«E, sendo
Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o
Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos
céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo» (Mateus
3:16-17).
Há vários aspetos
neste relato de Mateus que são verdadeiramente impressionantes.
Primeiramente, começa por chamar a nossa atenção as palavras
do Pai acerca do Senhor Jesus Cristo: «Este é o meu Filho amado, em quem
me comprazo»! O meu Filho, onde está todo o meu
prazer! Não deixa de ser admirável as palavras serem pronunciadas
em relação ao Senhor Jesus Cristo, não a meio do
seu ministério, nem no fim do seu ministério, mas depois de cerca trinta
anos de vida como carpinteiro, como um homem de ofícios, vivida
no anonimato! Diga-se, anonimato porque o Espírito de Deus
não foi servido de relatar qualquer facto da vida particular do Senhor Jesus,
senão, tão-somente, que «todos os anos, ia com seus pais a
Jerusalém, à Festa da Páscoa» (Lucas 2:40, 41), que vivia em
nazaré, que era sujeito aos seus pais na carne, que «crescia em sabedoria, em
estatura, e em graça para com Deus e os homens» (Lucas
2:51-52).
Não ignoremos, ainda, que estas
palavras do Pai foram dirigidas ao Senhor Jesus Cristo no momento em que o
Senhor estava sendo batizado por João, o Baptista. O contexto diz:
«E, naqueles
dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judeia e dizendo:
Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus…
«Então, ia
ter com ele Jerusalém, e toda a Judeia, e toda a província adjacente ao Jordão;
e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados…
«Então, veio
Jesus da Galileia ter com João junto do Jordão, para ser batizado por ele. Mas
João opunha-se-lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim?
Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém
cumprir toda a justiça. Então, ele o permitiu. E, sendo Jesus batizado, saiu
logo da água…» (Mateus 3:1-17).
Lucas escreve:
«E aconteceu
que, como todo o povo se batizava, sendo batizado também Jesus, orando ele, o
céu se abriu…» (Lucas 3:21).
Assim, percebemos que João Baptista,
homem enviado de Deus (João 1:6) a preparar o caminho para a
manifestação do Messias (João 1:31-34),
pregava o batismo do arrependimento, a quem iam ter todos de Jerusalém, da Judeia
e arredores, confessando os seus pecados.
Estranho é que, sendo
esta mensagem dirigida a pecadores, o próprio Senhor Jesus Cristo tenha ido
a João Batista para ser batizado! E, questionamos: que pecados tinha o Senhor Jesus
que se arrepender e confessar? Ao que o Senhor responde:
«Deixa por
agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o
permitiu».
Convém que seja batizado para
cumprimento da justiça! Notem: o Senhor não diz que era
necessário, como disse a Nicodemos (João 3:5, conforme, 3-7). Mas, disse:
“convém”, no sentido de “ser próprio”, “adequado” para o
Senhor dar testemunho, já que foi feito “semelhante
aos homens” (Romanos 8:3), mas «sem pecado» (II Coríntios 5:21).
Neste sentido, o Senhor estava a identificar-se com o pecado do ser humano, com
antes, com o Seu nascimento, se tinha identificado com a natureza humana,
diga-se, com o ser humano (Filipenses 2:4-11). Era necessário que o
Senhor se identificasse com o seu “parente próximo” (Deuteronómio 25; Rute
3:9-12, conforme Levítico 25:26) para o remir. Desta
forma o Senhor dava os seus passos no “cumprimento de toda a justiça” de Deus,
desde o seu nascimento até à sua
ressurreição, ou seja, cumprir o que a justiça de Deus
reclamava do pecador: o pagamento da dívida. Neste caso, que seria paga não pelo
pecador mas pelo seu parente próximo, o Senhor Jesus Cristo, o único que
tinha condições e capacidade para fazer a liquidação e pagamento
da dívida do ser humano.
Depois de todo este cenário, todo ele
exuberante e divinal, em que tudo parecia cumprir-se facilmente e sem
contratempos, somos confrontados com outro relato que nos deixa, agora, no mínimo,
intrigados, conforme a exposição das palavras que seguem:
«Então, foi
conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo» (Mateus 4:1).
Depois de um ambiente todo ele divino e
celestial, o Senhor é conduzido a um cenário
totalmente oposto, como seja, um deserto, um período de fome e
sede, e com o diabo a rondá-lo com várias tentações!
Notem a descrição que é feita: “O Espírito de Deus descendo sobre Ele…” e, agora, “conduzido pelo mesmo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo
diabo”!
Lembro, também, que o
termo "tentar" significa
mais do que simplesmente ser atraídos para fazer o mal. O termo
carrega a ideia de um teste, de uma tentativa de vacilar a dignidade da pessoa. Assim, as “tentações” que o nosso
Senhor foi sujeito eram muito mais do que simplesmente fazê-lo cometer
um ato imoral. Pelo contrário, elas
visavam testar a sua dignidade e fidelidade à vocação para a qual
fora chamado, e posição que Ele iria reivindicar e
ocupar, como Messias, no quadro da Profecia e para o seu cumprimento.
«Tentação… diabo…» Esta referência leva-nos
até ao jardim do Éden, quando o ser humano foi pela primeira vez tentado pelo diabo. E,
podemos fazer esta comparação porque o Senhor foi provado e
experimentado exatamente nos mesmos pontos em que Adão e Eva
tinham sido e falhado. Tinha chegado
o momento em que o "último Adão" iria
ser provado se manteria a sua fidelidade às palavras do Pai e se passaria
com distinção, exatamente naquilo que o seu primeiro
“Adão” não conseguiu.
Cristo tinha vindo para ser batizado por
João, identificando-se, assim, com os fiéis, o pequeno rebanho do
remanescente de Israel. O Pai, por
sua vez, declarou que Ele é o seu "Filho amado". O
Espírito manifesta-se e veio sobre Ele, numa atitude de testemunho, mas, também, de unção e capacitação espiritual
para o ministério que iria iniciar. O próprio João Batista
testemunha:
«Porque
aquele que Deus enviou fala
as palavras de Deus, pois não lhe dá Deus o Espírito por medida» (João 3:34).
O Espírito era para falar as palavras de
Deus, dentro do Plano que Deus tinha para o “Ungido”, no âmbito da
Profecia:
«O Espírito
do Senhor JEOVÁ está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos mansos;
enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos
cativos e a abertura de prisão aos presos» (Isaías 61:1;
«E repousará
sobre ele o Espírito do SENHOR, e o Espírito de sabedoria e de inteligência, e o Espírito de
conselho e de fortaleza, e o Espírito de conhecimento e de temor do SENHOR»
(Isaías 11:2).
É o Espírito da Palavra e para a palavra! Ou seja, tinha tudo a ver com o ministério que o
Senhor iria iniciar.
A NATUREZA DA TENTAÇÃO
A epístola aos Hebreus diz:
«Porque,
naquilo que ele mesmo, sendo
tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados» (Hebreus
2:18).
«Porque não
temos um sumo-sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém
um que, como nós, em tudo
foi tentado, mas sem pecado» (Hebreus 4: 15).
A generalidade dos crentes não têm a
verdadeira noção e objetividade destas palavras,
presumindo que o Senhor poderia ser induzido ao mal como todos nós somos, por
causa da raiz do pecado que está em nós! Outros
questionam esta alusão às tentações do Senhor
Jesus Cristo, uma vez que ele não tem as mesmas situações e seduções que
caraterizam a nossa sociedade moderna. Mas, de facto, não é a esse tipo
de situações que são referidas
aqui. Claro que, há muitas situações da nossa atualidade que não são comparáveis ou
equivalentes às situações que o Senhor viveu. Além disso, há caraterísticas específicas nas
tentações que têm a ver com a
facha etária ou com sexo, lugar, entre outras, que não podem ser
aplicadas ao Senhor Jesus Cristo. Por exemplo, as mulheres, pelas suas disposições próprias, ou os
idosos, pelas debilidades que são próprias da
idade não devem ser conotadas com o Senhor, nem pode! Por isso, teremos de concluir
que as referências às tentações do Senhor Jesus Cristo têm um outro
sentido e refere-se a outras questões.
O aspeto mais importante da questão tem a ver
com a natureza da tentação, e não com os meios ou com o processo
que o diabo usa para realizar a tentação. O objetivo de Satanás não visava
conduzir o Senhor a cometer qualquer ato horrendo, imoral ou injusto. E, mesmo
ao tipo de tentações que o Senhor foi sujeito, não haveria mal
algum o Senhor comer de forma miraculosa, no caso transformar pedras em pão, pois o
Senhor fez isso várias vezes durante o seu ministério; nem seria preocupante o
Senhor saltar de uma torre do templo e ser auxiliado pelos anjos, pois o Senhor
foi-o várias vezes ajudado pelos anjos, inclusivamente depois deste período de tentações; nem
haveria mal algum o Senhor tomar a posse de todos os reinos do mundo pela força. Isso tudo
será realizado pelo Senhor de forma miraculosa na Sua vinda em poder e glória. A questão importante
e o cerne das tentações do diabo tem exclusivamente com
a Palavra de Deus, e testar o conhecimento correto e puro que o Senhor tinha da
Palavra de Deus e da sua aplicação.
Há coisas que estão muito além de nosso
alcance atual de lidar em profundidade e detalhe com cada tentação. No entanto, há vários pontos
reveladores que devem ser notados. Primeiro,
cada tentação feita ao Senhor Jesus Cristo tem uma
ligação direta com algo que vai acontecer na
sua segunda vinda. Por exemplo, O Senhor irá transformar
as pedras em pão, no deserto, de acordo com o texto de Apocalipse 12:6,14; O Senhor
descerá do céu de acordo com Apocalipse 19:11 e virá ao templo em Jerusalém, de acordo
com Malaquias 3:1; e, o Senhor tomará a posse de
todos os reinos do mundo pela força e governará sobre eles,
de acordo com Apocalipse 11:15.
As tentações que o
Senhor Jesus enfrentou foram muito mais profundas do que supostamente levá-lo ao engano
ou seduzi-lo a cometer um erro. As tentações visavam
atingir o centro da vontade de Deus para Ele, no âmbito do programa
e do propósito profético de Deus em que o Senhor é o Messias: Sumo-Rei,
Sumo-Sacerdote e Sumo-Profeta. E, foi porque
o Senhor tinha uma compreensão completa do programa e do propósito profético de Deus
e do Seu lugar nele que pôde enfrentar de forma destemida o
tentador e suportar gloriosamente a tentação.
Em cada tentação o Senhor
Jesus foi tentado a fazer (ou não fazer) alguma coisa relacionada
com as Escrituras que lhe eram dirigidas, diretamente, isto é, a fazer
algo que as Escrituras diziam que se cumpririam nele. Assim, aparentemente, a
tentação não vinha induzir o Senhor a fazer
algo errado; aparentemente, parece que as tentações vinham “ajudar” o Senhor a
cumprir as Escrituras. No entanto, a gravidade da situação não estava no
ato em si, ou na possibilidade do Senhor fazer ou não fazer; o
problema da tentação estava em levar o Senhor a fazer o certo mas no momento errado ou na
forma errada. Quão importante, então, é reconhecer
que uma das táticas favoritas de Satanás é ser bíblico, mas não dispensacional. Por isso,
cada estudante sincero das Escrituras deve tomar nota: não é suficiente
para nós sermos bíblicos; devemos, também, e fundamentalmente, ser
dispensacionalistas. Se não formos
capazes de "manejar bem a Palavra da
Verdade", em breve, nos encontramos no "laço do diabo".
Também, devemos notar que, em resposta
a cada tentação, o Senhor Jesus citou o mesmo livro da
Bíblia. Na verdade, duas vezes Ele cita o texto
sagrado a partir do mesmo capítulo que o diabo utilizou! A razão para isso não é difícil de
descobrir.
O livro de Deuteronómio que o
Senhor Jesus cita é o livro que antecipa a posse da Terra prometida e bênção na sua
possessão, por Israel. João Batista tinha sido um fiel
arauto do reino dos céus, anunciando que o Reino estava
próximo. Também, o nosso Senhor Jesus começou o Seu próprio ministério público com o
mesmo discurso, demonstrando a lealdade e a obediência à Palavra de
Deus, no sentido de confirmar a proximidade do estabelecimento do Reino dos Céus. Assim,
nesta familiaridade e citação do livro de Deuteronómio só vinha
confirmar a lealdade do Senhor à Palavra de Deus, relativamente ao
cumprimento dos desígnios de Deus para Israel,
conforme o programa profético.
Se analisarmos as grandes tentações de Satanás aos homens
de Deus na história verificamos que sempre assim aconteceu. Por exemplo: a queda de Adão: não havia
qualquer mal Adão e Eva comer de todo o fruto das árvores do jardim. Um dia, teriam o
privilégio de comer do fruto da Árvore da Vida e do fruto da Árvore do
Conhecimento, como acontecerá no Reino Messiânico
(Apocalipse 22). A questão fundamental era a forma como
trataram a Palavra de Deus e lhe obedeciam. Aí é que Adão e Eva
falharam!
Se observarmos para outros homens de
Deus que caíram em tentação, na história humana,
verificamos que o cerne da tentação se repete, designadamente Noé, Abraão, Moisés, David,
Elias, a nação de Israel, entre outros, teve sempre a
ver com a Palavra de Deus que lhes fora dirigida e que lhes dizia diretamente
respeito, ou seja, com a vocação de Deus para eles, e por isso,
cada caso era um caso concreto e pessoal. Mas, falharam, porque não ficaram
firmes na Palavra que lhes fora dirigida por Deus.
A FORMA E PROCESSO DA TENTAÇÃO
João lança alguma luz
sobre a forma e o processo da tentação, quando refere a substância da influência do
mundo:
«Não ameis o
mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está
nele. Porque tudo o que há no mundo, (1) a concupiscência da carne, (2)
a concupiscência dos olhos e (3) a
soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo» (I João 2:15-16).
Ou seja: parece que há três vertentes
operacionais do mundo sobre os indivíduos, e que têm uma genesi carnal: concupiscência da
carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Este
é o modus operandi do Diabo, usando a
carne, ou as tendências do ser humano dominado pelo pecado e que vai imperando no mundo.
Por isso, se observarmos a tentação do diabo a
Adão e a Eva, ou a Israel no deserto, ou ao Senhor Jesus Cristo no deserto, a
forma de tentação repete-se. Em relação a Adão e Eva,
vemos o seguinte:
«E, vendo a
mulher que (1) aquela árvore era boa para se comer, e (2) agradável aos olhos, e (3) árvore
desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a
seu marido, e ele comeu com ela» (Génesis 3:6).
Assim, e relacionando os textos,
vemos:
“A concupiscência da carne” – “a árvore era boa
para se comer”;
“A concupiscência dos olhos” – “a mulher viu
que a árvore... era agradável aos olhos”; e,
“A soberba da
vida" – “uma árvore desejável para dar
entendimento”.
Os tristes resultados daquela tentação são sobejamente
a conhecer:
«Tomou do seu
fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela».
Este modo tríplice como a
tentação se apresenta é universal e
por isso revela o fracasso do homem para enfrentar a prova. O diabo sempre usa
a carne e o mundo para fazer a sua obra, pois sabe que estas duas realidades são mais
poderosas que o ser humano e, diante delas ele sempre cede.
Como Cristo veio, primeiramente, para restaurar
a raça humana à sua condição original, ou seja, «da idade na
inocência», e que perdemos com a queda de Adão, o Senhor teria de ser tentado,
especialmente, na forma e na área em que Adão foi.
«Assim está
também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último
Adão, em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o animal;
depois, o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o
Senhor, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrenos; e, qual o
celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do
terreno, assim traremos também a imagem do celestial» (I Coríntios
15:45-50).
«A morte
reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da
transgressão de Adão, o
qual é figura daquele que havia de vir. Mas não é assim o dom gratuito
como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um, morreram muitos, muito mais a
graça de Deus e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou
sobre muitos» (Romanos 5:14-16).
Sendo Adão uma figura
daquele que haveria de vir, era necessário que o Senhor fosse provado nos
mesmos pontos e áreas que Adão foi. Pelo que, observando a tentação do Senhor, verificamos o
seguinte:
1. Ele foi
tentado na concupiscência da carne: "Faz estas
pedras pão";
2. Depois foi
tentado pela concupiscência dos olhos: "Lança-te daqui
abaixo…" do templo, como desce do céu numa exibição de
esplendor angelical;
3. Por último, foi
tentado na área da soberba da vida: "Te darei os reinos deste mundo…"
Assim, o Senhor Jesus Cristo foi
realmente tentado em todos os pontos que Adão foi, mas "sem pecado”!
O SEGREDO DA
VITÓRIA
Muitos têm apontado
que o segredo da vitória do Senhor Jesus Cristo sobre
Satanás esteve na sua total dependência da Palavra escrita de Deus. Cada vez que
Satanás atacava, o Senhor respondia ao seu ataque com "está escrito". A sua
destreza no uso eficaz da "Espada do Espírito"
dissuadia os intentos do Diabo e o repulsava completamente derrotado.
No entanto, verificamos que não era o uso
indiscriminado e descontextualizado da Palavra de Deus. O nosso Senhor não faz o que,
muitos de nós, fazemos: simplesmente citamos o primeiro versículo que vem à nossa mente. Pelo contrário, as citações das
Escrituras pelo Senhor obedeceu a um critério muito rigoroso e adequado,
seja para dar resposta à tentação, como seja
em relação ao conteúdo do texto bíblico que
envolvia a tentação, que, no seu caso concreto, tinha a
ver com o propósito da Sua vocação como Messias. Ou seja, a sua
seleção na escolha dos textos sagrados era
exatamente de acordo com a sua posição no programa de Deus então em vigor.
Há coisas que estão muito além de nosso
alcance atual de lidar em profundidade e detalhes com cada tentação. No entanto, há vários pontos
reveladores que devem ser notados. Como já vimos, na
experiência do Senhor Jesus Cristo, cada tentação que lhe foi feita tinha uma relação direta com
a vocação do Senhor Jesus Cristo como Messias. Por isso, as
tentações visavam atingir o centro da vontade
de Deus para Ele, no âmbito do programa profético. E, só porque o
Senhor tinha uma compreensão correta e completa do programa e
do propósito profético de Deus e do Seu lugar nele que pode enfrentar corajosamente o
tentador e sair vitorioso.
Em cada tentação o diabo
pretendia que o Senhor Jesus falhasse na sua vocação,
precipitando ou pondo e causa a Escritura que falava d’Ele. Tal
Palavra falava d’Ele como falava para Ele, pelo que, o Senhor tinha a obrigação de a
conhecer em perfeição para não ser
enganado pelo diabo ou outros dos seus enviados, designadamente fariseus,
saduceus e outros “eus” da época. Se o Senhor não conhecesse a Palavra de Deus
acerca de si mesmo, o seu tempo e a sua aplicação, facilmente
poderia ser enganado a fazer algo que, estaria na própria Palavra
de Deus, mas no modo e no tempo errado: ou seja, a aplicar a Sua muitos textos
da Palavra de Deus mas que não lhe dizia diretamente respeito!
Por isso, e já referimos, como é importante, conhecer a Palavra de
Deus em termos de forma e de tempo, ou seja, dispensacionalmente. E, para reforçar esta
preocupação, chamamos a atenção do leitor
para observar como o diabo é muito conhecedor das Escrituras,
ao ponto de as citar com muito rigor. E, aqui surge a questão: somos
conhecedores das Escrituras como o Senhor Jesus Cristo ou como o diabo? O
Senhor conhecia as Escrituras e sabia aplica-las corretamente, porque conhecia
as Escrituras “dispensacionalmente”; o diabo conhecia as Escrituras
mas sem qualquer critério, pelo que, não sabia fazer
a sua aplicação correta. E, com isto, repetimo-nos: não é suficiente
sermos bíblicos; devemos, também, e fundamentalmente, ser
dispensacionalistas. Se não formos
capazes de "manejar bem a Palavra da
Verdade", em breve, nos prenderemos no "laço do diabo" (II a
Timóteo 3:15, 2:26)
A referência que é feito ao
livro de Deuteronómio também é importante, já que aquele livro aponta para a posse da Terra prometida e para bênção na sua
possessão, por Israel. E, se Adão era uma
figura do Senhor Jesus Cristo, Israel também poderá ser conotado
com isso, na tentação do diabo são citados
textos que se referiam a Israel. Ou seja, primeiramente a Israel. Mas, como
Israel falhou na sua vocação, tal como Adão, o Senhor
Jesus Cristo, no Seu ministério, assume o papel de Adão – O Filho do
Homem, como Ele próprio se intitula, e como o Filho de Deus, como Israel foi chamado por Deus.
Por essa mesma razão as
respostas do Senhor ao diabo basearam-se nos mesmos textos que tinham sido
proferidos para Israel. E, assim, o Senhor assume-se como o substituto do
homem, quanto à restauração da raça humana, e
como substituto de Israel, quanto à restauração do governo
humano.
Vejamos, a título de
exemplo, as semelhanças existentes entre a vocação de Israel e
a vocação do Senhor Jesus Cristo:
(1) Israel é chamado de «Filho de Deus» (Êxodo
4:22-23);
(2) Foi chamado
do Egipto (Oseias 11:1);
(3) Foi provado
no deserto (Hebreus 3:8);
(4) As tentações assentavam
nas mesmas três vertentes:
a. A “concupiscência da carne” (I Coríntios
10:7-8);
b. A “concupiscência dos
olhos” (Idem, v. 9); e
c. A “soberba da
vida” (Idem, v. 10).
Mas, quanto a Israel, foi dito:
«Mas Deus não
se agradou da maior parte deles, pelo que foram prostrados no deserto» I Coríntios
10:5);
«Não
endureçais o vosso coração, como na provocação, no dia da tentação no deserto…
«Enquanto se
diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como na
provocação. Porque, havendo-a alguns ouvido, o provocaram; mas não todos os que
saíram do Egito por meio de Moisés. Mas com quem se indignou por quarenta anos?
Não foi, porventura, com os que pecaram, cujos corpos caíram no deserto? E a
quem jurou que não entrariam no seu repouso, senão aos que foram desobedientes?
E vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade» (Hebreus 3:8,
15-19).
Ou seja, estavam desviados dos propósitos que
Deus tinha para eles como “Povo de Deus”… perderam a
visão da terra prometida… quiseram voltar ao Egipto… queriam um
rei como as outras nações… em suma:
falharam na vocação de Deus para eles.
Em relação ao Senhor
Jesus Cristo, o facto de ter citado os textos de Deuteronómio vinham
demonstrar a fidelidade do Senhor à Palavra do programa profético quanto
ao seu devido cumprimento, substituindo-se a Adão e a Israel
nas posições que ocupavam, e nas quais falharam
quando foram testados.
O Senhor, por seu lado, demonstrou,
tanto pelo seu direito pessoal, como pela sua lealdade à Palavra de
Deus, como devemos agir para com a tentação quando formos tentados. As suas citações de
Deuteronómio servem para enfatizar tudo isso de uma forma convincente.
Consideremos, por exemplo, a sua
primeira resposta.
O Senhor cita Deuteronómio 8:3, mas
o seu contexto anterior não deve ser esquecido:
«Todos os
mandamentos que hoje vos ordeno guardareis para os fazer, para que vivais, e
vos multipliqueis, e entreis, e possuais a terra que o SENHOR jurou a vossos
pais.
«E te
lembrarás de todo o caminho pelo qual o SENHOR, teu Deus, te guiou no deserto
estes quarenta anos, para te humilhar, para te tentar, para saber o que
estava no teu coração, se guardarias os seus mandamentos ou não.
«E te
humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não
conheceste, nem teus pais o conheceram, para te dar a entender que o homem não
viverá só de pão, mas que de tudo o que sai da boca do SENHOR viverá o homem»
(Deuteronómio 8:1-3).
Assim como Cristo foi provado e
comprovado com "o que estava em (seu) coração",
vemo-lo agindo de pleno acordo com as exigências de Deus, quanto à fidelidade à Sua Palavra
e que, tanto Adão como Israel falharam na tentação do "deserto".
O mesmo vale para as tentações que se
seguiram. Em ambas as restantes tentações o Senhor
se refere a Deuteronómio 6, um capítulo que
incide sobre o comportamento de Israel em um momento descrito como "quando
o Senhor teu Deus te introduzir na terra que jurou a teus pais" (6:10). Deuteronómio 6 mostra
claramente que a posse da terra de Israel dependia de sua lealdade a Deus e
obediência a Ele.
Com a aproximação do tempo
para o cumprimento dessas promessas o uso que o Senhor faz dessa importante
passagem, em face de ataques de Satanás, mostra claramente a sua
compreensão do que Ele representava no programa de Deus e demonstra o valor da
Palavra bem manejada. O Senhor
Jesus Cristo simplesmente tomou a sua posição no programa de Deus e se recusa
a ser afastado dessa posição, ou a precipitar ou antecipar o
seu cumprimento. Foi aí que residiu a sua vitória.
A CHAVE PARA
NÓS
É Paulo, em I Tessalonicenses 3:5, que designa Satanás como
"o tentador", e certamente a experiência de cada
crente atesta o trabalho continuado do programa de confusão e tentação de Satanás. A concupiscência da
carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida na prossecução da desgraça no melhor
entre nós.
Como é maravilhoso saber que temos um
Salvador que sabe e entende essas fraquezas que rodeiam a nossa vida, e na sua
experiência podemos obter a ajuda necessária para sairmos, igualmente,
vitoriosos em situações análogas.
O Senhor Jesus Cristo demonstrou na Sua
tentação ser fiel. Mas, só poderia
demonstrar que era fiel se conhecesse perfeitamente e corretamente a Palavra de
Deus. Doutra sorte, as respostas do Senhor a Satanás deixá-lo-ia a rir!
Pior que isso, esse reação fraca representaria ficar sob o
domínio do adversário. Mas, que diz a Escritura? Que o
Senhor foi "tentado em todos os pontos como nós somos, mas
sem pecado", ou seja, sem falhar ou ceder à tentação de não obedecer à palavra de
Deus; e, o segredo da Sua vitória é o mesmo para
nós: submissão total à Palavra de Deus para nós. Lembremo-nos
que não foram simples citações da Palavra de Deus, mas foram
respostas com citações da Escritura corretamente dividida, e
cujo conteúdo reflete o que a Escritura representava para ele. Pudéssemos ter a
mesma expressão!
Os membros da Igreja "Corpo de
Cristo" teem uma forma própria de responder à tentação. E, a forma como devemos responder à tentação é bem
retratada no exemplo que nos foi deixado pelo Apóstolo Paulo.
Não deixa de ser sintomático verificarmos que a Escritura apresenta o Senhor
Jesus Cristo e o Apóstolo Paulo como os grandes
vitoriosos sobre Satanás. Atenção, não estamos a falar de
impecabilidade. Impecável só temos o Senhor Jesus Cristo como o único que morreu feito pecado, mas “sem pecado”, que é Deus bendito, eternamente.
E longe de nós qualquer pretensão exaltar Paulo, mas a excelência da graça de Deus que, no "principal dos pecadores", o "líder dos pecadores" que combatia o Senhor, a dita graça de Deus salvou e fez dele o apóstolo dos gentios, o comissionou com a mensagem da Igreja celestial, e fez dele um modelo da graça de Deus para nós. E, se a graça de Deus fez o que fez no principal dos pecadores, é suficientemente capaz de fazer mais em nós! Assim, e pelo contexto e pelo assunto que temos em consideração
estamos a falar de sermos vitoriosos sobre Satanás no cumprimento do programa de Deus para nós enquanto estamos neste mundo. E, nesta perspetiva
verificamos que, enquanto os anteriores homens de Deus falharam, pois confiavam
em si, andavam pelas obras, o Senhor Jesus Cristo e o Apóstolo Paulo são os únicos dois exemplos de vitória: o Senhor Jesus Cristo foi vitorioso por mérito próprio,
pelo que é Deus bentito eternamente; o
Apóstolo Paulo como exemplo da
graça de Deus: o que a graça de Deus e a graça do
Senhor Jesus Cristo pode fazer em nós e
por nós. E, se a graça de Deus fez o que fez em Paulo e por Paulo, é exemplo de que poderá fazer o mesmo em nós e por nós, ou
seja: estarmos firmes na Palavra de Deus que é espiritual (não em
ritos e em símbolos) e vivermos por ela!
Sobre isso ele diz:
Primeiramente, que foi chamado para Apóstolo de
Jesus Cristo glorificado, como cabeça da Igreja, e que lhe confiou a
palavra da pregação de Deus acerca da Igreja “corpo de
Cristo” por mandamento de Deus: no grego: por “Edito Imperial Divino”.
«Paulo, servo
de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus e o
conhecimento da verdade, que é segundo a piedade, em esperança da vida eterna,
a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos,
mas, a seu tempo, manifestou a sua palavra pela
pregação que me foi confiada segundo o mandamento de Deus, nosso Salvador…» (Tito
1:1-3);
Aos Colossenses Paulo diz que padecia no
seu corpo as aflições pela Igreja “Corpo de
Cristo”, um verdadeiro combate por lhe ter sido confiada ou comissionada esta
palavra gloriosa e eterna:
«Regozijo-me,
agora, no que padeço por vós e na minha carne cumpro o resto das
aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja; da qual eu estou feito ministro segundo a
dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a palavra de
Deus: o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as
gerações e que, agora, foi manifesto aos seus santos; aos quais Deus quis fazer
conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é
Cristo em vós, esperança da glória; a quem anunciamos, admoestando a todo homem
e ensinando a todo homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo homem
perfeito em Jesus Cristo; e para isto também trabalho, combatendo segundo a sua
eficácia, que opera em mim poderosamente» (Colossenses 1:24-27);
Diz ele: ele foi chamado com esta comissão para “cumprir a
Palavra de Deus”, ou seja, completar a revelação da palavra de Deus! Será que Paulo
completou a Palavra de Deus, ou concluiu o ministério para o
que foi chamado e comissionado por Deus?
E, aos coríntios reforça mais a
ideia das provas e tentações que teve por causa da
responsabilidade que tinha:
«E sei que o
tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi
arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, de que ao homem não é lícito
falar. De um assim me gloriarei eu, mas de mim mesmo não me gloriarei,
senão nas minhas fraquezas. Porque, se quiser gloriar-me, não serei néscio,
porque direi a verdade; mas deixo isso, para que ninguém cuide de mim mais do
que em mim vê ou de mim ouve. E, para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me
dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás, para me
esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao
Senhor, para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta,
porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me
gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas
fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por
amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então, sou forte» (II aos
Coríntios 12:3-10);
Paulo teve um ministério muito
doloroso e cheio de provas. Estava no fim da sua vida, todos as igrejas e
grande parte dos colaboradores o tinham abandonado e o diabo ainda não lhe tinha “largado a
perna”, intensificando as dores dolorosas do espinho que lhe fora da do pelo
mensageiro de Satanás. Diz ele:
«Ninguém me
assistiu na minha primeira defesa; antes, todos me desampararam. Que
isto lhes não seja imputado. Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que, por mim, fosse
cumprida a pregação e todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da boca do
leão. E o Senhor me livrará de toda má obra e guardar-me-á para o
seu Reino celestial; a quem seja glória para todo o sempre. Amém!» (II a Timóteo
4:16-18);
Notem estas palavras com aroma de vitória: «para que, por mim, fosse cumprida, ou
completada a pregação (que lhe fora confiada) e todos os gentios a ouvisse». Por isso,
pode dizer aos Colossenses: «que chegou
até vós e está em todo o mundo» (1:6), «o qual foi pregado a toda a criatura» (1:23).
E, no meio destas provas todas, no fim
da sua vida, pode entoar o cântico de vitória:
«Mas tu sê
sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu
ministério. Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo
da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a
coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele
Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda»
(Idem, 4:5-8).
E, esta vitória não consistia
somente em anunciar a Palavra da Verdade, mas acabar a vida neste mundo e
endossar a mesma Palavra com a pureza e inviolável como a
tinha recebido pelo Senhor. Paulo recebeu a Palavra da Verdade e a preservou
pura até ao fim da sua vida, pois disse: «guardei a fé». Esta é que foi a
grande vitória. Temos vários exemplos dessa demonstração. Ele diz aos Gálatas:
«E isso por
causa dos falsos irmãos que se tinham entremetido e secretamente entraram a
espiar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão;
aos quais, nem ainda por uma hora, cedemos com sujeição, para que a verdade do
evangelho permanecesse entre vós» (Gálatas 2:4-5).
Nem por uma hora cedi para manter pura a
verdade do Evangelho que recebera do Senhor!
Não deixa de ser sugestivo e instrutivo a estreita relação do ministério do Senhor Jesus Cristo e o ministério da Igreja “Corpo de Cristo. Analisemos:
Não deixa de ser sugestivo e instrutivo a estreita relação do ministério do Senhor Jesus Cristo e o ministério da Igreja “Corpo de Cristo. Analisemos:
CRISTO
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O CORPO
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Cristo começou o Seu ministério
terrestre com um conflito direto com Satanás na sua tentação (Mateus 4:1-11 e
Lucas 4:1-15), sem intervenção humana.
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O Corpo começou com uma intervenção
satânica diretamente sobre Paulo (II Coríntios 12:1-10). Paulo ora três vezes
para ser liberado dessa servidão satânica; A resposta foi: "Minha
graça te basta!” A minha graça é suficiente para ti.
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- Notemos: é um ataque direto de
Satanás: não há qualquer oposição física, nem qualquer envolvimento humano
(pessoas)!
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Notemos, ainda, que não há intervenção angélica, nem
conforto. Paulo é diretamente confortado através do Espírito Santo, o
Espírito da graça. Compare isso com os dois conjuntos das três tentações de
Cristo, após o que são enviados anjos do Pai para o conforto de Cristo (Mateus
4:11; Lucas 22:43). Da mesma forma, no Getsêmani Cristo orou três vezes para que
o Cálix fosse removido: ali, o Senhor teve de enfrentar o adversário sozinho!
Todos o tinham abandonado! Mas, teve os anjos enviados por Deus para o
confortar. No programa do Reino, os anjos foram enviados para confortar o
Senhor; no programa da Graça o conforto é feito diretamente pelo Senhor, ou
seja, pela Sua palavra. Mas, o início do combate foi um confronto direto com
o inimigo!
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Depois, durante o ministério, o “combate” do Senhor
na defesa da verdade, contra as hostes espirituais consistia na oposição aos
governantes humanos (fariseus, saduceus e Israel falso). Estes faziam parte
do "anti-Israel" nos dias do Senhor.
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O ministério de Paulo consistia
em defender o Evangelho do Corpo de réprobos judeus e gentios. Eram homens e
mulheres de "carne e sangue" (o anti-corpo). Este ministério foi
principalmente defendendo e articulando o Evangelho do Corpo de Cristo. Ele
não tomou nenhuma ação física contra estas pessoas físicas, mas defensiva
usando as Escrituras (Atos 28:31).
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- Nenhum ataque direto das forças demoníacas, mas através
de criaturas físicas. Os demónios estão por trás dos obreiros humanos.
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Assim, o ministério de Cristo
preparou-o para o triunfo final sobre Satanás, e assim foi capaz de clamar
desde a cruz do Calvário: "está consumado". O preço da redenção
estava completa, e Ele foi, então, com sucesso e com boa vontade crucificado (Hebreus
12:2). Da mesma maneira, no “Corpo”, a experiência terrena é análoga e
similar, sendo a mesma uma preparação para o combate final (Romanos
16:20).
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Cristo “levou
cativo o cativeiro” (Efésios 4:8; Colossenses 2:15); o “príncipe
deste mundo” foi preso no abismo até à grande tribulação (Apocalipse 9, 13,
17:8…).
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O Corpo pisará / humilhará a Satanás
(Romanos 16:20);
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Cristo morreu em fraqueza
física, para se manifestar n’Ele a maior dimensão do poder de Deus (II
Coríntios 13:3; Filipenses 2:4-11);
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Paulo morre em fraqueza e
abandonado, mas venceu cumprindo a pregação que lhe fora confiada e a coroa
da justiça lhe estava reservada (II Timóteo
4:6-18);
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Este
combate final foi diretamente com o “príncipe deste mundo” (João 12:31;
14:30; 16:11); não houve qualquer envolvimento humano e foi combatido
pessoalmente pelo Senhor; nem houve qualquer intervenção angelical.
|
Este combate final também será contra
o “príncipe das potestades do ar” (Efésios 2:2-3; 6:12); E não haverá
qualquer envolvimento humano: será combatido pessoalmente pelo Corpo, com o
Senhor como Cabeça; nem haverá qualquer intervenção angelical: mas venceremos
pelo poder de Deus (Filipenses 3:20-21; Efésios 1:18-23; 3:15-21).
- No fim,
“a coroa da justiça nos está entregue… na Sua vinda” (II Timóteo 4:8), se
mantivermos o Evangelho de Paulo, fielmente (Filipenses 2:16; II Timóteo
2:11-13).
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Pelas considerações nas
escrituras apresentadas verificamos que, em carne, ou seja, enquanto estivermos
neste mundo, se quisermos sair vitoriosos, termos que seguir a referência de
Paulo: pelas escrituras que ele nos deixou e pelo exemplo de vida que
encontramos dele nas suas epístolas. Sublinho «nas suas epístolas» porque o
livro de Atos dos Apóstolos não foi Paulo
que o escreveu nem dá a perspetiva de Paulo segundo a dispensação e ensino da
graça, mas segundo os judeus. O livro dos Atos dos Apóstolos não foi escrito
para a Igreja “Corpo de Cristo”, nem acerca da Igreja “Corpo de
Cristo”, mas tem outro propósito, que não vamos
considerar aqui. O que diz respeito à igreja “Corpo de
Cristo” está contido exclusivamente nos escritos daquele a quem foi confiada esta
revelação: o Apóstolo Paulo.
E, assim, ele diz a Timóteo:
«Mas tu sê
sóbrio em tudo, sofre as aflições (resiste), faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério. Porque eu já
estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida
está próximo» (Idem).
Por outras
palavras: Timóteo: a minha carreira acabou: agora, tens de ser tu a dar
continuidade. E, esta continuidade não é completar a Palavra de Deus, pois ela
está completa, mas a completar O TEU MINISTÉRIO. E, este ministério não era
levar o Evangelho a todo o mundo, como ainda a cristandade tem como primeiro
objetivo fazer (fora dos propósitos de Deus), mas de «GUARDAR O QUE LHE FORA
ENTREGUE PELO APÓSTOLO PAULO». Por isso, diz ele:
«Tu, pois,
meu filho, fortifica-te [fica sempre firme na graça – não
te desvies da graça] na graça que há em
Cristo Jesus. E o que de mim, entre muitas
testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também
ensinarem os outros. Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus
Cristo. Ninguém que milita se embaraça com negócio desta vida, a fim de agradar
àquele que o alistou para a guerra. E, se alguém também milita, não é
coroado se não militar legitimamente» (II a Timóteo 2:1-5);
«Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós» (II Timóteo 1:14).
E, este aspeto é que é importante
para nós, que não somos chamados a completar a comissão especifica de Paulo, mas a cumprir
o nosso ministério que é, essencialmente, «fazer a obra de um evangelista» (II a Timóteo 4:5) [esclareça-se,
que não é pregar o evangelho mas dominar toda a mensagem do Evangelho da Graça
de Deus, a revelação do Mistério] e guardar essa mensagem que nos foi passada
e, por conseguinte, confiada, e passa-la a homens fieis:
Voltando ao assunto e a II a Timóteo 2: Notem a
linguagem militar: sofre… resiste… fica firme na graça… não caias da graça… não
renuncies à palavra que recebeste de mim… «Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós» (II Timóteo 1:14).
«Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror
aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência» (I Timóteo 6:20);
E, por isso é que a Igreja é
chamada de «coluna e firmeza da verdade»
«Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te bem depressa, mas,
se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do
Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade. E, sem dúvida alguma, grande é o
mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne foi justificado em
espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido
acima, na glória» (I a Timóteo 3:14-16).
Esclareça-se, também, que "Igreja" não é
nenhuma igreja local especificamente, nem uma denominação, mas os verdadeiros
membros do «Corpo de Cristo», os que nasceram de novo pela mensagem do "Evangelho da glória de Cristo" glorificado confiado a Paulo para os gentios.
«Em tudo, te
dá por exemplo de boas obras: na doutrina, mostra incorrupção, gravidade,
sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se
envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós» (Tito
2:7-8);
Então, exorta
ele:
«Sede também meus imitadores, irmãos,
e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós, pelos que assim andam.
Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse e agora também digo,
chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O fim deles é a perdição, o deus
deles é o ventre, e a glória deles é para confusão deles mesmos, que só pensam
nas coisas terrenas. Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o
Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para
ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar
também a si todas as coisas» (Filipenses 3:17-21);
De facto, o
que é de extrema importância para nós será seguir este modelo. Muitos modelos vemos
a serem adotados e apontados na cristandade: modelos religiosos, muito
apelativos, mas que apelam à carne, envolvem as coisas da carne, do ventre,
como diz o Apóstolo, que tem a ver com as coisas terrenas, como comer, beber,
formas religiosas, ritos, práticas cerimoniais, disciplina do corpo, devoção
voluntária, pois tem a sua origem na carne e no mundo e o fim é a destruição:
são cinzas no tribunal de Cristo.
«O que também
aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de
paz será convosco» (Idem, 4:9);
«Sede meus
imitadores, como também eu sou de Cristo» (I aos Coríntios 11:1).
Paulo não está a falar de
imitar o Senhor Jesus Cristo segundo a carne, pois ele diz que não conheceu o
Senhor em carne; e, diz mais: quem o conheceu desse modo, não é nessa forma que
o Senhor quer dar-se a conhecer, hoje, mas revelou-se como Sumo Senhor, com um
nome que é sobre todo o nome, como cabeça de todo o principado e
potestade, como cabeça da Igreja, glorificado com corpo
espiritual e glorioso, elevado acima de todos os céus. Por isso,
é assim que deve ser conhecido, ou seja, anunciado e pregado. E, nesse
sentido diz: sede meus imitadores como eu sou de Cristo glorificado, como cabeça da Igreja;
ou seja: Paulo foi o único a quem o Senhor glorificado
apareceu fisicamente. Paulo foi o único que recebeu a revelação da Igreja “Corpo de
Cristo” diretamente do Senhor. Como tal, ele recebeu o modelo da Igreja “Corpo de
Cristo” diretamente do Senhor e no-lo comunicou pelas escrituras que nos deixou.
Imitar a Paulo é seguir o modelo exarado nas epístolas que ele escreveu.
Paulo, assim,
foi constituído por Deus como exemplo de como poderemos ser vitoriosos pela graça de Deus.
E, se atentarmos para a experiência do Apóstolo Paulo,
como membro da Igreja “Corpo de Cristo”, e como
aquele que recebeu a comissão e revelação para a
Igreja “Corpo de Cristo”, verificamos que a forma de atuação do Diabo é a mesma,
sendo, por isso, um modelo de atuação da graça de Deus
para o crente, hoje. E, se quisermos aprender com aquelas experiências,
especialmente no Senhor Jesus Cristo, quanto à forma, e no
Apóstolo Paulo, como “pecador salvo” e
comissionado para o ministério da graça, das quais
saíram vitoriosos sobre as hostes espirituais da maldade, devemos atentar para
elas como um verdadeiro modelo de escape.
Vejamos a experiência dos
Tessalonicenses:
«Portanto,
não podendo eu também esperar mais, mandei-o saber da vossa fé, temendo que o
tentador vos tentasse, e o nosso trabalho viesse a ser inútil.
«Vindo,
porém, agora, Timóteo de vós para nós e trazendo-nos boas novas da vossa fé e
caridade e de como sempre tendes boa lembrança de nós, desejando muito ver-nos,
como nós também a vós,
«Por esta
razão, irmãos, ficamos consolados acerca de vós, em toda a nossa aflição e
necessidade, pela vossa fé,
«Porque,
agora, vivemos, se
estais firmes no Senhor» (I Tessalonicenses 3:5-8)
E Gálatas 6:1
«Irmãos, se
algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois
espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão, olhando por ti mesmo,
para que não sejas também tentado»
É esta a preparação que o Apóstolo quis
fazer nos crentes, os membros da Igreja “Corpo de Cristo”:
«Mas vós,
irmãos, já não estais em trevas, para que aquele Dia vos surpreenda como um
ladrão; porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos
da noite nem das trevas. (Por isso) não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos e sejamos sóbrios.
Porque os que dormem dormem de noite, e os que se embebedam embebedam-se de
noite. Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e da caridade e tendo
por capacete a
esperança da salvação. Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para
a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós,
para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com ele» (I
Tessalonicenses 5:4-10);
«E isto digo,
conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono; porque a nossa
salvação está, agora, mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. A noite é passada, e
o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas e vistamo-nos das armas
da luz. Andemos honestamente, como de dia, não em glutonarias, nem em
bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e
inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais cuidado da carne
em suas concupiscências» (Romanos 13:11-14).
Aos Efésios diz:
«No demais,
irmãos meus, fortalecei-vos
no Senhor e na força do
seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que
possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo; porque não temos que
lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as
potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes
espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
«Portanto, tomai
toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo
feito tudo, ficar firmes.
«Estai, pois,
firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade (a Palavra da Verdade, o Evangelho
da Salvação – Efésios 1:13), e vestida a
couraça da justiça
(a natureza do Novo Homem e seu fruto, como LUZ e da LUZ incessível – 4:24;
5:9), e calçados os pés na preparação do
evangelho da paz
(a mensagem do evangelho do “um corpo” – Efésios 2:14, 15, 17, conforme 4:3
– “ligação da paz”); tomando sobretudo o
escudo da fé
(“uma só fé”, 4:5; e pela “unidade da fé”, 4:13). com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.
Tomai também o capacete da salvação (i.e., esperança da salvação – I Tessalonicenses
5:5, Tito 2:11, Romanos 8:23-24) e a
espada do Espírito, que é a palavra de Deus, orando em todo tempo com toda oração e
súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos
os santos, e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra
com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho, pelo qual sou
embaixador em cadeias; para que possa falar dele livremente, como me convém
falar» (Efésios 6:10-20).
O Apóstolo não está a usar termos abstratos, nem tem um discurso
desconexo. Pelo contrário, ele é objetivo e os termos que usa devem ser entendidos
no contexto da Epistola. Assim, as pelas da armadura do crente não é mais do que um resumo do
que ele veio falando na sua epístola aos Efésios.
E, quando ele começa por dizer que, “o que
nos resta, depois de tudo o que foi dito” é fortalecermo-nos no Senhor, ou seja, estarmos
firmes na posição que o Senhor já ocupa, como garantia do cumprimento da Sua palavra,
e da “promessa eterna” (Tito 1:1-3), é
porque só assim poderemos resistir ao
adversário. O segredo a vitória passa por nos firmarmos e agarrarmo-nos à esperança do
que a palavra de Deus diz que temos em Cristo, conforme está descrito em Efésios
1:3-14, e “à força do Seu poder” que
se manifestou em Cristo e colocando-o à
dextra de Deus como “Cabeça da Igreja” e se
manifestará em nós na ressurreição do
Mistério, conforme descrito em Efésios 1:18-23, conforme I aos Coríntios 15:50-58, I aos Tessalonicenses 4:13-16 e
Filipenses 3:20-21. Ou, seja, o poder que se manifestou em Cristo colocou-o na
posição que Deus planeou desde
antes da fundação do mundo, para cumprimento
do seu eterno propósito, e na qual posição garante que todos os membros da Igreja “Corpo de Cristo”
sejamos abençoados com todas as bênçãos espirituais; E, esse
poder se manifestará em nós. É nesta certeza, nesta
palavra, nesta fé que nos devemos agarrar… firmar…
fortalecer…
Neste mundo temos ciladas… não lutas com as hostes
espirituais da maldade… essa luta será nos lugares celestiais. Mas, enquanto estamos neste
mundo, estamos sujeitos às ciladas do diabo… e, estas ciladas nos preparam para o grande combate na entrada dos lugares
celestiais. A forma como lidamos com a Palavra de Deus acerca da Igreja “Corpo de Cristo” e a
destreza com que o fazemos será a única forma que temos para não sermos derrotados pelo adversário, e nos capacitará para a grande batalha celestial.
Entretanto, hoje, temos de
contar com as ciladas… e dardos inflamados do
maligno…
Os termos ou conceitos que o
Apóstolo Paulo usa para definir
a armadura de Deus não é mais do que disse em toda a epístola, e é nela
que devemos encontrar o seu sentido e significado… como temos reproduzido no texto acima.
Também, devemos ter em consideração que é a
forma como usamos os diversos aspetos da palavra de Deus – representado pela destreza como manuseamos as armas
e aplicamos à armadura ao nosso corpo,
i.e., aplicamos a palavra de Deus à
nossa vida, nos mesmos termos e propósitos
como Paulo a descreve aos Efésios, definirá a nossa capacitação,
como seja:
Lombos
»»» Tronco »»» Verdade ---> a forma como a nossa postura é dominada pela verdade do Evangelho da graça;
Couraça »»» Peito/coração »»» Justiça ---> a forma como o
nosso coração é dominado pelo conceito de justiça da verdade do Mistério;
Calçados os pés »»» Pés »»» Evangelho da paz ---> a mensagem
do evangelho do “um corpo” – Efésios 2:14, 15, 17, conforme 4:3 – “o vínculo” ou a
ligação da paz ou a comunhão do “Corpo
de Cristo”;
Escudo
»»» Defesa/mãos »»» Fé ---> A fé como “corpo
de doutrina”, a verdade do Evangelho que
nos foi revelado por Deus, conforme a “uma só fé” descrita em 4:5; chegar,
entender e andar na “unidade da fé”, 4:13. Ou seja, depende da forma como,
genericamente, usamos esta verdade na nossa vida.
Capacete »»» Cabeça »»» Salvação (i.e., esperança da salvação, conforme I Tessalonicenses 5:5, Tito 2:11,
Romanos 8:23-24) ---> Esta esperança de
que entraremos na posse das nossas bênçãos, conforme Efésios
1:3 e 2:6-7, e não outra esperança!
Espada
do Espírito »»» Boca (A Espada do Espírito é usada pelo Senhor na Sua boca - II Tessalonicenses 2:8; Apocalipse 19:15) »»» Palavra de Deus ---> A arma da mente, do espírito: a Palavra de Deus. Esta pode ser a conclusão, o resumo de todas as peças da armadura de Deus. A armadura de Deus, as armas
de Deus operam no espírito, porque são do Espírito
de Deus e Deus usa-as pelo Seu Espírito,
pela Sua mente, pelo Seu entendimento. A palavra de Deus antes de ser passada a
escrito, ou antes de ser audível, é produzida na mente de Deus… assim acontece connosco!
Em suma: os membros da
Igreja “Corpo de Cristo” se quiserem levar de vencida o diabo e as suas
hostes, e especialmente serem declarados vitoriosos no "Tribunal de Cristo" para que lhes seja reservada a "coroa da Justiça", têm de conhecer e dominar
destramente a Palavra de Deus que lhe diz diretamente respeito e estão exaradas, exclusivamente, nas epístolas de Paulo aos gentios. Não basta sermos bíblicos.
O diabo é bíblico e muito mais destro que qualquer ser humano.
E, a verdade é que toda a cristandade é bíblica e baseiam as suas crenças na Bíblia,
mas estão cada vez mais sob o laço do diabo, porque estão fora do modelo de Deus para os membros da Sua
Igreja. O Senhor Jesus Cristo deu-nos o exemplo quanto à forma como podemos vencer o diabo: conhecer a
Palavra de Deus que lhe dizia diretamente respeito e ter a sua vida enquadrada
nessa Palavra (na altura, enquadrada no programa profético e no papel de Messias). O Senhor usou a Palavra
de Deus para responder ao diabo, mas não foi
uma palavra qualquer, foi a palavra certa no conteúdo, no tempo e no espaço. Foi a Palavra que lhe dizia diretamente respeito como Messias, no quadro da revelação profética. Paulo pode cantar a mesma vitória porque soube usar as mesmas armas: a palavra
certa no conteúdo, no tempo e no espaço; a palavra que lhe dia diretamente respeito, como membro da Igreja "Corpo de Cristo" no âmbito da revelação do Mistério. E, a coroa da justiça foi-lhe reservada por ter guardado a Palavra
inviolável até ao fim. Infelizmente, a Palavra não foi mantida nessa pureza por muitos anos. A
generalidade das igrejas dos gentios tinham abandonado Paulo e a revelação que recebera do Senhor; muitos dos seus colaboradores
seguiram as mesmas pisadas. Por séculos
esta revelação esteve ignorada pela
generalidade dos crentes. Estou certo que, em alguns pontos do mundo, algum
punhado de crentes, poucos, terão atingido a sua compreensão, como acontece com alguns nesta localidade. Por
isso, muitos serão salvos; muito poucos
reinarão: serão coroados com a coroa da justiça!
Caro leitor: é inevitável que
serás provado! Nós, enquanto estamos neste mundo estamos sempre a ser
testados. Estás preparado para enfrentar a
tentação? Vais sair vencedor? Que
conheces da Palavra de Deus que te diz diretamente respeito, ou seja, que sabes
da revelação da Igreja Corpo de Cristo:
da sua natureza, formação e esperança? E que aplicação
dessa Palavra estás a fazer à tua vida? Estás a
andar segundo a vocação com que fostes chamado?
Estás a guardar a unidade do Espírito e a Unidade da fé? Estás a defender
a verdade na pureza como Paulo a recebeu, ou o amor ao próximo ou por alguma outra coisa vale apena ceder à Palavra de Deus? Que conhecimento e experiência da graça de
Deus estás a viver na tua vida? Vives
sob a graça como foi demonstrada por
revelação ao apóstolo ou vives debaixo de rudimentos, cerimónias, formalismos, legalismos e outras formas
carnais de querer viver a vida cristã? O diabo
conhece a Palavra de Deus o suficiente e muito facilmente poderá levar-te a fazer o que parece ser mais bíblico, mas fora da vontade de Deus! Se não estiveres certo, destro, aprofundado no ensino dos
escritos de Paulo nunca sairás vencedor: nem por “sorte”,
que, na vida cristã, não há “sortes”: ou
sabes ou não sabes; podes ou não podes; saís
vitoriosos ou derrotados!
«A
graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito. Amém!» (Gálatas 6:18).
Vosso, VPP
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