O
Endurecimento de Israel
Romanos 11:25
«Porque não quero, irmãos, que ignoreis
este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio
em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.»
Tem havido alguma dificuldade na
compreensão deste texto, nomeadamente quanto “à plenitude dos gentios” como
quanto ao sentido do “até” que determinará o fim do endurecimento de Israel.
Antes de mais é importante
compreender que este capítulo trata do “endurecimento de Israel” e não da sua
“plenitude” ou da “plenitude dos gentios”, embora se fale delas.
Tradicionalmente se tem aceite
que a “plenitude dos gentios” é o período actual em que os gentios têm o
predomínio político e espiritual no mundo. E, de facto isso acontece. Israel,
quando rejeitou o domínio de Deus sobre si e confiou na segurança dos impérios
do mundo, Deus os abandonou politicamente e saiu de Jerusalém. Como resultado
disso Israel foi deportado para a Babilónia e, depois, foi disperso pelas
nações do mundo. Com esse acontecimento começou o “tempo dos gentios”,
retratado nas visões do profeta Daniel pela visão da estátua (Daniel 2). Esse
período terminará no fim da grande tribulação, com a vinda do Senhor, que dará
lugar ao tempo do domínio do Senhor (Lucas 21; Apocalipse 11).
No entanto, Israel ainda mantinha
o domínio espiritual. Mas, quando rejeitou o arrependimento e rejeitou o
enviado de Deus, o Ungido, o Messias, e o crucificou, o Senhor rejeitou
temporariamente este povo e suspendeu o seu programa para eles, e introduziu um
novo período com a “Economia da sua Graça”. Deus virou-se para os gentios. É a
este período que se refere o endurecimento de Israel no texto sagrado supracitado.
O endurecimento de Israel é um
endurecimento parcial e temporário. Até que a plenitude dos gentios haja
entrado. O que é isso?
“A plenitude dos gentios haja
entrado” onde e como?
Alguns, na mesma dificuldade têm
dito que a plenitude dos gentios “haja terminado” para dar lugar ao período
espiritual de Israel.
Eu creio que os factos expostos
estão muito perto da verdade, mas a explicação que é dada ao texto é que não
parece clara, nem a base que é feita neste texto para explicar o endurecimento
parcial e temporário de Israel.
Este texto só pode ser compreendido
na íntegra se for integrado no seu contexto. E, ele fala, primeiramente, de
outra “plenitude”:
«E, se a sua queda é a riqueza do mundo, e
a sua diminuição, a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!»
(Romanos 11:12)
A plenitude que se refere aqui é
a plenitude de Israel. E, quando Israel chegar à sua plenitude, ou seja, o número
dos remidos for completa – e sê-lo-á com os 144.000 assinalados (Apocalipse 7 e
14), então todo o mundo atingirá a totalidade da bênção: politica, moral,
material e espiritual.
Enquadremos o texto de Romanos:
Romanos 9 fala da eleição, da
raiz (Abraão), do tronco (os pais/patriarcas) do comportamento dos ramos, conforme
descrito nos versículos 3 a 5, do capítulo 9. É uma descrição das origens e do
seu comportamento até à “plenitude dos tempos de Israel (Gálatas 4:1-4).
Romanos 10 descreve a situação de
Israel após a morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo: Mensagem de salvação
baseada na ressurreição de Cristo… O Israel nacional manteve o seu
endurecimento e a sua incredulidade.
Romanos 11, descreve como Deus
vai retomar o seu programa com Israel: 1.
O endurecimento é temporário e em parte (11:25); 2. Israel será retalhado e só ficará o remanescente (9:27-28-29); 3. Há um remanescente que se mantém no
período da graça (11:25)
O Senhor vai cumprir a sua
palavra mas com cortes, ou seja, de forma mais curta: não com todo o Israel,
porque serão cortados, e ficará o remanescente:
Romanos 9:28 - Porque o Senhor
cumprirá a sua palavra sobre a terra, cabalmente e em breve;
(“Em breve”, Gr. 4932 suntemnw
suntemno, cortar em pedaços)
O verso seguinte dá resposta:
29 - «Como Isaías já disse: Se o
Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado descendência, ter-nos-íamos
tornado como Sodoma e semelhantes a Gomorra».
O capítulo 11 de Romanos fala de
duas bênçãos de Deus para o mundo: uma com a queda de Israel – este corresponde
ao período da graça no qual Deus adia a condenação dos povos; o outro será a elevação
de Israel, na qual a bênção será plena. E, se a bênção do mundo pela queda de
Israel é muita, quanto mais o será quando for a sua elevação!
Assim, e definindo os tempos e as
fronteiras, o endurecimento de Israel, e por isso a sua diminuição, é temporário
e parcial até ao tempo em que Deus abençoar o mundo pelo reatamento do Plano de
Deus de acordo com o plano profético. Deus sempre quis abençoar o mundo.
Procurou fazê-lo, primeiramente, com a descendência de Adão; depois de estes
rejeitarem esse plano, Deus optou abençoar o mundo com a descendência de
Abração, mas a nação recusou ser esse canal, pois sempre pensou que era
superior às outras nações, considerando-as como cachorrinhos. Deus suspendeu ou
adiou esse plano com a introdução da ERA da graça. No entanto, depois de
terminar o propósito que tem com a Igreja “Corpo de Cristo”, irá reatar o seu
plano de abençoar o mundo através de Israel. E, sobre isso disse: “Os dons e a
vocação de Deus são sem arrependimento” (Romanos 11).
O ENDURECIMENTO DE ISRAEL:
O Endurecimento de Israel no
Tempo Presente: (Romanos 11)
O endurecimento de Israel é um
endurecimento parcial e temporário? Como assim?
Alguns ensinadores, no tempo de
Paulo, pensavam que a rejeição de Israel era total e definitiva. Como muitos ainda
pensam hoje. A grande maioria da cristandade crê que Deus retirou todas as
promessas e bênçãos de Israel e as transferiu para a Igreja. E, neste sentido,
a Igreja está a substituir Israel. No entanto, Paulo vem esclarecer que nem é
total, nem é definitiva. Ainda hoje, Deus tem deixado um resto, segundo a
eleição da graça, que os salva e os faz parte integrante do “Corpo de Cristo”
(Romanos 11:5), já que este corpo espiritual é composto de judeus e gentios
(Efésios 2:11-3:7). O próprio apóstolo Paulo é exemplo disso: é de Israel,
descendência de Abraão, e da tribo de Benjamim (Romanos 11:1). Por isso, o
endurecimento de Israel não é total, mas parcial. Deus, no tempo presente,
ainda tem alguns em Israel que está a salvar. De forma que, este período dispensacional
tem servido por Deus para os incitar à emulação e os levar à salvação (v. 11,
14). Os outros, serão endurecidos (v. 7). Ou seja, esta forma de Deus actuar
serve para limpar de Israel os incrédulos, fazendo com que esses descrentes se
manifestem e sejam endurecidos e cortados da nação. Por isso diz o Apocalipse:
«o impio seja mais impio, e o impuro mais impuro…» (22:11) e assim os seus atos
confirmarão a sua incredulidade e a justiça de Deus na condenação dos impios
(Romanos 3:9-20). Então, quando isso acontecer, Deus cumprirá os seus
propósitos previstos na Profecia, com a ascensão de Israel, conforme prometido
aos pais (raiz). Não em toda a nação, mas somente nos eleitos, o remanescente: “os eleitos o alcançaram” (v. 7) – tanto
os eleitos do tempo da Profecia como os eleitos no tempo do programa do
Mistério. Ver, ainda: Romanos 9:6 e 27.
O “endurecimento veio em parte”
sobre Israel, também, no sentido que não é definitivo. Os dons e a vocação de
Deus são sem arrependimento (v. 29). Deus, vai terminar com o endurecimento de
Israel e, quando o fizer, vai reatar o seu plano com Israel e irá abençoar o
mundo através daquela nação, conforme está previsto na Profecia. Israel “não vai permanecer na sua incredulidade”,
diz o versículo 23, e quando isso acontecer, Deus os tornará a enxertar. Os
gentios é que vão cair na incredulidade e não vão permanecer na benignidade de
Deus (a graça de Deus: Tito 3:4; Romanos 2:4; 11:22 – mesmas palavras), e serão
cortados (v. 22).
Notem: nem todos os judeus foram
cortados. O v. 17 diz: “se alguns dos ramos foram cortados”.
Romanos 11:19 - Dirás, pois: Alguns ramos
foram quebrados <1575>, para que eu fosse enxertado.
Romanos 11:20 - Bem! Pela sua
incredulidade, foram quebrados <1575>; tu, porém, mediante a fé, estás
firme. Não te ensoberbeças, mas teme.
Aqui a palavra é ekklaw – ekklao,
Strong 1575,de 1537 e 2806; verbo. 1) romper-se, cortar
Mas, para se referir aos gentios:
Romanos 11:22 - Considerai, pois, a bondade
e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas, para contigo,
a bondade de Deus, se nela permaneceres; doutra sorte, também tu serás cortado
<1581>.
Romanos 11:24 - Pois, se foste cortado
<1581> da que, por natureza, era oliveira brava e, contra a natureza,
enxertado em boa oliveira, quanto mais não serão enxertados na sua própria
oliveira aqueles que são ramos naturais!
E a palavra é outra: É ekkoptw,
ekkopto, Strong: 1581 de 1537 e 2875; TDNT-3:857,453; verbo: 1) cortar fora,
remover.
Assim, se “alguns foram cortados”
quer dizer que Deus sempre deixou um
resto, mesmo durante os períodos de crise de Israel. Daí os exemplos que Paulo
dá do tempo de Elias (Romanos 11:1-4), para confirmar como “também, neste tempo
presente, mantem-se um resto” (v. 5), neste caso, segundo a eleição da graça,
pois a eleição da profecia ficou suspensa. Note-se que a eleição da graça é
desde antes da fundação do mundo
(Romanos 9:23-24, conforme 8:28-30 e Efésios 1:4-5) e a “eleição da profecia”
(v.28) é “desde o princípio ou desde
a fundação do mundo” (Mateus 25:34; Apocalipse 17:8).
A RIQUEZA DO MUNDO:
Qual é a riqueza do mundo e a
riqueza dos gentios pela queda e pela diminuição de Israel? (v. 11) Não são as
promessas políticas e materiais de Deus a Abraão, mas as espirituais. Deixemos
o texto falar:
1. A
reconciliação do mundo e a possibilidade de ser reconciliado com Deus (11:15,
conforme II Coríntios 5:17-6:2);
2. Que
resulta na “vida de entre os mortos” (v. 15), ou seja, o gozo da vida de Deus,
pela “salvação dos gentios” (v. 11).
3. A
bondade de Deus (11:22, conforme 2:4 e Tito 3:4), ou seja, desfrutar do período
da Graça de Deus, e da paciência de Deus no adiamento dos dias da Sua ira em
relação ao mundo que estava eminente se a Profecia continuasse o seu
cumprimento em Atos 7 e 8.
4. A
fé (ato de ser salvo sem obras, conforme v. 20 – “estás em pé pela fé”,
conforme 9:30), segundo a exemplificação de Romanos 4 – Abraão foi justificado
quando creu em Deus antes da circuncisão e antes da instituição da Lei. É este
tipo de FÉ que Deus está a usar agora para salvar os gentios: gentios (e, por
isso, sem circuncisão) e sem as obras da Lei. Apelo ao V. estudo do tema
promessa: é sempre uma referência à VIDA ETERNA, Tito 1:2), na Profecia e no
Mistério, cada um com as suas devidas e correspondentes adequações, e nunca a
questões secundárias ou suas derivadas.
5. O
Evangelho que nos foi oferecido (v. 28). Como ali diz: “quanto ao Evangelho são
inimigos…” E, que “Evangelho?” O Evangelho da graça de Deus. Afinal, o que
estava acima de todo este projeto cronológico vinha dar cumprimento a um
projeto lógico, determinado antes da fundação do mundo para nossa glória. E,
este evangelho é que determina que “Israel” não era “primeiro”, mas “co-igual”…
(I Coríntios 12:12-13; Efésios 3:6), e colocou-os em desobediência para que,
com todos, usasse de misericórdia” (v. 30-32);
a.
Notem a linguagem: Antes, nós (os gentios) dependíamos
dos judeus: eles eram os líderes do mundo e dos gentios: v. 30 – “Assim como
vós (gentios) antigamente… (certamente em Babel) fostes desobedientes…” e eles
(Israel) foram eleitos em Abraão,
b.
Agora, pela desobediência deles, eles estão a usufruir
da misericórdia a nós demonstrada (v. 31) … Este é o Mistério do Evangelho da
Graça: concebido desde antes da fundação do mundo… para as gentes… e Israel
(alguns, certamente como também será alguns dos gentios) beneficiam desse
plano. “Nós”, membros do “corpo de Cristo”, “somos os vasos de misericórdia
dantes preparados, ou “pré-preparados” (“pre-???” são termos exclusivamente
paulino para se referir à Igreja Corpo de Cristo) para desfrutar da glória de
Deus (9:23-24); e, alguns dos judeus que creem também desfruto desta graça,
segundo os eleitos da graça.
A PLENITUDE DOS GENTIOS:
«Porque não quero, irmãos, que ignoreis
este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio
em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.»
Primeiramente
chamo a atenção para o termo “MISTÉRIO” usado pelo Apóstolo. Este termo no
vocabulário de Paulo tem sempre a ver como período da formação da Igreja “Corpo
de Cristo”. Por isso, este assunto tem a ver, direta ou indiretamente com o
período da “Dispensação da Graça”: Assim as 20 ocorrências da palavra: Romanos
1:25; 16:25; I Coríntios 2:7; 4:1, 13:2; 14:2; 15:51; Efésios 1:9; 3:3; 3:4;
3:9; 5:32; 6:19; Colossenses 1:26; 1:27; 2:2; 4:3; II Tessalonicenses 2:7; I a
Timóteo 3:9; 3:16.
Assim, termos usados por Paulo
nestes capítulos como “os quais somos nós…” (9.23-24), “agora, neste tempo…”
(11:5), “apostolo dos gentios… glorificarei o meu ministério…” (11:13-14),
Isto vem na sequência dos termos
que Paulo tem vindo a usar neste contexto: “natural oliveira” (v. 24),
“naturais” (v. 24), “ramos naturais” (v. 21), ou seja, são os factos
cronológicos, históricos e naturais, conforme Deus tinha revelado e
naturalmente, viriam a cumprir-se na profecia, no tempo cronológico,
programado, nos “tempos e estações”! Mas, em relação à forma e ao conteúdo do
plano e programa do MISTÉRIO seria “não cronológico”, não temporal, e “contra a
natureza” (v. 24) e, por isso mesmo, um verdadeiro mistério.
Segunda e fundamentalmente, para a compreensão do assunto, precisamos
de entender que o capitulo 11 de Romanos fala de Israel e dos Gentios do ponto
de vista espiritual e não politicamente. O tropeço de Israel e a sua queda
referidos no texto de 11:11-12 não pode ser politico pois eles já tinham caído
politicamente na apostasia dos reis de Israel e Judá que os levaram à
deportação para a Babilónia. Desse aspeto fala o profeta Daniel: o Mistério do
Tempo dos gentios (Daniel 2). Não confundir o “Tempo dos Gentios”, que é um
aspeto politico, com a “plenitude dos gentios” que é espiritual. O tempo dos
gentios refere-se ao período em que Israel perdeu o seu domínio politico e
ficou sujeito ao domínio político dos gentios. Esse período começou na
deportação de Israel para a Babilónia, segundo a revelação do mistério do tempo
dos gentios por Daniel, e só irá terminar no fim da grande tribulação, com a
vinda do Senhor, que destruirá o domínio dos gentios e os seus líderes (besta e
falso profeta). Aí Israel assumirá politicamente as suas funções de cabeça das
nações. Terminará o governo do homem (grego I Coríntios 4:3) para dar início ao
“governo do Senhor”.
Mas, aqui, neste capítulo, não
temos o tropeço e a queda de Israel politicamente, mas espiritualmente. Israel tropeçou espiritualmente na “pedra de
tropeço” que é o Senhor Jesus Cristo. E, isso, aconteceu, certamente, na cruz
do Calvário. Eles tropeçaram, mas Deus não queria que caíssem… mas,
infelizmente, caíram! E, Israel caiu porque insistiu na sua rejeição à mensagem
profética, conforme relata Romanos 10, a mensagem da morte e ressurreição do
Senhor Jesus, muito bem descrita nas mensagens de Pedro em Atos 2, 3, 4 e 10.
Essa queda foi o resultado da rejeição aos enviados do Espírito de Deus:
Primeiramente, Israel rejeitou o enviado do Pai – João Baptista, e o matou;
depois, rejeitou o verdadeiro enviado, o Senhor Jesus Cristo, e o rejeitaram e
mataram; por fim cometeram o pecado contra o Espírito, que não tinha perdão:
resistiram ao Espírito Santo (Atos 7:51) e mataram Estevão e certamente
centenas ou milhares de outros membros da Igreja de Deus, que eram o verdadeiro
remanescente de Israel, os crentes messiânicos de então (Atos 7-8-9). Saulo de
Tarso era o líder desta rebelião (I Coríntios 15:9; Gálatas 1:13).
Assim, a queda de Israel aqui
referida é a descrição da queda espiritual de Israel como nação. E, sublinho: aqui
não está a falar de questões individuais e pessoais, mas coletivamente.
Cortar e enxertar nunca teve a ver com o plano da salvação e, muito menos aqui.
Na deportação da Babilónia Israel
perdera o domínio politico; agora, Israel perdeu o domínio espiritual e, esse
domínio foi transferido para os gentios… daí a descrição cronológica de Atos e
a viagem de Paulo ali relatada: começa em Jerusalém e termina em Roma! Israel,
agora, beneficia da misericórdia que Deus que estava a ser demonstrada aos
gentios (v. 31), e não vice é versa.
Por isso, o corte e o enxerto
nada tem a ver com bênçãos terrenas ou promessas politicas e materiais feitas
por Deus a Abraão e à sua descendência, mas à posição espiritual que os gentios
passavam a ter diante de Deus em relação à preponderância espiritual que os
judeus vinham tendo até ali. Por isso é dito que: Primeiramente as “palavras de
Deus lhes foram confiadas” (Romanos 3:1-2); mas, agora, as Palavras de Deus
foram confiadas aos gentios (Efésios 3:1-4; Colossenses 1:27), e os guardiões
da Verdade não são os Judeus, pelo contrário: as suas tradições foram uma
negação das Palavras Sagradas (Mateus 15:3 e 6), mas é a Igreja do Deus Vivo,
“a coluna e a firmeza da verdade” (I Timóteo 3:14-16).
E, quando será retomada a
preponderância espiritual de Israel? Ou seja, quando é que Israel será
novamente enxertada na raiz, como nação, no propósito de Deus?
Terceiramente, Israel será retomada porque eles não vão permanecer
na sua incredulidade (v. 23), e poderoso é Deus para o enxertar. Além disso, os
dons e a vocação de Deus são sem arrependimento (v. 29).
No entanto, e como já fizemos
referência anteriormente, o Israel que será enxertado não é a totalidade de
Israel, porque nesta fase já estamos a falar do Israel/Remanescente, conforme
Romanos 9:28 (grego: com corte). Por isso, e quando falamos no re-enxerto de
Israel, estamos a falar do despertar dos eleitos de Israel no retomar do
programa profético, com a chamada dos 144.000 assinalados. Repito: é o enxerto
espiritual e não politico! É o retomar da Profecia e do predomínio espiritual
de Israel, e não o retomar político de Israel. O texto está a levar-nos a Atos
2-8 e não a II dos Reis 24 ou Daniel 1-2. O texto está a explicar como a
Profecia será retomada e Israel será novamente reintegrado nos propósitos de
Deus com o cumprimento/termo do programa do Mistério.
Outro facto, e quartãmente, é o que o Apóstolo refere
aos gentios – pois ele é o apóstolo dos gentios – e que será determinante para
que eles (gentios) sejam cortados e Israel de novo enxertado, conforme descrito
no v. 22, que transcrevemos:
«Considerai, pois, a bondade e a severidade
de Deus: para com os que caíram, severidade; mas, para contigo, a bondade de
Deus, se nela permaneceres; doutra sorte, também tu serás cortado».
Este termo: “Bondade” é a
tradução do termo chrestotes, gr. crhstothv,
Strong: 5544 de 5543, que está na forma substantiva e significa mesmo bondade,
benignidade, tolerância, longanimidade, etc. Este termo é usado por Paulo oito
vezes. Em Romanos ocorre 3 vezes. Romanos 2:4 é sugestiva:
«Ou desprezas as riquezas da sua benignidade
<5544>, paciência e
longanimidade, ignorando que é a bondade de Deus que te leva ao arrependimento?»
É a mensagem da benignidade de
Deus que está sendo difundida na presente graça que provoca o ciúme a Israel e
o levará ao arrependimento…
Gálatas 5:22 é um dos frutos do
Espírito ou manifestações da mensagem da Palavra de Deus hoje:
«Mas o fruto do Espírito é: amor,
alegria, paz, longanimidade, benignidade <5544>, bondade, fidelidade…»
A bondade é a obra que a Igreja
“Corpo de Cristo” irá revelar nos séculos vindouros:
Efésios 2:7 - «Para
mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em benignidade <5544> para connosco, em Cristo Jesus».
Esta bondade é a característica
dos membros do “Corpo de Cristo”, os “eleitos de Deus, santos e amados”:
Colossenses 3:12 - «Revesti-vos,
pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia,
de benignidade <5544>, de humildade, de mansidão, de longanimidade».
A bondade de Deus é a graça e a atitude
de Deus no tempo presente em adiar o “dia da ira” e revelar graça ao mundo
propondo reconciliação:
Tito 3:4 - «Quando, porém, se manifestou a
benignidade <5544> de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para
com todos…»
No entanto, os gentios, desde
logo ao seu enxerto, começaram a abusar desta benignidade e bondade, e a
deturpar as Palavras de Deus. Desde logo abandonaram as suas responsabilidades
de guardiões da verdade e entregaram-nas aos demónios, que de imediato
substituíram a doutrina de Deus pelas suas doutrinas de demónios – ver o
contraste de I a Timóteo 3:15 com 4:1 a 5. Este período terminará com a
apostasia da fé (Idem e II a Timóteo 3:1-9) e culminará com a operação do erro
para crerem a mentira (II aos Tessalonicenses 2:7-12). E, este ministério,
dizia Paulo, já operava em seus dias.
Assim como Israel não permaneceu
na fé e foi cortada, também os gentios não permanecerão na fé da bondade de
Deus (a salvação pela graça) e, de igual modo, serão cortados… e Deus,
retornará a enxertar Israel, novamente.
Este retomar de Israel leva-nos a
Apocalipse 7 – os 144.000 assinalados. Israel, nesta altura, ainda não será a
cabaça das nações politicamente, pois ainda estará a ser subjugada e dominada
pela Besta, o anticristo. Mas, nos propósitos de Deus, a Profecia é retomada e
serão os 144.000 assinalados – o remanescente – e os profetas de então, tipo
duas testemunhas, que serão os guardiões da verdade.
O texto em referência ainda invoca
uma quinta razão para que Israel
seja enxertado e diz: o endurecimento de Israel será “Até que a plenitude dos gentios haja entrado”.
Primeiramente: o que é a
“plenitude dos gentios”?
Paulo usa doze vezes este termo,
e para compreendermos o seu sentido temos de compreender a sua utilização:
Romanos 11:12 -
Ora, se a transgressão deles redundou em riqueza para o mundo, e o seu
abatimento, em riqueza para os gentios, quanto mais a sua plenitude
<4138>!
Romanos 11:25 -
Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não sejais
presumidos em vós mesmos): que veio endurecimento em parte a Israel, até que
haja entrado a plenitude <4138> dos gentios.
Romanos 13:10 - O
amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento
<4138> da lei é o amor.
Romanos 15:29 - E bem sei que, ao visitar-vos, irei na
plenitude <4138> da bênção de Cristo.
1 Coríntios 10:26 - porque do Senhor é a terra e a sua
plenitude <4138>.
Gálatas 4:4 - vindo, porém, a plenitude <4138>
do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,
Efésios 1:10 - de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude
<4138> dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da
terra;
Efésios 1:23 - a qual é o seu corpo, a plenitude <4138> daquele
que a tudo enche em todas as coisas.
Efésios 3:19 - e conhecer o amor de Cristo,
que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude
<4138> de Deus.
Efésios 4:13 - Até que todos cheguemos à
unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita
varonilidade, à medida da estatura da plenitude <4138> de Cristo,
Colossenses 1:19 -
porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude <4138>
Colossenses 2:9 -
porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude <4138> da Divindade.
Ora, este termo, em Paulo, nunca
significa ser cheio ou pleno de…, mas “cumprimento” (Romanos 13:10),
“completar”, seja o tempo (Gálatas 4:4; Efésios 1:10), seja o número (I
Coríntios 10:26), seja a revelação do Mistério (Romanos 15:29). A igreja é o
cumprimento dos Planos de Cristo (Efésios 1:23, 3:19, 4:13), assim como em
Cristo se cumprem todos os planos de Deus: seja na sua obra (Colossenses 1;19),
seja da Sua pessoa (Colossenses 2:9).
Neste capítulo 11 de Romanos
temos duas plenitudes: a plenitude de Israel (v. 12) e a plenitude dos gentios
(v. 25). A plenitude de Israel será quando todos o remanescente ficar completo
e forem todos assinalados (Apocalipse 7). A plenitude dos gentios, pela mesma
ordem de ideias, será quando o número dos gentios forem cumpridos.
Notem: esta quinta razão referida
pelo Apóstolo para justificar o enxerto de Israel nos propósitos de Deus – ao
contrário dos outros – diz ele, é um MISTÉRIO. E, o mistério é o cumprimento
dos gentios… ou seja, «haja completado os gentios».
Este momento fará que Israel seja
despertado: digo: não a nação, mas, como diz o contexto, será o remanescente.
E, isso, é melhor descrito em Apocalipse 7 – o remanescente será assinalado e
despertado, mas o restante da nação será endurecida e abraçará o anticristo. E,
quando a nação reconhecer o Messias, e chorar os seus pecados, será tarde de
mais, conforme é descrito em Mateus 25 – Parábola das virgens, entre muitos
outros exemplos encontrados nas Escrituras Sagradas. Outro exemplo foi Esaú,
que chorou por ter vendido a sua primogenitura, mas não achou lugar para
arrependimento.
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