terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Dividir Corretamente as Escrituras

Dividir Corretamente as Escrituras

"Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade." (II Timóteo 2: 15).

"Manejar", no grego "orthotomeo", strong 3718, usado só aqui no NT, mas frequente na literatura corrente da época. Significa "dividir corretamente", "cortar a direito".

 

Dividir Corretamente as Escrituras.

A principal divisão dos programas de Deus revelados na Sua Palavra é o programa "Profético", para a Terra e, por isso, local, executado pela instrumentalidade de Israel (Plano Messiânico), e o programa "Oculto", para o céu e, por isso Universal, e executado pela instrumentalidade da Igreja "Corpo de Cristo" (Plano da Graça).

Há crentes que confundem o ensino para Israel com o ensino da Igreja "Corpo de Cristo": um terreno, outro celestial, um profético outro oculto. Neste contexto, uns dizem que textos bíblicos são messiânicos, para fugirem às responsabilidades atuais; outros dizem que não são messiânicos, para impor obrigações aos crentes da Graça.

Que fazer com tanta divergência? Que fazer com este tipo de discurso do medo e da tirania espiritual?

"Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão." (Gálatas 5: 1).

"Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; as quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum, senão para a satisfação da carne." (Colossenses 2: 20-23).


É importante perceber que, segundo a linguagem do apóstolo do "Corpo de Cristo", a divisão correta das Escrituras é a grande evidência da "aptidão" para a obra de Deus.

Quantos "obreiros" se apresentam diante de Deus, mas ficam limitados e condicionados por não dividirem corretamente as Escrituras! Outros, estão mesmo reprovados. Por isso, dizia o mesmo apóstolo:

"Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele." ( I Coríntios 3: 10).

Se não quereis ficar reprovados!


Oramos para que o Senhor nos ajude a crescer até atingirmos a maturidade plena, e sejamos achados “aprovados” no dia de Cristo.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Questões do Evangelho da Graça de Deus


Questões do Evangelho da Nossa Salvação

“…Cristo; em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa.” ( Efésios 1: 12-14).

Muitos falam do Evangelho, mas grande parte desses desconhecem ou ignoram que as Escrituras falam de vários Evangelhos, e o Evangelho que Deus determinou que fosse anunciado e crido no tempo presente é o "Evangelho da Graça de Deus" (Atos 20: 24). A gravidade de confundir estas várias "boas novas" pode levar a condicionar o poder de Deus na operação da Sua salvação, porque hoje Deus só salva pela Sua graça, segundo a mensagem do Evangelho da Graça de Deus.

Por outro lado, muitos "evangelistas" e ensinadores das Escrituras Sagradas, falando do Evangelho da Graça de Deus, desconhecem qual o seu conteúdo e a sua verdadeira razão de ser, ou seja, qual o seu verdadeuro conteúdo, as causas e a razão da sua existência. É isso que nos propomos analisar aqui.

Então, não podemos falar do Evangelho de Deus, de Cristo ou de Paulo sem conhecermos a Epístola aos Romanos, pois é ai que melhor é revelado o conteúdo do Evangelho e onde melhor é minuciosamente explicado.

Paulo começa a dizer que foi chamado para o "Evangelho de Deus" (1: 1-2), no qual está ao serviço espiritual de Deus (1: 9), que denomina "Evangelho de Seu Filho" e "Evangelho de Cristo" (1: 16), "Mensagem" ou "Pregação de Jesus Cristo" (16: 25), "Palavra de Fé" (10: 8-12), "Palavra de Cristo" (10: 17) e "meu evangelho" (2: 16 e 16: 25).

"Porque não me envergonho do EVANGELHO DE CRISTO, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé." (Romanos 1: 16-17).

 

Primeiramente, devemos saber que esta "Mensagem de Cristo" a Paulo, não deve ser confundida com a mensagem e/ou a pregação do Senhor Jesus Cristo no Seu ministério terreno. Paulo nem conhecia pessoalmente o Senhor, nem andou com o Senhor para conhecer a Sua mensagem. Pelo contrário, Paulo era perseguidor do Senhor e dos seus discípulos. Esta Palavra e esta mensagem que Paulo fala nas suas epístolas, diz ele que recebeu-a diretamente do Senhor, depois de ter sido glorificado acima de todos os céus e constituído Cabeça da "Igreja Corpo de Cristo". Para isso, Paulo foi arrebatado ao "Paraíso", acima do terceiro céu, para receber esta comissão celestial e esta mensagem (II Coríntios 12: 1-10). Isso é bem explicado em Gálatas 1 e 2, quando diz que não o recebeu dos Apóstolos de Israel, que eram antes dele, nem dos anjos (como aconteceucom Moisése os profetas), mas diretamente do Senhor. É um evangelho, não segundo a revelação dos profetas, que proclamavam o Reino Milenial na Terra, mas segundo a "revelação do Mistério" (16: 25), oculto em Deus desde antes dos tempos das Eras (Tito 1: 1-4). Era a esta revelação que o apostolo se referia quando disse:

"Se alguém ensina alguma outra doutrina e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, contendas de homens corruptos de entendimento e privados da verdade..." (I Timóteo 6: 3-5).

Como é a esta manifestação/vinda do Senhor especial à terra (mais propriamente aos ares, como acontecerá no "arrebatamento"), já na qualidade de Cabeça da Igreja "Corpo de Cristo", quando disse:

"Não te envergonhes, portanto, do testemunho (mensagem, evangelho) de nosso Senhor, nem do seu prisioneiro, que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus, que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho, para o qual eu fui designado pregador, apóstolo e mestre." (II Timóteo 1: 8-11).

"Manifestada/revelada agora, com o aparecimento de nosso Salvador Jesus Cristo..."

"Aparecimento", grego: "epiphaneia", que significa "vinda" como em II Timóteo 4: 8.

Por isso, não foi um sonho, visão ou arrebatamento espiritual, mas a presença real, autêntica e pessoal do Senhor Jesus Cristo (I Coríntios 9: 1; 15: 8), na mesma forma visível e física como aparecera aos crentes messiânicos (5-7), mas já glorificado.

Assim, este Evangelho não tem um conteúdo e propósito humano e terreno, mas espiritual e celestial.

E, então, é chamado "Evangelho de Deus" porque Deus é o Seu autor; e, "Evangelho de Cristo" porque se refere a pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo e porque foi Ele que o revelou diretamente a Paulo; e, "Meu Evangelho..." porque Paulo foi o apóstolo da Sua revelação; e chama-o assim e para distinguir esta mensagem com aquela que foi confiada aos doze apóstolos para Israel e acerca do Reino Messiânico na Terra. Isso é bem explicado em Gálatas 1 e 2.



E, porquê, um Evangelho de Cristo?

E, porquê um Novo Evangelho?

Segundo a explicação da Epístola aos Romanos, a razão de ser do Evangelho de Deus e de Cristo é, porque, estava, e continua a estar, eminente a manifestação da IRA de Deus! E, o homem estará sem desculpa: quer pelos sinais da criação, quer pela rejeição da Palavra do Evangelho: a mensagem da benignidade de Deus revelada neste tempo presente, a chamada "Dispensação da Graça de Deus" (Efésios 3: 1-4):

"Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis (sem desculpa)." (18-20).

Temos, então, aqui, um agravamento da sentença aplicada ao pecado de Adão. A ira de Deus não é uma resposta de Deus sobre o pecado original do homem. Mas, a ira de Deus e o Seu juízo é mais que isso. A consequência do pecado de Adão é a morte (Génesis 2: 16-17; Romanos 6: 23). E esse pecado já foi julgado e sentenciado: a morte! E, "a morte passou a todos os homens..." E, por causa do seu pecado, ou seja, por causa do pecado de cada um, cada um tem a sentença de morte lavrada sobre si (Romanos 5: 12), mas não por causa do pecado de Adão, mas pelos pecados de cada um (Efésios 2: 1; Colossenses 2: 13). Cada um será julgado pelos seus próprios atos e não pelo pecado de Adão ou pelos pecados de outros.

A IRA de Deus é, então, a Sua resposta, primeiramente, à impiedade e injustiça dos homens. E, mais abaixo diz que tem a ver com a dureza do homem e do seu coração impenitente (2: 5) e, seguidamente, "que detêm a verdade em injustiça" (1: 18), que tem a ver com a rejeição do Evangelho de Deus, como veremos mais adiante.

 

 Vejamos a descrição que é feita do estado espiritual, social, político e moral do homem:

"...

"E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém; estando cheios de toda iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pai e à mãe; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; os quais, conhecendo a sentença de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem." (Romanos 1: 28-32).

 

Assim, estes sabem, no íntimo, qual a sentença de Deus sobre tais atos: "são dignos de morte..." e ficam sem desculpa...

Mas mais:

"Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo. E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem. E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?" (Romanos 2: 1-3).

Como temos vindo a verificar, há dois agravamentos da condição humana, ou da sentençainicial do pecado de Adão: (1) a depravação humana e, (2) por rejeitarem mutilarem o Evangelho da Graça de Deus. O mundo não só está a rejeitar o Evangelho da graça de Deus como, ainda, está a deturpar este Evangelho, designadamente a confundir a verdade de Deus com a injustiça (p. Ex.: dizendo que Deus não julgará... passando a dizer que a verdade é a injustiça; outro exemplo em 3: 3-8). Pelo, que, o Evangelho é uma oportunidade da graça de Deus, manifestada no tempo presente; mas a sua rejeição colocará o ser humano sob um juízo agravado de Deus. A oportunidade recusada torna-se responsabilidade!

"Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência, e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?"

(conforme Tito 2: 11; 3: 4-7)

"Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti para o dia da ira e da manifestação do juízo de Deus, o qual recompensará cada um segundo as suas obras, a saber: a vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, e honra, e incorrupção; mas indignação e ira aos que são contenciosos e desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade; tribulação e angústia sobre toda alma do homem que faz o mal, primeiramente do judeu e também do grego; glória, porém, e honra e paz a qualquer que faz o bem, primeiramente ao judeu e também ao grego; porque, para com Deus, não há acepção de pessoas. Porque todos os que sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela lei serão julgados. Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei, os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os, no dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho." (Romanos 2: 4-16).

 

E, aqui entra a vocação e ministério de Paulo, como diz ele: "O Meu Evangelho..." (2: 16; 16: 25; II Timóteo 2: 8; conforme Romanos 10: 8-16; Tito 1: 1-4);

1. A Justiça de Deus é reafirmada, mas, AGORA, manifestada, sem a Lei... (com base na obra do Senhor Jesus Cristo - morte e ressurreição - 3: 21-26, conforme I Corintios 15: 1-4; Romanos 4: 23-25 e 5: 1-2). Este é o conteúdo da mensagem do Evangelho: Deus oferece vida e glória ao ser humano pecador, rebelde e seu inimigo com base na morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo. 

2. Deus adiou o dia da Ira e do Seu juizo... a nova mensagem e propósito de Deus não cancelou nem alterou o que tinha determinado para o mundo, mas adiou, simplesmente, até completar o novo plano que tinha oculto (II Pedro 3: 9-10; 15-16; Romanos 11: 5-6, 25);

3. Este Evangelho propõe-se chamar o homem ao arrependimento e salvar o mundo depravado e rebelde, não levando em conta o estado de depravação presente do homem (significado da expressão: "não tendo em conta os tempos da ignorância do homem" - Atos 17: 30; ou seja, esta depravação merece castigo, mas Deus está a revelar graça, propondo salvação para escapar a esse castigo);

4. Sem as obras da lei, mas pela fé... também chamada de "mensagem da fé" ou "pregação da fe" (10: 8-13);

5. Quer para judeus ou gentios (v. 12);

6. Este Evangelho não se propõe salvar o homem da morte, simplesmente, ou a livra-lo do juízo e da ira de Deus (5: 9-11; I Tessalonicenses 1: 9-10). Notemos como Romanos 5 chama os homens de "fracos", "pecadores", "impios" e "inimigos". A mensagem deste Evangelho informa que, todos aqueles que o aceitam nos seus termos e condições, Deus fará deles um "Corpo" em Cristo e com Cristo, com uma vocação celestial - quanto há natureza dos membros e quanto ao propósito para eles. A isto o apóstolo Paulo chama de "Mistério do Evangelho" (Efésios 6: 19), o grande tema da Epístola. Assim, como a rejeição do Evangelho da Graça de Deus trás um agravamento da sentença de Deus em relação ao pecado de Adão, a sua  aceitação trará ao crente desta Era da Graça a sua participação no reino celestial, como membros do "Corpo de Cristo".

7. Por fim, a mensagem deste Evangelho não fala só de graça, misericórdia e de paz, mas de "juízo": o nosso texto de Romanos 2: 16 fala que "Deus irá julgar os segredos dos homens... segundo o meu evangelho..." ou seja, terminado o período da benignidade de Deus (v. 4), o tempo profético ou cronológico de Deus será reatado, precisamente no momento em que foi suspenso: o início dos dias da ira de Deus.

 

Nota complementar esclarecedora:

Há dois programas de Deus: um terreno e cronológico, com dias, meses e anos... muito circunstancial e dependente dos atos humanos... reativo de Deus... denominado de Programa Profético; e outro...

O Programa Celestial, lógico, assente no "espírito", no "pensamento" ou na "eternidade" de Deus, ou seja, sem tempo ou não sujeito ao período cronológico nem condicionado à condição e atos do ser humano.

Um, o primeiro, é reativo para Deus... Deus atua em resposta aos atos e condições humanas; o outro é pre-ativo, ou seja, assenta tudo em Deus que previamente pensou, executou e realizou... hoje é o tempo da Sua aplicação.

 

Este é o conteúdo, as causas e propósitos do Evangelho da Graça de Deus.

A graça, misericórdia e paz de Deus seja connosco. 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Os Espelhos de Deus


"Deus nunca foi visto por alguém!" (João 1: 18).

"... Aparição de nosso Senhor Jesus Cristo; a qual, a seu tempo, mostrará o bem-aventurado e único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores; aquele que tem, ele só, a imortalidade e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver; ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém!" (I Timóteo 6: 14-16).

"Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus seja honra e glória para todo o sempre. Amém!" (I Timóteo 1: 17).

O Altíssimo e soberano Senhor, pela sua natureza e dimensão está para além desta criação, ao ponto da Escritura dizer:

"Mas verdadeiramente habitará Deus com os homens na terra? Eis que o céu e o céu dos céus não te podem conter, quanto menos esta casa que tenho edificado?" (II Crônicas 6: 18; I Reis 8: 27).

Por isso, é irracional pensar que o Senhor Deus Criador, na Sua dimensão poderia integrar a criação; o Altíssimo está muito para além desta Criação.

Então, o Senhor, o Eterno, escolheu três espelhos para se revelar à Sua criação, refletindo a Sua imagem:

1° - O Espelho Pessoal/Natural, o Senhor Jesus Cristo:
"Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, este o
fez conhecer" (João 1: 18).

O Senhor Jesus Cristo participou na criação de Deus, não só criando todas as coisas que existem (João 1: 1-3), como depois (ou antes) fez-se a própria criação perfeita de Deus, deixando a Sua divindade, fazendo-se Homem (Filipenses 2: 5-11; Hebreus10: 5). Assim, o Senhor Jesus como Homem, se tornou a Imagem natural (na Criação Natural) de Deus, como temos escrito:

"... O Filho do Seu Amor... o qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação." (Colossenses 1: 15).

"... O Filho... O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua Pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder..." (Hebreus 1: 3).


2° - O Espelho Espiritual, a Palvra de Deus Celestial
A Palavra de Deus, especialmente aquela que foi pensada antes da "fundação do mundo" e diz respeito ao plano eterno de Deus para a glória, porque foi pensada na glória e se destina a ser concretizada universalmente a partir da glória, reflete a Imagem intelectual e espiritual de Deus:

"Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto, nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.
Porque não nos pregamos a nós mesmos,
mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos, por amor de Jesus.
Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo.
Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós." (II Coríntios 4: 3-7).

A verdade é que a Palavra do Evangelho se "confunde" ou se "mistura" com a própria pessoa do Senhor Jesus Cristo, sendo uma e a mesma coisa, porque toda a Palavra de Deus foi revelada pelo próprio Jesus Cristo (Gálatas 1: 11-12). "O Verbo era Deus... e habitou entre nós..." como uma e a mesma coisa: palavra e pessoa (João 1: 1-3, 14).

Por isso, rejeitar o Evangelho é rejeitar a imagem de Deus, rejeitar o Senhor Jesus Cristo e rejeitar o próprio Deus!

3° - O Espelho Celestial - O "Corpo de Cristo".

"... E vos vestistes do novo (Homem), que se renova pelo conhecimento (Romanos12: 2), segundo a imagem daquele que o criou; onde não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo em todos.
Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também.
E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição. (Colossenses 3: 10-14).

O "Novo Homem", também chamado de "Cristo", porque leva o nome da "Cabeça" (I Coríntios 12: 12-13), e Igreja "Corpo de Cristo", porque Cristo é Cabeça do Corpo (Colossenses 1: 24), faz parte de "uma nova criação" de Deus (II Coríntios 5: 17), "não desta criação" (Hebreus 9: 19), certamente de uma natureza totalmente diferente daquela que existe na atual criação, ao que creio, uma criação igual ou semelhante à própria "natureza de Deus" (II Pedro 1: 4).

Mais uma vez este "espelho" de Deus se confunde com o próprio Senhor Jesus
Cristo, porque tudo foi feito por Ele e para Ele. E, sem Ele nada do que foi feito se fez... porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude n'Ele habitasse... e, para que Ele tivesse a proeminência em todas as coisas... pelo que, diz o texto: "Cristo é tudo em todos..."

Que privilégio: a Sua Igreja, o "Corpo de Cristo", estar identificada com o próprio Soberano Senhor Criador, o Altíssimo e Eterno, e com os mais sublimes aspectos e elementos da Sua Criação.

Por isso, o apóstolo Paulo, ministro desta mensagem (Tito 1: 1-4) faz uma aplicação muito prática para os santos:

"Como eleitos e amados de Deus... revesti-vos de entranhas de misericórdia..." ou seja:

"Sede imitadores de Deus como filhos
amados..." (Efésios 5: 1 - passagem paralela a esta de Colossenses em Efésios 4:32 a 5: 1).

Meus caros: que imagem estais a dar de Deus?
Sabemos, pela Palavra de Deus que isso se concretizará em nós, somente na manifestação do Senhor Jesus Cristo em glória (Colossenses 3: 1-4), "que transformará o nosso corpo abatido para ser conforme o Seu corpo glorioso" ( Filipenses 3: 20-21).

Mas, mesmo assim, somos exortados a espelhar a imagem sublime e celestial de Deus, com os valores morais e espirituais que o reveste e realçou neste período da Graça. 

Cristo, pessoa, deu uma imagem pura, perfeita, sublime e concludente.
A Palavra escrita é uma revelação perfeita, viva e eficaz;
O "Corpo de Cristo"...
Oremos...

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Comunhão da Fé

"Para que a comunhão da tua fé se torne eficiente no pleno conhecimento de todo bem que há em nós, para com Cristo." (Filemon 1: 6).

Se é certo que Paulo diz que "há uma só fé" (Efésios 4: 5), também diz que o propósito de Deus é que "todos cheguemos à unidade da fé" (Efésios 4: 13).

No entanto, o Senhor também revelou que "a fé não é de todos" (I Tessalonicenses 3: 2), e esses têm dificuldade em entender a nossa fé (I Coríntios 2: 14); como revelou, ainda, que a "fé é um dom Deus" (Efésios 2: 8), e que a "reparte a cada um por medida" (Romanos 12: 3).

Com a revelação da mensagem do "Corpo de Cristo" o Senhor veio declarar a total dependência do "Corpo" à Cabeça, Cristo (Efésios 4: 15), e a total interdependência dos membros do "Corpo de Cristo" entre si, ou seja, a ligação de todos a todos (I Coríntios 12: 12-27). E, confirma isso dizendo:

"... cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor." (Efésios 4: 15-16).

Este foi o modelo que Deus estabeleceu para o Corpo de Cristo; mas a obra de Satanás foi fazer-nos pensar podemos ser independentes e cada um seguiu o seu próprio caminho. Por isso, qualquer divisão ou separação é obra do diabo, mesmo que seja feita em nome de Deus, como as "cruzadas": destruindo e matando o que aparecer à frente e discorde de nós! O Corpo de Cristo só consegue crescer na base da comunhão e interdependecia dos membros do Corpo, assente no sentimento de Cristo: a humildade (Filipenses 2: 1-5).

Por isso, a fé é para partilhar e não para impor, como se tivéssemos "domínio sobre a fé dos outros crentes" (II Coríntios 1: 24). Neste sentido, cada um deve ter a sua própria fé. Diz o texto sagrado: "Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo" (Romanos 14: 22). Infelizmente, há muitos crentes que vivem segundo os outros, para seu próprio prejuízo. Não têm a sua fé, mas vivem segundo a fé dos outros!

Como membros comuns do "Corpo de Cristo", temos o dever e o privilégio de partilhar a fé, ao que o apóstolo Paulo chama de "comunhão da fé" (como em Romanos 1: 11-12).

"Porque muito desejo ver-vos, a fim de repartir convosco algum dom espiritual, para que sejais confirmados, isto é, para que, em vossa companhia, reciprocamente nos confortemos por intermédio da fé mútua, vossa e minha."

A fé é para partilhar, no sentido de haver um estreitamento, crescimento e fortalecimento múltiplo dos santos, não para impor, competir, desafiar, provocar, guerrear e dividir. A partilha da fé destina-se, especialmente, para promover, estreitar e intensificar a fé de cada santo de forma que lhe proporcione atingir o patamar espiritual da "unidade da fé". Se perdermos essa visão, intenção e experiência (edificação de Deus, pela fé - I Timóteo 1: 4), a partilha da nossa fé deixa de ter sentido e propósito. Falhamos na vocação, porque estamos a destruir e não a edificar, estamos a dividir não  a confirmar a obra de Deus, com as normais consequências que isso terá de reprovação no Tribunal de Cristo.

Para os que andam pelas igrejas locais a "semear" intrigas, e "alimentar" rivalidades e divisões, e a "revelar" espíritos de ciúmes, de ódios e de invejas pelos irmãos, destruindo a experiência da "unidade do Espírito" e a impedir que os santos atinjam a "unidade da fé", realizadas pelo Senhor na cruz do Calvário, recomendamos a leitura dos seguintes textos:

"Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. 

Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo.

Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. 

"Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus..." (Filipenses 2: 1-5).

E:
"Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade

Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós uns ais outros.

Acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição. 

Seja a paz de Cristo (a obra que realuzou na cruz, conforme Efésios 2: 13-17) o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados formando um só corpo; e sede agradecidos." (Colossenses 3: 12-15).

Se lermos toda a carta de Paulo a Filemon verificamos que, a "comunhão da fé" que Paulo lhe falava implicava que ele voltasse a receber Onésimo, mesmo tendo-o lesado e defraudado. Este é o verdadeiro exemplo prático de Efésios 4: 32 e Colossenses 3: 12-17.

"Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também

E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição."


Resta-nos orar... , a ver se o Senhor opera para minimizar os estragos que alguns têm feito e recuperar os que são possiveis:

"A ver se, porventura, Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade e tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em cuja vontade estão presos." (II Timóteo 2: 25-26).

(Nota: o contexto não é doutrina, mas a vida e comunhão espiritual dos santos, v. 22).