quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O Perdão de Pecados

O Perdão de Pecados
Na Dispensação da Graça de Deus

 «Em quem [Cristo] temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da Sua graça» (Efésios 1:7).

Um homem de negócios recentemente aceitou Jesus Cristo como Senhor e Salvador e alegrava-se no conhecimento de seus pecados se encontrarem perdoados.
Ultimamente, porém, ele tem consciência do pecado estar a rastejar de volta para sua vida. Medos de um Deus irado o assombram e torturam a sua frágil consciência,
levando-o a questionar-se se Deus ainda o aceita.
Uma dona de casa tem um marido que é alcoólico. De manhã cedo, ele voltou para casa bêbado, com uma grande amolgadela no carro da família. Ele desculpou-se, mas ela sabe que, se ela o perdoa, ele voltará a fazê-lo novamente.
Uma velha mulher de 83 anos, senta-se sozinha numa casa grande e vazia. Anos atrás, a sua família magoou-a profundamente. Houve uma altura em que ela queria perdoar, mas eles nunca reconheceram que o erro tinha acontecido. “Como poderiam eles ter feito tal coisa?”, pergunta ela. Agora ela espera a morte e libertação da amargura e desilusão que se prende a ela.
Os exemplos acima referidos são mais que meramente hipotéticos. Há incontáveis casos semelhantes que são vividos todos os dias em casas e igrejas por todo o mundo. Têm os Cristãos a resposta para tais situações? Isso depende a que “Cristãos” perguntamos. Uma das doutrinas mais incompreendidas na Palavra de Deus é a questão dos pecados perdoados. Estou convencido de que duas das coisas mais difíceis de ensinar a um Cristão são:
1.   Os seus pecados foram completa e eternamente perdoados; e,
2.   Este perdão deve agora estender-se a outros.
Porquê existem tantas opiniões diferentes sobre um assunto tão fundamental para a vida Cristã? Tal como acontece em relação a outros temas na Bíblia, a falha em “dividir correctamente a Palavra da verdade” tem conduzido crentes sinceros em Cristo a posições contraditórias sobre o perdão. Eles dizem, “Graças a Deus por Ele ter-me perdoado todos os pecados, mas…”, e então eles apresentam a lista de condições na qual eles acreditam que devem cumprir, para Deus os aceitar.

Perdão Sob a Graça
Paulo, o apóstolo dos gentios e o revelador dos mistérios de Deus para a Igreja que é o Seu Corpo, apresenta uma única condição: CRER NO SEU EVANGELHO. De acordo com a passagem acima referida de Efésios 1:7, o perdão de pecados está intimamente ligado com a nossa redenção, que por sua vez, está assente no sangue sacrificial de Cristo e as riquezas da Sua graça. Além disso, notemos que o perdão (assim como as nossas bênçãos espirituais) foi algo alcançado no passado na vida do crente em Cristo. Nós temos  (no presente) a redenção… o perdão dos pecados.
Para aqueles que necessitam de confirmação destas maravilhosas notícias, considerem, em oração, estes exemplos adicionais das epístolas de Paulo:
«Antes sede, uns para com os outros, benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como, também, Deus vos perdoou em Cristo» (Efésios 4:32);
«Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados» (Colossenses 1:14)
«E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou, juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas» (Colossenses 2:13)
«Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça. Assim, também, David declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça, sem as obras, dizendo: Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos; Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado» (Romanos 4:5-8)
«Seja-vos, pois, notório, varões irmãos, que por este se anuncia a remissão dos pecados. E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudeste ser justificados, por ele é justificado todo aquele que crê» (Actos 13:38,39)
Os versos acima enunciados apresentam o ensino sobre o perdão para a presente dispensação da Graça de Deus (Efésios 3:1-9). O crente instruído na Graça sabe que o homem, por natureza, está morto em delitos e pecados, e como tal não merece um lugar no céu com Deus (Efésios 2:1,8,9). O amor de Deus providenciou perdão ao homem perdido através do sangue de Seu Filho. A responsabilidade que o Deus Soberano tem colocado sobre o homem, como resposta ao Seu amor, é a Fé em Jesus Cristo. “Cristo morreu pelos nossos pecados… e que ressuscitou ao terceiro dia…” é o evangelho que Paulo recebeu do Senhor Jesus glorificado e pregava onde quer que fosse (I Coríntios 15:1-4). O Espírito Santo de Deus pega então no pecador salvo e baptiza-o de forma sobrenatural em Cristo, estabelecendo uma união eterna (I Coríntios 12:13). Isto tem sido testificado pela prova de que nada nos pode separar do amor de Cristo porque o Espírito Santo nos selou até ao dia da redenção (arrebatamento) (Romanos 8:31-39; Efésios 1:13-14, 4:30).
O conhecimento destes factos pelas escrituras dá ao crente uma grande paz e uma alegria inexplicável. Mas como é o caso com muitos assuntos bíblicos, aqueles que querem homogeneizar a Palavra de Deus vão aos ensinos sobre perdão dado a Israel, para a dispensação passada, e arbitrariamente transplantam-nos para a presente dispensação da Graça. Os resultados são medo, dúvida e falta de ousadia nas nossas orações.

Perdão Sob a Lei
Na verdade pode ser benéfico estudarmos como era concedido o perdão sob a Lei de Moisés, de forma a compreendermos as diferenças.
«E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra» (II Crónicas 7:14).
Eis um versículo citado frequentemente e utilizado por pregadores sinceros que desejam ver o nosso país restaurado no aspecto moral e espiritual. Na verdade, existem aqui sábios conselhos para os crentes de todas as épocas. Espírito de humildade, oração, buscando a face de Deus e abandonando o pecado deve produzir um tremendo reavivamento na Igreja de hoje. Mas olhemos profundamente para o versículo. «E se o meu povo, que se chama pelo meu nome…» refere-se a Israel, sob a Lei, e não à Igreja, sob a Graça. A terra que é curada não é Portugal, mas antes é a Palestina. Agora reparemos na natureza condicional deste perdão. «E se o meu povo… se… então… perdoarei os seus pecados…». Este síndrome do “se – então”, tão característico do pacto da Lei, leva-nos a retroceder a Êxodo 19:5:
«Agora, pois, se, diligentemente, ouvirdes a minha voz, e guardardes o meu concerto, então sereis a minha propriedade peculiar de entre todos os povos: porque toda a terra é minha.»
Este sistema de bênção condicional é referido repetidamente ao longo dos livros do Velho Testamento, de Êxodo a Malaquias. Se Israel obedecesse aos mandamentos de Deus (a lei), Deus os abençoaria. Se eles desobedecessem, Deus os amaldiçoaria (Deuteronómio 28:1-68). Esta não é a forma como Deus lida com os crentes actualmente. Nós já fomos abençoados com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo (Efésios 1:3,7). Isto inclui o perdão dos pecados.
Em relação à passagem de II Crónicas 7:14, nós devemos reconhecer a diferença entre interpretação e aplicação. Uma vez que toda a Escritura é inspirada por Deus e proveitosa, há verdades neste versículo que nos falam actualmente, mas nós só o podemos aplicar à luz da revelação do mistério que nos foi dado através do Apóstolo Paulo (Romanos 16:25; Colossenses 1:25-27). O versículo refere-se a bênçãos condicionais, que pertencem por interpretação a Israel, sob a lei.
Enquanto alguns têm vindo ao conhecimento da diferença entre o sistema Mosaico e o Paulino em relação às bênçãos (incluindo o perdão), poucos têm visto que o perdão condicional é transportado para os evangelhos e epístolas do Novo Testamento não escritas por Paulo. Considere o seguinte:
«E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; Se porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas» (Mateus 6:12,14,15)
«E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia. Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se de coração não perdoares, cada um, a seu irmão, as suas ofensas» (Mateus 18:34,35)
«E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas; Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará as vossas ofensas». (Marcos 11:25,26)
«Não condeneis, e não sereis condenados» (Lucas 6:37).
«Olhai para vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o, e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. E se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me, perdoa-lhe» (Lucas 17:3,4)
Observemos cuidadosamente que o perdão, nos exemplos em cima, é oferecido pelo Pai celestial só quando o perdão é primeiramente oferecido aos outros. Da mesma forma, o outro (ofensor) é perdoado só se ele se arrepender. A ordem é: (1) Ofensa cometida, (2) Confrontação e repreensão, (3) Arrependimento do infractor, (4) Perdão oferecido pela vítima e (5) Perdão de Deus oferecido. Este ensino mostra o perdão em relação à fase milenial do reino de Deus na terra, segundo a profecia (Lucas 1:70; Actos 3:21; Apocalipse 5:10).
Em contraste, os escritos de Paulo revelam que o crente em Cristo actualmente trabalha a partir da posição de perdão perpétuo a partir da qual ele é livre para perdoar outros.
«…Perdoando-vos uns aos outros, como, também, Deus vos perdoou em Cristo» (Efésios 4:32);
«…Perdoando-vos uns aos outros,… assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós, também» (Colossenses 3:13).
Este ensino mostra o perdão em relação à parte celestial do reino de Deus de acordo com o Mistério (Romanos 16:25; I Coríntios 2:7; Efésios 1:4; II Timóteo 4:18). Como Scofield tão bem afirmou: “Perdão sob a lei é condicionado a um espírito semelhante em nós (nós perdoarmos primeiro). Sob a graça, somos perdoados por amor de Cristo e exortados a perdoar porque fomos perdoados primeiramente.”
Que diferença entre a lei e a graça, entre perdão condicional e incondicional! Ambos os sistemas são consistentes com o carácter de Deus e trabalham de acordo com o Seu plano para as dispensações. Como na verdade nos devemos alegrar em sermos membros salvos do Corpo de Cristo durante a presente dispensação da graça de Deus! Isto mostra que, embora o próprio Deus nunca mude, o Seu trato, para com o homem, muda com o curso da história e profecia.
Alguns podem permanecer na crença de que os ensinos de Jesus sobre o perdão, enquanto na terra, representam a doutrina que mais tarde foi escrita para nós, como membros da igreja actual. Eles afirmam ainda que nós devemos tornar o nosso perdão condicional. Eles fazem-no por causa de pretextos tradicionais e do medo de que a graça será corrompida.
Em primeiro lugar, nós concordamos que “Porque tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito…” (Romanos 15:4). Toda a Escritura é igualmente inspirada por Deus, mas é proveitosa somente quando é bem dividida (II Timóteo 2:15; 3:16). Em segundo lugar, entendemos que o ministério terreno de Jesus foi somente para os Judeus, de acordo com a profecia (Mateus 10:5-6; 15:21-28; Marcos 7:24-30; Romanos 15:8). Em terceiro lugar, a vida e os ensinos do nosso Senhor não anularam o concerto da lei dada através de Moisés no monte Sinai (Mateus 5:17-18; 8:1-4; 23:1- -3; Lucas 2:21-24; Gálatas 4:4). Jesus viveu e trabalhou como um Judeu, sob a lei foi circuncidado ao oitavo dia, observou os dias de festa dos Judeus, disse ao leproso curado para se mostrar ao sacerdote e apresentar a oferta (sacrifício de animal) que Moisés mandara, e ordenou os Seus discípulos a observar e praticar tudo o que aqueles que estavam assentados na cadeira de Moisés ordenavam (ou seja, os escribas e fariseus que tinham essa autoridade e eram adeptos rigorosos de ensinar e seguir a lei à letra).
Enquanto os ensinos de Jesus a respeito do Reino levaram a lei a um ponto mais íntimo, para incluir os motivos (emocionais) do coração (Mateus 5:22,28,32,34), e enquanto alguns ajustes foram feitos de modo a introduzirem a chegada do Reino (Mateus 5:44; 13:52), o Seu ensino foi uma confirmação das coisas que haviam sido antes profetizadas. (Romanos 15:8). Quaisquer novas revelações dadas por Jesus neste tempo foram apenas detalhes adicionais confirmando o reino milenial que havia sido profetizado e que se encontra descrito no velho testamento.
Finalmente, temos que reconhecer que o apóstolo Paulo é o “teólogo” para a presente dispensação da Graça de Deus. Apenas nos seus escritos podemos encontrar a doutrina, a posição, o andar e o destino para a Igreja, Corpo de Cristo. O nosso Senhor Jesus Cristo conduziu um ministério celestial através do apóstolo Paulo, que foi o seu porta-voz (I Coríntios 14:37, II Coríntios 13:3; Gálatas 1:11; 2:2,9; Efésios 3:1-9). Nós somos hoje beneficiários do seu ministério, através das suas epístolas. Que nunca percamos de vista onde nos encontramos no programa de Deus. Isto é crucial para o nosso estudo do perdão, como se tem vindo a mostrar.
Estar devidamente ajustado ao ensino da Graça é absolutamente essencial para uma vida alegre e vitoriosa na fé. Como podemos amar e louvar a Deus por algo que nós não temos certeza se Ele nos deu? Da mesma forma, como podemos ter alegria e paz quando tememos que Deus nos retire as bênçãos? Não deixemos que ensinos não-bíblicos ou não–dispensacionais nos separem do gozo do perdão dos pecados e da comunhão com Aquele “no qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele” (Efésios 3:12).

O Perdão nos Nossos Relacionamentos Pessoais
É muito provável que vacilemos nesta área se não estivermos firmemente apoiados no evangelho da graça. Nós somos instruídos a lidarmos com o nosso próximo da mesma maneira que Deus lidou connosco.
Uma vez que Deus nos perdoou de todas as ofensas (passadas, presentes e futuras) será razoável não perdoarmos aqueles que nos tem ofendido? “Mas eu fui extremamente magoado”, é aquilo que o leitor poderá estar a pensar.
Será que nunca ferimos o coração do Pai Celestial com o nosso espírito imperdoável? Nós nunca conseguiremos perdoar mais do que Deus nos perdoou. Deus sabia de antemão a forma como nós iríamos pecar contra Ele, no entanto ele perdoou todo o nosso pecado assim que cremos na sua obra redentora e a aceitamos como único meio pelo qual podemos ser salvos.
Para alguém que possa estar a debater-se com um espírito de inflexibilidade ficam aqui estas sugestões:
(1)  Tenha a certeza que compreende e crê no evangelho da Graça (Romanos 3:19-28). Sem a presença do Espírito Santo na sua vida e sem o amor que Deus derrama em nossos corações, não estaremos capacitados para perdoar da forma que é aceitável para Deus (Romanos 5:5).
(2)  Reconheça que a incapacidade de perdoar é um pecado originário da carne (do velho homem) (I Tessalonicenses 5:15; Romanos 12:17-21).
(3)  Não ceda aos desejos da carne (velho homem) mas combata-os (Romanos 13:8-14).
(4)  Considere os pecados dos quais foi perdoado e o que eles deverão ter significado para o nosso Senhor Jesus aquando da sua morte por nós. Um certo homem orava sempre desta maneira: “Senhor, nunca me deixes esquecer o que fui antes de me ter tornado um Cristão”. Como semente decaída de Adão, o nosso pecado contra o Deus santo é infinitamente maior do que qualquer pecado que possamos cometer uns contra os outros.
(5)  Considere o que a sua desobediência está a fazer à sua alma interior. Algumas pessoas pensam que ficam perfeitamente justificadas guardando para si os maus sentimentos, enquanto são apoiadas nestes maus sentimentos por outras pessoas. Tal atitude provoca maior dano na alma da pessoa ofendida do que propriamente no transgressor. 
(6)  Perdoe a pessoa como um acto de espontaneidade! Isto é o amor cristão em acção. Não espere até que se “sinta” capaz de perdoar.
(7)  Ore pelo bem-estar espiritual do ofensor (transgressor). Eu sempre ouvi um pregador dizer: “É extremamente difícil permanecer implacável contra alguém por quem você ora constantemente”. Que excelente conselho! Deus promete a “paz que excede todo o entendimento” quando apresentamos todas as nossas petições a Ele. (Filipenses 4:6-7). Com isto temos a alegria extra de sabermos que estamos a agradar e a trazer honra ao nome de Deus.
(8)  Esteja preparado para o reaparecimento da raiz da amargura. Muitos cristãos têm relatado o reaparecimento de sentimentos destrutivos, especialmente se o transgressor permanecer intransigente ou as ofensas continuarem a acontecer. De novo os desejos do velho homem a aparecer! Neste caso, repita os passos anteriores.
(9)  Utilize a situação para permitir que Deus o use conforme a imagem do Seu Filho (Romanos 8:28,29). Pecadores sem vergonha têm vindo a causar dor e sofrimento à família de Deus. Que oportunidade fantástica para retiramos o nosso Cristianismo do “armário” e deixar que este brilhe diante os homens.
Até agora ainda nada foi dito acerca da mudança de atitude do ofensor (transgressor). Se a pessoa ainda se encontrar perdida devemos procurar, de forma sábia, compartilhar as verdades do evangelho da salvação com ela. Se já for salva devemos, de forma amável, aplicar os ensinamentos que estejam coerentes com as instruções do apóstolo Paulo acerca do irmão errante. (Gálatas 6:1; II Timóteo 2:24-26; I Coríntios 5; II Coríntios 2; Hebreus 12:14-15). «O que encobre as suas transgressões, nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia» (Provérbios 28:13). Esta é uma verdade que transcende as dispensações e que é válida em todo o tempo. Se estamos a permitir que o Senhor Jesus o ame através de nós, certamente estaremos interessados na mudança do seu comportamento.
Apesar de estar fora do âmbito do presente artigo, o tema acerca da confissão de pecados tem sido muito discutido, em grande parte por causa da má aplicação do versículo que se encontra em I João 1:9. Paulo não fala de confissão nas sua epístolas, apesar de Lucas nos dar uma um relato inspirado em relação ao seu ministério (Actos 19:18 – aqui é um reconhecimento das pessoas acerca da sua maldade pessoal). Muitos dos mandamentos de Paulo não podem ser obedecidos sem um auto julgamento por parte da pessoa que falhou. Mas isso não pode incluir a necessidade de confissão do pecado; pelo contrário: mudar o seu curso de vida (II Coríntios 7:1; II Timóteo 2:21; I Coríntios 5:2, 11:32).
Quando um crente peca, devemos concordar com a Palavra de Deus que isso é errado e abandonar esse comportamento ou atitude colocando de parte o velho homem e dando lugar ao novo homem. (Efésios 4:22-24; Colossenses 3:7-10). Em suma, reconhecemos os nossos pecados não para recebermos perdão mas para que possamos estar devidamente ajustados na graça e assim podermos glorificar Aquele que nos perdoou de todas as transgressões. 
Após tudo isto, temos que estar conscientes que nem todas as pessoas irão mudar. Mas nós podemos, se procurarmos viver para aquele que morreu por nós e ressuscitou de entre os mortos. Perdoar não é fácil, mas é uma boa oportunidade para que o Espírito Santo nos molde à semelhança do “Corpo de Cristo – o Novo Homam”. Lembremo-nos que Deus nos ordena que perdoemos, mas ao mesmo tempo nos dá a capacidade para tal fazermos. O nosso Deus nunca nos pedirá algo que nós não consigamos fazer. Se Deus pôde ressuscitar o Senhor Jesus Cristo da morte e dar de novo vida à sua alma morta, não poderá Ele também dar-nos a vitória nesta área? “Fiel é o que vos chama, o qual também o fará” (I Tessalonicenses 5:24)
por Ken Lawson


Notas e Conclusão do Editor: 
Então, como crentes. Membros do “Corpo de Cristo”, que devemos fazer?
Se pecarmos contra Deus, Paulo diz, simplesmente: Deixai… despi-vos do velho homem e revesti-vos do Novo… (Colossenses 3; Efésios 4-5).
Alguns que não entendem a simplicidade da actuação da graça de Deus, e ainda influenciados pelo “espírito do Reino”, perguntam: “Mas, o Senhor não perdoa só quando confessamos?” Sim, no programa do Reino era assim; no programa da graça não é assim. Os nossos pecados foram perdoados quando cremos no Evangelho da graça de Deus: pecados passados, presente e todos aqueles que, eventualmente, viéssemos a cometer no futuro. Por isso, quando se diz que precisamos de “confessar os nossos pecados” para o Senhor nos perdoar eu pergunto? Quais, se não conhecemos a maior parte dos nossos pecados? O perdão de Deus é um efeito da obra que o Senhor faz em nós quando cremos n’Ele como nosso salvador.
Além disso, confessar os pecados e pedir o perdão por eles no nosso dia-a-dia subentende que a salvação do Senhor não é concludente, plena, perene e incondicional, ou seja, pela graça. O perdão seria condicional, pela confissão dos respectivos pecados. Ora, isso vai contra tudo o que é a essência da graça de Deus.
Nós somos salvos por crer no Senhor, e não por confessar os nossos pecados. O perdão é, por isso, uma consequência de crer no Senhor como Salvador. Romanos 10:9-10 fala em confessar o Senhor como Senhor e salvador no nosso íntimo e dirigido a ele, e não confessar ou professar o Senhor aos outros (isso seria obras), e muito menos os nossos pecados.

Relativamente ao perdão mútuo, entre os membros do “Corpo de Cristo”, também não temos qualquer exemplo de confissão de pecados. Essa ideia vem, igualmente, do programa do Reino e é Tiago que o afirma na sua epístola (capítulo 5).

Se o crente peca e decide se manter nesse pecado, deve ser disciplinado. Se reconhece que está mal e se arrepende, e retoma a vida espiritual, deve ser aceite em comunhão. Toda a igreja em geral e cada membro em particular é obrigado a perdoar e recebê-lo em comunhão (Romanos 14; I Coríntios 11-B; II Coríntios 2 e 7; Gálatas 6:1-2) sob pena de poderem ser disciplinados pelo Senhor, como aconteceu com a doença e morte de alguns crentes. O pecado que temos ali – e única discussão do Apóstolo Paulo, era alguns crentes mais ricos não aceitarem à comunhão alguns outros crentes mais pobres. Quebrar a comunhão era negar e recusar os efeitos da obra do Senhor Jesus Cristo que fez a unidade do Corpo, que, conforme Efésios 2:11-21 – dos dois povos fez um Corpo. Recusar a comunhão dos membros do Corpo à comunhão seria condicionar a obra/morte do Senhor Jesus Cristo pelo Corpo e, à semelhança de Judas, trair o Senhor: daí a referência: “na noite em que foi traído”. E, a traição estava a ser paga com doença e morte.

No entanto, aqueles que se mantem com uma postura carnal e escandalosa, devemos evitá-los… “nem seque comais… ou tenhais comunhão” (I Coríntios 5-6).
No entanto, devemos perceber que uma é a postura do crente para os membros do Corpo e outra, diferente, a postura com o descrente. Com o descrente temos o exemplo de Paulo que nos é lícito defender os nossos direito. Não reclamá-los, com um espírito de einvindicação e ataque, mas numa atitude de humildade e defesa dos nossos direitos humanos e sociais (Actos 16:35-40).
Relativamente à compreensão destas matérias devemos atentar não só para o que o Apóstolo Paulo escreveu, mas, também, para o exemplo que ele nos deixou como um exemplo do que a graça de Deus pode e deve fazer num indivíduo, membro do “Corpo de Cristo” (Filipenses 4:9).
Tudo isto pode parecer ofensivo à racionalidade humana e vai contra tudo aquilo que parece justo, mas não passa de uma sensação humana e carnal. Toda a atitude de Deus baseada na sua graça é contra natura, que o homem natural não entende e o crente carnal tem dificuldades em aceitar (I Coríntios 1-2). É loucura para os sábios deste mundo e escândalo para os religiosos deste século.
Vítor Pereira do Paço

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