PREAMBULO:
Não seria em vinte minutos, os que demorariam a ler este artigo,
que o leitor interessado em conhecer a “presente verdade”, ficaria a
compreender aquilo que demorou vários séculos Deus a revelar; contudo, uma
leitura cuidada deste trabalho trará ao amante das Escrituras uma visão geral,
simples, mas, ao mesmo tempo profunda do assunto que nos propomos investigar.
Passo a dizer que este artigo não tem tudo, ou seja: embora não
seja uma grande enciclopédia dos assuntos fundamentais das Escrituras, e não
estejam plenamente desenvolvidos, é, mesmo assim, uma obra que contém tudo o
necessário para os “Bereanos” serem
estimulados a investigar a nossa única regra e objeto de fé: as Sagradas
Escrituras, segundo a pregação confiada a Paulo. Este estudo não é o local onde
pretendemos chegar, mas um marco indicador da localidade que o viandante dos
céus pretende possuir e gozar.
Não poderei continuar este prefácio sem manifestar o meu desapontamento
por ver que são poucos os estudiosos das Escrituras. E esse facto deve-se aos
ensinadores serem poucos e, os que há, poucos são os que dão valor a essa
gloriosa atividade; quando o fazem, poucos são os que criam “sede” nos ouvintes
por aspirar mais deste manancial. Que tremenda responsabilidade tem o ensinador
das Escrituras!
ÉPOCAS é o título deste opúsculo, e
surgiu para explicar a simples razão de que em nossos dias a cristandade estar
dividida em organizações, seitas e doutrinas que não passam de obras e de
pensamentos humanos. Os líderes da cristandade ignoram a Escritura que diz: “Aquilo que Deus ajuntou, não separe o homem”
(Mateus 19:9 com Efésios 5:22-32). Por outro lado e não menos desapontante é
que, quando falamos, escrevamos ou tratamos de assuntos como os que este
opúsculo contém, não deixam de provocar alarme e senão inquietação em muitos
líderes cristãos. Será por causarem divisão, ou por não quererem conhecer a
verdade? Temerão o custo? Aconselho a todo aquele que tem a responsabilidade de
Deus sobre o povo, ao amante do estudo das Escrituras, a não questionar,
comentar ou menosprezar estes assuntos sem antes os ter investigado com oração
e humildade.
ÉPOCAS é um verdadeiro desafio para
aquele que se quer identificar com o Cristo rejeitado pelo mundo e exilado no
céu; e com Paulo prisioneiro seu por causa da mensagem que “Épocas” contém. É
um ato de coragem que principiará a provar a partir do momento que determine
ler este opúsculo; e digo de coragem por causa dos ventos que vão correndo
contra as Escrituras, tais como tradições, fábulas e entretimentos do séc. XXI
(II Timóteo 1:8-14; 4:2-5).
Tendo lido, saturado e aceitado, provarás o que Paulo orou, escrevendo:
«E peço isto: que o vosso amor abunde mais e mais em ciência
e em todo o conhecimento, para que aproveis as coisas excelentes (gr. “que
diferem”), para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de
Cristo; cheios de fruto de justiça, e que são por Jesus Cristo, para glória e
louvor de Deus» (Filipenses 1:9-11).
Eis a minha oração: “Ámen!”.
INTRODUÇÃO
Além dos temas aqui reproduzidos, tantos outros assuntos poderiam
ser confrontados, num propósito de investigação e estudo, a fim de obtermos
respostas esclarecedoras para as questões surgidas pela comparação dos ditos
temas.
Propomo-nos confrontar “Escritura” com “Escritura”, “Textos” com
“Textos” que, pela sua natureza e conteúdo, são contraditórios. Esclareço, no
entanto, que este tipo de confrontação, enquanto para homem natural são motivo
de crítica e escarnio, para o crente espiritual, que compara Escritura com
Escritura, (I Coríntios 2:13) são assunto de consideração e meditação, pois
que, "o Espírito de Deus ensina
comparando coisas as coisas [escritas] espirituais com as espirituais", e
“só o que é espiritual entende os mistérios de Deus e de ninguém é discernido” (I
Coríntios 2:9-16). Isto é a «sabedoria de
Deus oculta em mistério, a qual Deus ordenou para nossa glória antes dos tempos
dos séculos» e que no-la revelou pelos escritos do Apóstolo Paulo (I
Coríntios 2; Efésios 3:1-11).
Quando comparadas estas passagens são, não uma aparente, mas
nítida, clara e convincente contradição. Quem o poderá negar?
Não podemos esquecer o que estas passagens literalmente contém
quanto aos seus ensinos. O grande erro da cristandade jaz em espiritualizar
tais passagens, a fim de lhes dar um sentido harmonioso, de acordo com a sua
particular interpretação (II Pedro 1:20-21), mas corrompem o sentido e a
mensagem de Deus (Idem, 3:15-16).
Nisto está dividida a cristandade: “A espiritualização da
Escritura”. Não esqueçamos que a espiritualização duma passagem bíblica pode
ter mais de mil e uma interpretações, consoante o intérprete
"tencionar"... Isto tem dividido os Protestantes dos Católicos, os
Russelitas dos Adventistas, os Batistas dos Pentecostais, os Modernistas dos
Fundamentalistas, entre tantos outros grupos denominacionais que compõe a
cristandade do século XXI.
Com isto afirmo que a espiritualização de uma passagem, por vezes,
não revela mais que uma carnal interpretação (Colossenses 2:18). É
verdadeiramente diabólico recorrer à carne para explicar uma coisa que é
espiritual, e usar o simbolismo para lhes dar o seu sentido literal.
Não nego o facto de que poderá haver diferentes métodos de
investigação das Escrituras. Por exemplo, Paulo quando escreveu a epístola aos
Gálatas usa quatro métodos de exposição: Capítulos I-II usa o método histórico
e biográfico. Nesta interpretação encerra uma compreensão biográfica, local e
pessoal. Nos capítulos III-IV:20 encontrámos o método teológico e doutrinário.
Neste método pode ser entendida uma compreensão profética e dispensacional. É o
método que investiga os ensinos e doutrinas das Escrituras. No texto de IV:21-31
é usado o método alegórico, onde o apóstolo usa personagens do Velho Testamento
e procura tirar lições e fazer aplicações à nossa vida espiritual. Por fim
temos os derradeiros capítulos V-VI onde encontramos o método devocional ou
prático, em que cada frase, cada pensamento visa o testemunho e conduta cristã.
Isto não anula o facto de que cada passagem, cada assunto e cada
tema deve ser entendido literalmente. Esse é o verdadeiro sentido das
Escrituras. Aqueles textos que são expostos de forma alegórica e metafórica têm
sempre a sua interpretação algures, dada pelo próprio Senhor. Neste grupo encontra-se
o Apocalipse e algumas passagens proféticas do chamado Velho Testamento, as
quais devem ser compreendidas apropriada de acordo com a interpretação do
Senhor. Muitas dessas passagens bíblicas têm o seu sentido fechado, e só será
entendido no tempo próprio pelo remanescente de Israel (Daniel 12:9). Será sem
dúvida trabalho para os profetas da Grande Tribulação. Nós, mesmo assim,
podemos ter uma compreensão delas quando lemos outras passagens das Escrituras
referentes ao assunto.
ÉPOCAS. O Segredo para a harmonia dos
assuntos em questão e para a sua compreensão harmoniosa.
A língua grega tem uma riqueza de vários termos com os quais se
expressa a experiência do tempo. O mais extensivo é aion, que é primariamente uma designação para um longo período de
tempo. Teologicamente falando, o tempo duradouro é propriedade de Deus, o
Criador, ao passo que o tempo passageiro pertence ao homem, como criatura. Chronos denota principalmente a expansão
quantitativa e linear do tempo, um espaço ou período de tempo, e, portanto, é
um termo para o conceito formal e cientifico do tempo. Nesta conexão, há vários
termos que abrangem um período específico de tempo, especialmente eniautos (ano), men (mês), hemera
(dia), hora (hora). Por contraste, a enfase caraterística de kairos chama a atenção para o conteúdo do
tempo: negativamente como crise e positivamente como oportunidade.
O que nos propomos estudar refere-se aos diversos períodos longos
de tempo e à forma específica como Deus atua nesse período. Esses períodos de
tempo são definidos na língua grega pela palavra aion, com especial relevo para o presente período de tempo. “AION” designa
uma extensão indeterminada, abstrata e duradoura de tempo. São Épocas e/ou
estações, nas suas variadas formas, são aquilo que têm dividido os propósitos
de Deus e consequentemente composto as diferentes revelações de Deus para o
homem ao longo dos tempos. Não é assunto alheio às Escrituras: não é obra
humana…
As diferentes épocas, ou por alguns compreendidas como
dispensações, são assunto delas mesmo. É inegável que Deus atuou de diferentes
maneiras com o homem de acordo com a respetiva época. E identificar e entender
cada uma dessas Épocas é a única solução para compreender os propósitos de Deus
sem pôr em causa a veracidade da Palavra de Deus nem deturpar a sua revelação. As
épocas têm sido diferentes; os propósitos divinos para cada época o são, também.
Confundir as diferentes Épocas e misturar os seus ensinos é colocar em causa os
propósitos e a revelação de Deus. Por exemplo: aplicar à Igreja “Corpo de
Cristo” ensinos que dizem respeito à Época de Israel é sintoma de um total desconhecimento
dos diferentes propósitos de Deus! Era o que nos faltava, presumir que Deus
estaria preso às nossas interpretações e considerações! Deus não pode ser
limitado às nossas construções mentais: «Seja sempre Deus verdadeiro e todo o
homem mentiroso» (Romanos 3:4). Não me canso de repetir que é verdadeiramente
diabólico e carnal submeter os santos da presente dispensação a rudimentos que
foram crucificados com Cristo na cruz (Colossenses 2:10-16), e que pertencem ao
período profético e messiânico.
As Escrituras, especialmente Paulo, fala de “ton aionos ton enestotos
ponerou” (o século, o presente mau – Gálatas 1:4), porque está a ser
dominado pelas hostes espirituais da maldade, os príncipes das trevas: “Ton aiona
tou kosmon toutou” (a era do mundo presente – Efésios 2:2); o mundo está
sob o domínio dos príncipes das trevas, conforme 6:12. O texto de II aos
Coríntios 4:4 parece indicar que Satanás é o deus deste aion. Neste sentido e
neste projeto os príncipes deste aion crucificaram o Senhor (“os
príncipes deste século” – I Coríntios 2:6, 8).
Por tal razão, os santos são exortados a não viver segundo o modelo
do “presente aion” (não vos conformeis com o presente século – Romanos 12:2),
e tem recomendações “os sábios deste aion” (I Coríntios 1:1:20, 2:6,
3:18), e para “os ricos deste aion” (I Timóteo 6:17). Nãos
obstante isso, há sempre alguns que se desviam e “amam o presente aion”
(II Timóteo 4:10), como Dimas. Pelo contrário, somos exortados a viver pela
graça e segundo a revelação da graça de Deus. A graça se manifestou trazendo
salvação a todos os homens e ensinam-nos a “viver
neste aion de forma sóbria, justa e
piamente” (Tito 2:10-15).
Em relação à Igreja “Corpo de Cristo”, somos informados que os
planos de Deus foram concebidos “antes
dos aion” (“pro ton aionon” – I Coríntios
2:7), foram mantidos em segredo por Deus “durante
todos os aion” (Efésios 3:9), e
serão cumpridos nos “aion vindouros” (Efésios 2:6-7, 10). De facto, a Igreja “Corpo
de Cristo” é o cumprimento dos “aion” de Deus: “Ta tele ton aionon
katenteken” (os fins dos aion chegaram – I Coríntios 10:11;
as épocas se completam na Igreja “Corpo de Cristo”).
Pela Igreja “Corpo de Cristo” Deus vai receber glória pelos “aionas
tov aionon” (séculos dos séculos – Gálatas 1:5; Efésios 3:21)
Por tais factos, é que se torna inquestionável a existência de diversas Épocas e que os ensinos para a presente Época foram revelados diretamente e confiados a Paulo. Assim escreveu ele:
«A dispensação da Graça de Deus que para convosco me foi dada, …como acima em poucas palavras vos escrevi… para que possais ter o entendimento da minha compreensão do mistério de Cristo» (Efésios 3:1-4).
E:
«A Igreja, da qual estou feito ministro segundo a dispensação de Deus me foi confiada para convosco… » (Colossenses 1:24-27).
Assim, que:
“Com as Épocas divididas, as Escrituras são compreendidas”!
I. COMPARANDO TEXTOS E TEMAS
Consideremos
os diversos textos nos respetivos temas:
1.1
– A LEI:
A – Âmbito da Profecia:
«Deus enviou o Seu Filho, nascido de mulher,
nascido sob a Lei…» (Gálatas 4:4);
«Se queres porém entrar na vida, guarda os
mandamentos…» (Mateus 19:17)
«Na cadeira de Moisés estão assentados os
escribas e os fariseus. Observai tudo quanto vos disserem…» (Mateus 23:1-3);
«E um certo varão Ananias, Piedoso conforme a
Lei…» (Atos. 22:12);
«Bem vês irmão quantos milhares de Judeus são
zeladores da Lei...» (Atos 21:20).
B – Âmbito do Mistério:
«O homem é justificado pela fé sem as obras da
Lei» (Romanos 3:28);
«Pois não estais debaixo da Lei mas debaixo da
Graça» (Romanos 6:14);
«Assim, meus irmãos, estais mortos para a Lei»
(Romanos 7:4);
«Separados estais de Cristo, vós os que vos
justificais pela Lei» (Gálatas 5:4);
«Contra estas coisas não há Lei…» (Gálatas.
5:18, 22-23).
1.2 – A CIRCUNCISÃO:
A – Âmbito da Profecia:
«E quando os oito dias foram cumpridos para a
circuncisão do menino (Jesus) …» (Lucas 2:21);
«Pois digo que Cristo foi ministro da
circuncisão…» (Romanos 15:8);
«Paulo… o circuncidou por causa dos Judeus…»
(Atos 16:3);
«O incircunciso será extirpado dos seus povos…»
(Génesis 17:14).
B – Âmbito do Mistério:
«Eu Paulo digo: se vos deixardes circuncidar,
Cristo de nada vos aproveitará…» (Gálatas 5:24);
«A circuncisão em si nada é…» (I Coríntios
7:19);
«O novo homem… onde não há circuncisão ou
incircuncisão…» (Colossenses 3:11);
«Porque em Jesus, nem circuncisão… tem virtude
alguma…» (Gálatas 5:5).
1.3 – O SACERDÓCIO:
A – Âmbito da Profecia:
«Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua
purificação o que Moisés determinou…» (Marcos 1:44; Lucas 5:14).
«E aconteceu que, exercendo ele o sacerdócio
diante de Deus…» (Lucas 1:8);
«E levaram (a Jesus) … para darem oferta,
segundo o disposto da Lei…» (Lucas 2:22-24...);
«Será um sacerdócio perpétuo…» (Números 24:13);
«E perseveraram unânimes no templo…» (Atos 2:46;
3:1, 3, 8).
B – Âmbito do Mistério:
«Porque mudando-se o sacerdócio, necessariamente
se faz mudança da Lei» (Hebreus 7:12);
«Nunca pelos sacrifícios, podem aperfeiçoar aos
que a eles se chegam» (Hebreus 10:1);
«Os mesmos sacrifícios que não podem tirar
pecados…» (Hebreus 10:1);
«Ele nos fez um reino de sacerdotes» (I Pedro
2:9; Apocalipse 1:5; 20:6);
1.4 – O EVANGELHO:
A – Âmbito da Profecia:
«Este Evangelho do Reino será pregado em todo o
mundo… então virá o fim» (Mateus 24:14);
B – Âmbito do Mistério:
«O Evangelho que já chegou a vós, como também
está em todo o mundo…» (Colossenses 1:6);
«O Evangelho que foi pregado a toda a criatura
que há debaixo do céu» (Colossenses 1:23).
1.5
– O DOM DE LÍNGUAS
A – Âmbito da Profecia:
«E os que crerem… falarão novas línguas…»
(Marcos 16:17);
«E começaram a falar noutras línguas…» (Atos
2:4-8);
«Não proibais falar línguas…» (I Coríntios
14:39).
B – Âmbito do Mistério:
«E havendo línguas cessarão» (I Coríntios 13:8).
1.6
– OS DONS DE CURAR:
A – Âmbito da Profecia:
«Deu-lhes o poder para curar enfermidades…»
(Lucas 9:1-2);
«Todos os que tinham enfermos lhos traziam… e
eram curados» (Lucas 4:40);
«Em meu nome expulsarão demónios… curarão os
enfermos…» (Marcos 16:18-18);
«E muitos sinais e prodígios eram feitos…» (Atos
5:12);
«E ouviam com atenção ao que Filipe dizia,
porque ouviam e viam os sinais que fazia; pois que os espíritos imundos eram
expulsos…» (Atos 8:5-8).
B – Âmbito do Mistério:
«Toda a criação geme… e nós que temos as
primícias do Espírito também gememos em nós mesmos esperando a adoção, a saber:
a redenção do nosso corpo» (Romanos 8:18:30);
«Foi-me dado um espinho na carne, … acerca da
qual orei três vezes… a minha graça…» (II Coríntios 12:5-10);
«Epafrodito esteve doente e quase à morte… mas
Deus se apiedou dele…» (Filipenses 2:26);
«Deixei Trófimo doente em Mileto…» (II Timóteo
4:20).
«Não bebas mais água só, …por causa das tuas
constantes enfermidades…» (I Timóteo 5:23).
1.7
- O BATISMO NA ÁGUA:
A – Âmbito da Profecia:
«João pregava o batismo do arrependimento para
perdão dos pecados…» (Marcos 1:4);
«Se não nasceres da água e do Espírito Santo não
entrar no Reino de Deus» (João 3:5);
«Os publicanos justificaram a Deus sendo
batizados, … Os fariseus e os Saduceus rejeitaram o conselho de Deus não sendo
batizados por João» (Lucas 7:29:30).
«Quem crer e for batizado será salvo…» (Marcos
16:16);
«Cada um de vós seja batizado para perdão dos
pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo» (Atos 2:38; 22:16).
B – Âmbito do Mistério:
«Porque Cristo enviou-me, a não batizar…» (I
Coríntios 1:7);
«Havendo riscado a cédula… em ordenanças…
cravando-a na cruz» (Colossenses 2:10-16);
«Há um só batismo» (Efésios 4:5), com «fostes
batizados pelo Espírito Santo formando um corpo» (espiritual) (I Coríntios
12:13);
«Pelo que deixando os rudimentos messiânicos… …
e a doutrina dos batismos…» (Hebreus 6:1-3).
II. CLARIFICANDO O ASSUNTO:
É
inegável que “Cristo” foi o tema dos profetas. Nascimento, os dias da sua
carne, os seus sofrimentos e glória que se lhes haveria de seguir (I Pedro
1:11), ou seja, a sua vinda e reino, consistiram na essência das suas
profecias. Ele é o fim das promessas (Gálatas 3:16, 24-29), é o fim da Lei
(Romanos 10:4), mas, também, o fim das profecias (João 12:38-41; 19:28;
Apocalipse 16:17; 21:6). O Senhor Jesus Cristo é o Messias prometido: Aquele
que em seus dias Israel será salvo (Jeremias 31:34; 23:6; Isaías 45:17; Romanos
11:26), o sofrimento acabará, (Isaías 40:2; 61:3; 35:10), Israel será uma
bênção para as nações (Isaías 60:3; Zacarias 8:13,23; Génesis 22:17-18), haverá
saúde e longevidade de dias (Isaías 11:6-9; 65:20), e a maldição será tirada da
terra (Isaías 35:1-7; 65:17; 66:22).
O
Senhor Jesus Cristo nasceu precisamente para confirmar as promessas feitas aos
patriarcas, ou seja, de Israel (Romanos 15:8); e em tudo isto consistiria a sua
mensagem dirigida unicamente aos filhos da promessa – Israel (Atos 2:39; Mateus
10:6; 15:24-26). E de todos os ensinos e revelações do chamado V. T. o Senhor
nada abrogou, antes veio para concretizar, cumprir e consumar (Mateus 5:17).
Assim,
“naqueles dias apareceu João Baptista pregando o batismo do arrependimento,
para perdão (Gr. “limpar” ou “tirar”) de pecados” (Mateus 3:1-12; Marcos
1:2-8), e anunciando que o reino estava próximo (Mateus 3:2), a fim de se
arrependerem, preparando-se para o reino que o Messias iria estabelecer.
Mateus
10 e Lucas 9 trata da primeira comissão dada aos doze discípulos. A mensagem
com que foram encarregados não era oposta à de João Baptista, antes um
desenvolvimento da mesma (Mateus 10:7-8). Ainda não estava a ser oferecido o
reino, pois Cristo ainda não havia morrido pela nação (Isaías 53:8; João
7:37-39; 11:49-52), mas anunciavam-no como estando próximo (Mateus 10).
A
segunda comissão dada aos doze encontra-se similarmente em Mateus 28:16-20,
Marcos 16:15-20, Lucas 24:45-49, João 20:19-23 e Atos 1:2-8. Esta comissão
consistia na terceira chamada de Israel ao arrependimento. E repito: esta
comissão não vinha anular a anterior, a primeira, mas era um maior
desenvolvimento das anteriores. Agora, com base na ressurreição do Senhor Jesus
Cristo e pela ação do Espírito de Deus, o Senhor voltava a apelar a Israel que
se arrependessem e se preparassem para os “tempos de refrigério com a presença
do Senhor” (Atos 3:19-26). A verdade é que, embora “Israel seja como a areia do
mar, só o remanescente é que será salvo” (Isaías 10:22-23), porque, o povo, na
sua generalidade, rejeitou o Messias enviado de Deus para receber e aceitar o
anticristo como o seu líder (João 5:43; Apocalipse 13:11-18).
Esta
era o conteúdo da mensagem de Pedro: “Cumprir as profecias” (Atos 2:16).
Ele estava convencido que em seus dias o Messias iria restaurar o reino, isso
dependeria dos principais da nação (Atos 1:6). Segundo as narrativas de Atos,
tudo se encaminhava para se concretizar a esperança do remanescente, até que no
capítulo 4, os apóstolos são presos, repreendidos e no capítulo 7 e 8 são
perseguidos e mortos, evidência nítida da rejeição israelita ao Messias e seu
programa profético. Nessa ocasião Estevão vê, no capítulo 7:55, o “Senhor em
pé”, pronto a cumprir o Salmo 110:1, que diz: “Assenta-te à minha mão
direita até que ponha os meus inimigos por escabelo de teus pés”, ou
seja, ao momento de “descarregar juízo sobre Judeus e Gentios”, de acordo com
Mateus 24-25 e 13:24-30. Não esqueçamos que, segundo a profecia de Isaías,
Ezequiel, Joel e, em especial Daniel 9, estava-se a viver os dias que iniciavam
a grande tribulação, ou seja, sete anos que antecediam a vinda do Senhor e do
estabelecimento do Seu Reino.
Saulo
de Tarso, à semelhança de Saul nos dias de Samuel, era o líder que se preparava
para se manifestar a Israel como o preferido do povo. Mas, com o aparecimento
do Senhor glorificado a ele a caminho de Damasco (Atos 9), Deus principia a
marcar uma nova etapa para a humanidade, encarregando-o de uma mensagem de
“Graça e Paz” para os seus inimigos: Judeus e Gentios, propondo-lhes
reconciliação com Deus e entre si, formando um Corpo, em Cristo (Efésios 2:16;
Romanos 5:11; II Coríntios 5:18-19; Colossenses 1:20-22). Esta, por sua vez,
era a essência da mensagem e ministério do Senhor glorificado para a “Igreja
Corpo de Cristo”.
Esta
sua mensagem incidia particularmente nos seguintes pontos:
1. Deus iria suspender
o programa e ministério profético; Assim, o cumprimento da Profecia ficaria
suspensa enquanto Deus mantivesse este programa da Sua graça em vigor;
2. Israel iria ser
colocada na mesma situação espiritual e religiosa que os gentios; Os
privilégios de Israel ficariam suspensos e, como os gentios, ficavam numa
posição de inimizade com Deus e necessitados da misericórdia de Deus (Romanos
11:7, 12, 15, 20, 32);
3. A misericórdia iria
ser revelada a todos igualmente (Romanos 11:32; I Timoteo 2:5);
4. O Evangelho da
Graça iria ser proclamado com base na obra consumada de Cristo na cruz do
Calvário, ressurreição e glorificação à dextra de Deus (Atos 20:24; Efésios 1).
5. Judeus e gentios
que se convertessem perdiam a identidade adâmica e passavam a formar um corpo,
espiritual, em Cristo, sendo Ele a cabeça do Corpo (Efésios 2:16; 3:6; 4:4; I
Coríntios 12:13, 27-28; Gálatas 3:27-28).
6. A esperança do
crente em Cristo é celestial e espiritual (Filipenses 3:20; Colossenses 3:1-4).
As suas bênçãos são espirituais e celestiais (Efésios 1:3), Em Cristo, é como
se já estivéssemos assentados nos lugares celestiais (Efésios 2:6), para onde
iremos na ressurreição (Efésios 1:16-23). Os nossos inimigos são espirituais e
a luta travar-se-á nos lugares celestiais, (Efésios 6:10-20), como o são também
as nossas armas: a palavra da revelação do Mistério (Efésios 6:10-20).
Nisto
se diferenciava a mensagem com que Deus comissionou Paulo, a qual era um
Mistério “não revelado aos filhos dos homens desde os tempos eternos”
(Efésios 3:3-4; Colossenses 1:26), da comissão confiada a Pedro e aos onze
apóstolos de Israel, que esperavam o reino messiânico, o cumprimento das
profecias e a vinda do Senhor glorificado. Na verdade, eles não entenderam nada
das revelações dadas a Paulo para transmitir à Igreja “O Corpo de Cristo”,
segundo se deduz das seguintes passagens de Gálatas 2:1-5 e II Pedro 3:15-18,
e, como tal, que o programa profético tinha sido suspenso. Eles vieram a saber
isso por intermédio do Apóstolo Paulo.
Com
estas simples, superficiais e curtas considerações não nos admiramos que as
citações apresentadas se contradigam, pois umas (A) dizem respeito à
Profecia e ao programa profético e as outras (B) referem-se à “Dispensação
do Mistério” e ao programa do Mistério. Doutra sorte, como compreender
harmoniosamente as citações apresentadas? E que faríamos de Atos 3:25 que diz:
“Na tua
descendência serão abençoadas todas as famílias de terra”,
Quando
comparado com Romanos 11:11-13 e 15, que diz:
“Pela
sua queda veio a salvação aos gentios”, e:
“Se a
sua queda foi a riqueza dos gentios”, e:
“Se a
sua queda é a reconciliação do mundo…”
Ou seja, que dizem o contrário?
Ah, como Deus responde a todas estas questões com a chamada de Paulo e com a respetiva comissão com que o encarregou para os gentios (Efésios 3:2; Colossenses 1:25), tratando-se de um novo programa com o qual Deus iria tratar agora com a humanidade.
Ah, como Deus responde a todas estas questões com a chamada de Paulo e com a respetiva comissão com que o encarregou para os gentios (Efésios 3:2; Colossenses 1:25), tratando-se de um novo programa com o qual Deus iria tratar agora com a humanidade.
Lamentável
é ver crentes sinceros confiarem e ensinarem que Mateus 28:16-20, Marcos
16:15-20, Lucas 24:45-49, João 20:19-23 e Atos 1:2-9 é a ordem de marcha de
Deus para a Igreja atual, depois de aí termos ensino profético, messiânico,
legalista, cerimonial e ritual.
Se
sim, como responder aos católicos romanos sobre o “confessionário”
quando estes se baseiam em João 20:22-23?
«E,
havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.
Àqueles a quem perdoardes os pecados, lhes são perdoados; e, àqueles a quem os
retiverdes, lhes são retidos»
E
como responder aos crentes adventistas do sétimo dia sobre o guardar a Lei,
depois de eles se basearem em Mateus 23:2-3 e 28:20?
«Na
cadeira de Moisés, estão assentados os escribas e fariseus. Observai, pois, e
praticai tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com as suas
obras, porque dizem e não praticam».
«Portanto,
ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho
mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos
séculos. Amém!»
E
como responder aos católicos romanos e às chamadas Igrejas de Cristo que pregam
a “Salvação pelo batismo”, pois se baseiam em passagens como Lucas
7:29-30 e Marcos 16:16?
E
como responder aos mesmos católicos romanos e aos judeus sobre o sacerdócio já
que Cristo nos dias da sua carne aprovou-o conforme nos reza Marcos 1:44:
“Vai,
mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés
determinou…”.
Como
responder a nós próprios sobre todas estas importantes questões? Ou preferimos
ignorar as palavras de Deus e enterra-las como se não existisse? Ou será que
não é isso mesmo o que literalmente indicam? Ou será que não consta no original
grego? Eu optaria por estudar com toda a humildade e oração os pontos em
questão, afim de não ensinar declarações da Palavra de Deus tão claras e,
deturpando-as, dando-lhes um significado que elas na realidade não expressam e
falar coisas como da parte de Deus mas que, com Deus nada têm? O modernismo
religioso e os cultos já caíram nesta via.
Deus
lhes perdoe e nos guarde!
III. COMENTANDO OS TEMAS:
1. A Lei:
Não
é de admirar que o Sermão da Montanha seja chamado “A Carta Magna do Reino”,
pois nele temos, entre outras coisas, o verdadeiro espírito da Lei e o lugar
que ela ocupará no reino milenial.
A
Lei e a sua observância tinha importância capital na mensagem do reino
prometido pelos profetas, anunciado primeiramente por João Baptista (Lucas
16:16), sequentemente pelo Senhor (Mateus 4:17) e consequentemente pelos doze
apóstolos (Mateus 10:6-8); mesmo na lista de passagens anteriormente citadas
apercebemo-nos desta verdade.
Pensemos
em Mateus 5:17, que diz:
«Não
cuideis que vim destruir a Lei e os profetas: não vim abrogar mas cumprir».
Este
versículo tem o seu cumprimento em Cristo em três aspetos:
1.
Do ponto de vista moral, Cristo foi o
único justificado pelas obras da Lei diante de Deus; pois embora em tudo
tentado, nunca pecou (Hebreus 4:14-16; 7:25-26).
2.
Do ponto de vista judicial, Cristo cumpriu o
que a Lei dizia, mas também o que ela exigia: a morte do transgressor. Sendo
nós os transgressores, Cristo ao tomar o nosso lugar, cumpriu os justos
requisitos que a Lei exigia de nós (Gálatas 3:10-14). Desta feita, a Lei nada
pode exigir de nós. Estamos nós mortos para a Lei em Cristo (Romanos 7:1-5).
3.
Do ponto de vista governamental, Cristo no seu
reino não vai abolir a Lei, antes, será nessa altura que ela vai ser bem
observada e cumprida. Como consequência disso, nessa dispensação, a alma que
pecar morrerá (Levítico 20; I João 5:16-17 c/ Ezequiel 18:4; Isaías 65:20).
A
Lei de Moisés não foi abolida com a introdução do programa do Mistério. Pelo
contrário, estabelecemos a Lei (Romanos 3:31), ou seja, reconhecemos a Sua
importância. A lei é santa e o mandamento de Deus é santo, puro e bom (7:12).
E, por isso, será com base na Lei que o homem será condenado por Deus. A
questão com a Igreja “Corpo de Cristo” é diferente: relativamente à nossa
condição espiritual, estamos mortos em Cristo, para a Lei (Romanos 7:1-6;
8:1-4), para sermos doutro, e vivermos segundo um outro modelo: em novidade de
espírito, ou de entendimento, para Deus, que se opõe ao entendimento da carne,
i.e., da própria Lei (Romanos 7. Ver, especialmente versículo 6, que é
explicado com o resto do capítulo). De forma que, para este novo modelo de
vida, não há lei (Gálatas 5:22-23).
Em
Gálatas 3 temos uma explicação bem definida do carácter da Lei (3:10-12), do
seu objetivo (3:19-22) e da sua duração: até que viesse a posteridade: Cristo
glorificado (3:23-4:7).
Através
duma leitura cuidada nesse capítulo logo nos apercebemos que as promessas foram
feitas a Abraão e à sua semente, que é Cristo (3:16). A nação de Israel, como filhos
de Abraão, tinham legitimamente como herdeiros diretos às promessas. Contudo,
estes não estavam preparados para as receber. Eram comparados a meninos
(4:1-3). Por essa razão Deus lhes tinha dado a Lei como um aio ou condutor a
fim de os ajudar e educar a viver das promessas (3:19), e se eles a
observassem, viveriam por intermédio dela as suas promessas (3:12). Porém, a
Lei antes de os ajudar, condenava-os por causa da fraqueza da carne, i.e.,
humana (Romanos 8:3; Gálatas 3:10-12).
«Mas
vinda a plenitude dos tempos, Deus enviou o Seu Filho, nascido de mulher,
nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da Lei…” (Gálatas 4:5-7;
3:13-14).
Agora,
o pecador que crê em Deus com base na obra do Senhor Jesus Cristo na cruz do
Calvário, o Espírito Santo batiza-o identificando-o com Cristo glorificado e,
confere-lhe o direito de Cristo às promessas. Neste estado Deus jamais nos
considera como meninos, antes maduros em Cristo, não carecendo mais de aio,
pois já recebemos a adoção e as promessas (Gálatas 3:14; 4:6-7).
A
Lei teve assim o seu objetivo e o seu tempo específico:
“A
Lei nos serviu de aio até Cristo…” (Gálatas 3:24 versão Jerusalém).
Observar
hoje a Lei é inutilizar a obra da graça de Deus (Judas 4), é tornar vã a obra
da cruz (Gálatas 2:21), e consiste num desvio da revelação e do programa de
Deus para a presente época (Gálatas 5:1-6).
«Estai,
pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a
meter-vos debaixo do jugo da servidão» (Gálatas 5:1).
«Separados
estais de Cristo, vós os que vos justificais pela Lei: da graça tendes caído»
(Gálatas 5:4).
2. Circuncisão:
A
circuncisão era o sinal do pacto que o Senhor estabeleceram co Abração, por
isso, chamado de pacto abraâmico (Génesis 17:9-14; Romanos 4:11). Consistia no
corte do prepúcio de todo o macho aos oito dias de vida (Levítico 12:3). Era um
requisito exigido de todos os que pretendessem participar neste pacto e das
bênçãos e promessas que ele garantia (Êxodo 12:48; Génesis 34:14-17; Ezequiel
44:9).
A
circuncisão é que lhes dava esse direito de participar das promessas e do pacto
em questão; e isto não só com referência aos Judeus, mas, particularmente para
os gentios, como “estranhos aos concertos da promessa” (Efésios 2:12).
O
incircunciso, como alheio a este pacto, deveria ser considerado inimigo
(Efésios 2:13-17) e consequentemente expulso como um gentio (Génesis 17:14);
razão por que Moisés circuncidou os seus filhos quando fora enviado por Deus ao
Egipto a fim de libertar o povo de Israel escravizado lá (êxodo 4:24-26). Da
mesma sorte, antes que Israel entrasse na terra prometida, Caná, Josué ordenara
a circuncisão do povo para os tornar participantes por direito às promessas que
se preparavam conquistar (Josué 5:3-9).
A
circuncisão também fazia parte da mensagem messiânica:
«Cristo
foi ministro da circuncisão para confirmar as promessas feitas aos pais…” (Romanos 15:8).
Pedro
e os onze, como representantes do Messias a Israel e responsáveis desta
mensagem, eles mesmo pregavam a circuncisão (Gálatas 2:7), e Paulo, neste
período, circuncida a Timóteo por causa dos judeus (Atos 16:3). Mesmo os
Judeus, debaixo do ministério de Pedro, compreenderam que “quem não se
circuncidasse, não poderia ser salvo” (Atos 15:1). Isto implicaria dizer
que, mesmo os gentios debaixo do programa messiânico, entregue a Pedro e aos
onze pelo Senhor ressuscitado (Mateus 16:19; 18:18-19; 19:28), teriam que se
circuncidar para participar dos “Concertos da Promessa”, aos quais as
Escrituras chamam de “Prosélitos” (Atos 2:10).
Com
a suspensão do programa profético e da Profecia, por força da introdução do
programa do Mistério, no aparecimento do Senhor glorificado a Saulo de Tarso,
apercebemo-nos que Deus pôs a nação de Israel de parte, temporariamente, não a
conhecendo presentemente como o seu povo exclusivo (Romanos 11:25; Amós 3:2 c/
Gálatas 3:28; Efésios 3:6), antes, agora, “anuncia a todos e em todo o lugar
que se arrependam” (Atos 17:30), com o objetivo de formar com os crentes,
judeus e/ou gentios “um novo homem” – CRISTO (Efésios 2:11-21). A
formação deste corpo está baseado, não nos “concertos da promessa” (incluindo o
abraâmico – o da circuncisão), mas exclusivamente na sua graça e no programa da
Sua graça. Só esta circunstância consta e é válida no beneplácito da sua vontade
na presente época ou período (II Pedro 3:15-18; Efésios 2:8-9; Tito 2:11-12;
3:4-7).
A
circuncisão, como qualquer outro rito judaico, foi cravada na cruz (Colossenses
2:14); lá perdeu todo o seu poder, valor e utilidade na atual dispensação
(Gálatas 5:5; 6:15). Como já referimos, Deus não está a formar uma nação
terrena, mas um corpo, espiritual, nos lugares celestiais.
“A
Circuncisão de Cristo”
Colossenses
2:9-11 fala da circuncisão aprovada por Deus: “A Circuncisão de Cristo”.
Esta circuncisão é de ordem espiritual, embora o Senhor a tivesse experimentado
fisicamente. É uma referência à experiência que o Senhor Jesus Cristo teve na
cruz do Calvário. Certamente que não é a mesma de Génesis 17:9-14, porém o seu
verdadeiro sentido deriva de lá; e a circuncisão de Génesis 17 era um símbolo
da verdadeira circuncisão que se completou, cedendo-lhe o lugar: a circuncisão
espiritual, a circuncisão de Cristo.
No
chamado Velho Testamento a circuncisão carnal além de ser sinal do pacto
abraâmico (Romanos 4:11), também era um símbolo de morte, senão examinemos:
Em
Josué 5:9, quando os Israelitas se circuncidaram, atribuíram ao lugar do
acontecimento o nome de “Gilgal”, que significa “fazer rolar de…”, visto que,
segundo diz, Deus fez rolar sobre eles o opróbrio do Egipto. Os Israelitas a
partir desse momento deveriam estar conscientes da nova vida que iriam
enfrentar, e comportarem-se como mortos para o Egipto.
Este
acontecimento dá muita luz a Colossenses 2:11, pois que, assim aconteceu
connosco em Cristo. Na cruz do Calvário o Senhor Jesus foi cortado do mundo
(Figura do Egipto), dando a sua vida por nós ou em nosso lugar. A passagem não
diz que fomos literalmente ou fisicamente circuncidados, mas a nossa
identificação com Cristo (pela obra do Espírito Santo – I Coríntios 12:13;
Gálatas 3:28), torna-nos n’ Ele circuncidados, pois diz: “No qual estais
também circuncidados…” e “estais perfeito n’Ele” (Colossenses
2:10-11). De forma que, como a circuncisão carnal dava aos judeus e
estrangeiros o direito de participarem nas bênçãos terrenas prometidas a Abraão
(Génesis 12:1-7; 13:14-17), esta, que é espiritual, dá-nos, à Igreja “O
Corpo de Cristo”, o direito de participar das bênçãos espirituais em Cristo
(Efésios 1:3-14).
Em
termos mais claros acrescentamos que a circuncisão de Cristo tratada em
Colossenses 2:11, foi a nossa circuncisão, porque foi feita em nosso lugar, e
isto na Cruz do Calvário. Com a nossa conversão a Deus o Espírito de Deus nos
identifica com a Pessoa e Obra de Cristo (Romanos 6:3-5 c/ Gálatas 3:28), ou
seja, Deus aplica a nós a “Circuncisão de Cristo”.
Ante
estes factos podemos comparar, afirmar e concluir dizendo que, assim como no
chamado Velho Testamento o incircunciso deveria ser considerado com gentio e
imundo, e o circunciso como Povo de Deus, na revelação do Mistério a
circuncisão de Cristo aplicada aos nossos corações, Deus fica impedido de nos
castigar, pois temos o “Sinal do Pacto” espiritual: A CIRCUNCISÃO DE CRISTO.
De
forma que:
«Eu
Paulo digo: se vos deixardes circuncidar (com a circuncisão da carne), Cristo
de nada vos aproveitará» (Gálatas 5:2-4).
3. O Sacerdócio:
O
escritor aos Hebreus é claro em dizer que o sacerdócio não terminou, antes,
sim, houve uma mudança de tipo ou ordem sacerdotal: o sacerdócio aarónico deu
lugar ao sacerdócio que é segundo a ordem de Melquisedeque (Hebreus 7:12).
Enquanto
o sacerdócio aarónico era carnal e imperfeito, o sacerdócio de Melquisedeque é
um sacerdócio completo e eterno, dando-nos a nós os crentes o direito de o
exercer, pois este não é exclusivo a uma família mas a todos os que se
identificam com Cristo, o Sumo Sacerdote (Hebreus 5:10; Apocalipse 1:5-6;
5:9-10).
Esta
mudança deu-se quando? E Como?
Em
Lucas 1:5-10
lemos que o sacerdócio ainda estava em vigor nos propósitos de
Deus, nos dias de Zacarias, pai de João Baptista.
Em
Lucas 2:21-24
lemos das cerimónias sacerdotais respeitantes à circuncisão, aos
oito dias de vida da criança macho, e da apresentação do Menino Jesus pelos
quarenta dias segundo a Lei de Moisés (Levítico 12:1-4).
Em
Lucas 5:14
o Senhor confirma a importância do sacerdócio
levítico no programa messiânico.
Em
ucas 19:45-48
o Senhor purifica o Templo, exigindo um sacerdócio
sagrado e consagrado.
Em
Mateus 24:15
o Senhor dá instruções ao remanescente,
referindo-se aos dias da Grande Tribulação, no que diz respeito ao
sacerdócio.
Atos
3:1… e 21:20-24,
mostram como os doze apóstolos mantiveram estas práticas religiosas.
Diante
de tais perguntas e de tais referências bíblicas, as quais, antes de nos
esclarecer, parecem trazer-nos mais dúvidas, incógnitas, e dificuldades na sua
compreensão, que fazer? Deus, por sua vez, responde-nos com a chamada do
apóstolo Paulo e com a comissão que lhe deu para a Igreja da presente
dispensação.
Em
todas as epístolas do apóstolo Paulo, que compõem a Carta Magna da Igreja
“Corpo de Cristo”, apercebemo-nos que Deus não está presentemente a tratar com
a nação de Israel como seu povo exclusivo, nem com tudo o que lhes diz
respeito, do ponto de vista legal e cerimonial, mas numa mesma medida, com
judeus e gentios, fazendo dos que creem sacerdotes espirituais, sem cerimónias,
símbolos ou ritos, como forma de adorar a Deus, como em cima sucintamente nos
referimos.
«Tendo
pois ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus…» (Hebreus
10:19).
4. Os Evangelhos:
Certamente
que poderíamos encher muitas páginas considerando este assunto. Trato dele
propondo esta questão: Se com a pregação do Evangelho do Reino em todo o Mundo
o fim viria, como não aconteceu nada quando Paulo disse que o Evangelho fora
pregado em todo o mundo e a toda a criatura nos seus dias?
Penso
e estou certo, pois Deus é claro em mostrar-nos que se trata de Evangelhos
diferentes. De facto, ambas as mensagens são boas novas, e por isso, se chamam
de Evangelhos, mas são dirigidos a povos diferentes, com propósitos diferentes,
com conteúdos diferentes, e para tempos diferentes (Mateus 24:14 e Colossenses
1:6, 223) eram diferentes. Um dizia respeito ao Evangelho messiânico que
consistia no cumprimento das promessas com a vinda do Messias e estabelecimento
do seu reino. O outro diz respeito ao Evangelho da graça de Deus para salvar os
seus inimigos (Romanos 5:5-11), para o tempo presente (Efésios 3:1-11).
Com
o Evangelho messiânico, os doze apóstolos, aos quais foi confiado este
evangelho, não saíram de Jerusalém (Atos 8:1, 14), com as exceções pontuais de
Pedro descritas no capítulo 8 e no capítulo 10 dos Atos dos Apóstolos, para as
quais há uma justificação dispensacional.
Não
lemos mais em parte alguma da saída dos doze apóstolos de Jerusalém. Quando
Pedro o fez, conforme descrito em Gálatas 2:12-21, e com um propósito
messiânico, criou uma série de embaraços para si e para outros crentes, pois
ele assumiu uma postura messiânica num período que Deus já tinha suspendido
esse programa.
Daí
que, segundo o texto, Paulo teve de o repreender: “resistir na cara”. Esse
versículo de Mateus 24:14 será cumprido, certamente, mas no período da Grande
Tribulação, pelo remanescente, que sairão por tudo o mundo segundo Apocalipse
7. Disso é o que trata o Senhor em Mateus 7, estou convicto… diante dos factos.
O
Evangelho falado em Colossenses 1:6 e 23, refere-se ao “Evangelho do
Mistério” que foi revelado e confiado a Paulo para o fazer conhecido à
Igreja “Corpo de Cristo” (Gálatas 2:2; I Timóteo 1:11), o qual é distinto do de
Pedro (Gálatas 1:6, 8, 9; 2:7-8); é o Evangelho da Graça de Deus (Atos 20:24).
Este
Evangelho, já nos dias de Paulo, tinha chegado por seu intermédio, por
intermédio dos seus cooperadores, e dos que por eles eram evangelizados, a todo
o mundo (Romanos 1:8; Filipenses 1:12-13; Colossenses 1:6, 23; I
Tessalonissenses 1:7-8).
Mudança
dispensacional, de Época, de programa, de propósito ou como lhe quisermos
chamar, é a resposta para esta importante questão! Ficam dúvidas? Só Deus as
poderá retirar, se estudarmos sinceramente e afincadamente a Sua Palavra e, em
particular, a Escritura conforme Paulo escreveu nas suas epístolas.
5. O Dom de Línguas:
O
“Dom de Línguas” é outro tema para o qual carecíamos de muito mais tempo e
espaço para ser convenientemente tratado; mas aqui fica a promessa de que ainda
o faremos se Deus nosso Senhor quiser. Por agora ocupar-nos-emos com o texto de
I Coríntios 13:8-13:
“Havendo línguas cessarão… quando vier aquilo que
é perfeito…”
É
nesta passagem que os movimentos carismáticos mais se baseiam para promover o
exercício do suposto dom. Ignorantemente ousam ensinar que o “perfeito”
na referida passagem é o Senhor Jesus Cristo, e como tal, dizem que as línguas
só acabarão com a vinda do Senhor! Mas… será assim?
Na
língua original a expressão do Apóstolo Paulo é “to teleyon” (o
perfeito), que se encontra no género neutro, pelo que, não se pode referir a
pessoas. O artigo que dá sentido à palavra encontra-se não no masculino ou
feminino como referindo-se a pessoas, mas no neutro, para se referir
a uma coisa.
De
acordo com o contexto do capítulo, o apóstolo fala de três dimensões do Amor:
1. A Excelência do
Amor
(1-3): A sua superioridade em relação aos dons;
2. A Riqueza do Amor (4-7): As suas
características em contraste com os dons sinais.
3.
A Eternidade do Amor (8-13): O apóstolo diz que, quanto
à eternidade do Amor, comparando-o com os dons sinais, com a vinda do “perfeito”,
enquanto os dons sinais acabarão, por serem temporários e transitórios, o Amor
permanecerá: nunca acaba (assim o grego no versículo 8).
O
que será “o perfeito” então?
A
palavra grega de onde se traduz “perfeito”, e já referida “to teleyon”,
ocorre no chamado Novo Testamento 19 vezes, sendo dez delas empregues pelo
Apóstolo Paulo. Todas estas suas referências convergem para a vontade, palavra
e revelações de Deus para a Igreja “Corpo de Cristo” (Romanos 12:2; I Coríntios
2:6; Efésios 4:13; Colossenses 1:28; Hebreus 5:14).
Strong: 5046 teleiov teleios, de 5056;
TDNT-8:67, 1161; adjetivo, e significa 1) levado a seu fim, finalizado; 2) que
não carece de nada necessário para estar completo; 3) perfeito; e, 4) aquilo
que é perfeito.
Notem
que se trata de um adjetivo e não de um substantivo, como se referindo a alguém
perfeito, mas um adjetivo qualificativo, que com o artigo do género neutro deve
entender-se: “aquilo perfeito”. Ou seja: aquilo que é em parte: o imperfeito
(os dons sinais: v. 8-9), acabará com a vinda, a manifestação, quando a entrega
da revelação da Igreja “Corpo de Cristo” ficar completa!
O
termo é empregue em I aos Coríntios 2:6, 14:20, Efésios 4:13, Filipenses 3:15,
Colossenses 1:28 e 4:12, ou seja, em seis ocasiões como sinónimo de “maduro”,
“adulto” espiritualmente, ou seja, dos membros do “Corpo de Cristo” que são
conhecedores e dominadores da revelação de Deus para o presente tempo dos
gentios. No mesmo sentido é usado o termo em Hebreus 5:14. Em Romanos 12:2 e em
I aos Coríntios 13:10 o termo é empregue com referência à vontade de Deus, ou
seja, a revelação de Deus para a Igreja “Corpo de Cristo”. Este sentido é
comprovado pelo versículo 11:
«Quando eu era menino,
falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem
[maduro,
perfeito], acabei com as coisas de menino»
Ou
seja, o apóstolo está a contrastar a situação de criança com a de adulto que a
revelação da vontade de Deus dota o crente, membro da Igreja “Corpo de Cristo”.
Esta
passagem exige que seja compreendida da seguinte forma: «Quando a revelação
da vontade de Deus vier completa ou ficar completa…»
O
Apóstolo Paulo ainda não tinha a revelação completa (perfeita) do “Mistério
do Corpo de Cristo”, a “Igreja do Mistério”, pelo que, o apóstolo diz: “em
parte conhecemos e em parte profetizamos” (v. 9). Neste período em que uma
mensagem nova da parte de Deus estava a ser revelada, que implicava uma nova
forma de Deus atuar e que implicava em mudança de propósitos de Deus, era
necessário algo sobrenatural para acompanhar a mensagem como demonstrativo de
que se tratava de obra de Deus e não de um movimento religioso novo. Com este
propósito foram dados dons sinais (não poderes para fazer sinais, como na
mensagem messiânica e programa profética – Marcos 16), conforme descrito em I
aos Coríntios 12 e 14, Gálatas 3:5. Paulo refere aos seus dons miraculosos como
“sinais” ou evidências do seu apostolado (II aos Coríntios 12:12). No entanto,
depois que a revelação foi concluída, a revelação acerca do “Mistério de
Cristo”, jamais era necessário recorrer a sinais e símbolos, seja de dons ou de
outra forma de manifestação qualquer, já que eram formas incompletas da
manifestação espiritual, comparado com o “Corpo de Cristo” (Colossenses
2:16-23).
Pela
linguagem de Paulo aos romanos parece que a revelação ficou completa aquando da
sua ida a Roma:
«E
bem sei que, ao visitar-vos <2064>, irei <2064> na plenitude da bênção
de Cristo»
(Romanos 15:29).
E,
diz ele:
«Por
esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Cristo Jesus, por amor de vós,
gentios, se é que tendes
ouvido a respeito da dispensação da graça de Deus a mim confiada para vós
outros; pois, segundo uma revelação, me foi dado conhecer o mistério, conforme
escrevi há pouco, resumidamente; pelo que, quando ledes, podeis compreender o meu
discernimento do mistério de Cristo, o qual, em outras gerações, não foi
dado a conhecer aos filhos dos homens, como, agora, foi revelado aos seus
santos apóstolos e profetas [da Igreja “Corpo de Cristo, não aos doze
apóstolo de Israel: 2:20 e 4:11-13], no Espírito [i.e., palavra do
Espírito], a saber, que os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo
e co participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho; do qual
fui constituído ministro conforme o dom da graça de Deus a mim concedida
segundo a força operante do seu poder» (Efésios 3:1-7).
«Visto
que andamos por fé e não pelo que vemos…» (II Coríntios 5:7).
«Não
atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se
veem são temporais, e as que se não veem são eternas» (II Coríntios 4:18);
«Estou
crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim;
e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a
si mesmo se entregou por mim» (Gálatas 2:20).
Com
a revelação completa não somente foram removidos todos os símbolos e formas
carnais de manifestação (religiosa), como essas formas de manifestação deixam
de estar relacionadas com Deus. É uma manifestação da carne! Hoje Deus é
servido espiritualmente, no entendimento. E, quanto mais o nosso entendimento
estiver completo com a mensagem que é perfeita, melhor servimos a Deus e mais
aptos estamos para a obra de Deus.
«Porque,
agora [que
estamos sem a revelação completa], vemos como em espelho, obscuramente
[e em símbolos]; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então,
conhecerei como também sou conhecido» (I Coríntios 13:12).
E,
mais:
«Vindo,
porém, a plenitude do tempo [da idade madura, da maturidade], Deus
enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que
estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos.
E,
porque vós [agora]
sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito [entendimento,
palavra] de seu Filho, que clama [em nós e por nós]: Aba, Pai! De
sorte que, já não és [tratado como] escravo [debaixo de tutores, a
Lei], porém filho; e, sendo filho, também [és] herdeiro por Deus.
Outrora,
porém, não conhecendo a Deus, servíeis a deuses que, por natureza, não são [deuses]; mas agora [com
esta revelação do Mistério de Cristo] que conheceis a Deus ou, antes, sendo
conhecidos por Deus, como
estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo,
quereis ainda escravizar-vos?
«Guardais dias, e meses, e
tempos, e anos. Receio de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco» (Gálatas 4:4-11).
Assim,
com a conclusão da revelação do Mistério da Igreja “Corpo de Cristo” Deus
deixou de se manifestar ao mundo de forma visível: a única revelação ou
manifestação de Deus ao mundo, presentemente, é a revelação de Deus ao Apóstolo
Paulo. Nela, nós conhecemos o propósito de Deus em Cristo glorificado, a
vocação da Igreja “Corpo de Cristo”, a vontade de Deus na sua forma de atuar no
tempo presente da Dispensação da Graça de Deus, etc.. Dons sinais, sinais e
símbolos, leis e mandamentos, formas exteriores de culto e manifestações
carnais de adoração a Deus é algo que não se enquadra na revelação do
“Perfeito”, pois já o “conhecemos como dele somos conhecidos e o vemos face a
face” (11-12).
E,
conclui:
«Quando
eu era menino, falava como menino [dom de línguas, v. 8], sentia como
menino [dom de profecia], discorria como menino [dom de ciência],
mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
E,
quando tivermos a revelação completa, “deixemos as coisas de menino…”
(v. 11). Procuremos as coisas pertencentes ao “varão perfeito” (Efésios
4:13).
6. O Dom das Curas:
Muita
tinta, muitos pensamentos, muita controvérsia e muitas questões se tem
levantado sobre este cativante assunto. Porquê, para quê, a quem e até quando
Deus foi servido de autorizar este tipo de manifestações? São incógnitas
frequentes naqueles que não têm conhecimento do tema que temos vindo a tratar:
as épocas de Deus.
Vejamos
estes dons à luz das Sagradas Escrituras:
1.
Este tipo de manifestações de operar maravilhas
ocorreram sempre nos períodos de mudança das quatro principais dispensações: no
reino da Morte (Romanos 5:14 com Êxodo 4-13), no reino da Lei
(Romanos 5:14 com Atos 2-28); no reino da Graça (Romanos 5:21 com Apocalipse
11); e, no reino da Justiça (Romanos 5:21 com Jeremias 23:6 com Isaías
35).
2.
Os dons de operar maravilhas foram usados por Deus nos
períodos críticos do seu povo: apostasia e corrupção. Falamos dos dias de
Elias, de Eliseu, de Moisés, dos doze Apóstolos de Israel e mesmo dos dias de
Apocalipse: na grande tribulação (Apocalipse 11).
3.
Segundo os profetas, designadamente Isaías 29:18,
35:4-6, 33:22-24 e 35, as manifestações milagrosas eram uma evidência da
proximidade do estabelecimento do reino prometido aos patriarcas e predito
pelos profetas. O Senhor falou disso em Lucas 11:2 e 10:11. Isto explica a
razão de nos Evangelho o Senhor enviar os doze Apóstolos com poder de fazer
milagres enquanto pregavam o evangelho do reino dos céus, que era dizer que
estava próximo o seu estabelecimento (Mateus 10). E, porque era uma boa nova e
chamada ao arrependimento? Porque se iria manifestar o anticristo, logo após a
sua morte e, dificilmente resistiriam à sua mensagem e confiariam nele! E, quem
receber a sua marca não poderá ser mais salvo. Além disso, quem se arrependesse
e cresse no Evangelho do Reino o Senhor prometia protege-los na Grande
Tribulação, como aconteceu com Israel na travessia no deserto, e como
acontecerá com o remanescente de Israel (Apocalipse 12).
4.
Os dons sinais são tidos nas Escrituras como
credenciais do Messias. Assim falaram os profetas: aquele que viesse com este
tipo de manifestações maravilhosas e sobrenaturais seria um enviado de Deus. E,
pela referência ao tempo que estava em causa teria de ser o próprio Messias.
Assim Isaías 35, como Lucas 7:20-22, na referência de João Baptista. O próprio
Senhor falou disso: João 5:36 e 14:11-12. Esta a razão bíblica do Senhor se
manifestar a Israel com estes sinais.
5.
Depois da morte e ressurreição do Senhor os sinais
tinham um outro objetivo: provar a ressurreição do Messias que tinha sido
crucificado (Atos 4:13, 33). O Senhor ressuscitado nunca se manifestou aos
descrentes, aos perdidos, só unicamente aos seus remidos, e provavelmente, não
a todos. Os dons sinais vinham provar aos incrédulos e principais de Israel que
o Messias que eles crucificaram tinha ressuscitado e lhes deu do Seu poder para
fazerem estas maravilhas, representando-o na sua ausência. Nestes dias de
proximidade do reino de Israel, entre Atos 2-7, os sinais tornaram-se uma
característica do crente comum (Marcos 16:16-20), pois os “sinais seguiriam aos
que criam”, e eram uma forma de poder contra o poder que estava eminente: a
manifestação do anticristo. Era uma evidência dos crentes do reino, ou que
esperavam o reino, ou ainda, que pregavam o reino. Nesta alínea convêm
acrescentar mais o seguinte: a esperança de Israel era tríplice: (1)
Salvação Espiritual (Joel 2:32), (2) Salvação Física
(Isaías 33:23-24) e (3) Salvação Política (Lucas
1:71). O primeiro, neste reino, as hostes espirituais estarão dominadas;
Satanás estará preso (Apocalipse 20:1-3). Razão porque a mensagem do Reino era
acompanhada com o poder de expulsar demónios (Mateus 10:8). “E via o Senhor
Jesus Cristo, tipicamente, Satanás a cair do céu (Lucas 10:18) como um
derrotado diante da mensagem do reino” (I João 3:8), e uma antevisão de
Apocalipse 12:7 a 9. Segundo, neste reino a carne estará também
controlada pelo Senhor: “falta nenhuma haverá, seus vestidos não envelhecerão,
e seus pés não incharão…” (Neemias 9:21 com Isaías 35; 65:17-25). “E
ninguém dirá enfermo estou” (Isaías 33:24). Em terceiro lugar,
Israel será a cabeça das nações, e todas elas andarão à sua luz, ou sob a sua
direção (Apocalipse 21).
6.
No caso de Paulo os dons sinais tinham outro
significado e objetivo. Paulo fala deles como as evidências do seu apostolado.
“Os sinais do meu apostolado”, diz ele (II Coríntios 12:12). Por quê
assim?
a)
Ninguém o conhecia senão como perseguidor (Atos
9:13-14), nada sabendo da sua conversão. Ninguém o viu a converter-se. Os dons
sinais provavam, assim, a sua chamada celestial como sendo um enviado de Deus.
b)
Os crentes desde cedo principiaram por duvidar da “Nova
Mensagem” com que Deus o comissionou, cuja natureza era desconhecida a
todos os filhos dos homens. Algo que não tinha sido anunciado até então, desde
todos os tempos eternos (Efésios 3:2-6; Colossenses 1:24-27). Desde o início do
seu ministério o seu apostolado foi contestado, bem como a própria revelação
que ele estava encarregado por Deus de comunicar à Igreja (Gálatas 1:1-10). “Os
sinais do seu apostolado” iriam provar que ele era o “mordomo da casa de
Deus”, o mandatário desta “dispensação da graça de Deus” (Efésios 3:1-5).
c)
“Os sinais do seu apostolado” iriam provar além
do que temos já considerado, que o seu apostolado era distinto dos doze. Estes
foram chamados para representarem o Messias diante de Israel. Ele era Apóstolo
dos gentios. Duas chamadas distintas, dois propósitos distintos, duas
personalidades distintas, duas mensagens distintas e duas obras distintas.
7.
As epístolas de Paulo aos coríntios (I Coríntios 12-14)
e às diversas igrejas locais da região da Galácia (Gálatas 3:5) indicam que os
crentes eram dotados de dons sinais. Mas, comparados estes dons com as
manifestações miraculosas do período messiânico, verificamos que eram
diferentes.
a)
Uns, as manifestações miraculosas messiânicas eram
fruto do poder dado pelo Senhor aos crentes judeus da Profecia para operar
maravilhas; outros, das igrejas locais dos gentios eram dons que o Espírito
Santo dotava os crentes. Lendo os textos de I aos Coríntios 12 e 14,
constatamos que se tratam de dons dados aos membros da Igreja “Corpo de
Cristo”, e não manifestações esporádicas do poder de Deus.
b)
Outro facto divergente dos dons com as manifestações
messiânicas, é o facto que, segundo Marcos 16, as manifestações eram sinais que
se manifestavam em todos os que cressem; Na Epístola aos Coríntios vemos que os
dons não são comuns a todos, mas há diversidades de dons, cada um como o
Espírito Santo quis distribuir, no cumprimento de um propósito específico para
cada um, na edificação do “Corpo de Cristo”.
c)
O “dom de línguas” referido na Epístola aos coríntios
era diferente das línguas que se ouviam em Atos 2; ali, em Atos 2, Pedro falava
e todos os seus irmãos israelitas entendiam na sua própria língua (Atos
2:1-36). Não era preciso interprete. Em Coríntios, as línguas que os crentes
falavam eram espirituais, não humanas, provavelmente de anjos, como Paulo
distingue no capítulo 13, versículo 1. Estas línguas precisavam de intérprete.
Não se destinavam a falar aos homens, mas a Deus. Nem o próprio que falava as
línguas entendia o que dizia, daí a necessidade de um dom complementar, o dom
de interpretação. Este dom de línguas destinava-se a manifestar aos anjos o
que, também para eles, era oculto: o mistério do “Corpo de Cristo”! É, que,
enquanto no programa profético os crentes estavam dependentes do ministério dos
anjos, no programa do Mistério do Corpo de Cristo os anjos estão sob a
administração dos crentes (Efésios 1:16-23; I Coríntios 6:3).
d)
De acordo com o que analisamos na rubrica anterior,
estes dons, como o dom de línguas, eram dons transitórios, formas de
manifestação espiritual do Espírito de Deus para compensar a falta da revelação
do Mistério, que estava em fase de revelação progressiva (I Coríntios 13:8-13).
Depois
de concluída a revelação do mistério do “Corpo de Cristo”, da dispensação da
Graça de Deus, que coincidiu com a chegada de Paulo a Roma, nada mais ouvimos
de dons de curar. Nas suas epístolas pastorais ele fala de casos de curas, mas
não de dons de curar. Os dons de curar diziam respeito à nação de Israel, pois
essa era a sua esperança: “pediam sinal” (I Coríntios 1:22). Com a
mudança do programa de Deus jamais lemos de alguma promessa de ordem material
ou carnal. Não nego que Deus o possa fazer num caso ou noutro, mas afirmar que
há dons de curar e que esse é a prática corrente de Deus atuar com o Seu povo é
fugir à verdade de revelação do “Mistério”, pelo seguinte:
i. As nossas bênçãos
são espirituais e estão nos lugares celestiais, e só serão desfrutadas depois
da ressurreição (Efésios 1:3; 16-23; Colossenses 3:1-4; Filipenses 3:20-21).
ii. A nossa posição é
espiritual e nos lugares celestiais em Cristo (Efésios 2:6).
iii. A nossa luta é
espiritual e será travada nos lugares celestiais (Efésios 6:10-12).
iv. As nossas armas são
espirituais, ou seja, é a Palavra de Deus (Efésios 6:14-17; Romanos 13:12-14;
II Coríntios 6:4-7; 10:4-6; I Tessalonicenses 5:8-11).
Nunca
lemos, nas Cartas Magnas para a Igreja “Corpo de Cristo”, que são as Epístolas
do Apóstolo Paulo (II Timóteo 1:11 e II Pedro 3:15-16), de alguma promessa de
ordem material, tais como: curas, prosperidade, riquezas, posição elevada na
sociedade, etc… Isso será fruto do nosso trabalho e esforço humano e Deus pode
permiti-lo, mas nunca o promete.
Vejamos
alguns exemplos:
II
Coríntios 12:7-9
– Paulo ora três vezes para o Senhor retirar a sua enfermidade; Deus responde:
“A minha graça te basta”. Nada lemos que Deus curasse a Paulo, mas
deu-lhe graça para a suportar Em Gálatas 4 ele ainda fala da sua enfermidade.
Filipenses
2:25-28 – Epafrodito
encontrava-se doente em Roma, e quase à morte, mas Deus se compadeceu dele não
permitindo que ele morresse. Paulo nada podia fazer por ele. As melhoras dele
foram fruto da misericórdia de Deus e não de qualquer dom de curar.
II
Timóteo 4:20 e seguintes – Trófimo estava doente em Mileto; Paulo, igualmente,
revela-nos que não podia fazer nada senão orar por ele, para ele saber viver com
a sua enfermidade na graça de Deus. Paulo fala a Timóteo dele, certamente, para
ele aprender a agir nestas situações e a orar, também.
I
Timóteo 5:23 – Timóteo,
agora também ele, estava enfermo do estômago e é aconselhado por Paulo! Paulo
nada poderia fazer por ele. Longe iam os tempos que um simples lenço seria para
curar o enfermo. Este exemplo serve para nos ensinar a agir nestas situações:
recorrer aos técnicos da saúde e esperar nas misericórdias de Deus. Esta
receita que Paulo dá a Timóteo foi dada pelo médico Lucas, certamente!
Romanos
8:18-30
– Este texto conclui este assunto de forma única apresentando qual a esperança
do crente no tempo presente dos gentios, e diz:
“Toda
a criação geme… e
nós também gememos
em nós mesmos, esperando a adoção, a saber: a redenção do nosso corpo…”
«E
da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não
sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por
nós com gemidos
inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção
do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos».
A
criação geme… esperando a ressurreição; nós, que temos as primícias do
Espírito, também gememos… esperando a ressurreição; O Espírito geme,
igualmente… esperando ou co o propósito da redenção, quando diz:
«E
sabemos que todas as coisas contribuem
juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados por seu decreto».
«Porque
os que dantes conheceu, também
os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que
ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses
também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que
justificou, a esses também glorificou».
Que
«BEM» se refere o versículo 28? É «sermos feitos conformes à imagem de Seu
Filho…», em função do Seu propósito, que faz parte do ensino da revelação do
mistério de Cristo. E, isso, acontecerá na ressurreição. Daí que, os “gemidos”
do Espírito é o clamor dele na Sua Palavra, implantado em nós, pela
ressurreição, conforme Paulo esclarece os Coríntios:
«Porque
sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de
Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus [na ressurreição,
conforme Filipenses 3:20-21]. E, por isso [enquanto estivermos neste
corpo], também gememos,
desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu; se, todavia,
estando vestidos, não formos achados nus. Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo,
gememos carregados, não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o
mortal seja absorvido pela vida. Ora, quem para isso mesmo nos preparou foi
Deus, o qual nos deu também o penhor do Espírito» (II Coríntios 5:1-5).
Paulo
está a falar da ressurreição. Ele não deseja morrer [ser despidos], mas
revestidos, no arrebatamento!
Onde
estão as promessas de curar? Onde estão os puderes de curar? Onde estão os dons
de curar? “O dia de Cristo” responderá a isso.
«Eis
aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos
transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última
trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós
seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da
incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se
revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da
imortalidade, então, cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a
morte na vitória» (I Coríntios 15:51-54).
Com
frequência ouve-se alguns ensinadores bíblicos a atribuir as enfermidades de
Paulo, Timóteo e seus companheiros à sua falta de fé ou a eventuais pecados.
Mas, esse tipo de argumentos é desonesto e nada mais controverso com a Palavra
de Deus. É o próprio Deus que testemunha a seu favor, senão vejamos:
Paulo:
“Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé. Desde agora a
coroa da justiça me está guardada…” (II Timóteo 4:7-8).
Timóteo:
“Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há…” (II Timóteo
1:4-8).
Bem,
onde estará o erro? Na Palavra de Deus? Longe de nós tal pensamento! Em mim, em
nós, em vós? Nos ensinadores bíblicos? É de todo provável; mas pôr em causa a
veracidade das Escrituras Sagradas é um verdadeiro sacrilégio contra Deus!
Mas…
continuemos:
7. O Batismo na Água:
Tanto
o batismo na água como os sinais miraculosos pertenciam à chamada “Grande
Comissão” (Mateus 28:19; Marcos 16:16-18; Atos 1:8). Ainda assim e ainda que
estranho pareça, muitos obreiro que não teriam qualquer dificuldade em
excomungar em crente de falar línguas ou operar supostamente milagres,
agarram-se contudo tenazmente à prática do batismo na água.
O
batismo na água estava fundado nos ensinos do Velho Testamento, não foi uma
inovação de João Baptista. Sob o Antigo Concerto celebrado entre o Senhor e a
nação de Israel, Deus tinha prometido:
«Agora
pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz, e guardardes o meu concerto,
então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos: Porque a terra
é minha. E vós me sereis um reino de sacerdotes e uma nação santa: Estas
são as palavras que falarás aos filhos de Israel» (êxodo 19:5-6).
Até
que Israel atingisse a sua maturidade como nação (já que se tratava de um
período de transitório e de símbolos – Israel ainda não tinha chegado a sua
maturidade – somente certas pessoas em Israel foram selecionadas para
sacerdotes. No entanto, e de acordo com a Profecia, com a vinda do Messias em
poder e glória e com o estabelecimento do Seu reino milenial, ou seja, com a
conversão de Israel como nação (Romanos 11:25-26), eles se tornariam uma nação
sacerdotal, por meio de quem os gentios teriam acesso a Deus. Em relação a
esses dias Isaías diz:
«Mas
vós sereis chamados sacerdotes do Senhor, e vos chamarão ministros de nosso
Deus» (Isaías
61:6).
O
primeiro rito a ser realizado na consagração de um sacerdote ao ministério era
a lavagem com água (Êxodo 29:4; Levítico 8:6). Isto falava da sua necessidade
de purificação antes de se aproximar da presença de Deus. Assim, quando João
Baptista proclamou o Reino como estando próximo, no qual todo o Israel deveria
comparecer, ele exigiu o arrependimento pelo batismo:
«E
eu, na verdade vos batizo na água para o arrependimento…» (Mateus 3:11).
Que
o batismo de João estava relacionado com a manifestação do Messias a Israel não
pode ser negado, pois o próprio João disse:
«E
eu não o conhecia, mas para que Ele fosse manifestado a Israel, vim eu, por
isso batizando com água…» (João 1:31).
Notemos
que João Batista batizava as pessoas “para remissão dos pecados”
(Marcos 1:4), e isso não foi alterado depois da ressurreição de Cristo, pois no
Pentecostes, quando Pedro anuncia os últimos dias e a necessidade de
arrependimento para serem protegidos desses dias, e o estabelecimento final com
«os tempos de refrigério pelo reino com o retorno do Senhor»
(Atos 3:19), fala do arrependimento pelo batismo na água… para remissão dos
pecados (Atos 2:38). Isto em estrita obediência à comissão que o Senhor
lhes deu depois de ter ressuscitado, na qual era expressamente declarado que “quem
cresse e fosse batizado seria salvo” (Marcos 16:16).
Isto
não queria atribuir à água algum poder regenerador em si, como também não eram
os sacrifícios do antigo pacto que tinham poder regenerador, em si, mas a
obediência ao mandamento pela observância do ato declarava-os salvos; salvos
não essencialmente, pois isso só acontecerá na ressurreição, mas
instrumentalmente, e potencialmente, porque o Senhor ainda não tinha morrido e
ressuscitado.
Segundo
o texto de Marcos 1:4-5, as multidões iam ter com João para serem batizadas e
confessarem os seus pecados. Isto declarava-os justificados segundo o alto
conselho de Deus para aquela época em que vigorava o programa profético (Lucas
7:29-30).
O
Senhor disse a Nicodemos:
«Se
não nasceres da água e do Espírito, não podes entrar no Reino de Deus» (João 3:5).
Esta
observância foi respeitada enquanto se anunciava a mensagem do reino:
«Levanta-te,
batiza-te e lava os teus pecados…» (Atos 22:16).
Era
uma prática que fazia parte integrante da comissão messiânica dos doze
apóstolos de Israel:
«Ide…
batizando…» (Mateus
28:19).
Hoje
insiste-se num batismo que Deus nunca instituiu: “O batismo do testemunho”.
Deus nunca falou do batismo como um testemunho, mas como um instrumento que, no
período em que era pregado o Evangelho do Reino, salvaria.
Qual
é o batismo que hoje se prática?
Será
o batismo de Mateus 3:11?
«Vos
batizo com a água para o arrependimento…»
Será
o batismo de Marcos 1:4-5?
«Pregando
o batismo do arrependimento para remissão dos pecados, (Gr. “tirar”, “limpar
pecados”) … E todos eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os
seus pecados».
Será
o batismo de Lucas 7:29-30?
«E
estes… rejeitaram o conselho de Deus contra si mesmos, não sendo batizados por
ele…»
E
Marcos 16:16?
«Quem
for batizado será salvo”.
Ou
Atos 2:38?
«Arrependei-vos,
e cada um de vós seja batizado em nome do Senhor Jesus Cristo, para remissão
dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo».
E
Atos 22:16?
«Levanta-te,
batiza-te, e lava os teus pecados invocando o Nome do Senhor».
Por
certo não é nenhum destes!
Porém,
na revelação de Deus para a Igreja “Corpo de Cristo”, que estão contidas nas
Epístolas do Apóstolo Paulo, o batismo na água nunca é requerido para a
remissão dos pecados. Obviamente, então uma outra comissão estava a substituir
a dada aos doze apóstolos de Israel antes da ascensão do Nosso Senhor.
Notem:
uma comissão é aquela que foi dada pelo Senhor antes de ser glorificado; outra,
bem diferente, foi a dada pelo Senhor depois de ser glorificado, e que se
apresentou como “cabeça da Igreja ‘Corpo de Cristo’”. Além disso, o Senhor
estar no Trono do Pai no quadro profético, representa estar lá exilado (Salmo
110:1 e Salmo 2), porque o Seu trono, neste âmbito é o Trono no Reino terreno,
milenial (Apocalipse 3:21). O Senhor estar no trono do Pai no âmbito da
revelação do Mistério da Igreja “Corpo de Cristo” representa estar lá por
direito próprio, no cumprimento dos propósitos eternos de Deus, e como cabeça
da Igreja (Efésios 1:16-23; Colossenses 1:15-19).
Então,
voltando ao nosso tema: Paulo escreve:
«Porque
Cristo enviou-me não para batizar, mas para evangelizar» (I Coríntios 1:17-18).
Como
poderemos entender estas palavras à luz de Mateus 28:18 a 20 ou de Marcos 16:15
e 16?
«É-me
dado todo o poder no céu e na terra. Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do
Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas
que eu vos tenho mandado»
«E
disse-lhes: Ide por todo o
mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não
crer será condenado».
Ora,
se Paulo estivesse no cumprimento da mesma comissão não somente estaria em
desconformidade como estaria em plena desobediência. Que se passava, então?
Paulo
estava dotado de um Apostolado, por mandamento de Deus (Romanos 1:1-2 e Tito
1:1-3), distinto do apostolado dos doze apóstolos de Israel, e comissionado com
uma mensagem diferente da mensagem messiânica dos doze apóstolos, e no
cumprimento de um propósito totalmente diferente do daqueles.
E,
continua Paulo:
«Há
um só batismo»
(Efésios 4:5).
A
mensagem profética fazia referência a vários batismos. João Baptista faz
referência ao batismo na água, do Espírito Santo e com fogo (Mateus 3:11). O
batismo na água era o que ele e os mensageiros do Reino anunciavam para chamar
o remanescente ao arrependimento; O batismo com o Espírito Santo era o batismo
espiritual que os que se convertessem seriam batizados pelo Senhor; o batismo
com fogo era o batismo que os incrédulos seriam batizados na grande tribulação.
Além
disso, a nação já tinha sido batizada em Moisés, na nuvem e no mar (I Coríntios
10:1-5), como exemplo do que haveria de acontecer.
Paulo,
de acordo com a revelação que lhes foi confiada não conheceu outro batismo
senão o que ele mesmo ensinou nas suas epístolas: o batismo espiritual (em
Espírito) no “Corpo de Cristo”, identificando-nos com a morte, ressurreição e
glorificação de Cristo (Romanos 6:3-4; Gálatas 3:26-30; Efésios 2:5-7;
Colossenses 2:9-12), tornando-nos assim membros do “Um só corpo”, o Corpo
de Cristo – a Igreja da revelação do Mistério (I Coríntios 2:1-16; 12:13,
27; Efésios 1:12-14; 2:11-22; 4:11-16).
O
“Um só batismo” de que Paulo fala em todas as suas epístolas (direta e
indiretamente) é o batismo espiritual que nos identifica com:
a)
Nos identifica com a Obra de Cristo
(Romanos 6:3-5); esta frase do “Um só batismo” visa livrar-nos da condenação da
lei, pois em Cristo, nós os crentes, estamos mortos para a Lei. Esse é o
contexto.
b)
Nos identifica com a Pessoa de Cristo
(Gálatas 3:26-28); dando-nos assim o direito às promessas feitas a Abrão e à
sua semente, que é Cristo mesmo – ou seja, a justificação (Gálatas 3:16).
c)
Identifica-nos com o Corpo de Cristo (I
Coríntios 12:13,27); Este aspeto nos relaciona com o ministério e comunhão dos
membros do corpo: a Igreja.
Este
batismo é o Espírito Santo que o efetua no crente:
«Em
quem vós estais (em Cristo) … fostes selados com o Espírito Santo da promessa» (Efésios 1:13).
O
escritor aos Hebreus diz: “Portanto, havendo deixado a palavra
(mensagem) do princípio de Cristo (Messias), prossigamos até à
perfeição (Varão Perfeito: Efésios 4:11-14), … deixando… a
doutrina dos batismos…” (Versão de Ernesto Trechard, no seu comentário à
epístola aos Hebreus, capítulo 6:1-3). A lista apresentada aqui dizia respeito
à comissão dada aos doze para os Hebreus; porém com a rejeição da parte de
Israel ao programa profético e a consequente mudança dispensacional, deveriam
eles deixar aquilo que dizia respeito às “doutrinas messiânicas” e procurar
aquilo que diz respeito ao “Perfeito”, (I Coríntios 13:10). O contexto é
claro em notificar a apostasia destes crentes para o Judaísmo novamente! Paulo
repreende-os e diz ainda:
“E
isto faremos se Deus permitir” (Hebreus 6:3).
Estas
considerações não têm qualquer intenção de “proibir” a prática de qualquer
batismo na água; quem quiser manter-se a batizar com água, é um caso entre esse
e Deus. O que nunca deve acontecer é considerar o batismo na água como um mandamento
do Senhor para a presente dispensação da graça de Deus, revestindo um caráter
obrigatório e do qual depende a nossa admissão à comunhão dos santos. Sujeitar
os membros do Corpo de Cristo, que Deus os aceitou com base no sangue de Seu
Filho Jesus Cristo, a mandamentos extra revelação de Deus, para a própria
Igreja “Corpo de Cristo”, é querer colocá-los novamente debaixo de leis e
mandamentos, pelos quais o Senhor morreu para nos libertar. Penso ser ofensivo
à própria graça de Deus (Gálatas 2:20-21).
III. NOTA COMPLEMENTAR
Por
certo que muito fica por escrever de qualquer tema deste artigo e para o leitor
interessado e atento notará, no entanto, uma interrogação deveras importante a
esclarecer:
Se
Paulo foi o despenseiro da Graça de Deus para a Igreja da presente dispensação,
como ele o afirma, (Romanos 11:11-13; Efésios 3:1-9; Colossenses 1:24-27; II
Timóteo 1:9-12), como compreender a sua circuncisão (Filipenses 3:5), o seu
batismo (Atos 9:18), que falasse línguas (I Coríntios 14:18), curasse a muitos
(Atos 14:9-10; 28:7-9; II Coríntios 12:12), se submetesse a certas cerimónias
religiosas judaicas (Atos 21:22-27), entre outras práticas que, ele próprio,
mais tarde, combate com a toda a veemência da sua autoridade apostólica?
O
Livro de Atos dos Apóstolos foi escrito particularmente para responder a esta
questão.
Tradicionalmente
se compreende a Epístola dos Atos dos Apóstolos como a descrição do nascimento
e desenvolvimento da Igreja, e uma grande parte do mundo cristão aceita isso
sem o considerar nas Escrituras. Contrariamente a isso, “Os Atos” se
ocupam por descrever a apostasia da nação Israel, e a suspensão do seu programa
profética que passava pelo afastamento de Israel como nação especial de Deus.
Nesta altura Jerusalém não tinha nada de Cristão, senão somente judaísmo; disso
nos apercebemos nos primeiros capítulos da Epístola dos Atos dos Apóstolos.
“Os
Atos” iniciam-se com o anúncio da eminência dos dias da grande tribulação
pela manifestação do anticristo, e por isso, da chamada do remanescente ao
arrependimento para receberem o Espírito e serem protegidos nos dias de aflição
que se avizinhavam, e com o anúncio da promessa dos tempos de refrigério com a
volta do Senhor depois dos sete anos da grande tribulação (Atos 2:37-40). Assim
seriam “cumpridas as promessas feitas aos Pais” (Atos 3:18-21; Romanos
15:8). Porém, quando chegamos ao capítulo 4 da Epístola dos Atos,
apercebemo-nos da resistência dos líderes de Israel a esta mensagem. No
capítulo 5 constatamos a infiltração de simpatizantes que procuraram defraudar
a mensagem e o caracter desta comunidade. O capítulo 6 dá-nos a conhecer as
dificuldades na gestão dos bens no seio da “Igreja Pentecostal”; e os capítulos
7 e 8 culmina com a perseguição dos líderes de Israel à Igreja do remanescente
messiânico, evidência clara da rejeição da nação a esta última proposta, antes
da vinda do Senhor, até ao presente momento, de se cumprir as profecias
referentes à nação.
A
partir dessa altura não vemos mais Deus a manifestar-se a Israel ou para
Israel. Pelo contrário, segundo a profecia de Joel 2 e de Daniel 9, os dias que
se seguiriam seriam de juízo e condenação, a Israel e ao mundo, já que se
tinham unido em rebelião contra Deus (Salmo 2), mas, Deus, tem uma atitude
diferente: aparece ao líder da rebelião, Saulo de Tarso, e lhe oferece “Graça
e Paz” (Atos 9). E, a partir desta altura, deste momento e deste
acontecimento, Deus faz uma rutura com o passado e se propõe realizar um
propósito muito mais excelente, que estava oculto no seio de Deus, desde a
eternidade.
Diz
Paulo:
«Esta
é uma palavra fiel, e digna de toda de a aceitação, que Cristo Jesus veio ao
mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal (Gr. “primeiro”).
Mas, por isso, alcancei misericórdia, para que em mim que sou principal (o
primeiro de uma série), Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que
haveriam de crer nele para a vida eterna» (I Timóteo 1:15-16).
Quanto
ao programa que o Senhor Glorificado comissionou Paulo, ele mesmo testemunha de
que era um “Mistério” ou segredo (Romanos 16:25; I Coríntios 2:7-13;
Efésios 3:5; Colossenses 1:26; II Timóteo 1:9-10), oculto aos profetas, oculto
aos patriarcas, pois aquilo que a estes foi nos escritos dos profetas do antigo
pacto dizia respeito a um período diferente, quando Deus estabelecer um reino
celestial, mas na terra. O “Mistério” ou o segredo revelado a Paulo, não
foi revelado aos profetas porque nada tem a ver com o que a eles fora revelado,
antes visa com o que a eles não fora revelada, ou seja, a formação dum corpo
espiritual, com uma esperança e herança celestial, guardada no seio de Deus
acima dos céus (Filipenses 3:20-21).
Esta
mudança de programa foi instantânea, mas a sua revelação a Paulo e às igrejas
locais pelos “apóstolos e profetas” d “Corpo de Cristo” foi gradual (Efésios
2:20; 3:5; 4:10-13), levando longo tempo. Vejamos:
a)
Com a chegada de Paulo a Roma jamais lemos que os dons
sinais continuassem na Igreja. Disto nos dão testemunho os pais da Igreja nos
seus escritos, tais como Clemente de Roma (93-97 AD), Policarpo (167 AD),
Eusébio (315 AD), Jerónimo (382 AD), entre outros. Mesmo Paulo testemunha essa
verdade pela sua experiência e por divina revelação. A partir dessa altura,
jamais somos exortados a reclamar para nós os ritos, os sinais ou os dons sobrenaturais
que caracterizavam os “apóstolos e profetas” do Corpo de Cristo, neste início
da dispensação da graça de Deus, em que se estavam a colocar os fundamentos
deste edifício espiritual, o período de revelação da mensagem da graça de Deus
e do mistério do “Corpo de Cristo”.
a.
É claro que, os judaizantes e os falsos ensinadores
mantiveram muitas práticas pertencentes ao programa profético: umas vezes por
falta de conhecimento da mensagem revelada a Paulo, outras vezes por invejas e
oposição ao Apóstolo Paulo. No entanto, nos propósitos de Deus e na revelação
de Deus já estavam colocados de parte e não tinham valor algum. A insistência
desses ensinos originou a apostasia em que a cristandade se encontra
atualmente.
b)
Paulo fala de múltiplas e sucessivas revelações (II
Coríntios 12:1, 7). Deus ia-se dando a conhecer na medida em que o Apóstolo
Paulo e as igrejas locais eram estabelecidas nos seus dias. Esta é uma das
razões porque Paulo, nos primeiros dias do seu ministério, fazia coisas que
mais tarde não pode fazer, em termos de dons sinais, e fez coisas que mais
tarde veio a condenar, do ponto de vista religioso. A revelação da graça de
Deus é uma revelação ativa e pela positiva. Ela contém o que é a vontade de
Deus e diz o que é o “Corpo de Cristo”, e não o que ele não é e o que deve ser
evitado, do ponto de vista espiritual. Por isso, percebemos que, à medida que
Paulo tinha a revelação completa do mistério de Cristo ia verificando o que não
fazia parte desse “corpo de doutrina” ou “modelo das sãs palavras do Senhor
Jesus Cristo”, glorificado, para ir cortando com isso. Essa é a razão por que
não Paulo não é muito claro, nem muito objetivo em dizer o que não faz parte
desta revelação, designadamente a lei, os dons sinais, o batismo na água, etc.
Mas, nas suas experiências pessoais, verificamos que os dons sinais, a lei de
Moisés, o batismo na água, entre outros exemplos, não fazem parte da mensagem
da graça de Deus. E, não fazendo para das instruções para a igreja, mante-las e
praticá-las, não nos purificam, nem nos contaminam espiritualmente, pois
estamos perfeitos em Cristo, mas são um embaraço na identificação com a nossa
vocação.
Neste sentido o Apóstolo escreveu:
«Sede
também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes
em nós, pelos que assim andam» (Filipenses 3:17);
«O
que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei;
e o Deus de paz será convosco» (Filipenses 4:9);
«Sede
meus imitadores, como também eu, de Cristo» (I Coríntios 11:1).
Leitor,
não te diz nada a viagem de Paulo descrita em Atos 27 e 28, de Jerusalém para
Roma? Não quererá Deus mostrar-nos que, além do seu conteúdo literal, estava a
fazer a mudança do programa profético para o programa do “Mistério”? Da
dispensação da Lei para a “Graça”? A mudar-se dos seus propósitos para
os Judeus para os seus propósitos para os gentios, usando o Apóstolo Paulo
iniciar essa mudança? Pensa nisso, ora e estuda.
IV.
UMA BREVE NOTA SOBRE I TIMÓTEO 2:15
“Procura
apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem nada de que se
envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”.
A
palavra que do grego é traduzida na nossa versão por “manejar”, consta no
chamado novo testamento uma única vez, aqui. A Vulgata traduz a palavra por “manejando
corretamente”; Alford traduz por “administrar corretamente”. A Reina
Valera por ”usar bem”, porém o sentido literal da palavra composta no
grego é “cortar a direito”, ou “dividir corretamente”.
Uns
pensam, como Calvino, que esta expressão figurada alude ao pai da família que
corta e distribui a cada um dos seus familiares a parte do alimento que a cada
um é conveniente. Outros comparam esta locução muito usada entre os gregos:
“traçar reto o seu caminho”, isto é, escolher a boa rota e perseverar nela valentemente
através de todos os obstáculos. O caminho aqui é a Palavra de Deus. Outros,
ainda, entendem estas palavras como o alfaiate corta a direito a fazenda,
depois de a marcar adequadamente à forma do vestuário.
A
capacidade do obreiro, segundo o versículo em questão, é, não o entusiasta ou o
zeloso pelas obras, por muito genuíno e sincero que seja, não desfazendo a
importância dessas virtudes, mas a capacidade do obreiro nota-se pelo
conhecimento correto e fiel de cada porção das Escrituras. Pensa nisso!
Quantas
vezes o nome de Deus é desonrado, a veracidade das Escrituras posta em causa e
ficamos embaraçados “sem saber como responder a razão da nossa esperança”
(I Pedro. 3:15; II Coríntios 5:12; Colossenses 4:6; Efésios 6:19-20), e do que
ensinamos, por não dividir, ou quando se divide, divide-se mal a Palavra da
Verdade: segundo conveniências pessoais…
Timóteo,
obreiro digno de tal título, conhecedor do “Mistério”, a revelação de
Cristo glorificado para a Igreja, sabendo o que a ela diz respeito, não ousava
ensinar senão a doutrina que se “conforma com as palavra do Senhor Jesus
Cristo (glorificado), e com a doutrina que é segundo a Piedade” (I
Timóteo 6:3 com 3:16), e que “produz edificação de Deus (gr. “a dispensação de
Deus”), que consiste na fé, (corpo de doutrina, Judas 3).
Porventura,
será aquele ensino fiel, não falsificado?
«Como
o nosso amado irmão Paulo vos escreveu» (II Pedro 3:15-18).
Estimados
ensinadores, como têm dividido as Escrituras? Quais as vossas credenciais para
vos considerardes “obreiros”, “pregadores”, “pastores”, “professores”, entre
outros títulos que ostentais?
Como
é lastimoso ver igrejas em grande número, submetidas a rudimentos, ensinos,
jugos que em nada dizem respeito à Igreja corpo de Cristo, só por que os seus
ensinadores propositada ou ignorantemente não dividem devidamente a Palavra da
Verdade.
Por
vezes, em casos pontuais, e porque está em causa o orgulho próprio, interesses
materiais, questões pessoais, protagonismos, invejas, ciúmes e contendas, com
toda a sorte de “mesquinhices” oriundas da carne e que são sempre um obstáculo
para se obedecer à verdade, tornando diabolicamente impossível o “guardar a
unidade da Fé” (Efésios 4:13) e consequentemente a “unidade do Espírito”
(Efésios 4:3).
Porque
será que inúmeros ensinadores e crentes em geral não enfrentam estas verdades?
Temerão o poder da tradição? Temerão a força dos membros das igrejas locais
mais ignorante e carnais? Temerão perder o seu protagonismo como “obreiros”,
“anciãos” e “responsáveis”? Será pela condição monetária? Lembremo-nos que o
Senhor morreu pela inveja dos judaizantes, pelos mesmos receios, e que Paulo
foi decapitado pela mesma razão.
«Tu porém, tens seguido a
minha doutrina…» (II Timóteo 3:10);
«Tu
porém, permanece naquilo que aprendeste… sabendo o que tens aprendido…» (II Timóteo 3:14);
«Conserva
o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido…» (II Timóteo 1:13);
«Manda
estas coisas e ensina-as» (I Timóteo 4:11);
«Medita
estas coisas e ocupa-te nelas» (I Timóteo 4:15).
«Porque
virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas tendo comichão nos ouvidos,
amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências…» (II Timóteo 4:3).
Só
a correta divisão e a devida compreensão de cada passagem da Escritura é que
capacita o obreiro para ser fiel no seu ministério (I Timóteo 3:9).
O
conhecimento do “Mistério”, ao qual o apóstolo Paulo chama de “meu Evangelho”
(Romanos 2:16), o “Evangelho que eu prego” (I Coríntios 15:1 e Gálatas 2:2), “O
Evangelho que me foi confiado” (I Timóteo 1:11), “a minha doutrina” (II Timóteo
3:10), “a sã doutrina” (I Timóteo 1:10; II Timóteo 4:3; Tito 1:9; 2:1), é a
chave que abre não só a porta principal, mas cada porta interior do sumptuoso
templo que compõe o “Cânone Divino” das Escrituras, e que nos torna “obreiros
dignos”.
«Retendo
firme a palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para
admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes» (Tito 1:9).
Que
têm ensinado aos crentes, senhores leitores?
Considerem
o que são as “Épocas” de Deus, e as diversas formas de Deus atuar em cada uma
delas e sereis mais aptos e aprovados no ministério da obra de Deus. Caso
contrário, só resta esperar o Tribunal de Cristo.
NOTA
PESSOAL:
Se
estás esclarecido, por que não estudas mais o assunto e o divulgas fielmente?
Se, contudo, não o aceitas, não concordas, é natural, procura aprofundá-lo com
oração e humildade na Escrituras, pois ele está lá exarado.
A
importância de tudo isto jaz nas palavras, que recordo:
«Além
disso, requer-se dos dispenseiros que cada um se ache fiel» (I Coríntios 4:1-5);
«Não
fui desobediente à visão celestial» (Atos 26:19);
A
graça do Senhor Jesus Cristo seja convosco.
Resta-me sublinhar isto mesmo:
ResponderEliminarQue têm ensinado aos crentes, senhores leitores?
Considerem o que são as “Épocas” de Deus, e as diversas formas de Deus atuar em cada uma delas e sereis mais aptos e aprovados no ministério da obra de Deus. Caso contrário, só resta esperar o Tribunal de Cristo.