sábado, 8 de julho de 2023

Novo Modelo de Vida

Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues.” (Romanos 6: 17, ARC).

Como vencer o pecado ou como viver a santificação? Duas perspetivas da mesma questão.

O escritor sagrado continua a explicação no capítulo 7 de Romanos para demonstrar que o velho sistema da lei não funciona, hoje, nem é aplicável ao “Corpo de Cristo”. E explica como se processa a santificação ou a aplicação deste nova “forma de doutrina” na nossa vida. Não esqueçamos que os capítulos 6, 7 e 8 estão a falar do mesmo assunto: como viver, experimentar e aplicar o Evangelho de Deus na nossa vida terrena.

Então diz:
Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais doutro, daquele que ressuscitou de entre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus."
(…)
"Mas, agora, estamos livres da lei, pois morremos para aquilo em que estávamos retidos (presos: no pecado, 6: 17); para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra (a lei)” (7: 4-6).

O argumento que invoca para dizer que o velho modelo está caduco, é porque estamos mortos em Cristo para a Lei. Assim, estamos mortos para o pecado, pelo corpo de Cristo e mortos para a lei. E, como estamos mortos para aquilo que nos condenava, diz no capítulo 8: “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”.

Então, como viver para Deus? Pela ressurreição de Cristo, ou seja, com uma nova vida – “para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela (por causa, para a…) glória do Pai, assim (assim, i.e., ressurretos, como novos, e por causa da mesma glória) andemos nós também numa nova vida” (6: 4), e “sirvamos a Deus em novidade de espírito” (7: 6), ou seja, com um “novo espirito”, ou “nova mentalidade”, ou “novo entendimento”, ou nova “forma de ensino a que fomos entregues”.

O “novo espírito” contrasta e rivaliza com o velho espírito: o “espírito da lei”! O “espírito da lei” ou a aplicação da lei, desperta a nossa carne e aplica-se na carne, no nosso corpo! (Não é natureza pecaminosa, como algo abstrato que se manifesta no nosso corpo como algo autónomo. Isso não existe. São construções imaginativas para explicar o que não entendem. A carne é o nosso corpo carnal, os nossos membros, feitos de carne.) Mas, este “novo espírito” desperta a nossa mente e aplica-se no nosso entendimento. Como é dito:
Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e, com efeito, o querer está em mim (na minha mente, v. 23-25), mas não consigo realizar o bem.” (v. 18).

Então, e uma vez que na nossa carne, no nosso corpo, em nossos membros, não habita bem algum, é com a nossa mente, renascida, instruída e cheia da Palavra de Deus que podemos “dar fruto para Deus” (7: 4).

Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus. Mas vejo nos meus membros outra lei que batalha contra a lei do meu entendimento e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Dou graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. Assim que eu mesmo, com o entendimento, sirvo à lei de Deus, mas, com a carne, à lei do pecado” (23-25).

O “homem interior” é a mente e o coração (2: 29). Como em João 12: “Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, a fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, e se convertam, e eu os cure” (v. 40), ou como em Efésios 1: “entender com os olhos do coração...” (v. 18).

Então, na perspetiva da carne, diz: “… com a carne, sirvo à lei do pecado…” e, conclui: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” Mas, na perspetiva do espirito, da mente, do entendimento, diz: “Assim que eu mesmo, com o entendimento, sirvo à lei de Deus” (7: 29).

Então, na perspetiva da carne (corpo), o crente diz: “a minha carne inclina-se para as coisas da carne…” (8:5) e com ela, “sirvo à lei do pecado…”; mas, na perspetiva do espírito (mente), o crente diz: “o meu espirito inclina-se para as coisas espirituais” (8:5), e, assim que “eu mesmo, com o entendimento, sirvo à lei de Deus” (7: 29).

O escape, a batalha espiritual, a vida vitoriosa só é conseguida e garantida na nossa mente. Do corpo, da nossa carne, nada se aproveita. Por isso diz: “os que estão na carne não podem agradar a Deus” (8: 8), e: “a carne e o sangue não herdarão o reino de Deus” (I Coríntios 15: 50), e “o corpo do pecado seja desfeito” (Romanos 6: 6), como, também diz: “os manjares são para o ventre, e o ventre, para os manjares; Deus, porém, aniquilará tanto um como os outros” (I Coríntios 6: 13).

E, quando o apóstolo diz que “os nossos corpos são membros de Cristo” (v. 15), e que “o nosso corpo é o templo do Espírito Santo” (v. 19), está a falar da ressurreição (v. 14) e da união com o Senhor em espírito (v. 17). Porque, neste corpo de pecado “não habita bem algum” (Romanos 7: 18) e, salvo melhor opinião e melhor esclarecida, não parece que Deus fizesse morada num corpo de pecado e nestas condições deploráveis, de forma real e pessoal, como está na glória, mas, antes, de forma “representativa”! Ou estaria num “pão” porque disse: “isto é o meu corpo”! (Lucas 22: 19). Como, também diz, que “estamos assentados em Cristo, nos lugares celestiais” (Efésios 2: 5-7), e, ainda, estamos aqui na Terra! Paulo fala na perspetiva da “mente de Deus” e do “propósito de Deus”: da nossa “posição em Cristo”, como em Romanos 8: 29-30 – “aos que dantes conheceu… já os glorificou”. Como, ainda, quando diz: “Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (I Coríntios 6: 20), quererá dizer que devemos glorificar a Deus nas nossas ações e decisões enquanto estamos neste corpo. Pelo que, devemos usar o corpo para a gloria de Deus (Romanos 12: 1-2), e isso é decidido na mente (ler textos citados).

E, então, nesta realidade terrena, e nesta nova condição espiritual, frequentemente o apóstolo dizia: “Deus, a quem sirvo em meu espírito…” (Romanos 1: 9; 7: 6; II Coríntios10: 3-6; Filipenses 3: 3). E, é nesta sequência e é neste novo sentido que o nosso escritor inspirado continua a dizer no capítulo 8: “… que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito…”, e: “…que não andamos segundo a carne, mas segundo o espírito” (Romanos 8: 1, 4). Ou seja: Paulo tinha adotado este novo sistema de vida espiritual, não andando segundo a lei do pecado, que se manifesta pelas obras do corpo (Colossenses 3: 6; Gálatas 5: 17), mas andava segundo a mente e a lei do entendimento instruída pela Palavra de Cristo.

E, noutro lado, diz: “Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo” (I Coríntios 2: 16).

Mente de Cristo” para se referir à revelação recebida (v. 6-7, 10). O mesmo que o “espírito de Cristo” (Romanos 8: 9, 10, 15, 16, 26 e 27). Não confundir o “Espírito de Deus” com o “Espírito de Cristo”. Estão em sintonia, mas são “espíritos” diferentes! I Coríntios 2: 10-16 explica este sentido de “espírito”, como “mente”, “entendimento” de Cristo, que se refere à revelação da “Palavra de Cristo”, a “Palavra” que estava na mente de Cristo, e que, quando a aceitamos (Efésios 1: 13), passou a habitar em nós (Efésios 3: 16-17, com Colossenses 3: 16) e ficou gravada no nosso coração (II Coríntios 3: 3). Este, creio, é que é o selo, o penhor do Espírito, gravado na nossa mente e coração, que fará o “clik” da ressurreição à Voz de Cristo na Sua vinda. Por isso diz: “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é d’Ele” (8: 9).

É neste pensamento que, segundo creio, o apóstolo também diz: “A carne luta contra o espírito, e o espírito luta contra a carne…” (Gálatas 5: 16-18). Ou seja: temos o nosso corpo, com as suas paixões carnais a puxar para baixo, e a nossa mente, o espírito, a puxar para cima! (Colossenses 3: 1-4).

É na mente que a batalha espiritual se trava; é na mente que sairemos vencedores ou derrotados espiritualmente. A batalha espiritual é a guerra do entendimento e do conhecimento de Deus, pela sua compreensão e obediência (II Coríntios 10: 3-6; Efésios 6: 12). E é na mente, no espírito, que essa batalha se trava, como é no espírito que servimos a Deus e "damos o fruto que Deus" espera de nós, segundo este novo modelo da graça, e determinará tudo o que seremos na Eternidade.

Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e no amor que há em Cristo Jesus” (II Timóteo 1: 13).

Reconheço que é uma linguagem nova para a generalidade dos crentes, e que não é fácil compreende-la e assimila-la, como disse Pedro (II, 3: 15-16), mas é a que me faz sentido; e, espero que entendam. Também dará para perceber como a cristandade está muito distante do atual modelo de fé do “Corpo de Cristo”, e vão-se entretendo com a “religião evangélica”, e outras. Não desperdices estas verdades e estas experiências.

A graça do Senhor seja com o vosso espírito para compreender a “mente do Senhor”, revelada a Paulo e aos seus santos, a Igreja “Corpo de Cristo”.
 Saudações em “um só Corpo” e em “uma esperança” em Cristo!

sábado, 15 de abril de 2023

Novas Criaturas

"Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." (II Coríntios 5: 17).

Paulo tinha duas preocupações distintas na "educação espiritual" dos novos convertidos, que constituiam duas realidades completamente opostas: uma dos judeus e outra dos gentios. A verdade que temos de compreender e aceitar é que, em Cristo, já não há judeu ou gentio: na "conversão" nós deixamos a nossa identidade humana e passamos a ter uma nova identidade, somos uma nova criação, com a natureza de Deus, somos Cristos ou Cristãos (Gálatas 3: 27-28; Efésios 2: 11-18).

Então, por um lado, estavam os judeus, que traziam a sua religião, tradições e práticas segundo os rudimentos ou ensinos do mundo, terrenos, como era o judaísmo reproduzido e ensinado por Moisés e os proferas, e reproduzido nos evangelhos messiânicos, os quais era necessário livrarem-se disso para desfrutarem da nova vida cristã que é espiritual (Gálatas 5-6). Nós, agora, em Cristo é que somos os servos de Deus, e preparados para o serviço, desde que nos livremos dessa forma religiosa de servir a Deus.

"...guardai-vos da circuncisão! Porque a verdadeira circuncisão somos nós, que servimos a Deus no Espírito..." (Filipenses 3: 2...).

 

Por outro lado, e com características diferentes, eram os novos convertidos gentios. Eles não traziam uma cultura religiosa mas o grande problema era a imoralidade, porque os ídolos facilmente abandonavam com a conversão (I Tessalonicenses 1: 9-10).

"E digo isto e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os gentios..." (Efésios 4: 16...).

 

Penso que o judaísmo, por ter sido instituído por Deus (mas suspenso temporariamente), foi o que causou mais problemas ao ministério de Paulo, e hoje, com outro tipo de conceitos e nova capa, mantém-se no seio das igrejas, causando as mesmas preocupações; e, em termos de gravidade, o espírito religioso é tão prejudicial como a imoralidade, corrupção e depravação moral, como referido em I aos Coríntios 5: 1.

Quanto às questões morais, estas, também, têm invadido as igrejas, toleradas e protegidas por muitos líderes quando se tratam de casos familiares, amigos, ou crentes "importantes". A preocupação dos líderes centra-se no número de membros para sustentar o seu sistema; mas, a reprovação de Deus é muito clara!

A imoralidade tem tornado as igrejas locais verdadeiramente irreconhecíveis, quanto ao mundo, especialmente por serem invadidas com múltiplos casos de divórcios, prostituição e adultério e já alguns casos de homossexualidade, como é normal no mundo!

Esta dualidade práticas ocorre em Colossenses 2 e 3. No texto de 2: 4 a 3: 4 temos a questão da libertação religiosa; no texto de 3: 5 a 17 temos as questões morais a remover.


Textos complementares:

"E digo isto e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os gentios, na vaidade do seu sentido, entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus, pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração, os quais, havendo perdido todo o sentimento, se entregaram à dissolução, para, com avidez, cometerem toda impureza. Mas vós não aprendestes assim de Cristo, se é que o tendes ouvido e nele fostes ensinados, como está a verdade em Jesus, que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso sentido, e vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade." (Efésios 4: 17-24).

"Finalmente, irmãos, vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus que, assim como recebestes de nós, de que maneira convém andar e agradar a Deus, assim andai, para que continueis a progredir cada vez mais; porque vós bem sabeis que mandamentos vos temos dado pelo Senhor Jesus."

"Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição, que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra, não na paixão de concupiscência, como os gentios, que não conhecem a Deus. E que, nesta matéria, ninguém ofenda nem abuse a seu irmão; porque o Senhor é vingador de todas estas coisas, como também, antes, vo-lo dissemos e testificamos. Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação. Portanto, quem despreza isto não despreza ao homem, mas, sim, a Deus, que nos deu também o seu Espírito Santo." (I Tessalonicenses 4: 1-8).

Este texto é semelhante ao descrito em Gálatas 5: 16 - 6: 10; Efésios 5: 3 a 13; Colossenses 3: 3-13, entre outros, que recomendo, vivamente, a sua leitura cuidada e sincera.

Agora, "quanto a esta matéria" (como diz o apóstolo), não entendo a dificuldade que alguns têm em entender  e aceitar estas questões de integridade conjugal, quando João Batista disse:

"Porque Herodes tinha prendido João e tinha-o manietado e encerrado no cárcere por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe; porque João lhe dissera: Não te é lícito possuí-la." (Mateus 24: 3-4). E ele era descrente e gentio! Caso alguns tenham a pretensão de justificar os casamentos de divorciados por terem ocorrido ao tempo da incredulidade!

Só posso admitir esta tolerância por "cegueira espiritual" ( II Coríntios 4: 4; Efésios 4: 16-17) ou bloqueio e negligência para receber a verdade de Deus (Hebreus 5: 11; 6: 12; Efésios 5: ), como dizem os textos supra citados.

Mas a lucidez espiritual não é para todos. Sei, somente, que os que forem agraciados com a misericórdia de Deus de andarem em pureza, Deus os abençoará; e, os que andarem mal, o mal mais os dominará e condicionara; no fim, Deus vingará estas coisas, "não somente aos que as fazem, mas também consentem aos que as fazem." (Romanos 1: 36).

 

Portanto, quem despreza isto não despreza ao homem, mas, sim, a Deus, que nos deu também o seu Espírito Santo.” (I Tessalonicenses 4: 1-8).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 10 de abril de 2023

A Defesa do Evangelho

Alguns, efetivamente, proclamam a Cristo por inveja e porfia; outros, porém, o fazem de boa vontade; estes, por amor, sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho.” (Filipenses 1: 17).

Entre outras funções, o apostolado de Paulo destinava-se a “Defender o Evangelho”, garantindo que Ele fosse transmitido e divulgado integralmente da sua pureza (v. 7):

E isso por causa dos falsos irmãos que se tinham entremetido e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão; aos quais, nem ainda por uma hora, cedemos com sujeição, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós.” (Gálatas 2: 5-6).

Paulo, por mandamento e vontade de Deus, foi constituído apóstolo, aquém foi confiada a Palavra da graça de Deus (I Coríntios 1:1; II Coríntios 1: 1; Efésios 1:1; Colossenses 1: 1; II Timóteo 1: 1).

Mas, no tempo certo, manifestou a sua palavra pela pregação que me foi confiada segundo o mandamento de Deus, nosso Salvador.” (Tito 1: 3).

Também foi constituído “ministro”, “pregador” e “doutor ou ensinador dos gentios”:

“…pela graça que por Deus me foi dada, que eu seja ministro de Jesus Cristo entre os gentios, ministrando o evangelho de Deus, para que seja agradável a oferta dos gentios, santificada pelo Espírito Santo.” (Romanos 15: 16)

Para isto fui designado pregador e apóstolo (afirmo a verdade, não minto), mestre dos gentios na fé e na verdade.” (I Timóteo 2: 7).

(Deus) “que nos salvou e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos dos séculos, e que é manifesta, agora, pela aparição de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a incorrupção, pelo evangelho, para o que fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios.” (II Timóteo 1: 9-11)

Paulo, prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios, se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; como me foi este mistério manifestado por revelação como acima, em pouco, vos escrevi, pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo.” (Efésios 3: 1-4; ver, tb: Romanos11: 13).

 

E, por aqui vemos que, a Paulo, como apóstolo e represente do “Corpo de Cristo” na terra, por ordem direta do próprio Deus, era o “mordomo” ou “despenseiro” da casa espiritual de Deus, a Igreja “Corpo de Cristo”, a quem lhe foi confiado toda a instrução do “Evangelho da Graça de Deus”, à semelhança de Moisés que fora o “mordomo” da casa terrena de Deus, que recebera as instruções de Deus para Israel (Hebreus 3: 1-6).

Então, neste contexto, Paulo foi chamado para ser “defensor do evangelho”, para garantia de que ele fosse comunicado com toda a pureza e fidelidade.

E, aqui, surge a grande questão:

Será que fomos chamados a substituir Paulo na “defesa do Evangelho”? Será que somos chamados a combater pela verdade? Isso implicaria debates e conflitos à volta da Palavra de Deus! E, será que o Senhor nos deu essa autoridade? Será que o Senhor nos conferiu essa responsabilidade? Com que meios? Com que capacidades?

Bem, olhando para algumas afirmações de muitos “crentes”, especificamente de “Anciãos” instituídos (não designados pela Palavra), doutores, ensinadores, comentadores ou mesmo professores de seminários bíblicos, vejo que não se enxergam, verdadeiramente; não sabem o que são humanamente e as limitações que têm espiritualmente, enquanto estamos neste corpo de pecado. Se tivéssemos a mínima noção do que somos na carne, humilharmo-nos-íamos diante de Deus e estaríamos muito mais calados com as afirmações pessoais.

Não! Nós, crentes, simples membros da Igreja “Corpo de Cristo”, não temos a mesma vocação que os apóstolos, profetas e os demais dons da Igreja, que eram os fundamentos do “edifício” espiritual. Esses é que foram colocados no “Corpo” para (1) revelar e (2) defender a verdade do Evangelho da graça (Gálatas 2: 5, 14). Esses servos de Deus, foram capacitados pelo próprio Deus com dons ou capacidades especiais e outros atributos para desempenhar essas funções. Paulo, p.ex., tinha uma chamada diretamente de Deus, desde o ventre de sua mãe, para este ministério (Gálatas 1: 14…). Paulo, a Tito (1: 1-4) diz que foi por mandamento de Deus… por ordem expressa e direta de Deus… no grego significa “edito imperial”, para desempenhar essas funções. Ele fala de uma graça especial (I Coríntios 15: 9-11). E fala do “poder” que acompanhava esse ministério (Romanos 15: 19; II Coríntios 6: 7; 12: 11-12; I Tessalonicenses 1: 5). Eles tinham os dons de Apóstolo, profeta, doutores, de discernir os espíritos, variedade de línguas e interpretação das línguas (I Coríntios 12), de modo que não havia erros de compreensão e de interpretação!

Aquele período, era a fase da “colocação dos fundamentos” da Igreja “Corpo de Cristo” (I Coríntios 3: 9-17; Efésios 2: 20-22; 3: 5; 4: 11-13), e da “revelação” deste novo plano e programa para o mundo – a “Dispensação da Graça de Deus”, e/ou “Dispensação do Segredo de Deus” (Efésios 3: 2 e 9) e, por isso, o Senhor deu instrumentos especiais para divulgar esta revelação de Deus, que não estava ainda consignado em escritura física (I Coríntios 2: 9-14; II Coríntios 12: 4; Efésios 2: 20; 3: 5; 4: 11-13; II Pedro 3: 15-16). Tendo sido concluída e passada a escrito, só depois do apóstolo chegar a Roma (Romanos 15: 29 com Colossenses 1: 25; II Timóteo 4: 17).

Depois que a revelação ficou completa e passada a escrito físico (porque já havia a Escritura espiritual, na mente de Deus – Gálatas 3: 8; II Timóteo 1: 9) os dons especiais, ou dons sinais, ou capacidades sobrenaturais, foram retiradas do “Corpo” e a Palavra de Deus deixou de ser passada oralmente pelos dons para ser passada pela Revelação escrita, os escritos do apóstolo do “Corpo de Cristo”, Paulo. E, Pedro, confirma isso (II Pedro 3: 15-16).

E, disse: “O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará; porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado.” (I Coríntios 13: 8-10).

“O perfeito”, no grego é neutro, que deve ser lido como “aquilo que é perfeito”, o estado de maduro espiritualmente, que contrasta com o estado de menino. O “que é em parte” é uma referência aos “dons”, porque “em parte conhecemos e em parte profetizamos” ou manifestam-se pelos dons” (v. 9).

Agora, Deus não fala por inspiração oral, por manifestação de quaisquer dons, MAS pela sua Palavra escrita e concluída:

Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra.” (II Timóteo 3: 16-17).

 

Fico estupefacto com a presunção e blasfêmias que “soam” na cristandade, onde os líderes dizem-se detentores de uma autoridade que Deus nunca lhes conferiu nem têm credenciais ou alguma coisa que o confirme, senão, somente, a sua própria palavra, em oposição à Palavra e Revelação de Deus. Nós, membros comuns do “Corpo de Cristo” assiste-nos simplesmente, conhecer, estudar, meditar e esperar que o Senhor “abra a nossa mente” (Efésios 1: 15-17), e o nosso “espírito” (Romanos 8: 14-14), para entendermos o que nos deixou revelado (II Timóteo 2: 7). Agora, se queremos saber a vontade de Deus é lendo o que o Senhor nos tem deixado escrito por Paulo (Efésios 3: 1-4; II Pedro 3: 15-16). E, o único caminho é a graça de Deus e total humildade e disponibilidade nossa mental e espiritual para aprender das Escrituras de Deus.

 

E, porque não temos qualquer autoridade conferida por Deus, nem credenciais sobrenaturais que o confirmam, não nos devemos envolver em discussões da Palavra de Deus, mas estudar e aprender com todos os membros do “Corpo de Cristo”, como diz em Efésios:

Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.” (4: 15-16)

Fiel é esta palavra, e quero que, no tocante a estas coisas, faças afirmação, confiadamente, para que os que têm crido em Deus sejam solícitos na prática de boas obras. Estas coisas são excelentes e proveitosas aos homens. Evita discussões insensatas, genealogias, contendas e debates sobre a lei; porque não têm utilidade e são fúteis. Evita o homem faccioso (divisionista), depois de admoestá-lo primeira e segunda vez, pois sabes que tal pessoa está pervertida, e vive pecando, e por si mesma está condenada.” (Tito 3: 8-11).

Nós não somos chamados a defender o Evangelho, porque não temos dons, capacidade nem autoridade conferida por Deus para o fazer; mas devemos, isso sim, conhecer o evangelho e vivê-lo no nosso dia a dia:

Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito, combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho.” (Filipenses 1: 27).

 

quinta-feira, 6 de abril de 2023

A Presente Verdade

Paulo escreveu:
“Assim que, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo, agora, já o não conhecemos desse modo. Assim que, se alguém está em Cristo, nova CRIAÇÃO é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (II Coríntios 5: 16-17)
 
Não entendo porque é que os crentes que andam na igreja anos e anos, décadas, e não conseguem perceber esta diferença: “Cristo segundo a carne” e Cristo segundo a NOVA CRIAÇÂO DE DEUS, segundo o Espírito, o Celestial, glorificado como “Cabeça da Igreja Corpo de Cristo” (Efésios 1: 19-23)! Isto explica as divergências de entendimento da Palavra de Deus e as divisões que se fazem nesse sentido.
 
Vejamos:
“Não conhecemos” a Cristo segundo a carne… Já não o conhecemos desse modo…”:
 
1. Cristo foi ministro da circuncisão para confirmar/cumprir as promessas feitas aos patriarcas” (Romanos 15: 8). Eles esperavam o reino terreno messiânico. Que tem a ver isso com Cristo como Cabeça da Igreja “Corpo de Cristo” e com a própria Igreja “Corpo de Cristo” que espera o arrebatamento de Cristo para nos levar à nossa posição celestial?
 
2. “Cristo nasceu debaixo da Lei, para remir os que estevam debaixo da Lei” (Gálatas 4: 4-5). Que isto tem a ver com a Igreja “Corpo de Cristo”? Se o Senhor nasceu debaixo da Lei, como é que os crentes insistem em seguir o Senhor dessa forma? Estão a ser rebeldes e viver contra a obra de Deus: Ele morreu para nos resgatar da Lei; mas os crentes insistem a viver segundo a Lei, que é o modelo de vida relatado nos evangelhos messiânicos!
 
3. “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir.” (Mateus 5: 17). Isto, não para nós seguirmos as suas pisadas, como muitos ensinam, MAS, precisamente, para pudermos ficar livras desses caminhos, que não conseguíamos cumprir. Mas, não compreendo como os pregadores pregam, ainda, esta mensagem, citam esses versículos, em rebeldia com Deus! Cristo morreu para nos livrar; os crentes insistem em “escravizar” os crentes naquilo que o Senhor nos livrou! Não entendo, porque não entendem que “estão a estabelecer aquilo que o Senhor aboliu” com a Sua morte! Estão a ir contra a obra de Cristo (Efésios 2: 15; Gálatas 4: 9; 5: 1-10).
 
4. “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.” (Romanos 6: 14). É difícil entender isto? Paulo fala da “Dispensação da graça de Deus que para os gentios foi confiada a Paulo” (Efésios 3: 2-4). “Dispensação” significa instrução, “ENSINO”, o “ensino da graça de Deus”!
 
5. “Não sabeis vós, irmãos (pois que falo aos que sabem a lei), que a lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que vive? (…) Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais doutro, daquele que ressuscitou de entre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus…; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra.” (Romanos 7: 1-6). Este e o modelo de vida, o ensino, a graça, a esperança que Deus concedeu à Igreja “Corpo de Cristo”, em Cristo… nada tem a ver com o ensino antigo, messiânico, terreno e para Israel.
 
6. “Digo, pois: porventura, tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum! Mas, pela sua queda, veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação. E, se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição, a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!”
“Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas, para contigo, a benignidade de Deus, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira, também tu serás cortado. E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar.”
“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este Mistério (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado.” (Romanos 11). Ou seja: a queda de Israel alterou os seus planos para o mundo: Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia (v. 32) – a benignidade de Deus (2: 4), que é uma referência à dispensação a graça de Deus (Tito 2: 11-15; Efésios 3: 2), ou à longanimidade de Deus falada por Pedro (II Pedro 3: 9, 15-16; Tito 3: 4-7). E, esta manifestação da graça de Deus é temporária, até que a plenitude ou a totalidade dos gentios haja entrado na salvação de Deus; depois, também os gentios serão cortados, pois não estão a permanecer na “benignidade de Deus” e Israel será novamente enxertada!


Como Explicar?
Como explicar estas divergências? Como explicar a falta de capacidade de entender estas diferenças: do Cristo segundo a carne e Cristo segundo o “Corpo de Cristo”? Hoje Cristo é “UMA NOVA CRIAÇÃO” DE DEUS com a imagem do próprio Deus.
"Novo" no grego implica uma nova natureza bem diferente de qualquer coisa existente anteriormente, não apenas recente, que é expressa por uma palavra grega diferente (Gálatas 6:15). “Criatura”: literalmente, “criação”. Como nós estamos “em Cristo”, também “Deus estava em Cristo” (II Coríntios 5: 19) (In Comentário Bíblico Jamieson-Fausset-Brown).
 
“… pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos; e vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou; onde não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo em todos.” (Colossenses 3: 9-11).
 
Que tem a ver isto com o velho ensino messiânico? Porque os ensinadores insistem em divulgar ensinos que o Senhor já aboliu? Eram sombras e transitórios (Colossenses 2: 16-17; tipo ou exemplo de Hebreus 8: 5, 13) – “Ora, o que foi tornado velho e se envelhece perto está de acabar.”
1.      Sabemos que “o deus deste século cegou os entendimentos” (4: 4), como sabemos que o Senhor pode, também, privar muitos crentes de entender muitas das Suas verdades: “olhos para não verem, ouvidos para não ouvirem… e corações endurecidos…” (Romanos 11: 10), por causa da dureza e teimosia dos crentes (II Timóteo 2: 25).

2.     Paulo diz que “a fé não é de todos” (II Tessalonicenses 3: 2); como, nem a todos foi dado a conhecer os “mistérios do Reino dos Céus” (Mateus 13: 11), como os “mistérios da graça de Deus” (Efésios 6: 19; Colossenses 4: 3; II Tessalonicenses 1: 8-9; 2: 11-12).
 
3.      Não foi por acaso que o nosso apóstolo, dos gentios, tivesse orado:
“… lembrando-me de vós nas minhas orações, para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê, em seu conhecimento, o espírito de sabedoria e de revelação, tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais…” (Efésios 1: 16-18).
E, depois de orar, escreve sobre o assunto, a ver se chegamos ao seu conhecimento:
“… se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; como me foi este mistério manifestado pela revelação como acima, em pouco, vos escrevi, pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo.” (3: 2-4).


Pergunto-me: Porque os crentes não entendem as coisas de Deus; porque não pensam todos o mesmo, como diz a Escritura?
"Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer." (I Coríntios 1: 10)

"Completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade..." (Filipenses 2: 2).

"Até que todos cheguemos à unidade da fé..." (Efésios 4: 1-13).

Porque é que os crentes sinceros, membros do "Corpo de Cristo" não têm o mesmo sentimento, o mesmo pensamento e não estão unidos na fé, quando o Senhor criou e proporcionou todas as coisas para isso? Que vamos dizer ao Senhor quando estivermos perante Ele no Tribunal de Cristo? Que desculpas vamos dar? E, não é só por pensarmos diferente dos outros irmãos; é por pensarmos diferentes do próprio SENHOR e pelo mal que promovemos neste mundo aos santos com discussões, intrigas, invejas, rivalidades, partidarismos, denominações e divisões.

1) Será que os crentes são simples “assistentes” e não estão salvos e não têm o “espirito de Cristo" para perceberem a revelação celestial, do “Mistério de Cristo”? Paulo dizia: “se alguém não tem o ‘espírito de Cristo’ esse tal não é dele” (Romanos 8: 9). E: “Deus deu-nos o Espírito de Seu Filho” (Gálatas 4: 6), E: “nós temos a mente de Cristo” (I Coríntios 2: 16). Não há razões para os verdadeiros crentes não entenderem a Verdade de Deus como o Senhor revelou ao nosso apóstolo.
 
2) Serão as suas emoções, os afetos que bloqueiam a sua capacidade espiritual de raciocinar e meditar? Muitos dizem, na igreja, como os católicos romanos: “nasci assim, vou morrer assim”!
 
3) Será que querem andar segundo os outros crentes, amados e amigos! Isto é uma forma disfarçada de seguir uma religião: com outro nome, mais apelativo ou evangélico, mas é religião! A quem seguimos, exatamente? Sejamos honestos! Os crentes, muitas vezes, não seguem o Senhor, de verdade, mas seguem um “linha doutrinária”, em detrimento de outras! E, quem garante que os seus autores, cuja honestidade e sinceridade não discutimos, estavam certos? Todos têm algum entendimento correto, mas nada garante que estivessem certos em tudo! As igrejas dos “Irmãos” seguem ao Senhor, mas na linha doutrinária Irlandesa de J. N. Darby e C. I. Scofield e outros amigos seus (1825); Os crentes "Batistas" seguem ao Senhor, mas na linha doutrinária Holandesa de John Smith e Thomas Helwys (1607); As Igrejas da “Assembleia de Deus” e “Pentecostais” seguem o Senhor na linha americana de Charles Parham e outros (1901); e por aí sucessivamente! Muitos homens de Deus marcaram a fé e a vida de muitos crentes, designadamente Spurgeon, Wesley, Lutero, Calvino, Knox… Mas, não podemos dizer que eles estivessem certos em todos os temas que entendiam e criam da Palavra de Deus! Tanto é que, muito divergiam entre si no conhecimento de Deus! E, igualmente, poderemos aprender coisas interessantes destes irmãos que nos deixaram os seus escritos; mas, a nossa referência tem de ser a Palavra de Deus e nós devemos ter uma relação pessoal com Deus e com a Sua Palavra! Mesmo que isso implique ir encontra o entendimento dos demais crentes que nos rodeiam!
 
4)      Devemos atender à voz de Deus revelada na Sua Palavra, agora revelada a Paulo para a Igreja que fazemos parte, a Igreja “Corpo de Cristo”! (I Coríntios 2: 9-10). E, para entendê-la, devemos “comparar escritura com escritura” (v. 13) – comparar aquilo que é comparável, – como “confrontar, separar ou dividir a escritura com escritura” (assim no grego: II Timóteo 2: 15), – separando aquilo que é diferente – , “reconhecendo/aprovando as coisas que são diferentes” (assim no grego (Filipenses 1: 10).

5)      Uma coisa é certa:
a.  Aqueles que resistem às palavras do Senhor através de Paulo, são um “sinal de perdição” (Filipenses 1: 28; 3: 17-19; I Timóteo 6: 3-5; Gálatas 5: 1-10; 19-21);
b.  Aqueles que resistem a Paulo resistem a Deus, uma vez que o seu apostolado e a Palavra que lhe foi confiada, foi por mandamento /ordem/edito de Deus (Tito 1: 1-3; Romanos 13: 1-2).
6) O perigo de não respeitar a revelação dada ao apóstolo Paulo é tão sério e importante que pode levar muitos "crentes" à perdição:
Pedro percebeu isso, quando percebeu que Deus tinha uma nova mensagem: não a restauração do Reino em Israel (Atos 1: 6-7), quando verificou que os acontecimentos do Reino não estava a ter continuidade, como foi explicado por Paulo quando foi a Jerusalém (Gálatas 2: 1-10). E, dá testemunho da nova mensagem, a mensagem da longanimidade e graça de Deus (II Pedro 3: 9, 15-16), dizendo que “os indoutos e inconstantes torcem para sua própria perdição” (v. 16), acrescentando:
“…que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade” (2:1).

7) E, todos darão contas a Deus das palavras que disserem! (II Coríntios 5: 1). Paulo diz: “Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.” (I Coríntios 3: 10-11).

Eu não queria estar na “pele” de muitos pregadores e ensinadores que não dividem bem e corretamente a Palavra de Deus, especialmente ensinos que o Senhor “aboliu” com a morte de Cristo!


Motivos:
Deus não impõe nada a ninguém: Não impõe a salvação a ninguém, como não impõe o Seu conhecimento a ninguém; mas, no grande Dia, vai pedir contas. Nós, também, não queremos impor o nosso entendimento a ninguém, mas, com a nossa exposição, tentamos ajudar com aquilo que o Senhor nos tem ajudado a entender, para que o maior numero possível de santos atinjam a "Unidade da Fé", o "pleno conhecimento do Filho de Deus", atingirmos a maturidade espiritual plena! Só nós é que podemos sair beneficiados; como, só nós é que podemos ser prejudicados, se não atingirmos o conhecimento de Deus corretamente e não chegarmos à maturidade plena: e, esse prejuízo será vivermos coisas que o Senhor aboliu, vivermos coisas que, espiritualmente, nos prejudicam... e por fim, ainda sermos reprovados no Tribunal de Cristo! Consequências negativas atuais e futuras!
 
Para já, tenho dito!
Boas e importantes reflexões!
 

quarta-feira, 1 de março de 2023

O Matrimónio

Honrai o Matrimónio

"Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém aos que se dão à prostituição e aos adúlteros Deus os julgará." (Hebreus 13: 4).

"Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido." (Mateus 19: 11).


Estas palavras são para todos, mas não são para todos. Parece uma contradição, mas não é! São normas gerais e abrangentes, que vinculam todo o ser humano, mas somente os que estão dispostos a aceitar a Palavra de Deus é que têm a graça d'Ele para a compreender e nela confiar, como o próprio Senhor deu a entender com as palavras supra citadas. Sempre assim foi: uns, entendem, acreditam nela e a aceitam; os outros, serão endurecidos (Romanos 11: 7-8), e nunca as aceitarão porque, certamente ficarão cegos para ver a verdade. O próprio Deus pode fazer isto, segundo o coração de cada um (João 12: 39-40; Isaías 6: 10).

Por isso, ao considerar este assunto tem que haver a maior disposição possível e imaginaria para obedecer a Deus e aos princípios que Ele estabeleceu na Sua criação, e um coração sincero e honesto para aceitar as Suas disposições.

Também importa dizer que estas disposições sagradas são transdispensacionais: não são exclusivas para Israel, ou para os gentios ou para a Igreja "Corpo de Cristo", mas para todos os filhos de Adão.

Por outro lado, alguns ensinadores querem limitar estas instruções aos crentes; mas não pode ser. Estas disposições bíblicas são originárias, reportam-se ao princípio da humanidade, a segunda ordem de Deus, e, por isso, é uma obrigação natural e generica, abrangendo todo ser humano (Mateus 19: 4, 8). Exemplo disso, é o caso Herodes Antipas, a quem João Baptista condenou por ele ter tomado a Herodias, mulher de seu irmão, Herodes Filipe, e eram gentios, idumeus (Mateus 14: 4).

Outra verdade que deve ser introduzida já, e, por vezes, é desconhecida, ignorada e/ou escondida, é que Deus deu a cada um o seu próprio dom natural: para casar ou para ficar solteiro (I Coríntios 7: 7). E quem ignora ou contraria isso expõe-se aos mais diversos dissabores humanos e emocionais/psicológicos. Mas, por causa dos abrasamentos, as recomendações divinas são para casar: melhor é ser casado que andar por aí em constantes e consequentes prostituições (I Coríntios 7: 9 e 2).


Analisando o Tema:

A maior calamidade da nossa sociedade é, indubitavelmente, a destruição dos casamentos e das famílias. O que reflete o declínio espiritual do ser humano, cada vez mais decadente nestes últimos dias da ERA cristã. Os votos e as promessas que os noivos fazem no dia do seu casamento são facilmente ignorados no primeiro contratempo familiar ou logo que são enganados pelo seu coração com qualquer paixão carnal e mundana. Infelizmente, esta calamidade já se introduziu na comunidade cristã neste último século e a generalidade das igrejas locais assume este “cancro espiritual” como normal e integrante na sua comunhão.

O que o Senhor refere aqui é que o matrimónio deve ser "venerado", respeitado, considerado precioso ou sagrado. O termo grego da língua original é "timios", strong: 5093, e ocorre 14 vezes no NT, e em textos como: "sangue precioso do Senhor Jesus Cristo" (I Pedro 1: 19), e "fé, igualmente preciosa" (idem, 1: 7), ou "pedras preciosas" (I Coríntios 3: 12), para se referir ao galardão eterno do crente. E, acrescenta: "ter uma cama sem mácula", ou seja, "as relações sexuais dos conjuges sem corrupção", "sem qualquer tipo de prostituição e/ou adultério", conforme se trate de casados ou de solteiros. "Sem mácula", no grego "amiantos", strong: 283, 4 vezes no NT e significa "imaculado", como o "nosso Sumo-sacerdote" (Hebreus 7: 26), ou a "nossa herança incorruptível e imaculada" (I Pedro 1: 4).

Mais palavras para quê? Com estes textos e estas referências já estamos a ver qual o nível em que Deus colocou o matrimónio. Por isso, será preciso muita determinação, coragem e renúncia pessoal para aceitar e assumir o que Deus diz sobre este assunto. Quem não a tiver, deve desistir de ler o artigo e continuar na sua vida "vergonhosa" e "imunda", mesmo que continue na igreja e, muitos, como membros ativos. Isso não altera a opinião de Deus nem minimizará as consequências que Ele determinou para tal comportamento! Além disso, pelos relatos da pura Palavra de Deus, não me parece que os "membros ativos" estejam aptos para a obra de Deus, ou mesmo invocar ou identificar-se com o nome do Senhor: será, antes, uma vergonha para o nome de Deus. A este respeito, o próprio  Senhor diz:

"Ora, numa grande casa (igreja local) não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra." (II Timóteo 2: 20-21).


Deus, quando intituiu a união matrimonial,  estabeleceu uma lei: "A Lei do Marido" (Romanos 7: 2). Assim chamada por o marido ser "a cabeça da mulher" (I Coríntios 11: 3), e por o Senhor lhe ter confiado esta lei ou princípio geral e universal para ser transmitido à sua descendência, e que diz o seguinte:

"Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne." (Génesis 2: 24).

 

O Senhor Jesus Cristo, no Seu ministério, confirmou esta lei, quando disse:

"Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem." (Mateus 19: 4-6).


E, tão séria e restrita era a interpretação do Senhor que os próprios discípulos ficaram alarmados, ao ponto de dizerem:

"Se assim é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar.

"Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido. Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos por causa do Reino dos céus. Quem pode receber isso, que o receba." (Mateus 19: 10-12).

 

É verdade que Moisés falou de uma possibilidade de "divórcio", mas por causa da dureza do coração do povo, não pela vontade de Deus. Diz o texto:

"Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza do vosso coração, vos permitiu repudiar vossa mulher; mas, ao princípio, não foi assim." ( Mateus 19: 8).

 

"Moisés", não Deus! Foi uma iniciativa de Moisés, como com a permissão de Deus; Deus tolerou isso, mas não era a Sua diretiva. Era a expressão da Sua "vontade" permissiva, como fez Paulo: "como que por permissão"! Por isso, não é admissível a Deus, mas para aos carnais e mundanos, do que terão as respetivas consequências.

Mas, as palavras do Senhor foram: "EU, PORÉM, VOS DIGO..." (idem, v. 9). Ou seja: "o que Moisés disse, disse; mas, EU DIGO..."

Por isso, não me parece que alguém atingisse a plenitude da bênção a obedecer à Lei ou a Moisés; nem mesmo ele foi muito feliz no matrimónio que teve! Então, mais vale atentar para as Palavras do Senhor, Aquele que apareceu a Moisés e lhe deu a Lei, o próprio Senhor Jesus. 

Assim, quem poder receber e aplicar esta palavra do Senhor, é salvo de muitos dissabores e terá a bênção natural de Deus; e, quem não respeitar as leis da natureza introduzidas pelo próprio Criador nela, "Deus os julgará..." (Hebreus 13: 4) e sofrerão as respectivas consequências.

Adultério é sempre Adultério; e, quem casar com um(a) adúltero(a), também comete o mesmo adultério (Mateus 19: 9); a legalidade civil de um país, onde alguns se refugiam, não resolve a situação natural, moral ou espiritual de um indivíduo ou relação matrimonial. Hoje, as leis civis humanas legalizaram as mais desparatadas relações, designadamente homossexuais e, nem por isso, elas têm a aprovação de Deus:

"... e o que casar com a repudiada também comete adultério." (19: 9).



O Divórcio e a Dispensação da Graça

Há algumas correntes dispensacionalistas a defenderem que, na presente Dispensação da Graça, os procedimentos de Deus quanto ao ser humano e, em especial ao matrimónio foram alterados. E, dizem: o Deus gracioso, rico em misericórdia, não pode condenar alguém que viva em prostituição e adultério. E citam muitos textos bíblicos, pois a Escritura presta-se a isso, designadamente:

"Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça." (Romanos 5: 20).

 

É verdade que a Escritura presta-se a isso: tanto apoia o santo, como, também, apoia o impio: uns para assegurar a sua segurança e os outros para confirmarem a sua impiedade e perdição:

"Quem é injusto faça injustiça ainda; e quem está sujo suje-se ainda; e quem é justo faça justiça ainda; e quem é santo seja santificado ainda."

"E eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo para dar a cada um segundo a sua obra." (Apocalipse 22: 11-12).

"... porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E, por isso, Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira..." (II Tessalonicenses 2: 11).

Até apoia a teoria do ateísmo, pois diz: "não há Deus!" (Salmo 53: 1). No entanto, são textos isolados do seu contexto e despidos do espírito da mensagem impregnado nas palavras do texto.

Sobre este tema o Apóstolo da Igreja "Corpo de Cristo" diz que tinha mandamento de Deus para os casados; mas, para os solteiros, não recebera mandamento, mas dava o seu parecer ou opinião, pela sua experiência e discernimento espiritual resultante da sua intimidade com o Senhor e conhecimento das Escrituras Sagradas: Deus permitiu que ele desse a sua opinião. E, não sendo mandamento, não deixa de ser muito recomendável porque teve a aprovação do próprio Deus (v. 40):

"Digo, porém, isso como que por permissão e não por mandamento. Porque quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira, e outro de outra. Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu. Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se." (I Coríntios 7: 6-9).

"Ora, quanto às virgens, não tenho mandamento do Senhor; dou, porém, o meu parecer, como quem tem alcançado misericórdia do Senhor para ser fiel." (v. 25).

"A mulher casada está ligada pela lei todo o tempo em que o seu marido vive; mas, se falecer o seu marido, fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor." (v. 39).

 

Ou seja, os solteiros e viúvos gozam de uma certa liberdade para decidirem o querem fazer das suas vidas conjugais: casar ou não casar. Mas, se dicidirem casar, perdem essa liberdade e ficam sujeitos à "escravidão" da lei do matrimónio (a "lei do marido", conforme Romanos 7: 2) até à morte. Só a morte os livrará dessa lei matrimonial, segundo Deus!

 

E para os casados? Qual o mandamento do Senhor?

"Todavia, aos casados, mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher se não aparte do marido; ... e que o marido não deixe a mulher." (I Coríntios 7: 10-11).

Então, o mandamento de Deus para os casados é sempre o mesmo, e cada um confirma os outros, pois é uma lei natural, como qualquer outra lei da física, e é esta:

"A MULHER NÃO SE APARTE DO MARIDO", e:

"O MARIDO NÃO DEIXE A MULHER!

 

E, estes mandamentos NATURAIS aplicam-se não somente ao ato conjugal e vida matrimonial, como a natureza do matrimónio, designadamente quanto à sua composição sexual, ou seja, ser composto por homem e mulher:

"Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro." (Romanos 1: 26-27).

 

Neste contexto dispensacional, e não obstante verificarmos a existência de uma mudança da Lei para a Graça, do Reino Messiânico para o Reino Espiritual e Celestial, do programa de Israel para o programa da Igreja "Corpo de Cristo", Paulo faz muitas referências à lei natural ou existente na natureza, estabelecidas por Deus para assegurar a armonia do Universo, onde está incluida a "Lei do Matrimónio", ou a "Lei do Marido"! Por sua vez, Satanás está empenhado a destruir todas as leis da natureza, incluindo esta que estamos a analisar.

Estas referências de Paulo mostram, também, que a "Lei da Casa Espiritual de Deus", vulgo "Dispensação" no grego, não alterou qualquer ponto de qualquer lei natural, pelo contrário, são confirmadas em cada palavra da revelação do "Mistério", como está escrito:

"Porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.

"Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis." (Romanos 1: 19-20).

 

Por exemplo, o próprio matrimónio é figura de uma realidade muito maior e mais sublime: "a união de Cristo e a Igreja":

"Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja." (Efésios 5: 31-32).

 

E, se a Igreja "Corpo de Cristo" foi pensada e eleita antes da fundação do mundo (1: 4; Romanos 8: 29-30), quer dizer que, quando o Senhor estava a formar Adão e a "dividi-lo" em "macho e fêmea", para se re-unirem através do matrimónio, estava tão sómente a reproduzir o que seria o Seu plano para Cristo e Igreja.


Outra referência natural:

"Julgai entre vós mesmos: é decente que a mulher ore a Deus descoberta? Ou não vos ensina a própria natureza que é desonra para o varão ter cabelo crescido? Mas ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado para cobertura." (I Coríntios 11: 13-15).

 

Este caso está relacionado com a postura natural da mulher de "sujeição" ao marido, refletida no seu cabelo comprido (v. 3, 10). Mas, só o referi a titulo de exemplo das lições da natureza, não porque se tratasse do mesmo assunto.

Então, os mandamentos contidos na natureza são respeitados pela lei espiritual de Deus para a Igreja, como também confirmam-nos, pois, aqueles são uma reprodução natural da criação espiritual de Deus. E, aquilo que não for natural é contra Deus; e quem corrompe a natureza ofende a Deus e irá pagar por isso:

"Na verdade, a terra está contaminada por causa dos seus moradores, porquanto transgridem as leis, mudam os estatutos e quebram a aliança eterna. Por isso, a maldição consome a terra, e os que habitam nela serão desolados; por isso, serão queimados os moradores da terra, e poucos homens restarão." (Isaías 24: 4).

"E iraram-se as nações, e veio a tua ira, e o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e o tempo de dares o galardão aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra." (Apocalipse 11: 18).

É curioso verificar que, tanto a criação natural de Deus como a Sua criação espiritual são chamadas de "Poiema", poema, ou obra de arte (Romanos 1: 20 e Efésios 2: 10).

E, não obstante as tentativas de Satanás para destruir a natureza e transgredir as suas leis da fisica e naturais (Romanos 8: 19-23), como as leis espirituais de Deus, elas são divinas e são para ser respeitadas, especialmente pelo Seu povo, dos quais não espera outro comportamento.

Mas, dos descrentes, o Senhor não espera outra coisa que não seja a revolta do ser humano expresso na alteração e transgressão das suas leis: naturais, cerimoniais, morais e espirituais. No entanto, não escapam ao juízo de Deus. Senão, vejamos:

"Mas Deus julga os que estão de fora." (I Coríntios 5: 13).

"Porém aos que se dão à prostituição e aos adúlteros Deus os julgará." (Hebreus 13: 4).

 

Por essa razão é que Paulo diz:

"Mas, aos outros, digo eu, não o Senhor: se algum irmão tem mulher descrente, e ela consente em habitar com ele, não a deixe. E se alguma mulher tem marido descrente, e ele consente em habitar com ela, não o deixe." (I Coríntios 7: 12-13);

"Mas, se o descrente se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou irmã, não está sujeito à servidão; pois, Deus chamou-nos para a paz." (Idem, v. 15).

 

Ou seja: nós não temos "poder" sobre a parte descrente; e se ela quiser se apartar, estamos desculpados nessa separação. No entanto, isso não nos dará o direito de voltarmos a casar, já que a união matrimonial é sagrada e para toda a vida, ou seja, só a morte pode desfazer o matrimónio.

"Todavia, aos casados, mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher se não aparte do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher." (I Coríntios 7: 10-11).

 

Mais textos que confirmam estas instruções:

"A mulher casada está ligada pela lei todo o tempo em que o seu marido vive; mas, se falecer o seu marido, fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor." (7: 39).

"Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre da lei do marido. De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se for doutro marido; mas, morto o marido, livre está da lei e assim não será adúltera se for doutro marido." (Romanos 7: 2-3).

 

Espero e oro ao Senhor para que esta reflexão seja de ajuda para aqueles que são sinceros na fé e desejam ser "perfeitos" no serviço de agradar perfeitamente ao Senhor.

Sei que os sinceros e bem intencionados na fé, agarrar-se-ão à Palavra de Deus e ficarão firmes, dando graças a Deus e se dedicação a Ele de forma pura e correta. Os que seguem as suas paixões e concupiscências carnais e humanas procurarão todos os textos bíblicos para se desculpar e justificar os seus atos. A mim só restará dizer: cada um siga o seu caminho, sabendo que Deus reclamará contas de cada um e dará a cada um a respetiva "paga" em função dos seus atos. Mas, uma coisa é certa: as nossas atitudes e opções humanas definirão o que somos espiritualmente. E, este tema é, simplesmente, um exemplo de como encaramos a Palavra de Deus e se a levamos a sério. 

Então, se quereis fazer a vontade de Deus e agradar-lhe, e se estás numa situação de adultério, toma coragem, abandona o pecado e volta para Deus, mesmo que isso vá contra tudo o que mais desejas desta vida. Deus te oriente nas decisões a tomar, e te de o discernimento espiritual para minimizar as feridas que as rupturas poderão fazer; mas, mais vale sofrer um pouco agora, que perder tudo na eternidade, designadamente a coroa, a glória e a honra!

A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o nosso espírito, para o que for necessário. 

terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Dividir Corretamente as Escrituras

Dividir Corretamente as Escrituras

"Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade." (II Timóteo 2: 15).

"Manejar", no grego "orthotomeo", strong 3718, usado só aqui no NT, mas frequente na literatura corrente da época. Significa "dividir corretamente", "cortar a direito".

 

Dividir Corretamente as Escrituras.

A principal divisão dos programas de Deus revelados na Sua Palavra é o programa "Profético", para a Terra e, por isso, local, executado pela instrumentalidade de Israel (Plano Messiânico), e o programa "Oculto", para o céu e, por isso Universal, e executado pela instrumentalidade da Igreja "Corpo de Cristo" (Plano da Graça).

Há crentes que confundem o ensino para Israel com o ensino da Igreja "Corpo de Cristo": um terreno, outro celestial, um profético outro oculto. Neste contexto, uns dizem que textos bíblicos são messiânicos, para fugirem às responsabilidades atuais; outros dizem que não são messiânicos, para impor obrigações aos crentes da Graça.

Que fazer com tanta divergência? Que fazer com este tipo de discurso do medo e da tirania espiritual?

"Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão." (Gálatas 5: 1).

"Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; as quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum, senão para a satisfação da carne." (Colossenses 2: 20-23).


É importante perceber que, segundo a linguagem do apóstolo do "Corpo de Cristo", a divisão correta das Escrituras é a grande evidência da "aptidão" para a obra de Deus.

Quantos "obreiros" se apresentam diante de Deus, mas ficam limitados e condicionados por não dividirem corretamente as Escrituras! Outros, estão mesmo reprovados. Por isso, dizia o mesmo apóstolo:

"Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele." ( I Coríntios 3: 10).

Se não quereis ficar reprovados!


Oramos para que o Senhor nos ajude a crescer até atingirmos a maturidade plena, e sejamos achados “aprovados” no dia de Cristo.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Questões do Evangelho da Graça de Deus


Questões do Evangelho da Nossa Salvação

“…Cristo; em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa.” ( Efésios 1: 12-14).

Muitos falam do Evangelho, mas grande parte desses desconhecem ou ignoram que as Escrituras falam de vários Evangelhos, e o Evangelho que Deus determinou que fosse anunciado e crido no tempo presente é o "Evangelho da Graça de Deus" (Atos 20: 24). A gravidade de confundir estas várias "boas novas" pode levar a condicionar o poder de Deus na operação da Sua salvação, porque hoje Deus só salva pela Sua graça, segundo a mensagem do Evangelho da Graça de Deus.

Por outro lado, muitos "evangelistas" e ensinadores das Escrituras Sagradas, falando do Evangelho da Graça de Deus, desconhecem qual o seu conteúdo e a sua verdadeira razão de ser, ou seja, qual o seu verdadeuro conteúdo, as causas e a razão da sua existência. É isso que nos propomos analisar aqui.

Então, não podemos falar do Evangelho de Deus, de Cristo ou de Paulo sem conhecermos a Epístola aos Romanos, pois é ai que melhor é revelado o conteúdo do Evangelho e onde melhor é minuciosamente explicado.

Paulo começa a dizer que foi chamado para o "Evangelho de Deus" (1: 1-2), no qual está ao serviço espiritual de Deus (1: 9), que denomina "Evangelho de Seu Filho" e "Evangelho de Cristo" (1: 16), "Mensagem" ou "Pregação de Jesus Cristo" (16: 25), "Palavra de Fé" (10: 8-12), "Palavra de Cristo" (10: 17) e "meu evangelho" (2: 16 e 16: 25).

"Porque não me envergonho do EVANGELHO DE CRISTO, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé." (Romanos 1: 16-17).

 

Primeiramente, devemos saber que esta "Mensagem de Cristo" a Paulo, não deve ser confundida com a mensagem e/ou a pregação do Senhor Jesus Cristo no Seu ministério terreno. Paulo nem conhecia pessoalmente o Senhor, nem andou com o Senhor para conhecer a Sua mensagem. Pelo contrário, Paulo era perseguidor do Senhor e dos seus discípulos. Esta Palavra e esta mensagem que Paulo fala nas suas epístolas, diz ele que recebeu-a diretamente do Senhor, depois de ter sido glorificado acima de todos os céus e constituído Cabeça da "Igreja Corpo de Cristo". Para isso, Paulo foi arrebatado ao "Paraíso", acima do terceiro céu, para receber esta comissão celestial e esta mensagem (II Coríntios 12: 1-10). Isso é bem explicado em Gálatas 1 e 2, quando diz que não o recebeu dos Apóstolos de Israel, que eram antes dele, nem dos anjos (como aconteceucom Moisése os profetas), mas diretamente do Senhor. É um evangelho, não segundo a revelação dos profetas, que proclamavam o Reino Milenial na Terra, mas segundo a "revelação do Mistério" (16: 25), oculto em Deus desde antes dos tempos das Eras (Tito 1: 1-4). Era a esta revelação que o apostolo se referia quando disse:

"Se alguém ensina alguma outra doutrina e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, contendas de homens corruptos de entendimento e privados da verdade..." (I Timóteo 6: 3-5).

Como é a esta manifestação/vinda do Senhor especial à terra (mais propriamente aos ares, como acontecerá no "arrebatamento"), já na qualidade de Cabeça da Igreja "Corpo de Cristo", quando disse:

"Não te envergonhes, portanto, do testemunho (mensagem, evangelho) de nosso Senhor, nem do seu prisioneiro, que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus, que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho, para o qual eu fui designado pregador, apóstolo e mestre." (II Timóteo 1: 8-11).

"Manifestada/revelada agora, com o aparecimento de nosso Salvador Jesus Cristo..."

"Aparecimento", grego: "epiphaneia", que significa "vinda" como em II Timóteo 4: 8.

Por isso, não foi um sonho, visão ou arrebatamento espiritual, mas a presença real, autêntica e pessoal do Senhor Jesus Cristo (I Coríntios 9: 1; 15: 8), na mesma forma visível e física como aparecera aos crentes messiânicos (5-7), mas já glorificado.

Assim, este Evangelho não tem um conteúdo e propósito humano e terreno, mas espiritual e celestial.

E, então, é chamado "Evangelho de Deus" porque Deus é o Seu autor; e, "Evangelho de Cristo" porque se refere a pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo e porque foi Ele que o revelou diretamente a Paulo; e, "Meu Evangelho..." porque Paulo foi o apóstolo da Sua revelação; e chama-o assim e para distinguir esta mensagem com aquela que foi confiada aos doze apóstolos para Israel e acerca do Reino Messiânico na Terra. Isso é bem explicado em Gálatas 1 e 2.



E, porquê, um Evangelho de Cristo?

E, porquê um Novo Evangelho?

Segundo a explicação da Epístola aos Romanos, a razão de ser do Evangelho de Deus e de Cristo é, porque, estava, e continua a estar, eminente a manifestação da IRA de Deus! E, o homem estará sem desculpa: quer pelos sinais da criação, quer pela rejeição da Palavra do Evangelho: a mensagem da benignidade de Deus revelada neste tempo presente, a chamada "Dispensação da Graça de Deus" (Efésios 3: 1-4):

"Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis (sem desculpa)." (18-20).

Temos, então, aqui, um agravamento da sentença aplicada ao pecado de Adão. A ira de Deus não é uma resposta de Deus sobre o pecado original do homem. Mas, a ira de Deus e o Seu juízo é mais que isso. A consequência do pecado de Adão é a morte (Génesis 2: 16-17; Romanos 6: 23). E esse pecado já foi julgado e sentenciado: a morte! E, "a morte passou a todos os homens..." E, por causa do seu pecado, ou seja, por causa do pecado de cada um, cada um tem a sentença de morte lavrada sobre si (Romanos 5: 12), mas não por causa do pecado de Adão, mas pelos pecados de cada um (Efésios 2: 1; Colossenses 2: 13). Cada um será julgado pelos seus próprios atos e não pelo pecado de Adão ou pelos pecados de outros.

A IRA de Deus é, então, a Sua resposta, primeiramente, à impiedade e injustiça dos homens. E, mais abaixo diz que tem a ver com a dureza do homem e do seu coração impenitente (2: 5) e, seguidamente, "que detêm a verdade em injustiça" (1: 18), que tem a ver com a rejeição do Evangelho de Deus, como veremos mais adiante.

 

 Vejamos a descrição que é feita do estado espiritual, social, político e moral do homem:

"...

"E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém; estando cheios de toda iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pai e à mãe; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; os quais, conhecendo a sentença de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem." (Romanos 1: 28-32).

 

Assim, estes sabem, no íntimo, qual a sentença de Deus sobre tais atos: "são dignos de morte..." e ficam sem desculpa...

Mas mais:

"Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo. E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem. E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?" (Romanos 2: 1-3).

Como temos vindo a verificar, há dois agravamentos da condição humana, ou da sentençainicial do pecado de Adão: (1) a depravação humana e, (2) por rejeitarem mutilarem o Evangelho da Graça de Deus. O mundo não só está a rejeitar o Evangelho da graça de Deus como, ainda, está a deturpar este Evangelho, designadamente a confundir a verdade de Deus com a injustiça (p. Ex.: dizendo que Deus não julgará... passando a dizer que a verdade é a injustiça; outro exemplo em 3: 3-8). Pelo, que, o Evangelho é uma oportunidade da graça de Deus, manifestada no tempo presente; mas a sua rejeição colocará o ser humano sob um juízo agravado de Deus. A oportunidade recusada torna-se responsabilidade!

"Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência, e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?"

(conforme Tito 2: 11; 3: 4-7)

"Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti para o dia da ira e da manifestação do juízo de Deus, o qual recompensará cada um segundo as suas obras, a saber: a vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, e honra, e incorrupção; mas indignação e ira aos que são contenciosos e desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade; tribulação e angústia sobre toda alma do homem que faz o mal, primeiramente do judeu e também do grego; glória, porém, e honra e paz a qualquer que faz o bem, primeiramente ao judeu e também ao grego; porque, para com Deus, não há acepção de pessoas. Porque todos os que sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela lei serão julgados. Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei, os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os, no dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho." (Romanos 2: 4-16).

 

E, aqui entra a vocação e ministério de Paulo, como diz ele: "O Meu Evangelho..." (2: 16; 16: 25; II Timóteo 2: 8; conforme Romanos 10: 8-16; Tito 1: 1-4);

1. A Justiça de Deus é reafirmada, mas, AGORA, manifestada, sem a Lei... (com base na obra do Senhor Jesus Cristo - morte e ressurreição - 3: 21-26, conforme I Corintios 15: 1-4; Romanos 4: 23-25 e 5: 1-2). Este é o conteúdo da mensagem do Evangelho: Deus oferece vida e glória ao ser humano pecador, rebelde e seu inimigo com base na morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo. 

2. Deus adiou o dia da Ira e do Seu juizo... a nova mensagem e propósito de Deus não cancelou nem alterou o que tinha determinado para o mundo, mas adiou, simplesmente, até completar o novo plano que tinha oculto (II Pedro 3: 9-10; 15-16; Romanos 11: 5-6, 25);

3. Este Evangelho propõe-se chamar o homem ao arrependimento e salvar o mundo depravado e rebelde, não levando em conta o estado de depravação presente do homem (significado da expressão: "não tendo em conta os tempos da ignorância do homem" - Atos 17: 30; ou seja, esta depravação merece castigo, mas Deus está a revelar graça, propondo salvação para escapar a esse castigo);

4. Sem as obras da lei, mas pela fé... também chamada de "mensagem da fé" ou "pregação da fe" (10: 8-13);

5. Quer para judeus ou gentios (v. 12);

6. Este Evangelho não se propõe salvar o homem da morte, simplesmente, ou a livra-lo do juízo e da ira de Deus (5: 9-11; I Tessalonicenses 1: 9-10). Notemos como Romanos 5 chama os homens de "fracos", "pecadores", "impios" e "inimigos". A mensagem deste Evangelho informa que, todos aqueles que o aceitam nos seus termos e condições, Deus fará deles um "Corpo" em Cristo e com Cristo, com uma vocação celestial - quanto há natureza dos membros e quanto ao propósito para eles. A isto o apóstolo Paulo chama de "Mistério do Evangelho" (Efésios 6: 19), o grande tema da Epístola. Assim, como a rejeição do Evangelho da Graça de Deus trás um agravamento da sentença de Deus em relação ao pecado de Adão, a sua  aceitação trará ao crente desta Era da Graça a sua participação no reino celestial, como membros do "Corpo de Cristo".

7. Por fim, a mensagem deste Evangelho não fala só de graça, misericórdia e de paz, mas de "juízo": o nosso texto de Romanos 2: 16 fala que "Deus irá julgar os segredos dos homens... segundo o meu evangelho..." ou seja, terminado o período da benignidade de Deus (v. 4), o tempo profético ou cronológico de Deus será reatado, precisamente no momento em que foi suspenso: o início dos dias da ira de Deus.

 

Nota complementar esclarecedora:

Há dois programas de Deus: um terreno e cronológico, com dias, meses e anos... muito circunstancial e dependente dos atos humanos... reativo de Deus... denominado de Programa Profético; e outro...

O Programa Celestial, lógico, assente no "espírito", no "pensamento" ou na "eternidade" de Deus, ou seja, sem tempo ou não sujeito ao período cronológico nem condicionado à condição e atos do ser humano.

Um, o primeiro, é reativo para Deus... Deus atua em resposta aos atos e condições humanas; o outro é pre-ativo, ou seja, assenta tudo em Deus que previamente pensou, executou e realizou... hoje é o tempo da Sua aplicação.

 

Este é o conteúdo, as causas e propósitos do Evangelho da Graça de Deus.

A graça, misericórdia e paz de Deus seja connosco.