apóstolo:
«Somente deveis portar-vos dignamente conforme o
evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça
acerca de vós que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o
mesmo ânimo pela fé do evangelho. E em nada vos espanteis dos que resistem, o que para eles, na verdade,
é indício de perdição, mas, para vós, de salvação, e isto de Deus» (Filipenses 1:27-28).
9. Manifestação Espiritual
E como entender
as palavras do escritor sagrado?
19 Falando entre vós com
salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no
vosso coração,
20 Dando sempre graças por
tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo,
21 Sujeitando-vos uns aos outros
no temor de Deus» (JFA, JC).
«Falando…
dando graças… sujeitando-vos…» é o processo
ou as manifestações da verdadeira
espiritualidade? De uma mente cheia da Palavra do Espírito de Deus…
Entendo estas
palavras mais como o efeito de uma vida completa espiritualmente, como alguém
que tem um espírito cheio da Palavra de Deus, e com o qual o Espírito de Deus
testifica continuamente…
Aquele que
está cheio da Palavra de Deus sabe perfeitamente o que agrada a Deus e louva-o…
no íntimo, no coração, no homem interior, em espírito, dando-lhe graças… em
nome do Senhor Jesus Cristo, o cabeça da Igreja… e com os demais membros do
“Corpo” sujeitam-se uns aos outros no temor de Deus… ou seja, na Palavra de
Deus!
Claro está que
não vemos manifestações visíveis e materiais, como acontecerá no programa
Profético. A manifestação do Espírito de Deus no programa messiânico era com
formas extraordinárias, com sinais, prodígios e maravilhas… «E, esses sinais
seguiriam aos que criam…» (Marcos 16:17).
Agora, no
presente programa da Graça de Deus, a manifestação do Espírito de Deus é de
forma espiritual, no coração, no homem interior, nas coisas que não se veem:
Por isso
lemos:
«Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o
amor, estas três; mas a maior destas é o amor» (I aos Coríntios 13:13).
«Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança (Gálatas 5:22);
«E vos renoveis no espírito do vosso sentido, e
vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça
e santidade» (Efésios 4:23-24).
«Porque o fruto do Espírito [gr. "luz", i.e. a natureza do "corpo de Cristo" na glória, e revelado na Palavra do Mistério; por isso, sinónimo de "Palavra da Luz"] está em toda
bondade, e justiça, e verdade» (Efésios 5:9);
«Não atentando nós nas coisas que se veem, mas
nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem
são eternas» (II aos Coríntios 4:18);
«Porque andamos por fé e não por vista» (Idem, 5:7).
«Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz
respeito à minha fraqueza» (Idem, 11:30);
«Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas
injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de
Cristo. Porque, quando estou fraco, então, sou forte» (Idem, 12:10).
É claro que
tudo isto se manifesta no nosso comportamento do dia-a-dia. Mas, a sua
manifestação é em função da revelação do Mistério, a palavra acerca do Cristo
glorificado e da posição da Igreja n’ Ele, como livres do mundo, do mundanismo
e dos rudimentos do mundo, como seja, com os demais crentes (Efésios 4:1-16),
com a sociedade perdida (4:17-5:13); em família (5:19-6:10); com as autoridades
(Romanos 13:1-10), etc. Será uma vida que ande segundo a regra do ensino da
graça, sem formalismos, ritualismos, purificações da carne, obras de
santificação e consagração… pois já estamos perfeitos em Cristo. Somos chamados
a assumir o que somos em Cristo, simplesmente.
«A graça do
Senhor Jesus Cristo seja com o nosso espírito»:
Gálatas 6:18 – A graça de nosso Senhor Jesus
Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito. Amém!
Filipenses 4:23 – A graça do Senhor Jesus Cristo
seja com o vosso espírito.
I Tessalonicenses 5:23 – O mesmo Deus da paz vos
santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e
irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.
Filémon 1:25 – A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito.
II Timóteo 4:22 – O Senhor seja com o teu espírito. A graça seja convosco.
Vítor Pereira do Paço
Espinho,
2013_02
[2] Kenneth S. Wuest
[4] Os
melhores dicionários e exegeses conhecidos.
[5]
Richard G. Fairman, in "An Exegesis of `Filling' Texts which Refer to the
Doctrine of Filling" (Uma exegese dos textos de 'Enchimento' referentes à
doutrina do enchimento); Th.D. diss., Grace Theological Seminary, 1986, pg.
328.
[6] Pettegrew, New Covenant Ministry of the Spirit, (Ministério
Nova Aliança do Espírito Santo), 209.
[8] Os imperativos no N.T. são 1.630,
mas apenas 156 são imperativos passivos, e desses, apenas 78 são imperativos
passivos no presente.
[9] Como Boyer coloca: "Na superfície parece haver algo de
estranho com um imperativo passivo, um comando dirigido a alguém que não é o
executor da ação, mas seu destinatário. Ao pecador é dito que tem de ser
batizado para ser salvo, considerando que ele não pode fazer nenhum dos dois. A
uma árvore é dito para “será arrancada e lançada ao mar” (GTJ 8 [1987]: 49).
[10]
Alguns
são depoentes passivos, outros são transformadores passivos de construções
ativas, ver Boyer, GTJ 8 [1987]: 49; Para mais detalhes sobre estas categorias
adicionais.
[11]
Boyer, GTJ 8 [1987]: 49. Boyer ilustra o termo pobew: "O
verbo grego agora na voz ativa em média mais velho para assustar". No passivo significa 'ter medo, de
ter medo', ou simplesmente 'a temer’." Estritamente falando, não é
depoente, uma vez que o ativo ocorre em grego, mas na verdade é um verbo
depoente referindo-se à condição causada pela ação envolvido na forma ativa do
verbo". (Ibid., 49-50).
[12]
Segundo esta argumentação, a instrução de Paulo seria: “ser cheio/completo em
espírito” (assim o grego literal). “Não vos embriagueis com vinho, onde perdeis
a razão, mas sede perfeitos na razão (espírito) ”, ou seja, sede maduros, ou
estai completos em espírito. Assim, o Apóstolo está a dizer para que o nosso
espírito fique completo com a Palavra de Cristo, conforme Colossenses 3:16,
que, por sua vez, se manifesta no ensino e nas admoestações, no louvor e ação
de graças.
[13]
O caso
locativo é um caso gramatical geralmente
usado para indicar o nome referente a um lugar. O caso locativo ocorre nos
idiomas grego, latim, japonês, eslovaco e no russo dentre outros.
Em Português, ele aparece em construções frasais, geralmente regido
pela preposições em ou
pelas contrações no, na, nos, nas.
Ele também aparece marcado pelo pronome onde… (Wikipedia)
[14]
Uma possível explicação é a de Lincoln (Efésios, WBC,
287): "Em Efésios – Característica de pleonasmo, acumulação de sinónimos,
espírito e mente são utilizados para designar o ser mais íntimo de uma
pessoa".
[15] Nota
pessoal: creio que é, também, no nosso espírito, que Deus faz a Sua morada no
crente!
[16]
Pedro, também diz: «…Mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo
Espírito Santo» (II Pedro 1:21).
[17] Se se
considerar o caso dativo, deve entender-se assim.
[18]
Assim entende vários comentadores e exegetas bíblicos:
«Em 2 Coríntios
3:6 e 2 Coríntios
3:8, a palavra το πνευμα, “o espírito”, evidentemente significa “o
Evangelho”, assim chamado porque aponta para a natureza espiritual do
evangelho, que contrasta com a lei, porque ele tem uma natureza espiritual e
produz efeitos espirituais, e especialmente porque é a dispensação espiritual
(em contraste com a lei)» (Clarke).
«Que o termo
"letra" e "espírito" significam o judaísmo e o cristianismo
é claro, em primeiro lugar pelo fato de que estes são o que ele continua a
comparar nos versos que se seguem e, segundo, porque eles são os termos que ele
usa em outros lugares no mesmo sentido…» (Arthur W. Pink).
Gostaria de sublinhar o que foi dito:
ResponderEliminarAgora, no presente programa da Graça de Deus, a manifestação do Espírito de Deus é de forma espiritual, no coração, no homem interior, nas coisas que não se vêem… Será uma vida que ande segundo a regra do ensino da graça, sem formalismos, ritualismos, purificações da carne, obras de santificação e consagração… pois já estamos perfeitos em Cristo. Somos chamados a assumir o que somos em Cristo, simplesmente.