«E foi também congregada toda
aquela geração a seus pais, e outra geração após eles se levantou, que não
conhecia o SENHOR, nem tampouco a obra que fizera a Israel.» (Juízes 2:
10).
Esta triste realidade repete-se nos nossos dias, porque, “nada há novo debaixo do céu”! Antes em Israel; hoje, na Igreja! As igrejas "evangélicas" estão a atravessar uma fase problemática, que poderemos chamar de “segunda geração”! Disse-o em 2005 e, hoje, está muito pior. E, se as Igrejas "Evangélicas" estão mal, como estarão as outras e o mundo! Mas, com esses, podemos nós. O importante somos nós, de momento.
Esta segunda geração são os
filhos dos crentes, que já “nasceram na igreja” e parecem convertidos de
nascença! Esta geração nasce no meio cristão, é educada com uma ética bíblica,
nos princípios e modelos evangélicos, assistem à escola dominical desde crianças,
fazem parte dos grupos corais, formam bandas cristãs, chegam a pregadores,
assumem a liderança da igreja local (como por hereditariedade ou sucessão
dinástica), muitos deles “consagram-se à obra” e vivem dos donativos dos
crentes ou de organizações religiosas, são zelosos nas formalidades que
professam, mas grande parte deste número nunca nasceu de novo! Temos assistido
que essa geração tem causado inúmeros problemas nas igrejas locais, porque
presumem-se donos ou com algum direito na igreja, como se isso se obtivesse por
usucapião, ou pelo número de anos que frequentam a igreja. Esta é a geração das
dissensões e das divisões das igrejas, dos conflitos e da estagnação ou
degeneração espiritual... Mas, “até importa que isto aconteça para que os
que aprovados se manifestem” (I Coríntios 11:17-19). O que quer dizer que,
os restantes, são os reprovados!
Temos assistido a uma enorme
falta de fervor nas igrejas e uma entrega ao formalismo religioso porque os
“senhores das igrejas” não querem alterar a indolência a que as assembleias
estão entregues, os “costumes evangélicos”, resultantes da moleza, mornidão,
ociosidade, indiferença protagonizada pelos “novos líderes inconvertidos!
Outras vezes esses mesmos se apoderam do “serviço espiritual” e tomam conta de
todas as atividades privando os verdadeiros dons espirituais de se manifestar.
Eles programam, falam, tocam, oram e encerram as reuniões. À semelhança do rei
Uzias, que quis exercer o sacerdócio que pertencia aos levitas, coatitas,
aaronitas. Grande parte da segunda geração tem mostrado que nunca tiveram um
encontro pessoal e genuíno com Deus e com o Senhor Jesus Cristo! E, em
circunstâncias normais será difícil reconhecê-lo. Normalmente, eles mesmos se
convencem a si mesmos que são crentes! A problemática explica-se pela sua
experiência, que é distinta da dos seus pais, que foram resgatados da escravidão
do mundo, a que estavam entregues com os seus vícios, sua idolatria e rebelião
(I Pedro 4: 2-4). Eles podem testemunhar de um “novo nascimento” radical! Mas,
estes não, não podem testemunhar qualquer transformação, visível! A gravidade
desta situação que afeta o funcionamento e o dia a dia da generalidade das
igrejas locais não é nova. Já Judas falava, no seu tempo: «Estes são manchas
em vossas festas de caridade, banqueteando-se convosco e apascentando-se a si
mesmos sem temor; são nuvens sem água, levadas pelos ventos de uma para outra
parte; são como árvores murchas, infrutíferas, duas vezes mortas,
desarreigadas; ondas impetuosas do mar, que escumam as suas mesmas abominações,
estrelas errantes, para os quais está eternamente reservada a negrura das trevas.»
(Judas 1:12-13). Também me impressiona como os pais crentes têm tratado os seus
filhos, muitos deles sem o cuidado de os conduzir a um verdadeiro “novo
nascimento”. Normalmente contentam-se na frequência dos filhos nos cultos da
igreja. «Se eles andarem na igreja, já é bom...», dizem! E ficam indiferentes
ao facto de eles não serem verdadeiros crentes, nascidos de novo. Já no período
de Israel isso aconteceu, com os filhos de Moisés, com os filhos de Eli, com os
filhos de Samuel, com os filhos de Davi, que foram a vergonha da família e eles
mesmos sofreram as consequências disso. E, onde está essa geração? Deus
arrancou-a da sua geração! Este espírito e mentalidade (que é do mundo) passa
de pais para os filhos. Por isso, muitos anciãos, obreiros, pastores e
pregadores há, cujos filhos não querem nada com as coisas de Deus. Podem ser
boas pessoas, mas não passam disso – e/ou, se estão na igreja, é para criarem
problemas aos crentes e à manifestação do Espírito de Deus. Mas, já escrevia
Paulo: “se os pais não conseguem passar a mensagem para os filhos, como
estarão aptos para ministrar a mensagem de Deus aos filhos d’Ele?” Não
pretendo ser o pregoeiro da desgraça, mas antes, quero alertar aqueles que são
verdadeiramente do Senhor e amam a Deus e amam a sua obra, de forma pura e
simples, sem preconceitos nem comprometimentos, para o estado das coisas e para
a sua gravidade. Esta nova geração, que muitos deles não conhecem ao Senhor,
nem temem o Seu Nome, “andam na casa de Deus” como se andassem noutro sítio
qualquer do mundo! A sua postura, a sua forma, a sua intenção – se não nasceram
de novo – não é para agradar a Deus, mas a si mesmos e à sua comunidade. E,
neste particular os cultos a Deus têm perdido a sua característica principal
que é o “conhecimento de Deus”, para passar a ser um “momento de
entretenimento”. Os louvores se transformaram em “espetáculo” e em “show”
espiritual. Os pregadores se tornaram comediantes e palhaços, pois não dizem
uma palavra ou não começam uma dissertação sem dizerem uma piada, despindo a
“Palavra de Deus” da reverência que lhe é inata. Deus exige respeito de quem
anuncia a Sua Palavra, coisa que sempre caracterizou os homens de Deus.
Chamamos aqui as palavras de Pedro: «Salvai-vos desta geração perversa.»
(Atos 2:40). Vosso em Cristo: VPP