Mais um assunto fraturante! Mais um assunto que retrata o estado
lastimoso em que se encontra a cristandade, seja ela de cariz católico romano
ou homogéneo, seja protestante ou evangélico!
O assunto dos “Dons Espirituais” é, de facto, um manancial de
confusões. E, se o leitor achar que há muita confusão à volta dos dons
espirituais, quando ler o presente artigo verificará que a confusão ainda é
maior do que pensava! No entanto, ainda consideramos que o problema maior não é
a confusão: o maior problema é a especulação, o aproveitamento e os abusos que
são feitos à custa deste assunto, numa clara manipulação ofensiva da Palavra de Deus e ofensivo ao próprio Deus.
Primeiramente, se confunde os dons que o Senhor deu à Igreja
“Corpo de Cristo” com os sinais messiânicos e que eram comuns aos crentes
messiânicos (Marcos 16:16-18). Mas, os dons não têm nada a ver com aqueles
sinais, seja nas manifestações, seja no processo, seja no propósito.
Confundi-los é o maior erro que se pode cometer no entendimento do processo de
instituição, fundação e edificação da Igreja “Corpo de Cristo”.
Seguidamente, se descompreende a natureza dos dons que o Senhor
deu à Igreja “Corpo de Cristo”: uns como capacidades espirituais, outros como
homens-dons, dotados de determinadas capacidades espirituais e autoridade
divina para exercer essa vocação. Melhor analisaremos este aspeto do assunto
mais adiante.
Também se desconhece o propósito dos dons e o fim temporal que
eles revestiam; pelo que, ao extinguir-se ou completar-se o propósito da sua
operação (e que está perfeitamente definido na Escritura), será que os mesmos
se mantêm? Não quero dizer que não haja alguém que diga que tem um determinado
“dom espiritual” (porque sempre houve pessoas que se assumiam como dotados de
graças especiais de Deus e em nome de Deus… mesmo pagãos), mas, será que Deus
ainda está a dotar os membros da Sua Igreja com dons na prossecução dos seus
propósitos, no caso, de divulgação da Sua palavra?
Ainda, desconhece-se se os dons se mantêm, como se adquirem, são
transmissíveis, se se manifestam e se se desenvolvem! Os crentes dizem: eu
tenho o “dom X”, mas não sabem bem se, de facto, o têm, nem como o adequiriram,
se se manifesta, e, aquilo que pensam que têm é de natureza humana ou
espiritual, etc., etc., etc. Na cristandade e nas igrejas locais a questão é
colocada muito humana e factual, segundo critérios carnais, ou seja, critérios
percecionais e emocionais. Alguém diz: “Tu tens dom…”, ou “Nós te nomeamos com
“tal” vocação”, ou, depois de tirar um curso em seminário é nomeado pastor ou
evangelista, ou noutra função qualquer. Ora, nada disto tem qualquer base ou
semelhança com o que está revelado na Palavra de Deus!
Por fim, será que poderemos colocar a hipótese de os “dons
espirituais” como os entendemos, não existirem? Será que poderemos colocar a
possibilidade de todos os dons terem cessado? Pois, antes de andarmos a
“discutir” se um determinado “dom” é assim, ou não é assim, ou se este “dom”
cessou e aquele “dom” ainda está em existência, não seria melhor ver o que a
Palavra de Deus diz sobre o assunto e tentar perceber se os “dons espirituais”
cessaram? E, se os “dons espirituais” cessaram, que diremos, ou como
explicaremos a confusão que se vai propagando no seio das igrejas locais? É
mais um dos flops da cristandade
religiosa que se encontra tresmalhada dos caminhos do Espirito de Deus!
A Natureza dos Dons Espirituais
«A respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes» (I aos Coríntios 12:1).
Há três textos primordiais onde o assunto é tratado nas escrituras
paulinas. Pela ordem cronológica, será: I aos Coríntios 12 a 14; Romanos 12:1 a
8; Efésios 2:20; 3:5; 4:1 a 16.
I aos Coríntios 12
Os dons descritos em I aos Coríntios têm a ver com as “carismas”
(assim o grego), que são as capacidades
que o Espírito Santo dotava os crentes para um determinado ministério.
o termo «Dons» no
versículo 1 não ocorre em nenhum manuscrito no grego, pelo que é um acrescento
do tradutor. E, como em muitos casos, esses acrescentos serve mais para
confundir que para esclarecer.
O apóstolo começa o assunto na Epistola aos Coríntios dizendo
que os “irmãos” não deveriam ser ignorantes nesta materia! E, nesta abordagem,
ele fala de «acerca dos espirituais», ou seja, acerca das questões espirituais,
pois que, até ali esteve a tratar de coisas mais humanas da vida do crente
neste mundo, como eram os relacionamentos, tribunais, comer e beber,
casamentos, sociedades, acompanhamentos com descrentes, etc. Agora, o apóstolo
queria esclarecer alguns assuntos relacionados com as manifestações do espírito
de Deus, ou seja, com a manifestação da Palavra de Deus através dos dons e a
reunião dos crentes como igreja para esse efeito, designadamente a “edificação
do corpo”!
Assim, «dons», no
grego: Strong: 5486 carisma charisma, de 5483;
TDNT-9:402,1298; significa: 1) favor que alguém recebe sem qualquer mérito
próprio; 2) dom da graça divina; 3) dom da fé, conhecimento, santidade,
virtude.
Os «DONS»,
por isso, eram capacidades especiais e sobre-humanas que o Espírito Santo
dotava os membros das igrejas locais, pelas quais se manifestava de forma
sobrenatural, com o propósito de revelar a Sua Palavra para a edificação do
“Corpo de Cristo”. E, aqueles que eram dotados destes dons tinham uma capacidade especial de Deus
para receber a revelação diretamente de Deus e a “sabedoria” de Deus para expor
essa revelação. Podemos, assim, perceber estas manifestações espirituais sob
dois aspectos: um, a capacidade em si que o dom caracterizava; outro, a
manifestação real, visível e autêntica do Espírito de Deus através desse dom.
Por isso é que foi dito: "a manifestação do Espírito..."!
Ora, por aqui
começamos desde já a questionar se estas “capacidades especiais de Deus” de
receber a mensagem, entendê-la e a expor eficientemente, como acontecia naquela
altura, continuam em vigor, e se as manifestações do Espírito daquela forma se
mantém, face à grande dificuldade que vemos nos crentes sinceros de entender e
de expor a Palavra de Deus. É, que, pode-se dizer muita coisa, arranjar muitas
explicações e justificações, e sinceramente, e como que da parte de Deus, mas a
realidade dos factos atestam o contrário. E, nesta matéria devemos estar todos
atentos à forma como Deus está a trabalhar neste tempo presente. É como dizer:
“os sinais que estão a acontecer no mundo são evidências da proximidade da
vinda do Senhor…!” Mas, o crente esclarecido sabe que a Profecia está suspensa
e que não haverá sinais da vinda do Senhor enquanto o “arrebatamento” da Igreja
“Corpo de Cristo” não ocorrer; e, os sinais que vemos não são mais que os que
sempre ocorreram no mundo, ao longo dos séculos. Assim, uma coisa é o que os
religiosos dizem, e muitos deles sinceramente e conscientes que o faziam em
nome de Deus; outra coisa, bem diferente, é o que a Palavra de Deus diz e o que
a realidade dos factos do nosso dia-a-dia atestam.
«Irmãos, não sejais meninos no juízo; na malícia, sim, sede
crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos» (I aos Coríntios 14:20).
Atentemos melhor para o texto:
«4 Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o
mesmo. 5 E há diversidade de ministérios, mas o Senhor
é o mesmo. 6 E há diversidade de operações, mas é o mesmo
Deus que opera tudo em todos. 7 Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o
que for útil.
«8 Porque a um, pelo Espírito,
é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da
ciência; 9 e a outro, pelo mesmo
Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; 10 e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a
outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a
outro, a interpretação das línguas. 11 Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas,
repartindo particularmente a cada um como quer.
«12 Porque, assim como o corpo
é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo,
assim é Cristo também. 13 Pois todos nós fomos
batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer
servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito» (I Coríntios 12).
Notem a expressão: «Mas um só e o mesmo Espírito opera
todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer» (v.
11).
Neste sentido estas manifestações espirituais, ou manifestações
do Espírito de Deus, são chamadas de «dons»,
«ministérios» e «operações». E, nestas manifestações o
próprio Espírito dava a palavra de sabedoria… a palavra da ciência… a fé… os
dons de curar… etc., etc., etc. Ou seja, os crentes não precisavam de uma
prévia preparação, oração, estudo da palavra, ou outro requisito qualquer, pois
o Espírito manifestava-se sempre que queria, segundo a Sua graça e não o mérito
humano, como acontecia com os crentes carnais de Corinto.
Ao terminar o capítulo, o apóstolo coloca os dons numa
hierarquia, definindo já que, os crentes dotados com os dons passariam a ser,
eles mesmos, dons à igreja: homens dons.
«27 Ora, vós sois o corpo de
Cristo e seus membros em particular. 28 E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente,
apóstolos, em segundo lugar, profetas, em terceiro, doutores, depois, milagres,
depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. 29 Porventura, são todos apóstolos? São todos profetas? São todos
doutores? São todos operadores de milagres? 30 Têm todos o dom de curar?
Falam todos diversas línguas? Interpretam todos? 31 Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos
mostrarei um caminho ainda mais excelente» (I aos
Coríntios 12).
Romanos apresenta os dons numa perspetiva prática. O sentido será: tens
esse dom? Faz assim: (…).
«3 Porque, pela graça
que me é dada (autoridade de apóstolo), digo a cada um dentre vós que não saiba (não
tenham um conceito de si maior do que de facto é, mas haja interdependência,
como num corpo) mais do que convém
saber, mas que saiba com temperança, conforme a medida da fé que Deus repartiu
a cada um. 4 Porque assim
como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma
operação, 5 assim nós,
que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos
membros uns dos outros.
«6 De modo que, tendo
diferentes dons, segundo a graça que nos é dada (digo): se é profecia,
seja ela segundo a medida da fé; 7 se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao
ensino; 8 ou o que
exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que
preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria» (Romanos
12:3-8).
E, se relacionarmos esta descrição com os primeiros 1 e 2
versículos percebemos que os dons não deveriam ser usados para proveito
próprio, mas para Deus e na edificação do "Corpo de Cristo".
Efésios 4:1-16 fala da natureza da vocação da Igreja “Corpo de Cristo”: sendo
muitos, são uma unidade em Deus, em Cristo, no Espírito, no batismo, no corpo,
na esperança e na fé. Nesse sentido, devemos andar segundo essa vocação, ou
seja, em unidade e não divididos e a promover as divisões dos santos. Isto não
tem a ver com doutrina, pois todos nós poderemos divergir em alguma coisa; mas
trata-se das relações pessoais com aqueles que têm a mesma fé! Andar segundo a
vocação é «guardar a unidade do Espírito»
que o Senhor Jesus Cristo fez na cruz do Calvário, pela sua morte (capítulo 2:
14 e 18) e ensinar o ensino do Corpo para que todos atinjam… cheguem… e andem
na «plenitude do conhecimento do Filho de Deus», a «unidade da fé» (v. 13)!
«1
Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação
com que fostes chamados, (como?), 2 com
toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros
em amor, 3 procurando guardar a unidade do Espírito
pelo vínculo da paz».
Assim, guardando a unidade espiritual, revelamos o nosso
testemunho de cidadãos celestiais. Vejamos, a seguir, a descrição dessa unidade
espiritual, que corresponde à Natureza do “Corpo”:
«4 Há um só corpo e um só
Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; 5 um só Senhor, uma só fé, um só batismo; 6 um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e
em todos»
A seguir, o apóstolo descreve o processo de "edificação
do Corpo": A ascensão do Senhor Jesus Cristo à glória para “completar
todas as coisas”, i.e., tornar «perfeitas todas as coisas». Esta é uma
referência ao momento em que o Senhor foi constituído como "Cabeça de
Igreja", no mesmo sentido que havia dito no capítulo 1:19-23. Nessa
condição o Senhor completou todas as coisas do propósito de Deus acerca do
Corpo para podermos ficar completos e perfeitos n'Ele, conforme também descreve
no capítulo 1:3 a 14 e capítulo 2:4 a 10. Nesse entretanto, o Senhor
glorificado, já como cabeça da Igreja "Corpo de Cristo" aparece Saulo
de Tarso, salva-o e comissiona-o como apóstolo dos gentios para tornar
conhecida e completar a mensagem deste novo propósito de Deus:
«7 Mas a graça foi dada a
cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo. 8 Pelo que diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro e deu
dons aos homens. 9 Ora, isto—ele subiu—que é,
senão que também, antes, tinha descido às partes mais baixas da terra? 10 Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os
céus, para cumprir todas as coisas».
Para o efeito, levantou homens-dons – que consideramos ser o
apóstolo Paulo e seus colaboradores, para colocar os fundamentos (2:20; 3:5) e
completar a Palavra de Deus:
«11 E ele mesmo deu uns para
apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para
pastores e doutores,
«12 Querendo o aperfeiçoamento
dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, 13 até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do
Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo,
«14 Para que não sejamos mais
meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano
dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente. 15 Antes, seguindo a verdade em caridade, cresçamos em tudo
naquele que é a cabeça, Cristo, 16 do qual todo o corpo, bem
ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de
cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor» (Efésios 4).
Assim, a edificação é feita pelo ministério destes dons, ou
seja, pela sua exposição da Palavra de Deus. Nós podemos dizer que,
indiretamente, ainda beneficiamos deste ministério através dos escritos que
eles nos deixaram.
Paulo, por isso, é chamado de:
Apóstolo: Romanos 1:1; 11:13;
Profeta/Pregador: Romanos 16:25-26; I
Coríntios 14:6; I a Timóteo 4:14;
Evangelista: Gálatas 2:2; Efésios 3:6
a 10; e Timóteo (II a Timóteo 4:5);
Pastor e doutor: I a Timóteo 2:7; II a
Timóteo 1:11
No caso de Paulo, a fazer estas referências, está a dizer que
foi constituído por Deus em todos estes dons para a edificação do “Corpo de
Cristo”, que continua a ser edificado pelo seu ministério, pela palavra ou
epistolas que nos deixou. Os seus cooperadores, como foram Timóteo e outros,
que são chamados e considerados apóstolos, profetas, evangelistas e
pastores/doutores, foram-no por delegação de poder do apóstolo Paulo e que
tiveram um ministério pontual e local. Não nos deixaram quaisquer escritos,
mas, mesmo que deixassem, só teriam uma importância relativa, porque, quem é o
Apóstolo dos gentios é o apóstolo Paulo que recebera esta graça diretamente do
Senhor. Depois da morte destes homens de Deus, os fundamentos, os dons morreram
com eles. Não há quaisquer evidências que os dons continuassem a ser dados por
Deus para a Igreja “Corpo de Cristo” porque isso seria afirmar que continuava a
haver lacunas na revelação direta de Deus e isso é algo que está longe de ter
acontecido.
E, poderia, ainda, dizer:
«Preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu
me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente» (Filipenses 2:16).
Ou seja, aqueles que se mantiverem firmes naquilo que Paulo
ensinou e escreveu, serão sempre um motivo de alegria para ele no Tribunal de
Cristo, pois é sinal que o seu esforço para anunciar a Palavra de Deus e para a
escrever, pelo menos para esses, o seu esforço não foi em vão: alguém tirou
proveito. Não condicionará o galardão do apóstolo, mas será, sempre, motivo de
alegria ou de tristeza, conforme os casos.
Da mesma maneira, sendo a Palavra de Deus a manifestação direta
do Espírito de Deus na altura em que ela fora revelada e escrita, também
podemos dizer que é o Espírito a falar-nos quando a lemos, mas na forma
original como ela foi escrita. E, como essa manifestação era descrita como
"manifestação do Espírito", podemos afirmar sem receio de errar que,
a Palavra de Deus - os escritos de Paulo - é, ainda hoje, a única e autentica
manifestação do Espírito de Deus.
É verdade que muitos reivindicam para si esses dons, como a
Igreja Católica Romana também diz que são os sucessores diretos dos apóstolos,
à semelhança do que dizem todas as demais denominações protestantes. Mas isso
não passa de presunção humana e delírio carnal! A revelação ficou completa com
o ministério do Apóstolo Paulo (Colossenses 1: 6, 23, 25; II a Timóteo 4: 17)
e, face a isso, os dons deixaram de ter qualquer propósito e o Senhor não
precisava mais de os outorgar aos seus membros. Esta função de edificação do
“Corpo de Cristo”, agora, sendo feita pela própria palavra de Deus, é feita de
forma muito mais perfeita do que qualquer um de nós poderia fazer, qualquer que
fosse a nossa capacidade. A edificação do “Corpo de Cristo” é feita exclusivamente
e de forma perfeita pela PALAVRA DE DEUS e não está entregue ao critério de
pessoas presunçosas e dominadas por propósitos humanos e carnais. Os homens
podem atuar como se tivessem um determinado dom, mas que eles já não existem na
igreja é um facto, pois as suas manifestações nos termos e na forma como eles
são descritos na Palavra de Deus não existe!
A Instituição da Igreja “Corpo de Cristo”:
Quando o Senhor iniciou o programa do “Mistério”, tal como a
palavra indica, não tinha dito nada acerca disso a ninguém. Foi um segredo
mantido oculto pelos séculos dos séculos, e ao longo de todas as Eras passadas:
quer ao tempo, quer ao conteúdo, quer ao processo e forma, quer ao propósito,
e, certamente, em muitos mais aspetos. Nem os anjos, nem os homens sabiam nada
acerca deste plano glorioso: por isso, a manifestação deste plano foi uma
surpresa para todos. E, se o seu início ao nível humano foi marcado por um ato
pontual de Deus, a revelação deste programa foi progressívo. Quanto ao ato que
deu início a este programa, parece-nos que o único ato digno de registo foi a
salvação de Saulo de Tarso, o líder da rebelião, aquele que perece personificar
o anticristo. Este ato divino, tal como é descrito em I a Timóteo 1:11-17 e em
Atos 9, é designado como "o primeiro de uma série" daqueles que viriam
a ser salvos pela misericórdia de Deus. E, é significativo, porque os dias em
referência eram os dias do cumprimento da Profecia, também chamados "os
últimos dias”; nesses dias, segundo o livro do profeta Daniel, capítulo 9, a
profecia das setenta semanas, estava a decorrer a última semana de anos, ou
seja, faltavam cumprir sete anos para o estabelecimento do reino messiânico.
Mas, pelo que verificamos no livro do Apocalipse, esses anos estão por cumprir.
E, essa explicação é dada pelo apóstolo Paulo e confirmado pelo apóstolo Pedro,
quando esclarecem que o Senhor suspendeu a Profecia e o programa profético (II
aos Tessalonicenses 2; II Pedro 3), por causa dos dias da longanimidade de
Deus, ou da “dispensação da graça de Deus”, conforme o “amado irmão Paulo"
escrevera!
Assim, se a mudança foi instantânea, a revelação do ensino e a
instrução deste propósito e programa foi progressivo. De acordo com o descrito
pelo apóstolo Paulo aos Romanos, parece que a revelação só ficou completa
depois da sua chegada a Roma, como ele escreveu:
«E bem sei que, indo ter convosco, chegarei com a plenitude da bênção do evangelho de Cristo» (Romanos 15:29).
De facto, foi dali que Paulo escreveu as cartas magnas da Igreja
“Corpo de Cristo”, designadamente: Efésios, Filipenses e Colossenses, como
também dali deu as recomendações finais do seu ministério quando escreveu a II
epístola a Timóteo.
A revelação de Deus acerca da Igreja “Corpo de Cristo”, sua
natureza, composição, caraterísticas, propósito, esperança, ensino, etc. foi se
prolongando no tempo até ficar completa.
Neste processo, Paulo foi constituído o apóstolo principal, para
cujo cargo depois delegou uma vasta equipa até que a Palavra chegasse a todo o
mundo e a toda a criatura (textos supra citados: Colossenses 1:6, 23; II a
Timóteo 4:17).
Depois destes textos, parece-me absurdo que os crentes pensem
que ainda têm de anunciar o Evangelho como se ele ainda estivesse incompleto ou
que ainda não tivesse atingido o seu cumprimento completo! Por essa razão,
também me parece impróprio que os crentes reclamem dons como se a Palavra de
Deus não estivesse completa, ou não tivesse atingido os seus objetivos! E, uma
das principais provas que esses dons não são dados por Deus à Igreja nos dias
presentes são as barbaridades, os erros e as incongruências que esses pretensos
"dons" dizem, supostamente em nome de Deus, e as divisões que causam
no “Corpo”!
Também, não deixa de ser significativo o facto do apóstolo não
se deter em programas e métodos de evangelismo, como se tivessem de
"conquistar o mundo para Cristo" (como a cristandade ensina), mas dá
todas as instruções para que os seus destinatários chegassem à plenitude do
conhecimento de Deus e do Senhor Jesus Cristo, guardassem a mensagem na sua
pureza e a defendessem de todos os ataques das hostes espirituais da maldade, e
a transmitissem a homens fieis. Isso, sim, era o que Paulo esperava deles e
reclamava deles:
«Que guardes este mandamento sem mácula e repreensão, até à
aparição de nosso Senhor Jesus Cristo» (I a Timóteo
6:14);
E:
«E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a
homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros» (II a Timóteo 2:2).
Voltando à questão das revelações, lemos o Senhor dizer a Paulo
que lhe apareceria por várias vezes… (Atos 26:16); E, o próprio apóstolo
refere-se às "revelações" no plural, como que indicando que tenham
sido várias (II aos Coríntios 12:1).
Neste sentido, o apóstolo escreve que estes dons e/ou
manifestações eram temporárias:
«8 O amor jamais acaba (assim no grego); mas,
havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência,
passará; 9 porque, em
parte, conhecemos e, em parte, profetizamos (ou seja: porque, agora, vemos
como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em
parte; então, conhecerei como também sou conhecido, v. 12) 10 (mas) Quando, porém, vier “aquilo” (assim no
grego) que é perfeito, então, o que é em
parte será aniquilado (ou seja, a revelação ficar completa).
«11 Quando eu era menino,
falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a
ser homem, desisti das coisas próprias de menino. 12 Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então,
veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou
conhecido.
«13 Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e
o amor, estes três; porém o maior destes é o amor» (I aos Coríntios 13:8-13).
Notem: o Apóstolo contrasta as coisas de “menino” com o
"perfeito", ou seja, o sentido é de "adulto",
"maduro". É esse o sentido que o escritor quer dar ao termo usado,
como é esse o sentido da palavra no grego. Assim, entendemos das palavras do apóstolo:
quando aquela revelação ficar completa, eu atinjo a maturidade e as coisas
imparciais deixarão de fazer sentido e terminarão, e deixarei essas coisas que
são coisas de menino.
Mas, o mais significativo é a forma como ele conclui o assunto: "Agora
permanecem", não os dons
de evangelista, de pastores ou doutores, mas a fé, a esperança e o amor. Agora
não há dons espirituais, na forma como eles são descritos em Romanos, Coríntios
e Efésios, porque o PERFEITO já veio, ou seja, a Palavra está completo. Agora,
com o ministério que esses dons nos deixaram, que é a ESCRITURA DO MISTÉRIO
COMPLETA, devemos crescer em tudo naquele que é a cabeça, CRISTO, na forma como
ele está assentado nos lugares celestiais, e nós n’ELE. Assim, o que há, hoje,
são as manifestações do Espírito de Deus, a Palavra da revelação do Mistério, e
as manifestações dos efeitos dessa palavra, conforme estão descritas em Gálatas
5:22 e em I aos Coríntios 13:13: fé, esperança e amor. Estas manifestações
espirituais são as características dos perfeitos ou maduros, pois elas se
manifestam se andarmos segundo a Palavra de Deus que Paulo nos deixou escrito.
E, não precisamos mais de dons porque a revelação que nos foi deixada por Deus
é toda suficiente para podermos ver a Deus e os seus propósitos nitidamente:
face a face, e podemos conhecer a Deus como já somos conhecidos d’Ele.
Aos mesmos coríntios Paulo diz:
«4 A
minha palavra e a minha
pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito
e de poder, 5 para que a vossa fé não se apoiasse em
sabedoria dos homens, mas no poder de Deus. 6 Todavia, falamos
sabedoria entre os perfeitos (maduros); não, porém, a sabedoria deste
mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam; 7 mas
falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou
antes dos séculos para nossa glória; 8 a qual nenhum dos
príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam
ao Senhor da glória.
«9 Mas,
como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não
subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam.
«10
Mas Deus no-las
revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as
coisas, ainda as profundezas de Deus. 11 Porque qual dos homens sabe
as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim
também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito (mente) de Deus.
12 Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito
(sabedoria ou entendimento, revelação) que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer
o que nos é dado gratuitamente por Deus. 13 As quais também falamos,
não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina,
comparando as coisas espirituais com as espirituais. 14 Ora, o homem
natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem
loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente
(e não pela carne ou sabedoria do mundo). 15 Mas o que é espiritual
discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.
«16
Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós
temos a mente de Cristo (o espírito, o entendimento da revelação de
Cristo)» (I aos Coríntios 2).
Notem:
(1) A pregação de Paulo era
uma manifestação do próprio poder de Deus (v.4); Por isso, a sua palavra era
uma manifestação efetiva do Espírito de Deus: uma verdadeira manifestação
sobrenatural e sobre-humana de Deus.
(2) Esta mensagem é para maduros, crentes que atingiram ou para
que atinjam a maturidade intelectual espiritual, a maturidade pelo entendimento
espitirual completo (v. 6);
(3) Esta mensagem é chamada de
“sabedoria de Deus”, oculta em
mistério em Deus, do mundo e dos príncipes deste mundo (homens e anjos, v.
6-7);
(4) Esta mensagem diz respeito
à nossa glória, em Cristo, o Senhor
da glória (v. 7, 9);
(5) Esta mensagem diz respeito
a um propósito ordenado por Deus
antes dos tempos dos séculos (antes de todas as eras, v. 7);
(6) Deus nos revelou por
manifestação do Espírito de Deus
(v.10-11), ou seja, aqui “espírito” tem o sentido de “mente”, “entendimento”.
(7) A “mente” de Deus ou a “mente” de Cristo entrou na mente dos
dons para fazê-los entender a sua vontade, e os capacitou para no-las revelar.
Uma dessas manifestações foram os escritos que o apóstolo Paulo nos deixou
(v.12-13);
(8) Estas coisas espirituais não se entendem humanamente falando,
pois parecem loucura para o homem carnal; Estas coisas não são compreensíveis
para o homem natural pois ele só entende a sabedoria humana (v. 4, 5, 6, 8,
14), Esta sabedoria humana quis atingir os mesmos objetivos, mas através da
crucificação do Senhor da glória para tomar o lugar de Deus à força; mas, a
“sabedoria de Deus” consiste em Deus oferecer a participação da Sua glória, em
Cristo, pelas riquezas da Sua graça;
(9) Mas, o crente espiritual
ou perfeito, maduro (v. 6) discerne os propósitos de Deus bem e atinge “a mente
de Cristo”, ou seja, é “cheio do Espírito de Deus”.
Neste sentido, e na linguagem de Paulo, ser cheio do Espírito de
Deus, ou atingir a chamada “plenitude do Espírito” é ter o entendimento pleno
da revelação do Mistério, a palavra de Cristo, a mente de Cristo, a mente de
Deus, e não passa por qualquer experiência emocional, carnal ou humana! Isso
não passa de religião, de manifestações da carne, de folclore religioso!
Mas, nem em todos há o conhecimento de Deus… (I aos Coríntios
15:34), que, por negligência ou propositadamente, fazem questão de não quererem
conhecer (II a Timóteo 3:7) e combatem a Palavra de Deus e aqueles que atingem
esta maturidade, os que temos o conhecimento pleno de Deus (II Coríntios 10:5).
Agora, não temos qualquer capacidade espiritual especial para
entender e falar a Palavra de Deus como aqueles dons tinham, designadamente
apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores. Agora, teremos de
trabalhar muito e estudar mais e melhor, com sinceridade e honestidade a
Palavra de Deus, pois o Senhor será connosco e nos dará entendimento em tudo!
(II a Timóteo 2:7; Filipenses 3:15). Se tivermos duvidas Deus não nos vem "ensinar" ao ouvido! Trabalho... honestidade... humildade... permanência! E, se esperarmos em Deus, progressivamente o Senhor nos dará a graça de entendermos, não só a letra, mas o sentido e propósito das suas palavras.
É claro que, não obstante estas palavras de Deus e o nosso
entendimento delas, muitos se oporão, insistindo em dizer que são dotados por
Deus com determinados dons para manterem o seu protagonismo sobre as igrejas
locais, fazendo passar um certo "valor" pessoal e causar um certo
"temor" nos seus membros, para não serem contestados e levarem avante
os seus objectivos que, na maior parte das vezes, não são os melhores.
Igualmente gravoso neste contexto, mas revestido com o mesmo
propósito, são os formalismos religiosos das igrejas locais, as formas de
culto e locais de culto (a que se chama “casa de Deus”, erradamente), e a
linguagem utilizada nos cultos religiosos, como seja, "vamos ouvir a
palavra do Senhor pelo seu servo...", quando o que ouvimos, na
generalidade dos casos, não passam de pensamentos humanos, nada condizentes com
a revelação do Senhor glorificado para a Sua Igreja "Corpo de
Cristo", nem com a sua vontade para o presente período da Dispensação da
graça de Deus.
Hoje, com a revelação do Evangelho da Glória de Cristo completo,
o princípio não é: se alguém tem revelação fale... um depois dos outros...
conforme o descrito em I aos Coríntios 14:26 a 33, mas: se estudou e entende a
verdade do Mistério de Cristo deve ensinar e passar esta mensagem aos fiéis...
para que estejam preparados para o propósito de Deus. E, se temos a consciência
de que estamos no pleno conhecimento deste programa de Deus, o chamado
“EPIGNOSIS”, ou seja “EPI” (Sobre, super) + “GNOSIS” (Conhecimento), o
conhecimento superior, das coisas sublimes e celestiais, podemos nos
disponibilizar para o serviço do Senhor, como Paulo escreveu:
«Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem
de que se envergonhar, que
maneja bem a palavra da verdade» (II a Timóteo
3:15);
«Propondo
estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Jesus Cristo, criado com as
palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido» (I a Timóteo 4:6);
«Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja… apto para
ensinar» (Idem, 3:1-);
«13 Irmãos, quanto a mim, não
julgo havê-lo alcançado (o alvo, a marca", o conhecimento do Cristo); mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para
trás ficam (judaísmo) e avançando para as que estão diante de
mim (a coisas da glória onde Cristo está assentado), 14 prossigo para o alvo (chegar ao pleno
conhecimento de Cristo; Gr.: "a marca", ou seja "segundo a marca ou modelo, prossigo para o prémio" (Charles Welsh), para o prêmio (galardão do tribunal de Cristo) da soberana (gr. “de cima”,
“celestial”) vocação de Deus em Cristo
Jesus.
«15 Todos, pois, que somos
perfeitos (atingimos a maturidade,
chegamos ao pleno conhecimento epi-gnosis), tenhamos este sentimento (gr. andemos segundo esse pensamento); e, se, porventura, pensais doutro modo
(tendes alguma duvida ou deficiência em relação ao conhecimento), também isto Deus vos esclarecerá. 16 Todavia (entretanto), andemos de acordo com o que já alcançamos (andemos
já de acordo com a revelação que já temos… até que ela fique completa e
atinjamos a maturidade plena).
«17 Irmãos, sede imitadores
meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós… (ou seja, enquanto a revelação não estava completa, poderiam ver
Paulo como um exemplo prático de vida sob a graça; agora, com a revelação completa, ela é
que é o nosso modelo)» (Filipenses
3).
Para melhor compreensão deste assunto devemos atentar para as
instruções finais do Apóstolo a Timóteo e a Tito... Mas isso deixaremos para
considerações mais adiante.
O Propósito dos Dons
Os dons destinavam-se à edificação
do corpo de Cristo, no período que não havia palavra de Deus escrita. Os
dons preenchiam essa lacuna nas igrejas: o apóstolo com uma área de intervenção
supra igrejas; depois, os profetas, com uma função mais local, na ausência dos
apóstolos. Os evangelistas, pastores e doutores tinham um ministério
complementar àqueles na sua ausência. Tratava-se de dons que ensinavam as
verdades já reveladas. Timóteo, por exemplo, é exortado a completar a obra de
evangelista (II a Timóteo 4:5).
Paulo é claro em demostrar o propósito dos dons: O
aperfeiçoamento dos santos (a maturação dos membros da Igreja Corpo de Cristo),
para a obra do ministério, a edificação do corpo de Cristo. Essa edificação não
é o crescimento do número dos crentes. Não há um só texto bíblico paulino que
coloque o ministério a esse nível, mas a formação espiritual ou entendimento
espiritual dos membros do Corpo de Cristo para chegarem ao conhecimento pleno
do propósito de Deus em Cristo, o conhecimento do Filho de Deus, a unidade da
fé. O propósito dos dons não era entreter os santos com cânticos, com
ocupações, com passatempos religiosos e eclesiásticos, ou de igreja, mas
exclusivamente «A PALAVRA DE DEUS»! Tudo para edificação… para não serem mais
meninos… homens/mulheres maduros intelectualmente em espírito, para não mais
serem meninos nem andarem como meninos.
Como já tivemos oportunidade de citar os textos da epístola aos
coríntios, verificamos que o propósito dos dons era sempre a edificação, ou o
crescimento espiritual de cada crente:
«Mas a manifestação do
Espírito é dada a cada um para o que for útil» (I aos Coríntios 12:7).
E eram todos para edificação:
«Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo,
outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro,
interpretação. Seja tudo
feito para edificação» (14:26).
Inclusivamente o dom de línguas:
«Eu quisera que vós todos falásseis em outras línguas; muito
mais, porém, que profetizásseis; pois quem profetiza é superior ao que fala em
outras línguas, salvo se as interpretar, para que a igreja receba edificação» (14:4).
A maturidade espiritual é definida como atingir o conhecimento
espiritual perfeito, que é definido pelo Apóstolo Paulo pela palavra "epignosis", ou seja, conhecimento
superior, ou conhecimento que é de cima, o conhecimento celestial. Depois que
esse conhecimento foi entregue e completado, os dons deixaram de ter sentido
porque nada mais tinham a fazer. Esse ministério restringe-se à própria palavra
de Deus.
Agora, com a Escritura completa, esta operação é feita pela
própria Palavra de Deus, que é como dizer: é feita pelo Espírito Santo
diretamente ao nosso espírito quando estudamos e meditamos na revelação que o
Espírito Santo nos deixou pela instrumentalidade do apóstolo Paulo.
O apóstolo Paulo aos Efésios também esclarece que estes dons
seriam temporários, quando escreve:
«11 E ele mesmo deu uns
para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros
para pastores e doutores,
«12 querendo o
aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo
de Cristo,
«13 Até que todos cheguemos
à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita
varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo».
"Até", no grego: Strong: <3360> mechri mechri, e
significa "na medida em que", "até que", "até".
Ou seja, estabelece um limite temporal.
"Cheguemos", no grego: Strong: <2658> katantaó
katantaó, e significa "vir", "receber",
"alcançar". Além disso, o verbo está no “subjuntivo”, ou condicional.
Não porque seja impossível chegar, mas porque, com a revelação concluída há a
possibilidade de todos os crentes atingirem a maturidade desde que cheguem ao
conhecimento da “Unidade da Fé”, que ´o ensino da “Unidade do Espírito” (v. 3).
Esta palavra é usada em I aos Coríntios 14:36, para se referir à
recepção da revelação de Deus. Em Filipenses 3:11 Paulo usa este termo para se
referir à revelação do pleno conhecimento de Cristo que ainda não estava
completa.
Esse será, certamente o mesmo sentido neste texto: os dons foram
dados por Deus até que a revelação ficasse completa e todos pudessem ter
condições de chegar à maturidade espiritual.
"À unidade da fé, ao pleno conhecimento do filho de Deus, a
varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo". Na tradução
portuguesa o texto não parece ser muito claro. Além disso, aqui, a divisão dos
versículos, também não é esclarecedora. Junto o texto no grego para que o
leitor possa fazer a sua própria análise e esperar que a graça de Deus nos leve
ao seu correto entendimento.
«11 E ele deu, de facto, uns
apóstolos, uns outros profetas, uns outros evangelistas, uns outros pastores e doutores,
«12 Com vista o
aperfeiçoamento [maturidade] dos santos através da obra do ministério (dos
dons), através a edificação do corpo de
Cristo, até [para] que todos a
alcancemos (a maturidade),
«13 Através da unidade da fé e
do pleno conhecimento do Filho de Deus, através da perfeita varonilidade,
através da medida da estatura da plenitude de Cristo».
O grego usa a preposição "eis" que significa
"através", "pelo meio". Assim, o sentido seria: atingir a
maturidade através da unidade da fé, do pleno conhecimento do Filho de Deus, do
Varão perfeito, a medida da estatura completa de Cristo, que é o mesmo que
dizer: através do pleno conhecimento da revelação do Mistério de Cristo, acerca
da Igreja "Corpo de Cristo", conforme fora revelado ao apóstolo Paulo.
«1519 eis (uma preposição) - corretamente em ( até ) - literalmente,
"movimento em que", o que implica penetração ("até", "união")
para um determinado propósito ou resultado» (Copyright
© 1987, 2011).
A "unidade da fé" não é que todos os crentes neste
mundo vão atingir a mesma fé, mas que, os dons foram dados para nos revelar a
"unidade da fé", o ensino da Igreja "Corpo de Cristo" e nós
atingimos essa maturidade quando atingimos esse conhecimento pleno (Ver: I a
Timóteo 3:9 – “Conservando o mistério da fé”).
Assim, entendo este texto, nos termos como o apóstolo escreveu na língua original.
A ideia de Paulo, e a história da igreja o confirma, não é que
todos os crentes atinjam a unidade da fé, porque, enquanto estivermos neste
mundo isso nunca acontecerá.
Sublinhamos, ainda, que o propósito dos dons é presente, ou
seja, é para que os crentes possam atinjam a maturidade e não sejamos mais
meninos... no presente. Na glória, com os corpos gloriosos, essa questão não se
coloca. Então, assim sendo, o que o apóstolo quererá dizer não é que,
certamente todos os membros da Igreja "Corpo de Cristo" cheguem à
unidade da fé, mas que, «ATÉ QUE TODOS NÓS CHEGUEMOS À MATURIDADE, PARA NÃO
SEREM MAIS MENINOS, ATRAVÉS DA REVELAÇÃO DA UNIDADE DA FÉ, O CONHECIMENTO
COMPLETO DO FILHO DE DEUS...» que nos foi deixado pelo ministério dos dons.
Esta revelação estando completa, a Palavra de Deus acerca do Mistério de Cristo
estando consumada, o ATÉ dos DONS chegou e não havia mais razão de ser da sua
continuidade. Agora, a maturidade espiritual está acessível a todos os crentes
pelo seu ministério, a relevação escrita. Todos, agora, podem atingir a
maturidade atingindo o conhecimento da revelação da unidade da fé pela palavra
de Deus. Fora deste processo, estão os meninos espirituais!
Outros textos:
Efésios 1:17 - «Para que o Deus de nosso Senhor Jesus
Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no
pleno conhecimento <1922> dele»;
Filipenses 1:9 - «E também faço esta oração: que o vosso amor
aumente mais e mais em pleno conhecimento <1922> e toda a perceção (para que identifiqueis as coisas que diferem…)»;
Colossenses 1:9 - «Por esta razão, também nós, desde o dia em
que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de
pleno conhecimento <1922> da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento
espiritual».
Colossenses 1:10 - «A fim de viverdes de modo digno do Senhor,
para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno
conhecimento <1922> de Deus»;
Colossenses 2:2 - «Para que o coração deles seja confortado e
vinculado juntamente em amor, e eles tenham toda a riqueza da forte convicção
do entendimento, para compreenderem plenamente <1922> o mistério de Deus, Cristo».
Colossenses 3:10 - «E vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno
conhecimento <1922>, segundo a imagem daquele que o criou»;
1 Timóteo 2:4 - «O qual deseja que todos os homens sejam
salvos e cheguem ao pleno conhecimento <1922> da verdade».
O conhecimento "epignosis"
(grego: Strong: 1922) agora está contido nos escritos que o apóstolo Paulo nos
deixou. E, o propósito que havia na existência desses dons, agora, é produzido
pelos próprios escritos. Como o próprio apóstolo diz:
II a Timóteo
3:16-17 –
“Toda a Escritura é inspirada por Deus
e útil para o
ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim
de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para
toda boa obra”.
«Toda a escritura inspirada divinamente (escritura do Espírito de
Deus) é proveitosa para ensinar, redarguir, corrigir e instruir na justiça…»
(II a Timóteo 3:16).
Por outras palavras: o propósito que era obtido pelo ministério
dos dons de apóstolo, profeta, evangelista, pastor doutor, que ministravam
segundo a “justiça da graça”..., ou seja, em função do modelo do novo homem que
é criado em perfeita justiça e santidade (Efésios 4:24), agora é feito pela
palavra de Deus.
Analisemos melhor o texto:
“Divinamente inspirada” ou “Inspirada, soprada,
espiritual ou do Espírito de Deus”: no grego: Strong: 2315 yeopneustov theopneustos. Trata-se de
uma palavra composta de 2316, theos, i.e. “Deus” + um suposto derivado de 4154 pnew pneo, respiração, sopro, raiz de pneuma,
espírito. Adjetivo (Strong). Ou seja: Toda a Escritura do sopro de Deus, da pneuma ou do Espírito de Deus, é
proveitosa.
A que é que o
apóstolo se quer referir com esta palavra? Será que se quer referir a toda a
bíblia? Será as escrituras proféticas e as escrituras do mistério?
É claro que o
apóstolo Pedro diz que os profetas falaram inspirados por Deus (gr. “movidos”,
Strong: 5342) – II de Pedro 1:19-21. Mas, a que quer se referir o apóstolo
Paulo?
Este tipo de
linguagem é correspondente à usada pelo Apóstolo Paulo em I aos Coríntios 2,
onde ele diz que recebemos a revelação da sabedoria de Deus pelo Espírito de
Deus, pela sua mente ou inspiração… e estas palavras são para os perfeitos (v
6), ou seja, «para que o homem de Deus seja perfeito…», maduro, atinja a maturidade
pela plenitude do entendimento do Corpo de Cristo.
Por isso, estas
palavras só pode referir-se às palavras que foram ensinadas pelo Espírito de
Deus a Paulo, ou seja, estas palavras inspiradas referem-se à revelação que
Paulo recebera do Senhor, e não toda a escritura indiscriminadamente. Só esta
escritura é que pode tornar os crentes maduros, categoria que carateriza os
membros da Igreja “Corpo de Cristo”, e não os crentes da Profecia. As demais
escrituras, i.e., as escrituras proféticas, estão cheias de símbolos, figuras,
sombras e outras manifestações próprias para os meninos, conforme descrito em
Gálatas 4:1 a 9 e I aos Coríntios 13:8-12.
Assim, somos ensinados que «o Espírito de Deus [ou seja, a sua
palavra] testifica com o nosso espírito…» (Romanos 8:9-16); como somos
ensinados a orar para recebermos a compreensão, o “espirito”, o entendimento
desta sabedoria e revelação pelo pleno conhecimento de Deus, ou seja, temos de
estudar estes escritos, que é só por eles que chegamos a ter esse “espirito”,
ou “entendimento” (Efésios 1:16-19).
E, Paulo explica como:
«Quando
ledes podereis chegar à minha compreensão do Mistério de Cristo…» (Efésios
3:1-4).
«É proveitosa…»
Porquê é que é proveitosa e para o que é proveitosa?
Este termo é a tradução da palavra grega wfelimov ofélimos, Strong: 5624, uma forma de 3786;
adjetivo. O sentido é útil, proveitoso, ou lucrativo.
Este termo é
usado 3 vezes por Paulo, e para se referir ao mesmo assunto: o aproveitamento
do ministério da palavra de Deus:
I Timóteo 4:8 -
«Pois
o exercício físico para pouco é proveitoso <5624>, mas a piedade para
tudo é proveitosa <5624>, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de
ser».
Tito 3:8 - «Fiel
é esta palavra, e quero que, no tocante a estas coisas, faças afirmação, confiadamente,
para que os que têm crido em Deus sejam solícitos na prática de boas obras.
Estas coisas são excelentes e proveitosas <5624> aos homens».
Paulo usa este
termo para se referir à “Piedade”, ou seja, o Mistério da Piedade, que é a
revelação de Deus acerca do Plano de Deus em Cristo para a Sua Igreja “Corpo de
Cristo” e às suas palavras, acerca desta revelação da graça de Deus. Este é um
modelo de graça, um modelo de justiça que não assenta nos ensinos da Profecia,
mas no ensino de Deus para o “novo homem”, criado em Cristo Jesus em perfeita
justiça (Efésios 4:24), e segundo a imagem daquele que o criou (Colossenses
3:9-16).
Mais uma razão
para entendermos estas palavras referem-se à revelação de Deus acerca deste
grande e precioso mistério de Cristo e não à generalidade das escrituras.
Mas, esta
escritura é proveitosa COMO? Como é que o proveito é obtido?
«Toda
Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para
corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente instruído para toda boa obra»
Ensinando:
Strong: 1319
didaskalia didascália, de 1320; TDNT-2:160,161; Significado: 1) ensino,
instrução; 2) ensino: 2a) aquilo que é ensinado, doutrina; 2b) ensinamentos,
preceitos;
Certamente esta
referência refere-se ao ministério que era exercido pelo dom de apóstolo,
primeiramente, e pelo dom de profeta, que tinha uma vocação também de ensinar e
edificar, e depois, pelo dom de evangelista e doutor, até que as escrituras
foram concluídas.
Redarguindo:
Strong: 1650
elegcov elegchos, de 1651; TDNT-2:476,221; significado: 1) verificação, pela
qual algo é provado ou testado; 2) convicção, no sentido de confirmar,
certificar, atestar.
Esta é uma
referência indireta ao ministério que era feito pelo dom de profeta,
primeiramente, e, depois, assumido pelo dom de pastor.
Corrigindo:
Strong: 1882
epanorywsiv epanorthosis, de um composto de 1909 e 461; TDNT-5:450,727;
significado: 1) restauração a um estado correto; 2) correção, aperfeiçoamento
de vida ou caráter.
Mais uma
referência aos dons em geral de apóstolo, que era muito versátil e genérico
quanto aos seus campos de ação e fins a alcançar; igualmente o dom de profeta,
se bem que o seu ministério era mais ao nível da igreja local; Neste quadro o
dom de pastor e doutor eram próprios, quer seja na correção doutrinária ou no
propósito prático.
Instruindo:
Strong: 3809 paideia paideia, de 3811; TDNT-5:596,753;
Significado: 1) todo o treino e
educação infantil; 2) tudo o que em adultos também cultiva a alma: 2a)
instrução que aponta para o crescimento em virtude; 2b) castigo, punição, (dos
males com os quais Deus visita homens para sua correção). O sentido será educar ou
edificar.
Face ao
exposto, o apóstolo não diz que é precisa qualquer intervenção de um dom em
especifico ou em especial, mas a Palavra de Deus, a revelação de Deus acerca da
dispensação da graça de Deus é que é apta para tornar aqueles que são de Deus
maduros para a sua obra.
«Em
justiça...»:
“Justiça”, nos escritos de Paulo faz parte do conceito do ministério da
Igreja “Corpo de Cristo”:
II Coríntios
3:9 - «Porque, se o ministério da condenação (LEI) foi em glória, em muito
maior proporção será glorioso o ministério da justiça <1343> (GRAÇA)».
Porque, a
justiça de Deus, se bem que, anteriormente, poderia ser manifestada ou dada a
conhecer através da Lei, agora, ela só pode ser conhecida pela revelação do
Mistério de Cristo, ou seja, na forma que ela reveste no presente programa de
Deus e na forma como Deus quer que ela seja entendida e aceite:
Romanos 1:
17 – «Visto que a justiça <1343> de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como
está escrito: O justo viverá por fé».
Neste sentido,
“justiça” tem a ver com o modelo de vida traçado por Deus segundo a revelação
da Dispensação do Mistério de Cristo. A “justiça” é a natureza do novo homem:
Efésios 4:24 – «E
vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça <1343> e retidão procedentes da
verdade».
E, quem andar
segundo este modelo, estas palavras fazem verdadeiro sentido.
Há mais alguns textos que devem ser tidos em muita consideração,
para que o aproveitamento seja completo:
«Procura
apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar,
que maneja bem a
palavra da verdade» (II a Timóteo 2:15).
«Maneja bem», no grego: Strong: <3718> oryotomew orthotomeo, de um composto de 3717 e a raiz de 5114;
TDNT-8:111,1169; verbo. Significa: 1) cortar reto, atalhar
caminho: 1a) prosseguir por caminhos planos, manter um curso reto, equivalente
a fazer o correto; 2) tornar plano e liso, manejar corretamente, ensinar a verdade direitamente e
corretamente.
O que o
apóstolo está a dizer a Timóteo é que, o obreiro aprovado é aquele que sabe
dividir as “escrituras de Paulo” e as “demais escrituras” (conforme II de Pedro
3:15-16), não misturando os ensinos, as recomendações, a vida, a esperança e os
propósitos. De facto, são coisas totalmente diferentes!
E Filipenses
1:9-10 –
«E também
faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e
toda a perceção, para
aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o
Dia de Cristo».
Esta tradução
não é a mais correta, segundo os peritos no grego e nos manuscritos antigos das
escrituras.
“As coisas
que diferem”!
A palavra
“excelentes” é a tradução da palavra grego “diaferw”, Strong: <1308> diaferw diaphero, composta de 1223 (dia, i.e., “através”) e 5342
(phero, i.e., “levar”); TDNT-9:62,1252, e significa: 1) levar ou carregar
através de qualquer lugar; 2) carregar em caminhos diferentes: 2a) carregar em
direções diferentes, para lugares diferentes… 2b) diferir, testar, provar, as
coisas boas que diferem.
Esta palavra em
I aos Coríntios 15:41 e em Gálatas 4:1 é traduzida por “diferente”.
Ora, o que presumo estar Paulo a dizer é que «orava para que os
crentes abundassem mais e mais no conhecimento de Deus para reconhecerem as
coisas diferentes do seu ensino, em relação ao ensino da revelação profética».
Saberem dividir a palavra da verdade. E, se não soubermos dividir corretamente
as Escrituras estamos a corromper a mensagem. Na linguagem de Paulo aos
Gálatas, se não anunciarmos a mensagem da graça na pureza como Paulo a recebera
do Senhor e como ele o anunciou, é outro evangelho… com os efeitos nefastos daí
decorrentes:
E, só assim, seremos aprovados no Dia de Cristo!
«6 Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos
chamou à graça de Cristo
para outro evangelho, 7 o qual não é outro, mas há
alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. 8 Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro
evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema»
(Gálatas 1).
Vejamos: (1) a “graça de Cristo” é diferente do “outro
evangelho”; (2) "outro evangelho" é diferente de “evangelho de
Cristo”, é "transtornar (alterar) o evangelho de Cristo"; então, (3)
graça de Cristo é igual a “evangelho de Cristo”. Se alguém anunciar outra
mensagem que não se conforme com as palavras que Paulo anunciara acerca da
graça de Cristo está a anunciar outro evangelho!
Então, e no contexto do que vimos considerando, a escritura que
é proveitosa para nos formar como homens maduros é aquela que assenta na graça
de Cristo e é diferente da revelação profética, que assenta nos princípios da
lei. Neste sentido, a mensagem da graça visa a formação da justiça de Deus em
nós, mas a justiça que é da fé e não a que procede da lei. Dai a necessidade de
“dividir corretamente a palavra da verdade” e reconhecer e valorizar estas
coisas que diferem e que são muito mais excelentes.
E, PARA quê é proveitosa?
«Para que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente instruído para toda boa obra».
Ora, só esta escritura revelada pelo Espírito de Deus, estas
coisas espirituais, é que estão habilitadas para fazer esta obra de
aperfeiçoamento, de maturação dos filhos de Deus.
Voltando ao texto de Efésios, lemos o apóstolo a dizer que o
proveito dos dons era a maturação dos crentes:
«Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do
ministério, para edificação do corpo de Cristo…» (4:12).
«Aperfeiçoamento» é uma palavra da mesma família da palavra
«perfeito» em II a Timóteo 3:16.
Ali, em Efésios 4, é dito que este aperfeiçoamento era feito
pelo ministério dos dons, porque, como já sabemos, quando o Senhor subiu ao céu
e deu dádivas (grego: "doma", dádivas, as bênçãos de 1:3, e não
"charismas") aos homens (grego: "antropós", i.e., homens e
mulheres), e levantou na sua Igreja homens com determinados dons para colocar
os fundamentos e edificar a Sua Igreja, uma vez que a Sua Palavra estava em
processo de revelação. Agora, com a revelação completa, e sem os dons em
funcionamento, esse aperfeiçoamento é feito pela Palavra de Deus, a palavra do Evangelho
da Graça de Deus. A palavra da mesma família é usada ainda Gálatas 6:1 e I aos
Tessalonicenses 3:10, com mesmo sentido: maturidade espiritual
(inteligência e entendimento espiritual, conforme Colossenses 1:9). Ali, ainda
com a intervenção dos dons; agora, somente pela palavra de Deus, a palavra da
pregação de Jesus Cristo segundo a revelação do Mistério (Romanos 16:25-26).
Os Fundamentos da Igreja:
Paulo fala dos fundamentos da igreja como sendo «os apóstolos e
os profetas» (Efésios 2:20; 3:5). Também diz que eles foram inspirados pelo
Espírito de Deus, ou seja, estavam todos em sintonia com a nova forma
espiritual, como o Espirito Santo estava a trabalhar e ensinar (recebemos…
falamos… I aos Coríntios 2:9-16).
Nesta sequência, Paulo esclarece ainda como isso se processou:
«6 Eu
plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. 7 Pelo que nem o
que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.
8 Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o
seu galardão, segundo o seu trabalho. 9 Porque nós somos
cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.
10 Segundo
a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro (Apolo)
edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele.
11 Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já
está posto, o qual é Jesus
Cristo. 12 E, se alguém sobre este fundamento formar um
edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, 13 a
obra de cada um se manifestará; na verdade, o Dia a declarará, porque pelo fogo será
descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. 14 Se
a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. 15 Se
a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo
fogo.
16 Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de
Deus habita em vós? 17 Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá;
porque o templo de Deus, que sois vós, é santo. 18 Ninguém se engane
a si mesmo: se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco
para ser sábio» (I aos Coríntios 3).
«Como sábio arquiteto pus o fundamento...».
Depois disso, Paulo faz uma proibição e uma recomendação:
“Ninguém pode por outro fundamento”! E: “Veja cada um como edifica…”!
Nesta exposição Paulo separa o ministério dos cooperadores e o
edifício. Dentre os cooperadores, Paulo separa o seu ministério, que pôs o
fundamento, por instruções diretas de Deus e os demais cooperadores, como o
caso de Apolo. Cada um deles receberá o galardão correspondente à sua vocação e
ministério. Depois, temos o edifício, que é a igreja “Corpo de Cristo”, que é
considerado pelo apóstolo como já formado. Agora, a cada um de nós cabe a responsabilidade
de o guardar, proteger e não destruir, porque, quem destruir o templo de Deus,
Deus o destruirá, ou seja, à sua obra, no Tribunal de Cristo.
É no seguimento deste tema que ele diz:
«1 Que os
homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de
Deus. 2 Além disso, requer-se nos despenseiros que
cada um se ache fiel. 3 Todavia, a mim mui pouco
se me dá de ser julgado por vós ou por algum juízo (gr. “dia”) humano (i.e.,
“dia do homem”, que contrasta com o “dia de Cristo/Deus”); nem eu tampouco a mim mesmo me julgo. 4 Porque em nada me sinto culpado; mas nem
por isso me considero justificado, pois quem me julga é o Senhor. 5 Portanto, nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz
as coisas ocultas das trevas e manifestará os desígnios dos corações; e, então,
cada um receberá de Deus o
louvor» (I aos Coríntios 4).
Ninguém poderá colocar, alterar ou modificar os fundamentos, mas
temos de proteger o edifício, a casa de Deus, a Igreja “Corpo de Cristo”, sendo
edificados no edifício. No fundo, o propósito do apóstolo é que nós sejamos
edificados ou cresçamos segundo o modelo do edifício que, no propósito de Deus
já está construído. Mas, se a edificação não for feita segundo esse modelo, sofrerá
detrimento ou a destruição.
Assim, estas funções de edificar não parece que se refira a
nós, mas aos dons que ministravam nesse período, cooperadores de Paulo,
como ele mesmo sublinha. Enquanto a revelação do mistério estava em curso, e
ainda não estava completa... Como mais adiante diz: “que os homens nos
considerem ministros de Deus...” (4:1-2), e: “a nós apóstolos fomos
considerados espetáculo ao mundo...” (v. 9).
Há várias outras referências que o apóstolo faz ao seu ministério e ao ministério dos seus cooperadores que não é aplicável hoje, seja em relação aos dons, seja em relação à forma do desempenho do seu ministério. Exemplo disso é o que o apóstolo diz em I aos Coríntios 9, que muitos querem aplicar hoje, para justificar o injustificável: defender os dons que dizem ter…!
Paulo diz:
"E, aí
de mim se não anunciar o Evangelho...” (9:16):
«Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois
me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho!»
Paulo fala do
seu ministério como um mandamento de Deus (Tito 1:1-3), e ordenado por Deus (I
a Timóteo 1:1), e pela vontade de Deus (I aos Coríntios 1:1).
Paulo está a defender o seu apostolado (9:1-3). Ele mesmo diz
que o Senhor o «enviou para pregar o Evangelho…» (I Coríntios 1:17).
«Separado, desde o ventre de sua mãe para revelar o Senhor por ele...» (Gálatas
1:15).
Os seus colaboradores são chamados apóstolos, profetas,
pastores, evangelistas e doutores... (Romanos 16:7; I aos Coríntios 4:9; 12:28;
Efésios 4:11). Claro que, estes dons eram dons específicos da Igreja “Corpo de
Cristo”, como os textos são claros em afirmá-lo.
É interessante e sintomático atentar para a linguagem do
apóstolo em I aos Coríntios 9:
«Assim
ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho» (v. 14).
Este era um
direito que assistia ao apóstolo e aos seus cooperadores. No entanto, tendo
este ministério sido concluído e tendo terminado estes dons, as instruções de
Deus são outras:
«10 Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto: que,
se alguém não quiser trabalhar, não coma também. 11 Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam
desordenadamente, não trabalhando, antes, fazendo coisas vãs. 12 A esses tais, porém, mandamos e exortamos, por nosso Senhor
Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão» (II aos Tessalonicenses 3).
«E procureis
viver quietos, e tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas
próprias mãos, como já vo-lo temos mandado; para que andeis honestamente para
com os que estão de fora e não necessiteis de coisa alguma» (I aos Tessalonicenses 4:11-12).
«Mas, se
alguém não tem cuidado dos seus e principalmente dos da sua família, negou a fé
e é pior do que o infiel» (I a Timóteo 5:8).
« (O bispo) Que governe bem
a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (porque,
se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de
Deus?)»
«Os diáconos
sejam maridos de uma mulher e governem bem seus filhos e suas próprias casas» (I a Timóteo 3:4-5, 12).
Alguns obreiros fraudulentos ainda querem fazer prorrogativa das
palavras do apóstolo Paulo, como se fossem igualmente apóstolos, e como se a
Palavra de Deus ainda estivesse por cumprir, defendendo uma “vida de fé” fácil,
para viverem à custa dos crentes e dos incautos, quando Deus os manda
trabalhar!
Depois da chegada de Paulo a Roma, verificamos que Paulo perdeu
os sinais do seu apostolado e limita-se ao ministério de evangelista e pastor
doutor. Da mesma maneira os seus cooperadores que exerciam o mesmo tipo de
ministérios apostólicos passam a ter funções mais derivadas da palavra escrita:
II Timóteo 4:5. Mas, depois da morte de Paulo e dos seus cooperadores, esses
dons extinguiram-se com eles.
Quando Paulo chega a Roma, os seus escritos já não falam de
dons, senão daqueles que ainda viviam e eram seus cooperadores, mas de dois
tipos de ministérios, como agora vigorando nas igrejas locais: Bispos e
Diáconos:
«Paulo e
Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus que estão em
Filipos, com os bispos
e diáconos…» (Filipenses 1:1).
A Tito é dito que ele estabelecesse Bispos (Tito 1:5)! Antes, no
período da revelação, na vigência dos dons, quando o processo da revelação
ainda estava em curso, Paulo disse que o “Espírito de Deus é que constituía os
bispos…”, como foi o caso dos anciãos de Éfeso (Atos 20:17, 28) e dos coríntios
(capítulo 12), mas com um âmbito universal (1:1-2). Mas, agora, os ministérios
são diferentes e o processo de “constituição” ou o seu “estabelecimento” é
diferente.
A Timóteo diz:
«Esta é uma
palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém,
pois, que o bispo seja…
«Da mesma
sorte os diáconos sejam…» (I a Timóteo 3:1, 8).
O Bispo é, em alguns textos, sinónimo de “ancião” ou
“presbítero”, tanto em Timóteo como em Tito. Em Tito 1:5 e 7 os termos são
usados como se referindo ao mesmo ministério.
“Bispo”, tal como a palavra significa etimologicamente, no
grego: Strong: <985> episkopov episkopos, de 1909 (epi =
sobre) e 4649 (skopos = observador), ou seja, "ver sobre", "ver
por cima" (no sentido de 1983); TDNT-2:608,244; substantivo masculino, e
significa 1) supervisor: 1a) pessoa encarregada de verificar se aqueles sob a
sua supervisão está fazendo corretamente o que têm que fazer, curador, guardião
ou superintendente; 1b) superintendente, líder, ou supervisor de uma igreja
local. Ou seja, trata-se do ancião da igreja local, mas realça o seu papel de liderança.
“Presbítero”, que é a tradução da palavra grega: Strong:
<4245> presbuterov presbuteros, comparativo
de presbus (de idade avançada); TDNT-6:651,931; adjetivo, e significa 1)
ancião, de idade: 1a) avançado na vida, ancião, sênior, e, por inerência, mais
provável líder. Neste termo é realçado o aspeto da idoneidade, da responsabilidade,
da maturidade.
Os textos:
«1 Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado (bispado), excelente obra
deseja. 2 Convém, pois,
que o bispo seja
irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro,
apto para ensinar;
3 não dado ao vinho, não
espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não
avarento; 4 que governe
bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia 5 (porque, se alguém não sabe governar a sua
própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?); 6 não neófito (crente recente), para que, ensoberbecendo-se, não caia na
condenação do diabo. 7
Convém, também, que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não
caia em afronta e no laço do diabo» (I a Timóteo 3).
E:
«17 Devem ser considerados merecedores de dobrada honra os presbíteros que presidem
bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino. 18 Pois a Escritura declara: Não amordaces o boi, quando pisa
o trigo. E ainda: O trabalhador é digno do seu salário.
«19 Não aceites denúncia contra presbítero, senão
exclusivamente sob o depoimento de duas ou três testemunhas. 20 Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na presença
de todos, para que também os demais temam.
21 Conjuro-te, perante Deus, e Cristo Jesus, e os anjos
eleitos, que guardes estes
conselhos, sem prevenção, nada fazendo com parcialidade. 22 A ninguém imponhas precipitadamente as mãos. Não te tornes
cúmplice de pecados de outrem. Conserva-te a ti mesmo puro» (I a Timóteo 5).
E:
«5 ¶ Por esta causa, te
deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em
cada cidade, constituísses
presbíteros, conforme te prescrevi: 6 alguém que seja
irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são
acusados de dissolução, nem são insubordinados. 7 Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro de
Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho, nem violento, nem
cobiçoso de torpe ganância; 8 antes, hospitaleiro, amigo
do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha domínio de si, 9 apegado
à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto
para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem» (Tito 1).
Tanto o Bispo como o Presbítero eram crentes maduros pelo
conhecimento que tinham da revelação do Mistério de Cristo e do exemplo que
davam de vida pela experiência desse conhecimento. Por isso, é que, um dos
requisitos imprescindíveis é que tivessem pleno conhecimento do "mistério
da fé" e fossem aptos para ensinar e exortar pelo reto ensino.
Depois deste período, nem mesmo a si, nem aos seus cooperadores,
o apóstolo falava de ministério dos dons, mas de si e dos seus como de
diáconos:
«8 Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito
vinho, não cobiçosos de torpe ganância, 9 guardando o mistério da fé em uma
pura consciência. 10 E também estes sejam
primeiro provados, depois sirvam, se forem irrepreensíveis.
«11 Da mesma sorte as mulheres sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em
tudo.
«12 Os diáconos
sejam maridos de uma mulher e governem bem seus filhos e suas próprias casas. 13 Porque os que servirem bem como diáconos adquirirão para si uma
boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus.
«14 Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te bem depressa, 15 mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do
Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade.
16 E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que
se manifestou em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado
aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória» (I a Timóteo 3).
Na casa de Deus, agora, o andar é este: os líderes, que são os
bispos e os restantes ministérios espirituais, na palavra, designados por
diáconos.
“Diácono”, no grego: Strong: <1249> diakonov diáconos, provavelmente do
obsoleto diako (saída breve para fazer
ou buscar alguma coisa, conforme 1377); TDNT-2:88,152; substantivo,
mascolino/feminino. Significado: 1) alguém que executa os pedidos de outro,
especialmente de um mestre, servo, atendente, ministro: 1a) o servo de um rei.
Efésios 3:7 –
«Evangelho, do qual fui constituído ministro
<1249> conforme o dom da
graça de Deus a mim concedida segundo a força operante do seu poder».
Efésios
6:21 – «E, para que saibais também
a meu respeito e o que faço, de tudo vos informará Tiquico, o irmão amado e
fiel ministro <1249> do Senhor».
Colossenses
1:7 – «Segundo fostes instruídos
por Epafras, nosso amado conservo e, quanto a vós outros, fiel ministro <1249> de Cristo».
Colossenses
1:23 – «Se é que permaneceis na
fé, alicerçados e firmes, não vos deixando afastar da esperança do evangelho
que ouvistes e que foi pregado a toda criatura debaixo do céu, e do qual eu,
Paulo, me tornei ministro <1249>».
I aos
Tessalonicenses 3:2 – «E enviamos nosso irmão
Timóteo, ministro <1249> de Deus no evangelho de Cristo, para, em benefício da vossa
fé, confirmar-vos e exortar-vos».
E, Paulo explica o que representava o ministério do Diácono:
«Expondo estas coisas aos
irmãos, serás bom (aprovado) ministro <1249> de Cristo Jesus, alimentado
com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido» (I Timóteo 4:6).
Em resumo, pelos textos apresentados, concluímos o seguinte:
1) O Bispo e o Presbítero
(ancião/idoso) são o mesmo ministério;
2) Mas, nem todos os
presbíteros ou idosos, são Presbitérios, ou seja, nem todos os idosos são
presbíteros, mas somente aqueles que têm capacidade de liderança e desde que
estejam habiltados para ministrem a palavra;
3) Bispos e Presbíteros estão
conotados com a liderança da igreja local;
4) Os Bispos e Presbíteros são
reconhecidos como tais pelos membros da igreja local, desde que eles apresentem
as características adequadas:
a.
Especialmente, a capacidade de ensinar: «apto para ensinar»
(3:2),
5) O Diácono estava
relacionado com o ministério da palavra de Deus, mas sem liderança.
6) Bispos, Presbíteros e
Diáconos não são títulos, mas funções, ministérios, ofícios espirituais,
no ensino da palavra de Deus.
Muitos ensinadores conotam a função do diácono com uma atividade
material, como se a igreja de Deus fosse constituída por coisas materiais e
terrenas. Esse erro deve-se à confusão que é feita com o ministério do Diácono
no programa profético, como foi descrito em Atos 6, daqueles diáconos que
“serviam às mesas”, ou seja, eram os gestores dos bens materiais que eram
oferecidos à Igreja messiânica. Mas, o programa profético era isso mesmo: era
composto por coisas materiais e carnais. Essa é a esperança de Israel e de
todos os crentes da Profecia. Mas, na Igreja “Corpo de Cristo”, que é
espiritual e de vocação celestial, nada tem a ver com as coisas matérias,
carnais, humanas, designadamente templos, formaturas e formalismos, grupos
corais, grupos musicais, instrumentalidade, obras e instituições sociais, etc.,
etc., etc.. Tudo isso são conceitos importados do judaísmo, com formatos e
contornos do paganismo, que transitaram da igreja tradicional da cristandade e
se adaptou às igrejas protestantes modernas, com as respetivas adaptações.
Assim, sendo a igreja “Corpo de Cristo” espiritual os seus
ministérios são, igualmente, espirituais. Outras áreas de atividade, que nada
impede que os crentes se ocupem, dentro do conceito do que pode ser a sua
liberdade espiritual, não tem nada a ver com a “obra de Deus”, nem o crente vai
ser julgado em função disso, mas do seu ministério na Palavra de Deus. Essas
outras áreas da nossa vida neste mundo, que possa estar ligado à igreja local
ou não, designadamente as obras sociais, são efeitos do que é a obra de Deus em
nós e, não, a obra de Deus em si. A obra de Deus são os crentes, os membros da
igreja “Corpo de Cristo”, que é espiritual (Romanos 14:7-12; 15-20; I aos
Coríntios 8:11-12). Nesse sentido, dizia o apóstolo Paulo: «Deus, a quem sirvo em meu
espírito…» (Romanos 1:9; 7:6, 25; Filipenses 3:3).
Notem que a forma como esta função é colocada não está
relacionada com qualquer intervenção especial de Deus ou do Seu Espírito, mas
do próprio individuo que, na sua consciência, pela Palavra de Deus e na sua
disponibilidade, acha que tem capacidade e que deve assumir essas funções na
igreja local:
«Se alguém deseja…»
E não: «O senhor nomeou…», «constituiu…», «designou…», «lançaram
sorte...», etc.. Tito foi a Creta constituir os Bispos, Anciãos ou Presbíteros,
não porque tivessem algumas características divinas especiais, revelassem
alguns dons, mas pela capacidade natural que tinham de liderar, para ensinar e
pelo exemplo que davam. Nada de “especial”, nada de “dons” ou capacidades
especiais para entender e ensinar a Palavra de Deus… tudo muito humano, pois
estamos neste mundo, e dependente da forma como estudamos, conhecemos,
aplicamos e vivemos a palavra de Deus.
Este é o modelo que Paulo deixou para as igrejas locais, depois
que os dons deixaram de ser outorgados por Deus no tempo presente. Nestas
últimas epístolas o apóstolo não fala mais de dons... nem de manifestações
supra naturais, como eram os dons... agora o apóstolo não fala dos pastores que
o Espirito vos constituiu... nem das manifestações de revelações proféticas,
mas, incide a responsabilidade na pessoa: "se alguém deseja o episcopado..."
Vejamos mais exemplos de como se deve andar na casa de Deus,
agora, com a conclusão da revelação e o encerramento da Escritura:
Timóteo:
«Como te
roguei, quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a
alguns que não ensinem
outra doutrina, nem se deem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem
questões do que edificação (serviço) de Deus, que consiste na
fé; assim o faço agora. Ora, o fim do mandamento é a caridade de um coração
puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida. Do que desviando-se
alguns, se entregaram a vãs contendas, querendo ser doutores da lei e não
entendendo nem o que dizem nem o que afirmam» (1:3-7).
Paulo incumbe
Timóteo para ficar nas igrejas de Éfeso para por as coisas em ordem, agora, que
as manifestações especiais e sobrenaturais de Deus tinham terminado. Muitos
queriam introduzir “fábulas” mundanas e modelos da “lei”, através das
influências judaicas.
O “serviço para
Deus” consiste na fé, no ensino que regula o andar da casa de Deus.
“Não ensinem
outra doutrina”! Que doutrina? O ensino do andar na casa de Deus (3:14-16):
«Escrevo-te estas coisas,
esperando ir ver-te bem depressa, mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus
vivo, a coluna e firmeza da verdade».
E, Paulo
desenvolve isso no capítulo 2 e 3, que são a nova ordem de culto espiritual, a
forma como os crentes se devem reunir, segundo a fé, neste serviço para Deus.
Vejamos:
Primeiramente,
o apóstolo faz reverência à autoridade que fora conferida a Timóteo:
«Este mandamento te dou,
meu filho Timóteo, que, segundo as profecias que houve acerca de ti, milites por elas boa milícia,
conservando a fé e a
boa consciência, rejeitando a qual alguns fizeram naufrágio na fé» (i:18-19).
E, essa
autoridade assenta na imperatividade de defender e conservar a pureza da fé, o
ensino que recebera de Paulo, e que era o sentido da sua chamada e do
ministério de Timóteo:
E, começou por
dizer como as coisas devem estar em ordem, ou seja, no serviço para Deus – referindo-se ao ajuntamento dos crentes como igreja:
«1 Admoesto-te, pois,
(1) Antes de tudo (primeiramente), que se façam deprecações, orações,
intercessões e ações de graças por todos
os homens, 2 pelos reis e por todos os
que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda
a piedade e honestidade. 3 Porque isto é bom e
agradável diante de Deus, nosso Salvador, 4 que quer que todos os
homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade. 5 Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens,
Jesus Cristo, homem, 6 o qual se deu a si mesmo
em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo.
7 Para o que (digo a verdade em Cristo, não minto) fui
constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios, na fé e na verdade.
8 Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando
mãos santas, sem ira nem contenda.
9 Que do
mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e
modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, 10 mas (como
convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras. 11 A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. 12 Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade
sobre o marido, mas que esteja em silêncio» (capítulo 2).
(2) “Se alguém deseja o
bispado, excelente obra deseja…”
(3) “Da mesma sorte os diáconos
sejam…”
(4) “Estas coisas te escrevo…
para que saibas como convém andar na casa de Deus…” (Capítulo 3).
No ajuntamento
dos crentes, o serviço para Deus que assenta na fé, na boa doutrina, deve começar
com
deprecações (suplicas), orações (falar a Deus, não necessário pedidos),
intercessões (pedido a favor de alguém) e ações de graças (agradecimentos e
louvor). Ou seja, com um período de oração e louvor. Os homens podem orar sem
qualquer restrição, com mãos santas, sem iras nem contendas. As mulheres, por
sua vez, devem manter uma postura discreta e aprender em silêncio.
As orações
estão tipificadas nas epístolas de Paulo, designadamente Efésios 1:15-23;
3:14-21; Filipenses 1:9-11; Colossenses 1:9-12. A incidência é nas questões
espirituais: a edificação dos santos no Corpo de Cristo.
Aqui não vemos
manifestações especiais do Espírito de Deus, mas os crentes agarrados e firmes
no estudo e crescimento na Palavra de Deus como a única manifestação de Deus.
Já não há lugar a:
«Que fareis,
pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem
revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação» (I aos Coríntios 14:26…),
Mas, faça-se
orações, e os bispos e diáconos edifiquem os crentes em Cristo na fé…
Não há, assim,
lugar nos ajuntamento dos crentes como igreja a shows musicais evangélicos, a festas gospel, mas ajuntamentos para
orações e aprender da palavra de Deus para crescermos naquele que é a Cabeça do
Corpo, CRISTO.
Mais:
«6 Propondo
estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Jesus
Cristo, criado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido. 7 Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas e exercita-te a ti
mesmo em piedade.
«11 Manda
estas coisas e ensina-as.
«13 Persiste
em ler, exortar e ensinar, até que eu vá.
«15 Medita
estas coisas, ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a
todos. 16 Tem cuidado de ti mesmo e da
doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos
que te ouvem» (Capítulo 4).
Ou seja: não mais revelações diretas do Senhor, mas Timóteo dá
seguimento às instruções escritas de Paulo, que, de resto, são uma confirmação
do modelo que já tinha e que lhe fora transmitido oralmente.
Depois, Paulo dá instruções a Timóteo acerca das questões da
vida social dos crentes, que devem andar segundo o modelo que a fé reclama que
vivam: para os idosos, para os viúvos e viúvas, para os idosos no presbitério,
para os servos e senhores.
Depois, nesta mesma linha dá as instruções finais:
«11 Mas tu, ó
homem de Deus, foge destas coisas e segue a justiça, a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão.
12 Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna (a revelação do Mistério – Tito 1:2), para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão
diante de muitas testemunhas.
«13 Mando-te
diante de Deus, que todas as coisas vivifica, e de Cristo Jesus, que
diante de Pôncio Pilatos deu o testemunho de boa confissão, 14 que
guardes este mandamento sem mácula e repreensão, até à aparição de nosso
Senhor Jesus Cristo;
Foge… das
tendências terrenas, e segue os valores morais de acordo com a revelação da fé,
e defende-a, combatendo a milita pela fé (corpo de doutrina, ao nível da vida),
toma posse da vida eterna, que na linguagem de Paulo, é a “vocação com que
fomos chamados” (Efésios 4:1), a “vocação de cima” (Filipenses 3:14), “onde
Cristo está assentado” (Colossenses 3:1-4) e nós esperamos n’Ele (Efésios
2:4-10), segundo o que diz em Tito 1:1-3.
«20 Ó Timóteo, guarda
o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e
profanos e às oposições da falsamente chamada ciência; 21 a qual professando-a alguns, se desviaram da fé. A graça seja
contigo. Amém!» (capítulo 6).
Agora, não há mais novidades em manifestações especiais dos dons
do Espírito, mas a manifestação do Espírito é a palavra escrita que o apóstolo
Paulo nos deixou, onde devemos revelar firmeza e conservação.
«13 Conserva o
modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e na caridade que há em
Cristo Jesus. 14 Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que
habita em nós» (II a Timóteo 1).
«1 Tu, pois, meu filho, fortifica-te (fica firme, não cedas da…) na graça que há em Cristo Jesus. 2 E o que de mim, entre
muitas testemunhas, ouviste, confia-o
a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros.
«7 Considera
o que digo, porque o Senhor te dará entendimento em tudo.
«11 Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também com ele viveremos; 12 se sofrermos (se perseverarmos, se
ficarmos firmes), também com ele
reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará (no tribunal de Cristo); 13 se formos infiéis, ele
permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo.
«14 Traze estas coisas à
memória, ordenando-lhes diante do Senhor que não tenham contendas de palavras, que para nada aproveitam e
são para perversão dos ouvintes.
«15 Procura
apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneja
bem a palavra da verdade. 16 Mas evita os falatórios profanos,
porque produzirão maior impiedade.
«10 Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de
viver, intenção, fé, longanimidade, caridade, paciência, 11 perseguições e aflições tais quais
me aconteceram em Antioquia, em Icónio e em Listra; quantas perseguições sofri,
e o Senhor de todas me livrou. 12 E também todos os que piamente querem
viver em Cristo Jesus padecerão perseguições. 13 Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior,
enganando e sendo enganados. 14 Tu,
porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de
quem o tens aprendido. 15 E que, desde a tua
meninice (principio do ministério), sabes as
sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em
Cristo Jesus. 16 Toda Escritura
divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir,
para instruir em justiça, 17 para que o
homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra.
«1 Conjuro-te,
pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há-de julgar os vivos
e os mortos, na sua vinda e no seu Reino, 2 que pregues a palavra, instes a tempo e fora de
tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina»
(II a Timóteo).
E a Tito:
«13 Portanto, repreende-os severamente, para que sejam sãos na fé» (capítulo
1).
«1 Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina»
(capítulo 2).
Esta a
referir-se a questões práticas. Por isso, seria como que dizer: “fala da vida
que convém aos que professam a sã doutrina…”.
«11 Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os
homens, 12 ensinando-nos
que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste
presente século sóbria, justa e piamente, 13 aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do
grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo, 14 o qual se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda iniquidade e
purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras. 15 Fala disto, e exorta, e repreende com toda
a autoridade. Ninguém te despreze» (capítulo 2)
1 Admoesta-os…» (capítulo 3).
«8 Fiel é a palavra, e isto quero
que deveras afirmes, para que os que creem em Deus procurem aplicar-se
às boas obras; estas coisas são boas e proveitosas aos homens… 14 E os nossos aprendam também a aplicar-se
às boas obras, nas coisas necessárias, para que não sejam infrutuosos» (capítulo
3).
Em Tito a
exortação era para que ele fosse mais incisivo, mais severo e mais rigoroso,
porque aqueles crentes de Creta tinham hábitos pagãos muito enraizados e dos
quais se deveriam libertar. Um ensino apresentado simplesmente não produzia os
efeitos necessários; era preciso mais severidade e incutir-lhes mais
responsabilidade. Ora, aqui, não vemos mais uma manifestação supra humana dos
dons espirituais, mas o apelo à consciência, à maturidade e à responsabilidade
de se obedecer à Palavra de Deus e a viver segundo esse modelo, sob pena de
sermos negados pelo Senhor, perdermos o galardão e sermos privados de
participar em pleno no reino da glória.
Conclusão:
O único instrumento divino que Deus nos deixou, ou a única manifestação indubitavelmente divina e espiritual que temos de Deus é a própria Palavra escrita de Deus, especialmente a revelação do mistério que nos foi desvendada através do apóstolo Paulo e que é exclusiva para a Igreja "Corpo de Cristo". Tudo aquilo que disserem acerca de Deus, da sua obra, dos crentes, do Espírito de Deus, para além das escrituras paulinas não passa de especulação humana e delírios emocionais e carnais. São as "fábulas" e as "questões acerca da lei", que Paulo fala! E, se queremos estar em sintonia com o Espírito de Deus e dentro da sua vontade, teremos de nos despir de todo o tipo de religião ou mentalidade religiosa e dar lugar a esta Palavra de Deus, estudando e meditando honestamente e sinceramente.
O único instrumento divino que Deus nos deixou, ou a única manifestação indubitavelmente divina e espiritual que temos de Deus é a própria Palavra escrita de Deus, especialmente a revelação do mistério que nos foi desvendada através do apóstolo Paulo e que é exclusiva para a Igreja "Corpo de Cristo". Tudo aquilo que disserem acerca de Deus, da sua obra, dos crentes, do Espírito de Deus, para além das escrituras paulinas não passa de especulação humana e delírios emocionais e carnais. São as "fábulas" e as "questões acerca da lei", que Paulo fala! E, se queremos estar em sintonia com o Espírito de Deus e dentro da sua vontade, teremos de nos despir de todo o tipo de religião ou mentalidade religiosa e dar lugar a esta Palavra de Deus, estudando e meditando honestamente e sinceramente.
Este assunto,
necessariamente, irá mexer com o conceito tradicional de reunião de crentes,
dos cultos cristãos, ou de cerimónias religiosas. Este é um tema que versa
sobre uma área em que, como muitos outros, a cristandade não respeita os
princípios sagrados de Deus para o tempo presente e para os membros da sua
Igreja "Corpo de Cristo", mas segue e está baseado na tradição
religiosa do judaísmo, primeiramente, e depois com alguma ou muita influência
do paganismo e dos instintos da carne. Este é um tema que está relacionado com
muitos outros que têm a ver com o culto e a forma de culto que hoje deve ser
prestado a Deus, no tempo presentemente, e que deveria ser considerado à luz da
revelação do mistério de Cristo e não seguindo as tradições herdadas dos nossos
antepassados religiosos. Mas isso consideraremos em tempo e em instrumento
próprio.
Face ao exposto, não deixo
de concluir que, aqueles que dizem que têm um determinado dom, só porque está
na Escritura, e que usam essa presunção para obtenção de certos proveitos
próprios, estão, sim, a roubar o protagonismo que deve ser reconhecido e dado à
Palavra de Deus e a roubar a glória que deve ser tributada somente a Deus, para
prejuízo do ministério do Espírito e mau testemunho para com os de fora!
Agora, a ação de Deus é
exclusiva do Espírito de Deus, ou seja, da sua Palavra, da palavra que ele
inspirou que se escrevesse para a Igreja “Corpo de Cristo”, e não de quaisquer
dons que alguém se arrogue ter. A nós, resta-nos receber esta palavra,
guardá-la de forma imaculada e irrepreensível (II a Timóteo 2:21-23) e passa-la
a homens igualmente fiéis (Idem, 2:2).
«Faz isso e
serás um bom ministro de Jesus Cristo!» (I a Timóteo
4:6).
E, acabamos como começamos:
mais um assunto que retrata o estado de confusão e de corrupção em que se
encontra a cristandade, que anda atrás de tudo e anda em função de tudo menos
do Espírito, da mente e da Palavra de Deus!
«Considera o que dito que o
Senhor te dará entendimento em tudo!» (II Timóteo
2:7)
Vpp
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