“Alguns, efetivamente, proclamam a Cristo por inveja e porfia; outros, porém, o fazem de boa vontade; estes, por amor, sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho.” (Filipenses 1: 17).
Entre
outras funções, o apostolado de Paulo destinava-se a “Defender o Evangelho”,
garantindo que Ele fosse transmitido e divulgado integralmente da sua pureza
(v. 7):
“E
isso por causa dos falsos irmãos que se tinham entremetido e secretamente
entraram a espiar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus, para nos porem
em servidão; aos quais, nem ainda por uma hora, cedemos com sujeição, para que a verdade do evangelho
permanecesse entre vós.” (Gálatas 2: 5-6).
Paulo,
por mandamento e vontade de Deus, foi constituído apóstolo, aquém foi
confiada a Palavra da graça de Deus (I Coríntios 1:1; II Coríntios 1: 1;
Efésios 1:1; Colossenses 1: 1; II Timóteo 1: 1).
“Mas,
no tempo certo, manifestou a sua palavra pela pregação que me foi confiada segundo o mandamento
de Deus, nosso Salvador.” (Tito 1: 3).
Também
foi constituído “ministro”, “pregador” e “doutor ou
ensinador dos gentios”:
“…pela
graça que por Deus me foi dada, que eu seja ministro de Jesus Cristo entre os gentios, ministrando o
evangelho de Deus, para que seja agradável a oferta dos gentios, santificada
pelo Espírito Santo.” (Romanos 15: 16)
“Para
isto fui designado pregador e apóstolo (afirmo a verdade, não minto), mestre
dos gentios na fé e na verdade.” (I Timóteo 2: 7).
(Deus)
“que nos salvou e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras,
mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus,
antes dos tempos dos séculos, e que é manifesta, agora, pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo,
o qual aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a incorrupção, pelo evangelho, para o que fui
constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios.” (II Timóteo
1: 9-11)
“Paulo,
prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios, se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus,
que para convosco me foi dada; como me foi este mistério manifestado por
revelação como acima, em pouco, vos escrevi, pelo que, quando ledes, podeis
perceber a minha compreensão do mistério de Cristo.” (Efésios 3: 1-4;
ver, tb: Romanos11: 13).
E,
por aqui vemos que, a Paulo, como apóstolo e represente do “Corpo de Cristo” na
terra, por ordem direta do próprio Deus, era o “mordomo” ou “despenseiro”
da casa espiritual de Deus, a Igreja “Corpo de Cristo”, a quem lhe foi confiado
toda a instrução do “Evangelho da Graça de Deus”, à semelhança de Moisés
que fora o “mordomo” da casa terrena de Deus, que recebera as instruções de
Deus para Israel (Hebreus 3: 1-6).
Então,
neste contexto, Paulo foi chamado para ser “defensor do evangelho”, para
garantia de que ele fosse comunicado com toda a pureza e fidelidade.
E,
aqui, surge a grande questão:
Será
que fomos chamados a substituir Paulo na “defesa do Evangelho”? Será que
somos chamados a combater pela verdade? Isso implicaria debates e conflitos à
volta da Palavra de Deus! E, será que o Senhor nos deu essa autoridade? Será que
o Senhor nos conferiu essa responsabilidade? Com que meios? Com que
capacidades?
Bem,
olhando para algumas afirmações de muitos “crentes”, especificamente de
“Anciãos” instituídos (não designados pela Palavra), doutores, ensinadores, comentadores
ou mesmo professores de seminários bíblicos, vejo que não se enxergam,
verdadeiramente; não sabem o que são humanamente e as limitações que têm
espiritualmente, enquanto estamos neste corpo de pecado. Se tivéssemos a mínima
noção do que somos na carne, humilharmo-nos-íamos diante de Deus e estaríamos
muito mais calados com as afirmações pessoais.
Não!
Nós, crentes, simples membros da Igreja “Corpo de Cristo”, não temos a mesma
vocação que os apóstolos, profetas e os demais dons da Igreja, que eram os
fundamentos do “edifício” espiritual. Esses é que foram colocados no “Corpo”
para (1) revelar e (2) defender a verdade do Evangelho da graça (Gálatas 2: 5,
14). Esses servos de Deus, foram capacitados pelo próprio Deus com dons ou
capacidades especiais e outros atributos para desempenhar essas funções. Paulo,
p.ex., tinha uma chamada diretamente de Deus, desde o ventre de sua mãe, para
este ministério (Gálatas 1: 14…). Paulo, a Tito (1: 1-4) diz que foi por
mandamento de Deus… por ordem expressa e direta de Deus… no grego significa “edito
imperial”, para desempenhar essas funções. Ele fala de uma graça especial
(I Coríntios 15: 9-11). E fala do “poder” que acompanhava esse ministério
(Romanos 15: 19; II Coríntios 6: 7; 12: 11-12; I Tessalonicenses 1: 5). Eles tinham
os dons de Apóstolo, profeta, doutores, de discernir os espíritos, variedade de
línguas e interpretação das línguas (I Coríntios 12), de modo que não havia
erros de compreensão e de interpretação!
Aquele
período, era a fase da “colocação dos fundamentos” da Igreja “Corpo de
Cristo” (I Coríntios 3: 9-17; Efésios 2: 20-22; 3: 5; 4: 11-13), e da “revelação”
deste novo plano e programa para o mundo – a “Dispensação da Graça de Deus”,
e/ou “Dispensação do Segredo de Deus” (Efésios 3: 2 e 9) e, por isso, o Senhor
deu instrumentos especiais para divulgar esta revelação de Deus, que não estava
ainda consignado em escritura física (I Coríntios 2: 9-14; II Coríntios 12: 4;
Efésios 2: 20; 3: 5; 4: 11-13; II Pedro 3: 15-16). Tendo sido concluída e
passada a escrito, só depois do apóstolo chegar a Roma (Romanos 15: 29 com
Colossenses 1: 25; II Timóteo 4: 17).
Depois
que a revelação ficou completa e passada a escrito físico (porque já havia a
Escritura espiritual, na mente de Deus – Gálatas 3: 8; II Timóteo 1: 9) os dons
especiais, ou dons sinais, ou capacidades sobrenaturais, foram retiradas do
“Corpo” e a Palavra de Deus deixou de ser passada oralmente pelos dons para ser
passada pela Revelação escrita, os escritos do apóstolo do “Corpo de Cristo”,
Paulo. E, Pedro, confirma isso (II Pedro 3: 15-16).
E,
disse: “O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo
ciência, passará;
porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito,
então, o que é em parte será aniquilado.” (I Coríntios 13: 8-10).
“O
perfeito”, no grego é neutro, que deve ser lido como “aquilo que é perfeito”,
o estado de maduro espiritualmente, que contrasta com o estado de menino. O “que
é em parte” é uma referência aos “dons”, porque “em parte conhecemos e
em parte profetizamos” ou manifestam-se pelos dons” (v. 9).
Agora,
Deus não fala por inspiração oral, por manifestação de quaisquer dons, MAS pela
sua Palavra escrita e concluída:
“Toda Escritura divinamente
inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para
instruir em justiça, para
que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa
obra.” (II Timóteo 3: 16-17).
Fico
estupefacto com a presunção e blasfêmias que “soam” na cristandade, onde os
líderes dizem-se detentores de uma autoridade que Deus nunca lhes conferiu nem
têm credenciais ou alguma coisa que o confirme, senão, somente, a sua própria
palavra, em oposição à Palavra e Revelação de Deus. Nós, membros comuns do
“Corpo de Cristo” assiste-nos simplesmente, conhecer, estudar, meditar e
esperar que o Senhor “abra a nossa mente” (Efésios 1: 15-17), e o nosso
“espírito” (Romanos 8: 14-14), para entendermos o que nos deixou revelado
(II Timóteo 2: 7). Agora, se queremos saber a vontade de Deus é lendo o
que o Senhor nos tem deixado escrito por Paulo (Efésios 3: 1-4; II Pedro 3:
15-16). E, o único caminho é a graça de Deus e total humildade e
disponibilidade nossa mental e espiritual para aprender das Escrituras de Deus.
E,
porque não temos qualquer autoridade conferida por Deus, nem credenciais
sobrenaturais que o confirmam, não nos devemos envolver em discussões da
Palavra de Deus, mas estudar e aprender com todos os membros do “Corpo de
Cristo”, como diz em Efésios:
“Mas,
seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo,
de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de
cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.”
(4: 15-16)
“Fiel
é esta palavra, e quero que, no tocante a estas coisas, faças afirmação,
confiadamente, para que os que têm crido em Deus sejam solícitos na prática de
boas obras. Estas coisas são excelentes e proveitosas aos homens. Evita discussões insensatas,
genealogias, contendas e debates sobre a lei; porque não têm utilidade e são
fúteis. Evita o homem faccioso (divisionista), depois de admoestá-lo
primeira e segunda vez, pois sabes que tal pessoa está pervertida, e vive
pecando, e por si mesma está condenada.” (Tito 3: 8-11).
Nós
não somos chamados a defender o Evangelho, porque não temos dons, capacidade
nem autoridade conferida por Deus para o fazer; mas devemos, isso sim, conhecer
o evangelho e vivê-lo no nosso dia a dia:
“Somente deveis portar-vos
dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja,
quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito,
combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho.” (Filipenses 1: 27).
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