Por estranho que pareça, Paulo não só
batizou com água (I Coríntios 1: 13-16), durante muitos anos do seu ministério
(Coríntios, Atos 19 – 15/20 anos de ministério) como foi batizado (Atos 9: 18). A verdade é que nunca encontramos em
Paulo nenhum lamento disso ou qualquer palavra que espelhe algum desconforto
por ter cometido algum erro ou que reflita algum arrependimento por ter
batizado!
Para muitos combatentes do batismo da
água estas questões ainda lhes são uma espinha na garganta, pois para eles é um
verdadeiro anátema batizar com água! E não descansam enquanto não dividirem o
“Corpo de Cristo” e destruírem o templo de Deus com o pretexto de retirarem a
“água” do “Corpo”.
Paulo escreveu:
«11 Porque a respeito de vós,
irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de Cloe que há contendas entre
vós. 12 Quero dizer, com
isso, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas,
e eu, de Cristo. 13 Está
Cristo dividido? Foi Paulo crucificado por vós? Ou fostes vós batizados em nome
de Paulo? 14 Dou graças a
Deus, porque a nenhum de vós batizei, senão a Crispo e a Gaio; 15 para que ninguém diga que
fostes batizados em meu nome. 16
E batizei também a família de Estéfanas; além destes, não sei se batizei algum
outro» (I Coríntios 1).
A questão que Paulo levanta no texto e
que condena veementemente, são as contendas
entre aqueles irmãos: a divisão de CRISTO! Eles estavam enriquecidos com
todo o conhecimento dos mistérios de Deus e dotados de todos os dons do
Espírito (1: 4-8), mas estavam divididos e desentendidos em diversos assuntos. Eles
estavam habilitados por Deus com múltiplas capacidades para «estarem unidos, em
um mesmo sentido e em um mesmo parecer» (v. 10), mas optaram pelas divisões e
contendas (cap. 6). Eles estavam capacitados com línguas, com profecias e com
fortunas pessoais, mas faltava-lhes o elemento essencial que promovia a fundamentação,
a edificação e o fortalecimento, que era o AGAPE (Capítulo 13), o amor de Deus!
E, sobre isso, diz ele no capítulo três:
«17 Se alguém destruir o
templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é
santo. 18 Ninguém se
engane a si mesmo: se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se
louco para ser sábio».
Aos Romanos diz:
«Não
destruas por causa da comida a obra de Deus» (14: 20).
E, aos
Coríntios, volta e diz:
«11 E, pela tua ciência,
perecerá o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu. 12 Ora, pecando assim contra os irmãos e ferindo a
sua fraca consciência, pecais contra Cristo» (I Coríntios 8).
É verdade que ele diz:
«Dou
graças a Deus, porque a nenhum de vós batizei, senão a Crispo e a Gaio» (v. 14)
Notem: ele dá graças a Deus, e não: "lamento ter batizado..."
Presumem alguns ensinadores, que ele
disse uma grande coisa contra o batismo na água! Mas, a razão por que dá graças
a Deus está no versículo seguinte:
«Para
que ninguém diga que fostes batizados em meu nome…» (v. 15).
Ou seja, Paulo não batizou mais para
não alimentar e promover mais divisões! Paulo não batizou mais porque estivesse
errado, ou porque era um anátema, mas para que não dissessem que ele era importante
ou com alguma importância equivalente ao Senhor Jesus Cristo, e fosse assim um
elemento de divisão. O Senhor é o único elemento de união do Corpo.
É, também verdade que Paulo diz que o
ministério que o Senhor lhe deu não contemplava o batismo na água, como ele
mesmo diz:
«17 Porque Cristo enviou-me
não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que
a cruz de Cristo se não faça vã. 18
Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos
salvos, é o poder de Deus» (I Coríntios 1).
Ou seja, (1) o Senhor enviou-o (não há
dúvida); (2) para evangelizar (3) e não falou em batizar. O Senhor enviou-o
para falar da cruz e não para falar do batismo da água, porque os dois temas
não são comparáveis: a CRUZ ou a obra da cruz é a obra da cruz; o batismo na
água é batismo na água. Por isso, também,
«NÃO
ENCONTRAMOS QUALQUER PROIBIÇÃO DE PAULO PARA NÃO BATIZAR OU A PROIBIR O
BAPTISMO NA ÁGUA!»
E, neste sentido não podemos ser mais
apóstolos que Paulo, como se tivéssemos tido qualquer revelação, seja para
fazer seja para deixar de fazer! Não podemos ir além do que está escrito. E,
aqui entra a «sabedoria e a prudência espiritual» (Efésios 1: 8) ou a «sabedoria
e a inteligência espiritual» (Colossenses 1: 9).
Em I aos Coríntios, capítulo 15, diz
Paulo:
«Doutra
maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos
não ressuscitam? Por que se batizam eles, então, pelos mortos?» (v. 29).
Tem havido muitas explicações para este
texto, descontextualizando-o. Mas, temos de o entender no contexto de toda a
epístola e no próprio capítulo. Paulo está a falar da ressurreição – E A
RESSURREIÇÃO DE CRISTO:
(1) «Porque,
se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou» (v. 16);
(2) «E,
se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé»
(v. 14);
(3) «E
assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus» (v. 15);
(4) «E,
se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos
pecados» (v. 17).
(5) «E
também os que dormiram em Cristo estão perdidos» (v. 18).
(6) «Se
esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens»
(v. 19).
(7) «Se,
como homem, combati em Éfeso contra as bestas, que me aproveita isso, se os
mortos não ressuscitam? Comamos e bebamos, que amanhã morreremos» (v. 32).
O que Paulo está a dizer é: «Porque se batiza em nome de Cristo se ele
não ressuscitou? Porquê se batiza em nome de um morto?»
O facto de Paulo usar o plural não é
para invocar os batismos dos gentios, já que não há qualquer referência ou
fundamento histórico, pois o contexto anterior e posterior é a ressurreição do
Senhor Jesus Cristo (v. 32). O plural usado por Paulo no texto é para realçar a
generalidade do assunto.
Ora, com isto, o apóstolo está a
referir algo que era comum no seio dos crentes em Corinto, e usa-o várias vezes
como um exemplo, e não como tema de divisão, matéria de combate espiritual, “instrumento”
de destruição do “Corpo de Cristo”.
A verdade é que muitos ensinadores das
Escrituras não sabem lidar bem com a Palavra de Deus nem com o propósito em Ele a
ter revelado para o “Corpo de Cristo”: não para dividir mas para unir. E como
têm falta de capacidade espiritual de edificar, construir, exortar e fundamentar
com a semente da vida, resta-lhes destruir. Infelizmente, muitos crentes
sinceros, dedicados, mas ingénuos, têm-se deixado usar como “carne para canhão”
(figura militar usada para referir-se aos militares que vão na linha da frente
e são os primeiros a dar o “corpo às balas”, enquanto os maus militares ficam
na retaguarda a deleitarem-se nas suas mortes… e receberem os seus “louros”. Em
Cristo isso não funciona assim)! É hora de acordar e disponibilizarem-se nas mãos
de Deus para edificação, união e fundamentação nas obras do Espírito de Deus.
É claro que as obras do Espírito de
Deus são o «amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e
temperança…» (Gálatas 5); e, aqui, nunca há lugar a divisão ou a separações! E,
claro está, nunca pode haver unidade espiritual sem estas virtudes do Espírito!
Por isso, os que querem dividir podem muito bem ser confrontados com estes princípios
espirituais: para, primeiro, procurarem obter estas virtudes.
Aqui, também, não há referência a
conhecimento ou a doutrina! Porque, o elemento do conhecimento parte
essencialmente de elementos internos e externos de cada um: parte, por isso, da
capacidade de cada um: é essencialmente humana para entender as coisas do Espírito
de Deus: é o Espírito de Deus e o nosso espírito (Romanos 8: 16). Mas, isso é
outro tema e não é o que estamos a tratar aqui… mas o «guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz» (Efésios 4:
1-6). Por isso, estou certo que os que dividem não sabem o que é o «vínculo da
paz» porque não têm paz consigo próprios e refletem essa falta de paz com a
forma como lidam com os outros membros do “Corpo de Cristo”.
Já muito mal e muita divisão foi feita
com o pretexto do “batismo da água”, pecados gravíssimos que causaram
divisões e separações irrecuperáveis no “Corpo de Cristo”, com repercussões devastadoras,
mesmo para as futuras gerações, e em nome de um Deus que nada tem a ver com
isto e vai em oposição a tudo quanto Ele pensou para o Seu povo.
Oro para que os
estimados leitores não se deixem influenciar com esses discursos – sublimidade de
palavras, de sabedoria humana, que não serve a Deus mas à carne dos próprios (I
Coríntios 2:1; Colossenses 2: 8, 23) – e não se envolvam com estas batalhas que
destruirá a todos os que as travarem, pois «são obras que sofrerão detrimento»
(I Coríntios 3: 15). Somos chamados a lutar, mas as “guerras de Deus” não
contra o “Corpo de Cristo”!
«Portanto,
meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do
Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor» (I Coríntios 15: 58).
Confesso: sinto-me positivivamente maravilhado...
ResponderEliminarAcredito que muitos dos que têm causado divisões no "Corpo de Cristo" por causa destes temas têm muitos motivos para ter insónias... e se não as têm, é porque algo está muito mal na sua vida... ou seja, a situação pessoal é muito mais grave do que deixam parecer! Que sirva de lição para todos nós.
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