segunda-feira, 21 de novembro de 2022

O Universalismo: Análise de I Corintios 15: 22


"Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo. Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda. E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder" (I Coríntios 15: 20-24).


Este é um dos textos que os "universalistas" se baseiam para defender a teoria que, no fim de tudo, todos serão salvos, reconciliados ou restaurados, conforme a orientação de cada corrente.

Faz-me recordar as palavras de Satanás a Eva, quando o Senhor lhe havia dito: "não comerás... porque...", quando ele contrapôs: "não será assim... mas..."

A verdade é que, nem o texto nem o contexto aponta para qualquer reconciliação universal ou sugere que tiremos tal conclusão.

E, o argumento é o seguinte: "todos são todos"!
Mas, será assim?


Segundo o Dr. James Strong, o termo "todos", no grego "PAS", significa "todos" mas não em termos absolutos, pelo significado que os diversos usos tem na palavra. São os usos da palavra que lhe dão o seu significado. Senão vejamos:

"Vendo-se iludido pelos magos, enfureceu-se Herodes grandemente e mandou matar todos os meninos de Belém e de todos os seus arredores, de dois anos para baixo, conforme o tempo do qual com precisão se informara dos magos" (Mateus 2: 16).

"Então, saíam a ter com ele Jerusalém, toda a Judéia e toda a circunvizinhança do Jordão" (Mateus 3: 4).

"Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo" (Mateus 4: 23).

"Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei" ( Mateus 11: 28).

"De madrugada, voltou novamente para o templo, e todo o povo ia ter com ele; e, assentado, os ensinava" (João 8: 3).

"Escrevi o primeiro livro, ó Teófilo, relatando todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar" (Atos 1: 1).

"Porque, em tudo, fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento..." (I Corintios 1: 5).

"A fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade..." ( Efésios 3: 18).

Estes são alguns exemplos das centenas de ocorrências em que a palavra é empregue pelos diversos autores das escrituras gregas e onde vereficamos que o "todos" não deve ser entendido como absoluto, mas para se referir em termos genéricos,  ou a "todos" de um grupo.

Neste sentido concordam os dicionários:
James Strong:
"3956 pás – cada , cada ; cada "parte(s) de uma totalidade" ( L & N , 1, 59.24).
3956 /pás ("cada, cada") significa "todos" no sentido de "cada (toda) parte que se aplica". A ênfase do quadro total, então, está em "uma peça de cada vez". 365 ( ananeóō ) então se concentra na (s) parte ( s ) que compõem o todo – vendo o todo em termos das partes individuais .
[Quando 3956 ( pás ) modifica uma palavra com o artigo definido, tem força "extensivo-intensivo" – e é direto intensivo quando falta o artigo definido grego].

Léxico grego de Thayer:
"Qualquer,  cada um (a saber, da classe denotada pela norma anexa a "pas"); com o singular: como "pãv dendron", Mateus 3: 10; (...).

Daqui concluímos o sentido das palavras do texto com o apoio do contexto: "como todos os que estão em Adão morrem, todos os que estão em Cristo serão ressuscitados". É assim que o apóstolo começa o capítulo, definindo o teor do Evangelho (crer ou não crer), é esse o conteúdo do capítulo (estar ou não estar em Cristo,  pela fé / por crer), e, assim termina o capítulo: a ressurreição dos "NÓS" que estivermos mortos em Cristo ou vivos em Cristo.

Alem disso, a ideia literal é expressa por algumas versões modernas e de linguagem corrente:

Nova Versão Internacional: "Porque, assim como todos morrem em Adão, assim todos serão vivificados em Cristo".
Nova Tradução Viva: "Assim como todos morrem porque todos pertencemos a Adão, todos os que pertencem a Cristo receberão uma nova vida".
Good News Translation: "Porque, assim como todas as pessoas morrem por causa de sua união com Adão, da mesma forma todos serão ressuscitados por causa de sua união com Cristo".

O contexto: o contexto é muito ilucidativo. Paulo, depois de dizer que "todos serão ressuscitados em Cristo", vai esclarecer que, não são todos em absoluto que serão vivificados por Cristo, mas, todos os que são de Cristo, na Sua vinda!

"Porém, cada um, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda. E, então, virá o fim..." (v. 23).

"Porém...", grego: "de", é uma conjunção adversativa, distintiva, disjuntiva, para dizer que, os "todos" são aqueles que "são de Cristo".

Então: Nem todos os que estão em Adão morrerão, porque alguns serão lançados vivos no lago do fogo, mas, "estão condenados a morrer", como em Efésios 2: 1, e nem todos serão vivificados por Cristo, porque muitos entrarão vivos no Reino Celestial e no Reino Milenial, mas que "estão destinados à vida", como em Efésios 2: 6.

O texto de I Corintios 15: 23 explica o texto do versículo 22 e aplica-o escatologicamente: Cristo, primeiro... e os de Cristo... depois! Os demais nunca são referidos neste capítulo para que sejam vivificados, mas participarão num despertamento a que é chamada, ela mesma, "segunda morte..." é um tipo de vida morta... não serão verdadeiramente ressuscitados. Uma, dos santos extra Corpo de Cristo, é chamada de primeira ressurreição; a outra é chamada de segunda morte (Apocalipse 20: 6, 14), os excluidos transdispensacionais, para esclarecer que são realidades totalmente distintas.

Mateus 10: 28 define, claramente, a dimensão destas duas realidades:
"Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no geena tanto a alma como o corpo".

Ou seja: uma é a morte temporária; outra a morte eterna!

Alguns querem sugerir que esta "geena" era uma fogueira em Israel, situada no "Vale do Filho de Hinnon"; mas, não sei como se consegue lançar uma alma numa fogueira! Certamente que o Senhor estava a usar aquela figura, que todos conheciam, para lhes falar da "Geena escatológica", ou seja, o "Lago de Fogo", como muitas vezes o Senhor fazia e nós fazemos igualmente, como figuras de estilo ou figuras de línguagem. Não esqueçamos que o Senhor estava a falar dos últimos dias que se viviam, e da iminente grande tribulação, e da possibilidade de muitos deles serem privados da fé pelo "fecho das portas da oportunidade" e verem-se privados de entrar no reino dos céus na terra... e serem condenados à perdição!

Oportunamente analisaremos mais textos. 
A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o nosso espírito. 

Sem comentários:

Enviar um comentário