sábado, 9 de agosto de 2025

O EVANGELHO HUMANISTA

O EVANGELHO HUMANISTA
O ataque à Graça de Deus e à Graça do Senhor Jesus Cristo

“Eleição Condicionada?”
“Expiação Ilimitada?”
 
Enviaram-me uns vídeos com mensagens bíblicas para analisar o seu conteúdo. Nada diferente de muita coisa que circula nas redes sociais. No entanto, como se tratava de alguém com alguma influência em algumas igrejas, surpreendeu-me… e talvez não… o discurso e os fundamentos, ou seja, a falta deles!
 
Este tipo de discursos fáceis, com frases feitas e apelativas, sem citações bíblicas, ou referências vagas a ela, baseados em opiniões, é matéria fértil para os “indoutos e inconstantes” ouvirem, aceitarem e divulgarem nos respetivos meios como definitivos e conclusivos, sem qualquer análise ou consideração.
 
O que é frequente nestes discursos é o uso e o abuso de termos como “heresias” e “hereges”, como se a insistência neste tipo de linguagem tornasse a argumentação fiel e verdadeira à luz da Palavra de Deus, especialmente na revelação do Mistério confiada ao apóstolo dos gentios.
 
Estamos a questionar e a propor à reflecção honesta e sincera do leitor de temas como "a eleição condicionada", onde a eleição de Deus deixa de ser a base da salvação dos seus remidos, e a "expiação ilimitada", cuja defesa tem sido proclamada pelos defensores da “salvação universal” da humanidade e de toda a criação de Deus, mesmo dos anjos rebeldes, se a “expiação fosse ilimitada”!
 
Cuidado com este tipo de discursos, que mais servem para confirmar o distanciamento de muitos crentes da verdade, que já é um facto na generalidade da cristandade, e a correspondente perda de galardão, bem como a confirmação da perdição dos restantes.
 
A “Eleição Condicionada”?
Quando se defende que a eleição de Deus é condicionada, designadamente à pregação do Evangelho ou ao ato de fé do indivíduo estamos a retirar a Deus a Sua soberania, o Seu direito de revelar a Sua Graça, e a negar-lhe a Sua capacidade de decidir quem quer salvar. Do ponto de vista factual, estão a promover o individuo e a sua capacidade humana de ouvir, entender e crer na Palavra que ouvem em detrimento da graça de Deus na obra da redenção. Além disso, estão a depender e a condicionar as decisões de Deus e do Evangelho na salvação do individuo à sua fé ou à sua capacidade de crer. Estão a desvalorizar o lado divino e a promover o lado humano da salvação. E, assim, subtilmente, com subtileza de linguagem (R.19:18), falam de um falso evangelho que assenta no homem e nos seus méritos (mesmo disfarçados), inoperando a ação do Espírito de Deus que assenta exclusivamente na palavra da Sua graça.
 
A salvação do indivíduo é um verdadeiro mistério! Além disso, as questões envolvidas estão muito para além do que é humanamente percetível. Por isso, a salvação do homem tem de ser um ato da soberania e da graça de Deus, ou seja, da soberana graça de Deus. Mas, para entendermos este assunto, e antes de tecermos pareceres e opiniões, deixemos que a Palavra de Deus fale, e diz:

Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo…” (Efésios 1:4).
 
Não parece que a eleição de Deus fosse condicionada à fé dos que creem, uma vez que “fomos eleitos antes da fundação do mundo” (Efésios 1:4). E, para que não houvessem dúvidas que a salvação se trata de um ato da soberania e da vontade de Deus é que o Senhor elegeu os seus remidos antes que eles existissem: e deu um exemplo disso na epístola aos Romanos:
 
“…porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), foi-lhe dito a ela: O maior servirá o menor. Como está escrito: Amei Jacó e aborreci Esaú” (Romanos 9:11-13).


Além disso, o “homem natural não entende as coisas do Espírito de Deus” (I Coríntios 2:14, 8) e, só tem condições de as conhecer depois de ser salvo (I Timóteo 2:4, ver a ordem dos verbos).

E, esclarece o Senhor:
Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora… Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último Dia…” (João 6:37, 44);
E dizia: Por isso, eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai lhe não for concedido” (v. 65).


A fé, ou o ato de crer não é algo que nasce naturalmente no indivíduo. Esta é a razão por que muitas pessoas nunca se convertem, não obstante ouvirem o evangelho durante a sua vida toda! Paulo esclarece isso e diz:
Porque A VÓS VOS FOI CONCEDIDO, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele” (Filipenses 1:29).

Vos foi concedido…”! O ato de crer é uma dádiva de Deus! Não um instinto ou iniciativa do ser humano!


O Espírito diz: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome; OS QUAIS NÃO NASCERAM DO SANGUE, NEM DA VONTADE DA CARNE, NEM DA VONTADE DO HOMEM, MAS DE DEUS” (João 1:12-13)
 
Efésios 2 é outro texto muito esclarecedor:
Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e ISTO não vem de vós; É DOM DE DEUS”.
"Graça" no grego está no género feminino. "" está, igualmente, no género feminino. "sois Salvos" é verbo e é masculino. E, "ISTO" é advérbio e está no neutro. Que, gramaticalmente, tem de referir-se ao "conjunto" de coisas ou bênçãos em referência. Ou seja: a graça, a fé e a salvação de Deus têm todas origem em Deus e são todas dádivas da graça de Deus. O ser humano não tem nada nem pode fazer nada, senão, pela fé, agradecer a Deus pela obra de Cristo e crer na Sua Palavra de salvação. Mas, mesmo isso, a fé é uma graça ou um dom de Deus. E, assim, o crer é uma confirmação da eleição:
“… reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição” (I Tessalonicenses 1:4, ARA). Ou seja, o facto de crerdes é uma confirmação de que fostes eleitos de Deus.
 
O homem crê… e até parece que é uma iniciativa humana… mas na essência é uma operação do Espírito de Deus no indivíduo… e, a Palavra de Deus faz o “clique” da fé! (I Coríntios 12:8-9).
Alguns, presumindo segundo uma perspetiva humana, pensam que o homem crê porque é bom, humilde, disciplinado, e que Deus permitiu que cremos por nossos méritos... porque eramos lindos, cuidadosos, bons… meritórios! MAS, TUDO ISSO, É OFENSIVO À GRAÇA DE DEUS.
 
Entre outros e múltiplos textos da graça de Deus, um dos mais claros é Romanos 9:
Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, A FIM DE QUE TAMBÉM DESSE A CONHECER AS RIQUEZAS DA SUA GLÓRIA EM VASOS DE MISERICÓRDIA, QUE PARA GLÓRIA PREPAROU DE ANTEMÃO, OS QUAIS SOMOS NÓS, A QUEM TAMBÉM CHAMOU, NÃO SÓ DENTRE OS JUDEUS, MAS TAMBÉM DENTRE OS GENTIOS?” (Romanos 9:22-24).
 
E, que a eleição está intimamente relacionada com a graça de Deus e com os membros do “Corpo de Cristo”, não há dúvidas, como confirmou a Escritura aos Romanos:
Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil varões, que não dobraram os joelhos diante de Baal. ASSIM, POIS, TAMBÉM AGORA NESTE TEMPO FICOU UM RESTO, SEGUNDO A ELEIÇÃO DA GRAÇA. Mas, se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Pois quê? O que Israel buscava não o alcançou; MAS OS ELEITOS O ALCANÇARAM, e os outros foram endurecidos” (Romanos 11:4-7).
 
A Escritura não diz que os “perdidos” foram eleitos para a perdição, é verdade! Mas, os “salvos” só o serão se forem para isso eleitos! Não há como negar o que está escrito.
Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Romanos 8:28-30).
Segundo o Seu propósito…” – “Propósito”, no grego “pré + tithemai”, ou seja: “determinado previamente”.
 
Cuidado com os que falam muito em hereges e tem sempre essa palavra na ponta da língua, como se fossem os “soberanos da verdade”! Muitas vezes usam esse tipo de linguagem para esconder e justificar o seu desconhecimento bíblico e alimentarem o seu protagonismo! No caso de muitos líderes e ensinadores, defendem o lado humano da salvação para se promoverem a si e ao seu ministério religioso: as almas são salvas porque têm boas mensagens, dão boas pregações (Ex.: levam “x” almas a Cristo…); há uma boa campanha evangelística; etc., etc., etc. E Deus, normalmente, permite esse tipo de práticas para, precisamente, responder à presunção humana, mantendo-os no erro (II Tes. 2:10-12). E, como hoje, nos dias presentes da graça de Deus, ninguém tem qualquer dom espiritual sobrenatural, pois o Espírito de Deus não está a operar dessa maneira (a sua operação é a Palavra escrita que nos deixou), mais sábio seria dizer: “salvo melhor entendimento, e a Escritura diz…”

Então, antes de falarem em “heresias”, melhor seria analisar bem o que dizem para não incorrerem nesse erro e serem os próprios os agentes das ditas heresias! Especialmente quando se baseiam em opiniões humanas!

O PIOR QUE SE PODE FAZER AO EVANGELHO E A DEUS É RETIRAR-LHE A SUA SOBERANIA OU VONTADE SOBERANA E A SUA CORRESPONDENTE GRAÇA, ONDE ELA SE BASEIA! Isso, sim, é heresia!