sábado, 12 de fevereiro de 2011

As Epístolas Universais


As Epístolas Universais

E a Igreja “Corpo de Cristo”

Por epístolas universais entende-se as cartas de Tiago, Pedro, João e de Judas. Entender-se-á o sentido para contrastar com os escritos do Apóstolo Paulo, que foram dirigidas a igrejas locais, enquanto as universais, tem um auditório mais global.

No entanto, e conhecendo nós umas e outras, verificamos que não é assim. As epístolas de Paulo, embora tendo sido dirigidas a crentes perfeitamente identificáveis localmente, e por vezes a pessoas individualmente, elas tinham um conteúdo e carácter universal. Senão vejamos o que disse aos coríntios:

«Paulo (chamado apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus) e o irmão Sóstenes, à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso: graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.» (I Coríntios 1:1-3)

«É o que ordeno em todas as igrejas.» (7:17);

E aos Colossenses:
«E, quando esta epístola tiver sido lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses; e a que veio de Laodicéia, lede-a vós também.» (Colossenses 4:16).

E a Tito, com a mesma mensagem:
«Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros, como já te mandei…» (1:5);

E aos Gálatas:
«E todos os irmãos que estão comigo, às igrejas da Galácia (1:2).

No caso específico das chamadas epístolas universais não é bem assim, à exceção da Primeira Epistola de João, e da Epistola de Judas que não tem destinatário determinado, mas pelo conteúdo, os seus principais recetores serão todos os crentes que viverão no período da grande tribulação, sob a perseguição e influência do Anticristo.

Tiago escreveu às doze tribos dispersas (1:1), Pedro escreveu aos hebreus dispersos (1:1; II Pedro 3:1); II de João foi escrita a uma senhora, crente (1:1) e a III de João ao “amado Gaio” (1:1).


Localizando as Epistolas Universais

Aqueles que de nós temos uma compreensão clara do apostolado de Paulo, percebemos que foi confiada a ele a revelação do Mistério, pelo que, não oferece qualquer dúvida o facto de que os seus escritos contêm a mensagem e o ensino de Deus para a Igreja “corpo de Cristo”.

Com este esclarecimento, sabemos enquadrar os quatro Evangelhos, que se inserem na revelação profética, e como se encaixam no Programa do Reino; saberemos entender o conteúdo do livro dos Atos dos Apóstolos, como relato da transição do programa de Deus Profético para o Mistério, e a sua aceitação na vida e na ação das igrejas locais; entendemos o livro do Apocalipse, e não temos qualquer dúvida que o seu conteúdo trata da revelação pormenorizada dos últimos dias, já anteriormente proclamada pelos antigos profetas.

Entretanto, quando chegamos às chamadas Epistolas Universais ocorre algumas dificuldades em definir a sua mensagem e propósito. Facto que tem levado alguns crentes a escusar-se de falar delas e levantam várias questões, como sejam:

E as epistolas universais, onde se encaixam? Como elas se aplicam à Igreja “corpo de Cristo”?

A par destas questões, outras poderão surgir, designadamente: “Teve, Pedro, revelação para a Igreja “corpo de Cristo?”; “Pedro pregou o Evangelho de Paulo?”; “Estarão as cartas de Pedro em pé de igualdade que as Epistolas de Paulo?” Em outras palavras: Os escritos de Pedro contêm a verdade do “Corpo de Cristo”? Os crentes do Reino, após a suspensão do programa profético, passaram a integrar o “corpo de Cristo”? Será que os doze Apóstolos de Israel passaram a fazer parte do “corpo de Cristo”, após a suspensão da Profecia?

A falta de clareza acerca do conteúdo e propósito das chamadas epístolas universais também têm levado a muitos dos ensinadores dispensacionalistas a escusarem-se estudar estas epístolas, deixando esse campo aberto para os comentadores que não têm qualquer entendimento dispensacional e da revelação do Mistério, e por isso surgem afirmações destas epístolas sem sentido e fundamento; mas como não há contestação ou outros comentários com mais exatidão, aqueles se mantêm como definitivos, com o prejuízo que daí advêm.

Porém, e pelo facto de entendermos que o ensino de Deus para a Igreja “corpo de Cristo” está contido exclusivamente nos escritos de Paulo, não devemos negligenciar as demais escrituras. Como o próprio apóstolo escreveu:

«Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça…» (II Timóteo 3:16);

E:
«Não desprezeis as profecias.» (I Tessalonicenses 5:20),
Ou seja, a nossa meta deverá ser conhecer e compreender toda a Bíblia, mas à luz do Evangelho de Paulo.



Os autores

Pelos autores não teremos quaisquer duvidas que eles são Apóstolos e Anciãos de Israel. Pedro e João foram chamados com uma vocação messiânica e tinham a autoridade e responsabilidade de representarem o Rei, na Sua ausência (Mateus 4:18-20; 10:1-4; João 20:21-23). No Reino Milenial, e no desempenho das suas funções de representação messiânicas, os doze Apóstolos de Israel se assentarão em doze tronos de Israel, com funções judiciais e governativas (Mateus 19:28). A Pedro, especialmente, foi-lhe entregue as chaves do Reino do Céus (Mateus 16:16-19). Ele desempenhava as funções de liderança entre os doze. Por esse facto, foi ele que abriu a porta do Evangelho do Reino em Jerusalém (Atos 2), na Judeia (Atos 8) e nos confins do mundo (Atos 10, conforme II Pedro 3:15-16).

Relativamente ao seu enquadramento na Dispensação da Graça, após a suspensão da Profecia e do programa profético, sabemos que eles não tiveram qualquer revelação direta do Senhor, acerca da revelação do Mistério, e, o que vieram a saber foi por intermédio de Paulo e dos seus cooperadores Silvano e Marcos (Gálatas 2:6-7; II Pedro 3:15-16; I Pedro 5:12-13).

No entanto, e após o reconhecimento de Pedro e João da suspensão do programa profético, eles predispuseram-se a colaborar com Paulo, na divulgação do Evangelho da Garça de Deus, limitando o seu ministério entre os Judeus em Jerusalém (Gálatas 2:6-10). Nem poderia ser de outra forma se quisesse viver de forma agradável a Deus, durante este período de suspensão da Profecia. Esta era a única mensagem em vigor no período ou ERA da Dispensação da Graça!, ao que o apóstolo Paulo chada de "tempo presente" (Romanos 3: 26), "Neste tempo" (Idem, 11: 5).

Mas, uma coisa é clara: Pedro, João e qualquer dos outros doze Apóstolos ou Anciãos de Israel (como Tiago e Judas, irmãos na carne do Senhor) nunca receberam qualquer chamada para a Igreja “corpo de Cristo”, nem foram enviados à Igreja “corpo de Cristo”. Por certo, e nesta ordem de ideias, nem passaram a pertencer à Igreja corpo de Cristo, mas mantiveram-se vinculados à vocação messiânica do Reino. Nem poderia ser de outra maneira: A Igreja “corpo de Cristo” estará em Cristo, nos lugares celestiais, no trono de Deus (Efésios 2: 6), enquanto, que os doze se assentarão nos doze tronos em Jerusalém (Mateus 19:28, conforme Apocalipse 3:21).


Os destinatários

Tiago escreve «às doze tribos que andam dispersas» (1:1).

Crê-se que se trata de Tiago, o irmão na carne do Senhor (Marcos 6:3), e não o Tiago, irmão de João ou o Tiago, filho de Alfeu, que eram Apóstolos (Mateus 10:1-4). Este Tiago, se teria convertido ao Senhor após a sua morte e ressurreição (I Coríntios 15:7), e passou a ser um dos Anciãos da Igreja messiânica, que tomou a liderança da Igreja de Jerusalém (que consistia no remanescente de Israel) após a suspensão do programa profético (Atos 12:17; 15:13; 21:18; Gálatas 1:19; 2:9, 12). Chegou mesmo a ser chamado e considerado apóstolo (Gálatas 1:19).

Tiago escreveu aos “dispersos” (Gr. “diáspora”), os mesmos destinatários de Pedro (I Pedro 1:1), que usa a mesma palavra; ou seja, aos forasteiros da dispersão (I Pedro 2:11).

«Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos que são forasteiros da Dispersão no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia…»

Este termo era comum entre os judeus para se referirem aos judeus espalhados pelo mundo (João 7:35) desde a primeira grande dispersão provocada pelos Assírios (II Reis 17). E mesmo no retorno dos judeus da Babilónia, nunca este regresso foi total; ou melhor, só uma pequena parte é que voltou. Segundo a descrição de Neemias e de Esdras, só uns quantos das tribos de Judá, de Benjamim e de Levi é que regressaram.

Atos dos Apóstolos 2 descreve como muitos destes dispersos estiveram no Pentecostes e receberam a mensagem do Reino:

«7 E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! Não são galileus todos esses homens que estão falando? 8 Como pois os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos? 9 Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judéia, e Capadócia, e Ponto, e Ásia, 10 e Frígia (Bitínia), e Panfília (Galácia), Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos (tanto judeus como prosélitos), 11 e cretenses, e árabes, todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus.» (Actos 2).

No entanto, os dispersos a que Tiago e Pedro se dirigem serão esses e mais os dispersos provocados pela perseguição promovida pelo Saulo do Tarso descrita em Atos 8:1-4 e 11:19-20, e ocorrida logo após a morte de Estêvão.

Mas, objetivamente as chamadas epístolas universais alcançarão os seus principais destinatários no período da grande tribulação, depois do arrebatamento da Igreja “corpo de Cristo”, quando a Profecia tiver sido reatada, como o programa do Reino. Nesse período ocorrerá a maior perseguição de sempre aos filhos de Israel, pelo Anticristo, como disse o Senhor:
«20 Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei, então, que é chegada a sua desolação. 21 Então, os que estiverem na Judeia, que fujam para os montes; os que estiverem no meio da cidade, que saiam; e, os que estiverem nos campos, que não entrem nela. 22 Porque dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas. 23 Mas ai das grávidas e das que criarem naqueles dias! Porque haverá grande aflição na terra e ira sobre este povo. 24 E cairão a fio de espada e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem.» (Lucas 21).
Ver Apocalipse capítulos 6 e 7; 12:13-17.

Um dos argumentos que tem sido levantado, para contrariar a nossa posição acerca dos destinatários e à sua aplicação temporal, é que estas Epístolas foram escritas a destinatários físicos, que viviam em locais como «Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia»!
Ou seja, como Pedro escreveu – como se crê – durante o período de vigência da Dispensação da Graça e para crentes que viveriam na Dispensação da Graça, terá, necessariamente, que ter escrito para crentes da Igreja “corpo de Cristo” e segundo a verdade do Mistério! Ora, esta é uma falsa premissa e uma conclusão precipitada e absolutamente errada.

Já nos referimos a Pedro como tendo sido chamado para Apóstolo com uma vocação messiânica, no âmbito do programa profético. Já vimos, ainda, como ele não recebera qualquer revelação acerca do Mistério da Igreja “corpo de Cristo”, e tudo o que soube sobre essa verdade foi por intermédio do Apóstolo Paulo. Dizer que as chamadas epístolas universais são para a Igreja “corpo de Cristo” é colocá-las ao nível das epístolas do Apóstolo Paulo; Será dizer, ainda, que Paulo não foi o único que recebeu a revelação de Deus para a Igreja “corpo de Cristo”; E, mais grave que tudo isso, será, ainda, dizer que o Apóstolo Paulo não completou o seu ministério, e que o mesmo só foi completado ou complementado com as chamadas epístolas universais. Ora, tais afirmações ou conjeturas vão contra tudo o que o Apóstolo Paulo escreveu, inspirado pelo Espírito Santo, e por revelação de Deus, por Jesus Cristo, desde a glória (II Coríntios 12:1-4). Vejamos o que ele diz:

A Pregação ou a mensagem do Mistério foi-lhe confiada:
«1 Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade, 2 em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos, 3 mas, a seu tempo, manifestou a sua palavra pela pregação que me foi confiada segundo o mandamento de Deus, nosso Salvador…» (Tito 1);

O ministério de Paulo consistia em completar a revelação da Palavra de Deus:
«25 Da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir (gr. “completar”) a palavra de Deus…» (Colossenses 1);

Paulo, acabou a carreira e completou a Palavra de Deus:
«7 Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé… 17 Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que, por mim, fosse cumprida (Gr. “completada”) a pregação (a mensagem do Mistério) e todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da boca do leão.» (II Timóteo4).


Como poderia Pedro falar de um assunto que desconhecia? Além disso, quando escreve aos seus concidadãos hebreus Pedro diz que não domina a revelação de Paulo, que «tem pontos difíceis de entender» (II Pedro 3:15-16).

Além disso, e como veremos mais abaixo, como enquadrar a mensagem das chamadas epístolas universais com a mensagem do Mistério do “corpo de Cristo”? E como é que dirimimos as contradições existentes entre as duas mensagens?

Muitos dos teólogos, desconhecendo a revelação distinta do Mistério da Igreja “corpo de Cristo” e não tendo explicação para a mensagem das epístolas universais simplesmente concluem que elas não são inspiradas ou não fazem parte do Canon divino, como disse Lutero acerca da epístola de Tiago.

No entanto, a questão levantada é facilmente respondida. Ocorre-me dizer o seguinte:
Se conhecemos um pouco da revelação da Dispensação da Graça de Deus verificamos que, com o início do programa do Mistério o programa profético ficou suspenso e todo o cumprimento da Profecia ficou parada. Foi um mistério o seu início, porque era um segredo oculto em Deus desde a eternidade. Mas, também é um mistério o seu termo. Ou seja, só Deus sabe quando terminará a presente Dispensação da Graça de Deus, que acontecerá com o arrebatamento dos membros da Igreja “corpo de Cristo” (I Tessalonicenses 4:13-18; I Coríntios 15:51-54). Verificamos, ainda, que os crentes do primeiro século, inclusivamente o próprio Apóstolo Paulo, criam que a duração da Dispensação da Graça era curta e que o arrebatamento ocorreria nos seus dias, pois dizia:

«Depois nós, os que ficarmos vivos…» (I Tessalonicenses 4:17).

Assim sendo, mesmo aqueles crentes do Reino, os doze Apóstolos de Israel, toda a Igreja messiânica que compunha o remanescente de Israel, os Anciãos de Israel, como Tiago, Judas, Barnabé, Marcos, Silvano, entre outros, e não obstante serem cooperantes com Paulo da difusão da Pregação do Mistério, – como Hebreus que eram e por terem sido salvos com a mensagem do Reino – a sua esperança era o Reino Milenial, de acordo com a revelação profética. E, como os crentes esperavam que o arrebatamento seria nos seus dias, os crentes do Reino também acreditavam que a Profecia seria reatada nos seus dias.

Dito isto, fazia todo o sentido que Pedro e os demais Apóstolos e Anciãos de Israel, escrevessem ao remanescente disperso naqueles dias e mormente para os dispersos pela perseguição do Anticristo, com a mensagem que tinham como veremos mais adiante, para "terem bem firma a palavra dos profetas", porque "os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento".

E, se este argumento parece estranho, só o será para quem desconhece a Escritura. Sempre a revelação de Deus foi confiada a alguém, físico e definido, independentemente de o receptor ser ou não o último destinatário ou se o seu cumprimento fosse em seus dias. Diga-se de Daniel, Isaías, Isaías, Jeremias, entre outros. A Daniel, por exemplo, foi dito para selar a profecia, pois o seu cumprimento «seria para o tempo do fim» (Daniel 12:4).

Pedro, sobre este assunto, escreve:
«10 Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, 11 indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir e a glória que se lhes havia de seguir. 12 Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que, agora, vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho, para as quais coisas os anjos desejam bem atentar.» (I Pedro 1)

Por esta razão, e pelo próprio conteúdo das epístolas, era importante eles escreverem àqueles crentes para o futuro, à semelhança do Apocalipse, que terá a sua integral aplicação nos dias da Profecia e do programa Messiânico. Especialmente as cartas de Pedro; era importante ele escrever e só ele o poderia fazer, como aquele que era detentor das “chaves do Reino dos céus”, com a responsabilidade de abrir as portas do Reino ao remanescente no reatamento da Profecia, na grande tribulação.

Era importante Pedro deixar escrito – como líder e depositário das chaves do Reino dos Céus – as razões porque a Profecia ficou suspensa durante cerca dois mil anos (caso o Senhor venha nos nossos dias), e as modificações que o Plano de Salvação profético sofreu depois da Dispensação do Mistério, já que a revelação do Mistério é que explicou o significado da morte do Senhor Jesus Cristo na cruz do Calvário, sua ressurreição e glorificação.

Cabia a Pedro, como Apóstolo de Israel, e não a Paulo, a responsabilidade de explicar aos seus conterrâneos e compatriotas com a mesma esperança, a razão e os motivos da suspensão da profecia, que diz ele – foi por causa da longanimidade de Deus revelada na Dispensação da Graça, conforme a mensagem que foi confiada ao Apóstolo Paulo (II Pedro 3:15-16).

Por isso, Pedro escreveu, não à Igreja “corpo de Cristo” que tinha a revelação acerca do arrebatamento perfeitamente clarificada, mas aos judeus que não entendiam nada Dispensação do Mistério, e desconheciam a existência de uma vinda do Senhor diferente daquela que estava revelada na Profecia, a vinda do Senhor Jesus Cristo para a Igreja “corpo de Cristo”. Além disso, eles tinham muita dificuldade em compreender tais ensinos.

E, se o livro do Apocalipse não oferece dúvidas, e a epístola de Tiago também não parece oferecer dúvidas, então este argumento não poderá ser aplicado pela mesma ordem de razão às epístolas de Pedro e de João. Em todos os casos as cartas são entregues a crentes que esperavam o reino messiânico, no cumprimento da Profecia, e que foram os seus fiéis depositários, não obstante o seu cumprimento estivesse reservado para os últimos dias, os quais só Deus sabe quando acontecerá.

E, que os destinatários destas cartas são crentes hebreus, também não temos quaisquer dúvidas, quer pelo conteúdo, quer pela identificação dos mesmos na carta, quer pelos textos de 1:18, 2:12, 4:3, II João 1:7; veja-se.




O Conteúdo e Propósito das Epístolas Universais
(O Porquê das Epistolas)

Iremos analisar os textos que nos parecem mais significativos, sem pretendermos ser exaustivos, uma vez que não é nossa pretensão fazer um comentário exegético às chamadas epístolas universais, mas analisar os textos mais sugestivos que explicam a sua mensagem e revelam o seu propósito.


TIAGO:

Destinatários
«Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que andam dispersas: saúde.» (1:1).
Na Dispensação da Graça não há diferença: Judeus e Gentios: “todos pecaram” (Romanos 11:32), “Deus derribou a parede de separação” (Efésios 2:14), e dos “dois povos está a fazer um corpo” (Idem, 2:15). Em Cristo não há diferença de Judeus ou Gentios (Idem, 3:6; Gálatas 3:28; Colossenses 3:10-11).


Oração
«E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não o lança em rosto; e ser-lhe-á dada. Peça-a, porém, com fé, não duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento e lançada de uma para outra parte.» (1:5-6).

Segundo este texto, não deixa qualquer dúvida que Deus responde sempre positivamente. Mas, na Dispensação da Graça não é assim. Não temos qualquer garantia de que Deus responda afirmativamente a qualquer das nossas orações.

No Reino, sim: Deus responde sempre, e afirmativamente. Há esta promessa. Isto porque o Senhor lhes dá condições espirituais sobrenaturais para pedirem segundo a vontade pontual de Deus.

«E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei (João 14:13-14);

«Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.» (Mateus 18:18-20).

Neste sentido vai o que João escreveu na sua primeira epístola:
«E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos (5:14-15)

Na Dispensação da Graça a instrução é outra. Não temos qualquer promessa que Deus nos responde. No entanto, sabemos que Deus nos defende e nos ajuda, sem, necessariamente responder ao que pedimos:

«E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos.» (Romanos 8:26-27)

E, a resposta é:
«E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto.» (8:28);
E:
«Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com acção de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus (Filipenses 4:6-7).


Religião e Lei
«Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito. Se alguém entre vós cuida ser religioso e não refreia a sua língua, antes, engana o seu coração, a religião desse é vã. A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo.» (Tiago 1:25-27).
A lei perfeita e religião é judaísmo puro. Tiago, não obstante ter tido conhecimento do apostolado distinto de Paulo, da revelação distinta do Mistério da Igreja “corpo de Cristo”, e de ter dado as dextras em comunhão com o Apóstolo Paulo, nunca abandonou definitivamente o judaísmo, sendo um problema para o ensino e propagação do Evangelho da Graça de Deus (Actos 21:18-20; Gálatas 2:11-14).
Quanto à Lei Mosaica, esta não foi abolida com a revelação da Dispensação da Graça de Deus (Romanos 3:21-31), pois esta servirá de base para o julgamento dos perdidos (Romanos 2:1-16; 4:15; 7:7-16; Gálatas 3:10-23). Pela lei nenhuma alma será justificada, mas todas serão condenadas, à excepção daquelas almas que forem lavadas pelo sangue de Cristo.
Então, não estando a lei abolida na Dispensação da Graça, esta não se aplicaria à Igreja “corpo de Cristo”? Não. Os membros da Igreja “corpo de Cristo” estão em Cristo «mortos para a lei» (Romanos 7:1-4); noutro sentido, «fomos remidos da lei» (Gálatas 4:1-7), e «já não estamos debaixo da lei» (Gálatas 3:25). A Lei Mosaica não se aplica à Igreja “corpo de Cristo” porque a Igreja tem outro modelo de vida, que é o fruto do Espírito. E, «contra estas coisas não há lei» (Gálatas 5:22-23).
Acerca da “religião”, este é um termo usado na época para se referir ao judaísmo:
«Pois, na verdade, eu era conhecido deles desde o princípio, se assim o quiserem testemunhar, porque vivi fariseu conforme a seita mais severa da nossa religião» (Actos 26:5).
O judaísmo era a única religião verdadeira. E, como o termo indica, trata-se de todo aquele cerimonial e ritual que “ligava” as almas a Deus, levando-as ao novo nascimento espiritual (João 3:3-10). Isto é o que o ritual levítico fazia. Bastava que fossem fiéis no cumprimento do ritual, designadamente circuncisão, sacrifícios pelo pecado e outros, baptismo na água, etc. Mas, tornou-se impotente por falta do elemento espiritual, que viria a ser introduzido pelo próprio Senhor. Por outras palavras: estamos a falar da salvação pelas obras, implícito em toda a lei e nos profetas, e confirmado no Evangelho do Reino.
Ora, nada disto se aplica à Igreja “corpo de Cristo”, mas aos crentes do Reino, com especial preponderância no período da grande tribulação e, mesmo, no milénio, pois almas nascerão e precisarão de nascer de novo, no âmbito da mensagem Mosaica, Profética e Messiânica.
É neste sentido que se deve entender o texto de Tiago 2:8-13 e 14-26.
«14 Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo
«17 Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma
«24 Vedes, então, que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé.»
Ora, este ensino vem no seguimento a tudo o que o Senhor Jesus ensinou no Seu ministério terreno, no Evangelho do Reino, e vai contra tudo o que o Apóstolo Paulo ensinou, no Evangelho da Graça de Deus, revelado pelo Senhor desde a glória para a Igreja “corpo de Cristo” (Romanos 3:21-24; 4:4-5; Efésios 2:8; Tito 3:4-7).


A Vinda do Senhor
«Sede, pois, irmãos, pacientes até a vinda do Senhor.» (Tiago 5:7)
Tiago não teve qualquer revelação da vinda do Senhor para arrebatar a Sua Igreja. Isso é um ensino exclusivo da Igreja “corpo de Cristo” ensinado pelo Apóstolo Paulo. Tiago refere-se à vinda do Senhor que sempre conheceu, e que estava revelada nos Profetas: a vinda do Senhor em poder e glória, para a terra e para estabelecer o Seu Reino Milenial, após a grande tribulação. E, embora o Apóstolo Paulo se referisse a esta vinda, por várias ocasiões (I Tessalonissenses 5; II Tessalonissenses 2), nunca se refere a ela para a esperarmos ou que a nós dissesse respeito.


Modelo de Vida
«Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor. Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram.» (Tiago 5:10-11).
Este não é o ensino dado para os membros da Igreja “corpo de Cristo”; antes, devemos atentar para o exemplo deixado pelo Apóstolo Paulo, como sendo a demonstração adequada da obra da graça de Deus num remido Seu, no modos operandi durante a Dispensação da Graça de Deus”.
«Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores» (I Coríntios 4:16);
«Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.» (I Coríntios 11:1);
«Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo…» (I Tessalonissenses 1:6); 
«Porque vós mesmos sabeis como convém imitar-nos…» (II Tessalonissenses 3:7);
«O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será convosco.» (Filipenses 4:9);
«Tu, porém, tens seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, caridade, paciência, perseguições e aflições tais quais me aconteceram em Antioquia, em Icônio e em Listra; quantas perseguições sofri, e o Senhor de todas me livrou.» (II Timóteo 3:10-11).


Curas
«Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos. Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse, e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra. E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto.» (5:14-18)
O tema da oração vem no seguimento da mensagem do Reino e que já abordamos anteriormente. Relativamente às curas físicas, observamos que é dada por Deus a certeza da cura como resposta à oração.
Na Dispensação da Graça verificamos que não é assim; pelo contrário, muito provavelmente Deus não fará qualquer cura física, uma vez que a doença faz parta do seu plano para as nossas vidas (II Coríntios 12:7-10). Diga-se da doença do próprio Apóstolo Paulo (Gálatas 4:13-15), de Epafrodito (Filipenses 2:25-30), de Timóteo (I Timóteo 5:23), de Trófimo (II Timóteo 4:20), entre outros.

Outras citações e referências poderiam ser feitas na carta de Tiago, mas por falta de tempo e espaço, teremos de ficar por aqui.


I DE PEDRO
«Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, incontaminável e que se não pode murchar, guardada nos céus para vós que, mediante a fé, estais guardados na virtude de Deus, para a salvação já prestes para se revelar no último tempo, em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo (I Pedro 1:3-7).
No texto sagrado apresentado ocorrem muitos assuntos que despertam a nossa curiosidade, acerca do seu significado. No entanto, aqueles aspectos que parecem estar em sintonia com o Evangelho de Paulo, o Evangelho da Graça de Deus, deixaremos para consideração mais adiante. Vamo-nos cingir ao enquadramento profético da mensagem de Pedro, que é o grande objectivo da sua mensagem.

A “herança incorruptível… guardada nos céus” não se refere à esperança celestial da Igreja “corpo de Cristo”, mas à esperança de Israel, que faz parte do “Evangelho do Reino dos Céus”, já que se trata do Reino celestial que será implantado na terra. Esse reino é representado pela “nova Jerusalém que de Deus desce dos céus” (Apocalipse 21:1-22:5). São as moradas que “o Senhor foi preparar” (João 14:1-3).

Desta consideração não oferece qualquer dúvida, porque esse momento corresponde à vinda do Senhor para Israel, a Sua vinda em poder e glória, e que equivale à salvação que o mesmo povo terreno espera e que se manifestará no fim dos tempos. Este foi o tema dos profetas e foi o tema de Pedro no Pentecostes, quando explicava os acontecimentos dos seus dias com o cumprimento das profecias dos últimos dias (Actos 2:14-21). Pedro não poderia estar a falar da salvação pelo Evangelho da Graça de Deus, conforme a revelação do Mistério, porque o desconhecia. Pedro estava a falar da salvação anunciada pelos profetas do chamado Antigo Testamento:
«Alcançando o fim da vossa fé, a salvação da alma. Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada…» (Idem, 1:9-10).
Entenda-se que esta graça não é a “Dispensação da Graça de Deus”, mas a graça que foi demonstrada em todas as dispensações. Em todas as dispensações Deus demonstrou graça; na Dispensação da Graça Deus demonstrou as “riquezas da Sua Graça” (Efésios 1:7 e 2:7). Esta graça que Pedro fala é a que João se referiu no Seu Evangelho:
«E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigénito do Pai, cheio de graça e de verdade. João testificou dele e clamou, dizendo: Este era aquele de quem eu dizia: o que vem depois de mim é antes de mim, porque foi primeiro do que eu. E todos nós recebemos também da sua plenitude, com graça sobre graça. Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo (João 1:14-17).
Ou seja: a condenação veio por Moisés; a salvação veio pelo Senhor Jesus Cristo.

Para todos os efeitos, Pedro está a falar de uma salvação que não era mistério. Ela tinha sido abundantemente esplanada por todos os antigos profetas, como demonstra o contexto. Por isso, ele não pode estar a dizer o mesmo que o Apóstolo Paulo, nem a falar para a Igreja “corpo de Cristo”.
A salvação no pensamento profético implicava uma salvação física, moral, politica e espiritual, que seria realizada na vinda do Senhor Jesus Cristo. Simeão reproduziu esta pensamento profético e que era comum no remanescente de Israel:
«Ele, então, o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e disse: Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra, pois já os meus olhos viram a tua salvação...» (Lucas 2:28-30).
A salvação era o próprio Senhor.


“Na revelação de Jesus Cristo”
O Apóstolo Pedro faz coincidir a salvação que os antigos profetas falaram com a revelação de Jesus Cristo, no último tempo. O termo utilizado por Pedro para se referir à revelação é “apokalupsis” (“Apocalipse”). Este termo nunca é usado pelo Apóstolo Paulo para se referir à vinda do Senhor Jesus Cristo para arrebatar a Sua Igreja, mas para a Sua vinda em poder e glória, no cumprimento da Profecia (Romanos 2:5; 8:19; II Tessalonissenses 1:7-8). Paulo usa frequentemente essa expressão para se referir à revelação do “Mistério”, como sendo a verdadeira manifestação de Cristo – Igreja “corpo de Cristo” – o Cristo espiritual de Deus ao mundo.
Por seu lado, este é o termo usado por Pedro e João para se referir à manifestação do Senhor ao mundo, em poder e glória, no cumprimento da revelação profética, e no seguimento da salvação que esperavam:
«Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo (I Pedro 1:13);
«Pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando (I Pedro 4:13);
«Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João…» (Apocalipse 1:1).

A Prova da Fé
«Ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo» (1:6-7).
Temos aqui uma referência às provas terríveis que os crentes messiânicos experimentarão no período da grande tribulação. Está representada pelo fogo que experimentaram os amigos de Daniel (Daniel 3). Esta é a imagem que caracterizará a vinda do Senhor à terra, em poder e glória (Salmo 50:3; 89:46; Isaías 1:7; 10:16-17; 30:30; 66:15; Oseias 8:14).
Este aspecto da vinda do Senhor já havia sido anunciado por João Baptista: “Ele vos baptizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mateus 3:10-12, conforme Malaquias 3:2).

O fogo é, também, uma das características da grande tribulação:
«E, nos últimos dias acontecerá… E farei aparecer prodígios em cima no céu e sinais em baixo na terra: sangue, fogo e vapor de fumaça.» (Actos 2:16-19, conforme Joel 2:3, 5, 30).


O Evangelho do Pentecostes
«Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que, agora, vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho…» (I Pedro 1:12).
«E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada.» (Idem, 1:25).
O Apóstolo Pedro está a referir-se ao Evangelho que pregou no Pentecostes, quando o Espírito Santo foi enviado do céu.
O Espírito Santo só foi enviado do céu no Pentecostes, em cumprimento da Profecia, especialmente de Joel 2:28-29.
Existe um erro que é frequentemente cometido pelos comentadores das Escrituras, ensinando que os membros da Igreja “corpo de Cristo” recebem o Espírito Santo depois de crerem no seguimento do derramamento do Espírito Santo no Pentecostes. Mas, não há qualquer relação entre o recebimento do Espírito Santo por parte dos membros da Igreja “corpo de Cristo” e os crentes do Reino. Além disso, há uma grande diferença entre a acção do Espírito Santo no programa do Reino e na Dispensação da Graça de Deus.
Os membros da Igreja messiânica, quando criam,  recebiam o Espírito Santo no cumprimento da Profecia – da promessa da Profecia (Joel 2:28-32, conforme Actos 2:16-21); Os membros da Igreja “corpo de Cristo”, quando crêem, recebem o Espírito Santo no cumprimento do Mistério – da promessa do Mistério (Tito 1:1-3). Segundo Efésios 1:13, onde o Espírito Santo é chamado “Espírito da promessa, o Santo” (assim o grego), não deve ser entendido como o Espírito prometido na Profecia, se bem que o Espírito seja o mesmo, mas é o Espírito que cumpre o que está prometido desde a eternidade para o “corpo de Cristo” (Tito 1:1-3), sendo Ele mesmo parte dessa promessa (Gálatas 3:14).

A Redenção de Israel
«Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado…» (I Pedro 1:18-19).
Mais uma referência aos crentes hebreus, que haviam recebido as tradições dos pais, às quais correspondiam as instruções levíticas.
É de atender, ainda, para a figura com que o Senhor é apresentado: “Cordeiro imaculado”, fazendo-nos pensar no cerimonial judaico. Sem dúvida que esta compreensão de Pedro está em sintonia com o que ele viria a dizer na sua segunda carta: as coisas que Paulo escreveu aos hebreus. Paulo, como sendo o detentor da revelação dos lugares celestiais, desvenda o verdadeiro sentido dos símbolos do Velho Testamento, como sendo figuras da realidade que encontrou na glória e lhe foi revelado (Êxodo 25:9, 40; 26:30; Números 8:4; Actos 7:4; Colossenses 2:16-18; Gálatas 4:24; Hebreus 8:5; 9:9). Por sua vez, Pedro, percebendo o verdadeiro significado dos ritos judaicos e levíticos pela revelação, interpretação e aplicação feitas pelo Apóstolo Paulo, e no exercício das suas competências messiânicas, comunica-o ao remanescente de Israel.
Assim, as epístolas de Pedro, especialmente, é o desenvolvimento do que havia sido a sua mensagem no Pentecostes, determinando o novo conteúdo que revestia a mensagem do Reino Messiânico, depois de “baptizada” com a revelação do Mistério do Evangelho, como desenvolveremos mais adiante. Encontramos exemplo disso na sua experiência em Cesareia, em casa de Cornélio (Actos 10), onde Pedro expõe a mensagem do Reino e Deus responde com a atitude da Graça.

O Senhor, Pedra Viva
«E, chegando-vos para ele, a pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa… Pelo que também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido. E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, a pedra que os edificadores reprovaram, essa foi a principal da esquina; e uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados.» (I Pedro 2:4-8).
O Senhor é apresentado como a Pedra Profética, conforme já havia se manifestado a Israel, no deserto (I Coríntios 10:1-4), e pronunciada pelo profeta Isaías no seu livro, capítulo 28:16. Esta é a Pedra, sem mãos, que se manifestará no fim do tempo e destruirá toda a construção humana e se transformará numa montanha que encherá todo o mundo (Daniel 2:34-35).
Esta referência à Pedra cumpriu-se – em parte – na primeira vinda do Senhor Jesus Cristo (Mateus 21:42-44), e será completado o seu cumprimento da Sua segunda vinda, a vinda do Senhor Jesus Cristo em poder e glória, quando vier à terra e “todo o olho o verá”!

Também será oportuno dizer que esta referência de Pedro está em sintonia com o que o Senhor lhe disse:
«E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do Reino dos céus, e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.» (Mateus 16:16-19).
O Senhor está a falar da sua Igreja terrena, a Igreja messiânica, composta pelo remanescente de Israel. Esta Igreja começou a ser edificada com a sua saída do Egipto:
«É este Moisés quem esteve na congregação <Strong: 1577 – Ekklesia, Igreja> no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai e com os nossos pais; o qual recebeu palavras vivas para no-las transmitir.» (Actos 7:38, conforme Êxodo 12:16; Salmo 107:32; 149:1).
Entenda-se que Igreja (Grego: ekklesia) significa grupo que foi chamado para sair de onde estão para se juntar em um lugar, no caso de Israel, foram chamados por Deus para sair do Egipto e se juntarem no deserto, primeiramente, e em Canã, definitivamente, para adorar a Deus.
Quando o Senhor disse aos discípulos: “edificarei a minha igreja” usou o modo indicativo para indicar uma certa continuidade de algo já existente. E, tanto é que o Senhor faz referência a esta Igreja em Mateus 18:
«E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano» (Mateus 18:17). E, ainda em:

«Eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!
(Mateus 28:20);
«Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.» (Mateus 18:20).

E, considerando que os dois testemunhos da Igreja são o baptismo na água e a ceia do Senhor; mas, também estes dois sinais foram constituídos e praticados antes do Pentecostes.

Pedro era uma pedra desta Igreja messiânica: uma pedra lascada da Rocha (Messias), para fazer parte do edifício espiritual:
1 ¶ Ouvi-me, vós que seguis a justiça, que buscais ao SENHOR; olhai para a rocha de onde fostes cortados e para a caverna do poço de onde fostes cavados.
2  Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara, que vos deu à luz; porque, sendo ele só, eu o chamei, e o abençoei, e o multipliquei» (Isaías 51:1-2).
Se a Igreja “corpo de Cristo” teve a sua origem na mente de Deus, “antes da fundação do mundo”, e manifestada no tempo com o “fundamento dos apóstolos e profetas” (do corpo de Cristo – Efésias 2:20), a igreja messiânica teve a sua origem na mente de Deus desde a fundação do mundo e manifestada sobre o fundamento dos Pais, da Lei, dos Profetas e dos Doze Apóstolos. A pedra angular e a rocha fundamental onde este edifício está construído é o Senhor Jesus Cristo, como o Messias, de Israel, de acordo com as palavras de Pedro, sob a inspiração do Pai. E o último dos instrumentos da fundação - os doze apóstolos - foram convocados e consagrados em Marcos 3:13-19. Considerando, ainda, que a Igreja messiânica é um reflexo da Igreja espiritual e celestial, a Igreja “corpo de Cristo”, poderemos aplicar a esta, por analogia, I coríntios 12:28:
«E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos…»
E, da Igreja messiânica, os doze apóstolos foram constituídos no início do ministério terreno do Senhor Jesus Cristo.
Por isso, quando o Senhor dizia: “edificarei”, certamente não se referia à fundação da Igreja, pois a Igreja messiânica já existia ao tempo de Pentecostes de Actos 2. E, o tempo futuro utilizado no verbo pelo Senhor se referia não a iniciar, mas a continuar essa construção. Antes, a declaração da fé era na palavra dos patriarcas: os pactos e as promessas; após o concerto no novo testamento era assente no messianismo do Senhor Jesus Cristo.
E, embora a palavra “igreja” não ocorra, não há duvida que ela estava reunida antes do Pentecostes, quando é dito:
«Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas… «…Estavam todos reunidos no mesmo lugar…» (Actos 1:14; 2:1)
«E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.» (Actos 2:47).
Se acrescentava à igreja, e os seus membros eram aqueles que foram salvos no tempo do Senhor Jesus Cristo no percurso terreno, então ela já existia. No Pentecostes o Senhor, simplesmente, continuou esta construção.

Para servir de fundamento desta opinião tem sido dito que o Igreja começou com o Baptismo do Espírito Santo. E dizem: até ali os crentes não tinham o Espírito Santo.
No entanto, isso é uma falsa questão por que os crentes receberam o Espírito antes do Pentecostes (João 20:21-22).
O baptismo do Espírito Santo no Pentecostes era o cumprimento da Profecia, como Pedro diz, e João baptista disse (Mateus 3:11). O Senhor estava a capacitá-los para aquele ministério (Actos 1:8).
E, se o derramamento do Espírito Santo determina o início da Igreja, por causa da forma visível que aquele manifestação teve, o que dizer da mesma forma de manifestação do Espírito em Actos 8:14-17; 10:44-48, conforme 11:15-17. A Igreja messiânica teve outros reinícios?

O significado de Igreja continua a ser o mesmo no dia de Pentecostes: O remanescente é chamado a sair do mundo, e, agora, especialmente do Israel corrupto que se tinha aliado às nações e estava pronta para receber o Anticristo para a governar:
«Com muitas outras palavras deu testemunho e exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa.» (Actos 2:40).

A Igreja messiânica, com a pregação do Reino, passaria a ser edificada sob a afirmação de Pedro: “Jesus como o Cristo, o Messias, o Filho do Deus vivo”! Era esta a vocação de Pedro e foi para este ministério que ele tinha sido chamado. Nesta sequência, e no desempenho das suas responsabilidades apostólicas, e no cumprimento da sua responsabilidade como tendo as chaves do Reino dos céus, ele estava a escrever aos hebreus dispersos. No fundo, Pedro estava a anunciar o Senhor segundo a Profecia, na edificação da Igreja messiânica, que, em alguns aspectos (na sua condução humana no mundo e só aí), parede confundir-se com a Igreja “corpo de Cristo”. Por exemplo: a oposição do mundo à Igreja “corpo de Cristo” é similar à da Igreja Messiânica no período da grande tribulação. O “tempo dos gentios” é o mesmo. Além disso, agora, actua o “espírito do anticristo”; então, haverá a acção directa do próprio anticristo (II Tessalonissenses 2:7-9). O que não será de estranhar, já que reflectem o mesmo Senhor: uma – a Igreja Messiânica – reflecte o Senhor do ponto de vista terreno; a Igreja “corpo de Cristo” reflecte o Senhor do ponto de vista espiritual. Mas, nem por isso devem ser confundidas: quer no carácter, quer na glória, quer na posição, quer no propósito, quer no tempo.


Nação Santa, Casa Espiritual, Povo Exclusivo
«Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo.»
«Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós que, em outro tempo, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia.» (I Pedro 1:5, 9-10).
Povo designa um grupo de pessoas genericamente considerado; sempre se refere a Israel, como povo de Deus. Mesmo o Apóstolo Paulo sempre usou este termo para se referir ao povo de Israel. A única vez que o usa para a Igreja “corpo de Cristo” é em Tito 2:14, mas no sentido genérico, de um grupo de remidos exclusivos do Senhor.
No entanto, só Israel é chamada Nação, e especialmente nação santa, para a distinguir das nações gentílicas e pagãs. E, entenda-se que nação significa “povo politicamente organizado”, e foi isso que o Senhor fez com a nação de Israel.

Israel ainda não era povo e o Senhor lhes prometeu que seriam povo e uma grande nação:
«Eu vos tenho amado, diz o SENHOR; mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Não foi Esaú irmão de Jacó? — disse o SENHOR; todavia, amei a Jacó, porém aborreci a Esaú» (Malaquias 1:2);
«Farei de ti uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! …em ti serão benditas todas as famílias da terra.» (Génesis 12:2-3).
«Respondeu-lhe o SENHOR: Duas nações há no teu ventre, dois povos, nascidos de ti, se dividirão: um povo será mais forte que o outro, e o mais velho servirá ao mais moço» (Génesis 25:23).
«Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel.» (Êxodo 19:5-6).
O Apóstolo Paulo falando desta situação de Israel, diz:
«Porque a palavra da promessa é esta: Por esse tempo, virei, e Sara terá um filho. E não ela somente, mas também Rebeca, ao conceber de um só, Isaque, nosso pai. E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço. Como está escrito: Amei Jacob, porém me aborreci de Esaú».
«Assim como também diz em Oseias: Chamarei povo meu ao que não era meu povo; e amada, à que não era amada; e no lugar em que se lhes disse: Vós não sois meu povo, ali mesmo serão chamados filhos do Deus vivo. Mas, relativamente a Israel, dele clama Isaías: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo.» (Romanos 9:9-13; 25-27).
Paulo põe em ordem as correntes que se iam ensinando, erradamente, em seus dias. A Igreja “corpo de Cristo” não veio substituir Israel. Os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento (Romanos 11:29). Tudo aquilo que foi profetizado acerca de Israel e prometido a Israel será cumprido. São planos e propósitos diferentes.
Relativamente a Israel, diz Paulo, interpretando o profeta Isaías: as promessas e as profecias se cumprirão com Israel mas na figura do remanescente, que Pedro os destinatários das suas cartas representam.
el antes de ser povo; e só o foi para cumprimento das promessas feitas aos pais: Abraão, Isaque e Jacob:
«Porque tu és povo santo ao SENHOR, teu Deus; o SENHOR, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra. Não vos teve o SENHOR afeição, nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos, mas porque o SENHOR vos amava e, para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o SENHOR vos tirou com mão poderosa e vos resgatou da casa da servidão, do poder de Faraó, rei do Egito. Saberás, pois, que o SENHOR, teu Deus, é Deus, o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e cumprem os seus mandamentos». (Deuteronómio 7:6-9).
Neste sentido vai o pensamento do Apóstolo Paulo em Romanos 9, e que referimos acima.
No entanto, Pedro pode pretender dizer que Israel perdeu a sua identidade quando foi disperso pelas nações; mas Deus a ressuscitou como de um vale de ossos secos (Ezequiel 37-38), e cujo cumprimento ocorrerá após o arrebatamento. Neste sentido vai a profecia de Oseias e a interpretação do Apóstolo Paulo em Romanos 11.
Em qualquer caso, este é um dos títulos que se repetem na sua vocação para a Igreja “corpo de Cristo” e para Israel. No entanto, não devem ser confundidos: um tem uma vocação terrena; o outro – o corpo de Cristo, tem uma vocação celestial. E, pelo facto da fraseologia e termos serem similares e usados em relação às duas entidades, não as devemos confundir, nem às suas funções. Por exemplo: ambos são chamados de “Igreja”, “casa de Deus”, “povo peculiar”, “reino de Deus”. No entanto, quando examinados e pormenorizados, vemos que são diferentes: no sentido, nas funções e no propósito.
Por “povo peculiar” deve ser entendido como “posse exclusiva de Deus”. Israel como possessão de Deus terreno; O “corpo de Cristo” como possessão exclusiva celestial.

A vocação de Israel, no reino milenial, é sacerdotal. Israel foi constituída nação por Deus e escolhida para ser uma nação sacerdotal, composta por um “sacerdócio real” (Êxodo 19:5-6). Entendendo as funções que os sacerdotes desempenhavam em Israel, compreendemos o que Deus pretende fazer com a nação de Israel: um “reino de sacerdotes”, conforme Apocalipse 1:6-8. Ou seja, sendo o sacerdote aquele que representava o povo diante de Deus – com ofertas e sacrifícios para purificar o povo –, como fazia intercessão pelo povo a Deus, para que Deus o abençoasse; o sacerdote, em especial o sumo-sacerdote, com o Urim e Tumim, recebia revelações de Deus para ensinar o povo. Ora, é este propósito que Deus tem para Israel, e é esta função que Israel desempenhará no reino milenial: representará as nações diante de Deus e é por Israel que Deus ensinará o mundo e o abençoará.
«Mas vós sereis chamados sacerdotes do SENHOR, e vos chamarão ministros de nosso Deus; comereis as riquezas das nações e na sua glória vos gloriareis.» (Isaías 61:6), conforme Zacarias 8:23; 14:16-21.

Para ilustrar isso temos a revelação da nova Jerusalém, que de Deus desce do céu:
«Tinha grande e alta muralha, doze portas, e, junto às portas, doze anjos, e, sobre elas, nomes inscritos, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel. Três portas se achavam a leste, três, ao norte, três, ao sul, e três, a oeste. A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro (Apocalipse 21:12-14).
Será pelas portas das doze tribos de Israel que as nações chegarão a Deus.

Outro título pertinente dado ao remanescente de Israel é o de “geração eleita”, que, conforme Romanos 9:11 e 11:28, será para os distinguir da “geração corrupta e perversa” que crucificou o Senhor Jesus Cristo e que se manifestará em força nos últimos dias a apoiar o anticristo e as suas acções (Mateus 12:42-45; 23:36; 24:34; Lucas 11:50-51; Actos 2:40). De acordo com as escrituras proféticas o único povo eleito é Israel (Isaías 43:20; 44:1-2).

Casa Espiritual, Sacerdócio Santo e Sacrifícios Espirituais
O título que tem suscitado mais confusão é precisamente este, de casa espiritual. No entanto, este conceito tem de ser entendido conjuntamente com o sacerdócio santo, pois é explicado pela função sacerdotal que Israel desempenhará no reino milenial. Entretanto, e enquanto o reino não for implantado, eles devem «oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo.»

A Salvação para Israel Também é Espiritual
Este é um dos aspectos que deve ser esclarecido da vocação de Israel. Muitos ensinadores das Escrituras têm ensinado que, como Israel é o povo terreno de Deus, a sua vocação deve ser restringida ao material, terreno e carnal! Mas, isso não é assim.
É verdade que Israel é o povo terreno de Deus. Também é certo que Israel tem uma vocação terrena. Por conseguinte, o propósito de Deus para Israel vai-se cumprir na terra e os seus efeitos sobre o mundo vão ser globalmente materiais.
No entanto, não ignoremos a dimensão espiritual da vocação de Israel.
A salvação de Deus para Israel também é espiritual (João 3:5-8). Neste âmbito devemos compreender o perdão de pecados, a santificação, a purificação, (que também tinha uma dimensão material, física e cerimonial), e especialmente o louvor a Deus, (que compreendia os sacrifícios levíticos, mas, também) que deveria ser expresso com cânticos, orações e acções de graças.
As instruções de Deus para Israel são espirituais (Romanos 7:14) e, os gentios são beneficiários dos valores espirituais de Israel:
«Isto lhes pareceu bem, e mesmo lhes são devedores; porque, se os gentios têm sido participantes dos valores espirituais dos judeus, devem também servi-los com bens materiais.» (Romanos 15:27).

E, especialmente por a nação de Israel ter rejeitado o Messias e a mensagem de Deus no âmbito do Novo Concerto, que é espiritual:
«Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR. Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo».
«Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim» (Jeremias 31:31-33, 40).

Neste sentido, diz o Apóstolo:
«O qual nos fez também capazes de ser ministros dum Novo Testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, e o Espírito vivifica» (II Coríntios 3:6).
Os membros da Igreja “corpo de Cristo” são os representantes legítimos do Novo Testamento, não da letra, nem na sua dimensão material, física ou cerimonial (que é exclusiva de Israel), mas do espírito, ou seja, relativamente aos seus benefícios e efeitos espirituais.


A Edificação de Israel Também é Espiritual
Também deve ser entendido neste sentido as palavras de Pedro no capítulo 2:
«Desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação» (2:2 – JFA - RA).
Aqui o espiritual por se tratar de alimento para a mente, para o espírito e, por isso, espiritual.


A Ressurreição de Israel Também é Espiritual
Além disso, a ressurreição dos crentes do reino é espiritual. Paulo falando da ressurreição (generalizada) diz:
«Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão? Insensato! O que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. E, quando semeias, não semeias o corpo que há-de nascer, mas o simples grão, como de trigo ou doutra qualquer semente. Mas Deus dá-lhe o corpo como quer e a cada semente, o seu próprio corpo.»
«Assim também a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor. Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual(I Coríntios 15:35-44).
Notem, os leitores, que o apóstolo está a falar da ressurreição dos crentes da Profecia, não do Mistério. Desses o Apóstolo vai falar a partir do versículo 50 até ao 58, quando muda a linguagem de “os” para “nós”! E é de toda a conveniência marcar esta diferença uma vez que a glória que revestirá os nossos corpos será diferente da glória terrena que marcará os crentes da Profecia.


Israel, Também é Habitação Espiritual de Deus
Relativamente à referência que é feita a Israel como “casa espiritual”, deve ser entendido nesta mesma linha. O carácter espiritual que também tem a vocação de Deus para Israel, especialmente na sua função de ser um canal das bênçãos espirituais de Deus para o mundo. É claro que, tais bênçãos fluíram inicialmente da Igreja “corpo de Cristo” (Efésios 1:3) para Israel (Idem, 1:9-10).
Esta promessa é feita pelo Senhor aos vencedores na grande tribulação:
«A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome.» (Apocalipse 3:12).
Certamente que o Apóstolo Pedro está a referir-se a Israel como sendo casa espiritual de Deus, que estava simbolizada no templo em Jerusalém. Tudo isso não passaria de símbolos que reproduziam a realidade que era a Nova Jerusalém, a cidade celestial de Deus que seria estabelecida na terra e de onde Deus governará o mundo.

Nesta afirmativa de Pedro pode surgir duas conclusões erradas: (1) pensar que a vocação de Israel era exclusivamente material e física; (2) confundir a função espiritual de Israel com a função espiritual da Igreja “corpo de Cristo”.

No Antigo Testamento Deus manifestou a Sua presença no Tabernáculo, primeiramente, e, depois, no Templo em Jerusalém. Mas, como disse Paulo aos da Epístola aos Hebreus, esse forma de manifestação era uma reprodução figurativa da realidade e, por isso, imperfeita: como tal, também transitória:
«Dando nisso a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do Santuário não estava descoberto, enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo, que é uma alegoria para o tempo presente… Mas, vindo Cristo, o sumo-sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação…»
«De sorte que era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as próprias coisas celestiais, com sacrifícios melhores do que estes. Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer, por nós, perante a face de Deus» (Hebreus 9:8-9, 11, 23-24).
«E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a sua face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório». (II Coríntios 3:13).

Mas, no âmbito do Novo Testamento, Deus iria se manifestar não somente num templo físico, mas em toda a nação de Israel. Foi no cumprimento desta promessa que o Senhor prometeu e envio o Seu Espírito Santo no Pentecostes, em cumprimento da Profecia:
«E vós sabereis que eu estou no meio de Israel e que eu sou o SENHOR, vosso Deus, e ninguém mais; e o meu povo não será envergonhado para sempre. E há-de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas, naqueles dias, derramarei o meu Espírito.» (Joel 2:27-29).

Isso não poderia ter acontecido antes porque faltava que a nação fosse remida e o Senhor glorificado:
«E, no último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, que venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isso disse ele do Espírito, que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado(João 7:37-39).

Ser “casa espiritual” significa simplesmente que o Senhor habitava no meio do povo, e o próprio povo era a habitação de Deus, e não somente o templo em Jerusalém. E este era o propósito final de Deus para aquela nação. Só assim é que Israel tinha condições para dar cumprimento aos propósitos de Deus e ser a bênção adequada, como disse Zacarias:
«Esta é a palavra do SENHOR a Zorobabel, dizendo: Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos.» (4:6).
Só pelo Espírito de Deus é que Israel poderia ser a bênção.

Vejamos mais textos que demonstram isso:
«E habitarei no meio dos filhos de Israel e serei o seu Deus. E saberão que eu sou o SENHOR, seu Deus, que os tirou da terra do Egipto, para habitar no meio deles; eu sou o SENHOR, seu Deus.» (Êxodo 29:45-46).
«Porei o meu tabernáculo no meio de vós, e a minha alma não vos aborrecerá. Andarei entre vós e serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo.» (Levítico 26:12);
E, como Paulo faz a interpretação da Profecia:
«Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso.» (II Coríntios 6:16-18).

Resta, ainda, dizer que este termo usado por Pedro “casa” (grego: “oikos” – Strong: 3624, e significa casa, morada, lar, família) é usado no chamado Novo Testamento para se referir ao templo em Jerusalém (João 2:16-17), à casa como morada (João 7:53), e muito especialmente à família (I Timóteo 3:5, 12, 15; II Timóteo 1:16; 4:19).
E, se é verdade que este termo é usado pelo Apóstolo Paulo para se referir à Igreja “corpo de Cristo”, só o faz uma vez, que é em I Timóteo 3:15, que diz:
«Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade.»

O sentido está espelhado em Efésios 2:
«Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus…» (19);
«Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra, para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé…» (Idem, 3:14-17).
A Igreja “corpo de Cristo” é apresentada como a “família espiritual e celestial de Deus”.
Mas, havendo esta similaridade com a “casa de Israel”, não podemos confundir a natureza dos ministérios nem a pratica das vocações, que são diferentes.


Israel e a Adoração Espiritual na Grande Tribulação
Há uma referência feita pelo Senhor Jesus Cristo que tem muito a ver com estas palavras de Pedro e com o propósito desta epístola:
«Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta. Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar. Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade». (João 4:19-24).

Frequentemente se verifica que este texto é aplicado à Igreja “corpo de Cristo” e para os nossos dias. No entanto, o Senhor está a falar de Israel e para Israel. O Senhor está a referir-se aos dias de trevas que se avizinhavam, o fim dos tempos, logo após a Sua morte. O anticristo se manifestará (5:43, conforme Daniel 9:26) e promoverá a maior perseguição de sempre ao povo de Deus:
«Já não falarei muito convosco, porque se aproxima o príncipe deste mundo e nada tem em mim.» (Idem, 14:30);
«Eis que chega a hora, e já se aproxima, em que vós sereis dispersos, cada um para sua casa, e me deixareis só, mas não estou só, porque o Pai está comigo. Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.» (João 16:32-33),
«Tenho-vos dito essas coisas para que vos não escandalizeis. Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus. E isso vos farão, porque não conheceram ao Pai nem a mim. Mas tenho-vos dito isso, a fim de que, quando chegar aquela hora, vos lembreis de que já vo-lo tinha dito; e eu não vos disse isso desde o princípio, porque estava convosco.» (Idem, 16:1-4)
Serão tempos difíceis, porque a Luz do mundo não estará mais na terra e o mundo estará em densas trevas, com a liderança do anticristo. Não vai ser possível fazer qualquer trabalho para Deus (Idem, 9:4; 12:35), e quem se manifestar como crente, será morto (Apocalipse 7:9-16; 12:9-13; 14:12-13).

E, disse o Senhor:
«Quando, pois, virdes que a abominação da desolação está no lugar santo, de que falou o profeta Daniel (quem lê, que entenda), então, os que estiverem na Judeia, que fujam…» (Mateus 24:15-16).
Que Paulo interpreta e diz:
«Ninguém, de maneira alguma, vos engane, porque não será assim sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus (II Tessalonissenses 2:3-4)

Este é o momento que o senhor se referiu quando disse à samaritana crê-me que a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai”. Não será possível adorar a Deus no templo em Jerusalém porque lá estará o anticristo e a sua imagem para ser adorada: a abominação (Apocalipse 13:11-18).
Por essa razão, os verdadeiros adoradores, na grande tribulação – e não obstante haver templo em Jerusalém – serão aqueles que adoram a Deus em espírito e em verdade. No templo será impossível: será um covil de demónios!
É para estes – crentes da Profecia, que viverão no período da grande tribulação - que Pedro, João, Tiago e Judas dirigem as suas cartas.


«Sujeitai-vos às Autoridades»
I Pedro 2:11-25
Parece estranha esta recomendação de Pedro, quando o mundo jaz no maligno (I João 5:19). No entanto, não esqueçamos que se trata de um período que vigora o tempo dos gentios (Lucas 21:24), e nestas circunstâncias o remanescente – embora legítimos herdeiros da terra (Mateus 5:5) – só entrariam na posse plena dela na vinda do Senhor Jesus Cristo em poder e glória, conforme previram os antigos profetas, à semelhança de Abraão, que vivia na terra da promessa, como em terra alheia (Hebreus 11:8-9; 2:5, 16). Como tal, deveriam viver como estrangeiros e forasteiros, e com todo o respeito pelas autoridades.
Podemos esclarecer que, por a Igreja “corpo de Cristo” atravessar o “tempo dos gentios”, o comportamento dos seus membros no mundo é similar aos do remanescente no período da grande tribulação (Romanos 13:1-8). No entanto, não o devemos confundir.

Referências à Grande Tribulação e Vinda do Senhor em Poder e Glória
«Que, mediante a fé, estais guardados na virtude de Deus, para a salvação já prestes para se revelar no último tempo, em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo» (1:5-7);
«Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós, para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse; mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis. Se, pelo nome de Cristo, sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória de Deus»
«Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus? E, se o justo apenas se salva, onde aparecerá o ímpio e o pecador? (4:12-14; 17-18);
«E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória.» (5:4).
«Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda ao derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo.» (5:8-9).


O Sumo Pastor
O Senhor, na qualidade de Pastor é uma referência que conota o Senhor Jesus Cristo com a Israel (Génesis 49:24; Salmo 23:1; 80:1; Isaías 40:10-11; Zacarias 13:7; João 10:11, 14, 16; Hebreus 13:20; I Pedro 2:25).
O mesmo se diga em relação à figura das ovelhas, comparando os crentes a ovelhas e Israel a um rebanho. As ovelhas são uma figura essencialmente hebraica e afecta ao povo de Israel (Mateus 9:36; Isaías 53:6; Lucas 15:1-7). Na Igreja “corpo de Cristo” os crentes nunca são comparados a ovelhas, nem a Igreja a rebanho. Esta é mais uma referência do remanescente de Israel, a quem Pedro se dirige.


II PEDRO
“A Presente Verdade”
«Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Pelo que não deixarei de exortar-vos sempre acerca destas coisas, ainda que bem as saibais e estejais confirmados na presente verdade» (1:11-12).
Soa bem dizer que a “presente verdade” se refere ao ensino da “dispensação da graça”. No entanto, isso na boca de Pedro parece não fazer sentido.
Creio, porém, que se refere – de uma forma indirecta – à revelação de Paulo, conforme Pedro menciona no capítulo 3:
«E tende (agora) por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição» (15-16).
Se é verdade que a presente verdade para a “dispensação da graça” é o ensino que Deus confiou ao Apóstolo Paulo, também o será, relativamente ao plano de salvação de Deus, para o tempo a que dirige a epístola de Pedro, ou seja, no período da grande tribulação e ao milénio, em que, quando as almas quiserem ser salvas o serão se confiarem em Deus de acordo com a revelação da graça confiada a Paulo. Isto porque, os pecados dos crentes no período da Profecia eram simplesmente cobertos. Só o sangue do Senhor Jesus Cristo que viria a ser derramado é que purificava as suas vidas. Por isso é que o Senhor morreu pelos pecados de “todo o mundo” (I João 2:1-2), inclusivamente daqueles que pecaram no chamado antigo Testamento (Romanos 3:24-26).
O significado da morte do Senhor, a Sua aplicação e efeitos só foi desvendado na revelação do Mistério. Foi, por isso, Paulo – e só Paulo o poderia fazer, como detentor da revelação da glória – quem desvendou o significado de tudo aquilo que era alegórico e figurativo do celestial; como, também, só Paulo poderia desvendar a forma como os ensinamentos messiânicos deveriam ser aplicados. E Paulo fê-lo quando escreveu a epístola aos Hebreus, nas palavras de Pedro.
Assim, a “presente verdade” é a revelação que veio de cima, da glória, concedida ao Apóstolo Paulo, mas com aplicação ao Evangelho do Reino no período da vigência da Profecia, ou seja: Paulo mostrou que os ritos do Velho Testamento apontavam para o Senhor que haveria de vir, e para a Sua obra; mas, também ensina que, os mesmos ritos que serão reatados aquando da reposição em vigor da Profecia, apontarão para a obra do Senhor na cruz do Calvário.
É neste sentido que Paulo escreve:
«Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti.»
«Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes. Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar. De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo (Lit. Gr. “a lei nos serviu de aio até à vinda de Cristo) , para que, pela fé, fôssemos justificados» (Gálatas 3:8, 22-24).

Notem: por “Escritura” deve ser entendido o concerto eterno de Deus. E a Escritura previu antes de Deus falar com Abraão. Por “fé” deve ser entendido a revelação do “corpo de Cristo”. Era a “fé” que se haveria de manifestar, com a revelação confiada ao Apóstolo Paulo. “Cristo”, neste texto, à a “manifestação de Cristo glorificado” desde a glória, com o plano de Deus para a Sua Igreja “corpo de Cristo”.
«Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas, mas, vendo-as de longe, e crendo nelas, e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra»
«E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados» (Hebreus 11:13, 39-40);

No período do reatamento do cumprimento da Profecia os crentes não estarão na “dispensação da graça”, mas estarão a beneficiar dela: a usufruir da graça de Deus demonstrada em todas as dispensações, mas, agora, com esclarecimento.
É por isso mesmo que Pedro, Judas e João, no Apocalipse, iniciam as suas epístolas como Paulo: “graça e paz”, por estarem a beneficiar da graça e paz que foi revelada por Paulo.

E Pedro segue dizendo:
«Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas, mas nós mesmos vimos a sua majestade…»
«E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração, sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação…» (1:16, 19-20).
A mensagem de Pedro vem no seguimento do que já lhes tinha falado antes, acerca da verdade exarada nos Evangelhos: o Senhor Jesus Cristo no seu propósito terreno; no entanto, agora, com a revelação de Paulo – sua explicação/aplicação – Pedro tem o entendimento espiritual de todos os factos e os transmite aos seus leitores.


A Apostasia Para Perdição
«Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado. Deste modo, sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vómito; a porca lavada, ao espojadouro de lama» (2:20-22).
Parece surpreendente a linguagem de Pedro, dando a subentender que o crente, depois de tomar conhecimento do Senhor Jesus Cristo, e experimentado o gosto da salvação, poderá se perder.
Este texto bíblico é similar a Hebreus 6, 10, I João 5 e Tiago 1:
«Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e as virtudes do século futuro, e recaíram sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus e o expõem ao vitupério.» (Hebreus 6:4-6).
«Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes, admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia. Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do testamento, com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça? Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo.» (Hebreus 10:25-31);
«Se alguém vir seu irmão cometer pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore. Toda iniquidade é pecado, e há pecado que não é para morte.» (I João 5:16-17).
«Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta. Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte» (Tiago 1:13-15).
Não vamos ser exaustivos na consideração dos textos, uma vez que não é nossa pretensão na abordagem ao tema a desenvolver.
No essencial, os textos tratam não do indivíduo em si, mas da nação de Israel, como um todo. Esta ilustrado na descrição que é feita em I Coríntios 10:
«Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem; e todos passaram pelo mar, e todos foram baptizados em Moisés, na nuvem e no mar, e todos comeram de um mesmo manjar espiritual, e beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo. Mas Deus não se agradou da maior parte deles, pelo que foram prostrados no deserto.» (10:1-5).
Todos em Israel, no deserto, «foram iluminados, provaram o dom celestial, se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e as virtudes do século futuro». No entanto, nem todos eram verdadeiros crentes, e as obras demonstraram-no. E essa experiência repetir-se-á no período da grande tribulação e no reino milenial.
Por isso, com base na experiência de Israel no deserto, é dito em Hebreus 3:
«Portanto, como diz o Espírito Santo, se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração, como na provocação, no dia da tentação no deserto, onde vossos pais me tentaram, me provaram e viram, por quarenta anos, as minhas obras. Por isso, me indignei contra esta geração e disse: Estes sempre erram em seu coração e não conheceram os meus caminhos. Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso. Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo» (3:7-12).
«De novo, determina certo dia, Hoje, falando por Davi, muito tempo depois, segundo antes fora declarado: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração» (4:7).

E, quando o Apóstolo se refere a eles como “irmãos”, não quer dizer que sejam crentes, mas como “irmãos na carne”, o povo de Israel. Veja-se: “nossos pais”!

A questão colocada é a mesma que os judeus no tempo do Senhor Jesus Cristo, no “pecado imperdoável”, o pecado contra o Espírito (Mateus 12:31-32, conforme 22-30), e que a nação, pelos seus representantes, cometeram desde o Pentecostes e culminou na morte de Estêvão e perseguição do remanescente de Israel (Actos 1-8). Este pecado vai continuar a ser cometido por Israel no período da grande tribulação, conforme Hebreus 3:7-12, citado (Actos 7:51-60).

Muitos de Israel, no período da grande tribulação, sob o domínio do anticristo, receberão o conhecimento da verdade, experimentarão o poder de Deus nas suas vidas, como disse o Senhor que acontecerá:
«Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demónios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.» (Mateus 7:22-23).
No entanto, a influência do anticristo, a pressão das necessidades e a atracção do mundo – como a descrição da parábola do semeador (Mateus 13:3 e seg.) – levará que muitos judeus neguem a fé, recusem o apelo do Espírito Santo e aceitem o pacto com o diabo e com o anticristo, o príncipe das trevas deste mundo, recebam o seu sinal, e nunca mais se poderão salvar. A Escritura diz que quem recebendo o sinal da besta irá à perdição: pois esse sinal representará muito mais que uma simples marca: representará um pacto com as trevas (Apocalipse 13:16-17; 14:9-11; 16:2; 20:4). Este é o pecado para morte que, segundo João, não tem retrocesso (I João 5:16-17).

O Senhor fez referência a este cenário, quando enviou os seus discípulos por Israel, quando disse:
«Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra. E, assim, os inimigos do homem serão os seus familiares. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz e não segue após mim não é digno de mim. Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á. Quem vos recebe a mim me recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou.» (Mateus 10:34-40).
Todo este texto também deve ser considerado na perspectiva da grande tribulação. Quando o remanescente assumir a vocação de anunciar o Evangelho do Reino por todas as nações, aos dispersos de Israel, irão se deparar com todo o tipo de obstáculos, inclusivamente dos seus próprios familiares.
Mas, o texto mais apelativo é o sublinhado: que quer dizer: quem quiser proteger a sua vida, terá de pactuar com o Anticristo. E, aqueles que receberam o sinal da Besta irão ser lançados no lago de fogo, ou seja, perderão a sua vida (Apocalipse 13:18; 14:9-11). Mas, aqueles que se mantiverem firmes no Senhor, resistindo à Besta e ao falso profeta, serão mortos (Apocalipse 13:7; 14:12-13). Eles, os crentes, perderão a sua vida humana, mas achá-la-ão na ressurreição. Por isso é dito: “Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor” (Apocalipse 14:12). E, isto, porque, os sofrimentos serão tantos para os que habitam na terra que, uma satisfação será morrer, saindo dela. Mas, os descrentes quererão morrer para escapar à ira do Cordeiro, mas o Senhor não permitirá (Apocalipse 6:15-17; 9:5-6).



A Vinda do Senhor
«O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se. Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há se queimarão» (II Pedro 3:9-10).
Todas as referência que Pedro faz à vinda do Senhor, refere-se à Sua vinda de acordo com a revelação da Profecia. É a vinda do Senhor em poder e glória. A vinda do Senhor para arrebatar a Igreja “corpo de Cristo” era um segredo que só foi revelado ao Apóstolo Paulo (I Tessalonissenses 4:13-16; I Coríntios 15:51-58). Daí que, e tratando-se da esperança de Pedro:
«Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato e piedade, aguardando e apressando-vos para a vinda do Dia de Deus...» (v. 12),
Ele está a escrever para os crentes que esperavam esta vinda, e não o arrebatamento. Como tal, e porque esperam a vinda do Senhor em poder e glória que, de acordo com a Profecia, ocorrerá no fim da grande tribulação, está a escrever para os crentes que viverão nesse período.
Agora, não temos dúvida que Pedro tem consciência que está a enviar palavras de ânimo e conforto na presunção de que os seus destinatários irão passar pela grande tribulação. Ele demonstra que tem pleno conhecimento da suspensão da Profecia por revelação dada ao Apóstolo Paulo, mas que, a breve trecho, o mesmo programa será reatado e os seus leitores vão precisar das palavras desta exortação.
Relativamente ao texto do capítulo 3, versos 15 e 16 trataremos em capítulo próprio e de forma genérica.



EPÍSTOLAS DE JOÃO
João tem uma escrita que tem deixado alguns leitores das Escrituras na convicção de que se trata de cartas enviadas aos crentes da “Dispensação da Graça”. Termos como “amor”, “graça”, “vinda do Senhor”, “crer no Filho”, “nascidos de Deus”, como de “nascidos de novo” são termos que parecem confundir-se com a revelação do “Mistério do Evangelho”. No entanto, ele aborda assuntos que deixam os crentes completamente à deriva, como seja: a “comunhão condicional” (1:6-7), a “confissão dos pecados” (1:8-2:2), a “ultima hora” (2:18-20), a “vergonha na vinda do Senhor” (2:28), o “provar os espíritos” para identificar o “espírito do anticristo” que se vai manifestando, preparando o caminho para a sua manifestação ao mundo (4:1-6), “guardar os mandamentos” (2:3-4; 5:2, 3), a “oração sempre respondida” (3:22; 5:14-15), o “pecado para morte” (5:16-17).
Mas, dirá o leitor: então, estes temas não têm a ver com a doutrina da “Dispensação da Graça”? O Apóstolo Paulo não falou deles para a Igreja “corpo de Cristo”? Não! Estes temas não fazem parte do ensino de Deus para a Igreja “corpo de Cristo”. Têm sido, sim, adoptados por muitos ensinadores das Escrituras que não aceitam a distinção do “ensino da Graça”, a “autonomia da Igreja corpo de Cristo” e misturam a revelação profética com a revelação do Mistério, confundem o plano de Deus para a glória – em Cristo, com o plano de Deus para a terra, por Israel – em Cristo Messias.
Alguns destes assuntos já os abordamos nas considerações das cartas de Tiago e de Pedro. E, no geral, se estamos familiarizados com a letra dos escritos de Paulo e imbuídos do espírito (da mentalidade) das suas palavras perceberemos que é completamente diferente do conteúdo e propósito dos escritos de João.
Mas, se nos víssemos no lugar dos crentes que estarão no período da grande tribulação imediatamente compreenderíamos as palavras destas epístolas e perceberíamos o seu alcance.
Relativamente ao tema da “confissão de pecados” e “perdão de pecados”, por falta de tempo e espaço, remeto os irmãos para os trabalhos dos irmãos Daniel Ferreira, David Costa, Marcos e Tiago Roque que abordam este assunto no seu site: “conhecendoomistério.com”, que recomendo vivamente a sua leitura.
Pode parecer estranho o Apóstolo Paulo nunca falar de “comunhão condicional” nem de “confissão de pecados”, pois o crente em Cristo, estando lavado pelo sangue de Cristo que pecados confessaria? Estaria a desenterrar aquilo que Deus enterrou, a “crucificar de novo o Senhor”!
Quanto à oração respondida, ela insere-se perfeitamente no plano do Reino Messiânico, quando o Senhor disse aos Apóstolos de Israel: “tudo o que ligares na terra será ligado no céu” (Mateus 16:19), “se dois de vós concordardes na terra isso lhes será feito por meu Pai” (Mateus 18:19), “tudo o que pedirdes em meu nome eu o farei” (João 14:13-14).
No entanto, o ensino de Deus para a Sua Igreja “corpo de Cristo” é que, “não sabemos pedir como convém” (Romanos 8:25-27). Deus não promete resposta, mas “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8:28), e a “paz de Deus guardará os nossos corações e sentimentos em Cristo Jesus” (Filipenses 4:6-7), e a “Sua graça nos basta” (II Coríntios 12:8-10). Não parece ser muito espiritual e recomendável insistir num assunto que não pareça ser a vontade de Deus, ou seja: orar duas ou três vezes!


A Vinda do Senhor
A vinda do Senhor referida por João é aquela que ele tem conhecimento, que o Senhor desenvolveu no Seu ministério terreno, e que todos os profetas do Antigo Testamento falaram: A vinda do Senhor em poder e glória. Nesta vinda, como o Senhor referiu várias vezes, ele colocará a nu as fraquezas do Seu povo, que os levarão a lamentar-se, conforme Apocalipse 1:
«Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim! Amém!» (1:7).
No tocante ao “pecado para morte” já o abordamos nas considerações da II Epístola de Pedro, capítulo 2.




O CONTEÚDO
O problema que se tem colocado é de “como explicar” alguns ensinos e textos das chamadas Epístolas Universais que estão impregnadas de graça. Parece fazer entender que se encontram integradas na Dispensação da Graça de Deus.
Isto tem levado alguns a crer que Pedro, Tiago, João e Judas escreveram no seguimento do convénio estabelecido em Jerusalém, na visita de Paulo à Igreja Messiânica – e assim se manteve na Dispensação da Graça – descrita em Gálatas 2:1-10.
Mas não é assim, como verificamos.

Primeiramente, é de toda a conveniência perceber que a grande comissão do Senhor ressuscitado teve uma evolução, que as comissões anteriores não possuíam. A grande comissão do Senhor ressuscitado (Mateus 28; Marcos 16; Lucas 24; João 20 e Actos 1) foi feita tendo por base o Novo Testamento celebrado na morte do Senhor Jesus Cristo. No entanto, dessa morte só se conheciam os efeitos e não o significado. Por isso, haveria necessidade de ser revelado o verdadeiro e pleno significado da morte do Senhor Jesus Cristo: e esse só foi dado pela revelação celestial dada ao Apóstolo Paulo, com a revelação da Dispensação da Graça de Deus.
«Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes. Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar. De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo (lit. gr. “a lei nos serviu de aio até à vinda de Cristo”, i. e. a “fé que havia de vir”), para que, pela fé, fôssemos justificados.» (Gálatas 3:22-24).

Isto faz perceber que as bênçãos espirituais do reino resultam das bênçãos espirituais da glória, inerentes à Igreja “corpo de Cristo”, e que estão em Cristo nos lugares celestiais, no Trono da Glória de Deus. E, só depois da Igreja ser colocada no seu lugar, ou seja, só depois da glorificação da Igreja é que as mesmas bênçãos espirituais poderiam ser dadas a desfrutar aos crentes do Reino, e o serão pela instrumentalidade da Igreja “corpo de Cristo” (Efésios 2:6-7; 1:9-10 – Gr. “mostrar”, no sentido de “manifestar” – conforme I Timóteo 1:16, ou seja, “dispensar através da Igreja”, como o fez no Antigo Testamento através dos anjos).
Assim, todas as bênçãos espirituais de Deus manifestadas ou “depositadas” na Igreja “corpo de Cristo” são o fruto das “riquezas da graça de Deus” (Efésios 1-3), das “riquezas da glória de Deus” (Efésios 1-3), que são as “riquezas incompreensíveis de Cristo” (Efésios 3) – como a manifestação máxima da graça de Deus nas Suas criaturas – serão dispensadas, pela instrumentalidade do “corpo de Cristo”, nos séculos vindouros, às demais criaturas, inclusivamente os crentes do Reino (no Reino Milenial).
Os crentes do Reino, desta maneira, serão beneficiados da graça de Deus, mas como que sobrante da graça revelada à Igreja “corpo de Cristo”. Os crentes do Reino são beneficiários indirectos da graça revelada à Igreja “corpo de Cristo”.
É importante perceber que Deus sempre tratou Israel com graça. No entanto, não confundamos com a graça: tempo, quantidade e qualidade, demonstrada na “Dispensação da Graça”.

Para explicar esta relação David M. Havard fez a seguinte analogia: Comparemos o “corpo de Cristo aos Estados Unidos da América e a Igreja Messiânica a um dos seus estados. Nessa analogia o Apóstolo Paulo é o presidente dos Estados Unidos e Pedro o governador do dito território. Anos mais tarde encontramos uma directiva decretada por Pedro. Nós, membros da Igreja “corpo de Cristo” perguntamos: Como é que a directiva de Pedro se aplica a nós, isto é, aplica-se a todo o território dos Estados Unidos? Não, a directiva de Pedro só se aplica ao seu território. No entanto, as directivas de Paulo de aplicam a todas os territórios, ou sejam a todas as dispensações. Digo: as directivas e ensino, não a esperança, uma vez que a esperança dos membros da Igreja “corpo de Cristo” realizar-se-á na glória e a esperança da Igreja “messiânica” se realizará na terra, no Reino Milenial.

No entanto, os crentes do Reino ainda têm um período de sofrimento que está profetizado realizar-se, que servirá de castigo pela incredulidade de Israel e do mundo, e também de purificação do mundo, antes de entrar o período do Reino messiânico.

Como a trás se disse: Os períodos futuros desfrutarão dos benefícios da obra do Senhor Jesus Cristo, pela forma como foi explicada pelo Apóstolo Paulo. Esta é a razão que as chamadas epístolas universais e o Apocalipse iniciam com a bênção Paulina: “graça e paz”.


A Revelação de Paulo
«E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição.» (II Pedro 3:15-16).
Este texto sagrado tanto pode ser esclarecedor com confuso. E, não obstante ser confuso para o Apóstolo Pedro, ele não deixa de o referir para os seus leitores.
Ao texto tem sido dadas duas aplicações: (1) aos judeus que viviam no período da “Dispensação da Graça”, como (2) aos judeus que viverão no período da grante tribulação e no Reino milenial, onde as almas também terão necessidade de se converter a Deus: as que nascerem nesse período.
A longanimidade é a atitude que Deus tem revelado no período da “Dispensação da Graça” (Romanos 2:4; I Timóteo 1:16). De acordo com os “times” da Profecia, o momento que se seguia à morte do Senhor Jesus Cristo seria o tempo da Sua ira, conforme citou o próprio Pedro no dia do Pentecostes (Actos 2:16-21, conforme Daniel 9:26). A seguir a esses tempos de ira, o Senhor viria em poder e glória – de acordo com a Profecia.
No entanto, Deus, na sua longanimidade, determinou suspender a Profecia e o programa profético e iniciar um período no qual demonstraria as riquezas da Sua longanimidade. É esse o sentido das palavras de Pedro:
«O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.» (II Pedro 3:9).
Esta atitude de Deus é aquela que tem sido demonstrada em todo o período da graça:
«E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência (gr. “longanimidade”) os vasos da ira, preparados para perdição» (Romanos 9:22).

Por isso, diz Pedro: o Senhor não retarda a Sua vinda, mas, na Sua longanimidade, suspendeu-a por alguns dias (dias/anos) com o propósito que alguns se arrependam. Mas, terminando esse período de longanimidade, a Profecia será reatada e os dias de longanimidade darão lugar aos dias de ira.

E, agora, diz Pedro:
«E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu...»
O modelo de salvação deveria ser aquele que foi revelado ao Apóstolo Paulo. Ou seja, baseado na obra do Senhor Jesus Cristo na cruz do Calvário. Este é o plano eterno de Deus para salvação. É o verdadeiro, o autentico, o real, o eterno plano de salvação. Os outros planos de salvação, ou seja, os planos de salvação proclamados nos demais períodos dispensacionais não passavam de figuras, sem poder efectivo, e, por isso, transitórios.
«Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo o coração purificado da má consciência e o corpo lavado com água limpa, retenhamos firmes a confissão da nossa esperança, porque fiel é o que prometeu» (Hebreus 10:19-23).

Isto não era perceptível se Paulo não o revelasse!
«Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé (revelação do “corpo de Cristo”) em Jesus Cristo fosse dada aos crentes. Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar.» (Gálatas 3:22-23).

Penso que já nos referimos ao verdadeiro sentido e aplicação deste texto nas considerações anteriores.


Convém ter, ainda, uma palavra de alerta, como Pedro faz:
«Que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição.»
Não entendendo os ensinos de Paulo, tanto hoje como no futuro, conduzirá as almas a deturpar o verdadeiro ensino de Deus para a salvação da almas e as conduzirá à perdição.










A Divisão das Epístolas Universais
A divisão das Epistolas Universais poderá ser feita da seguinte forma:
Paulo é chamado por Deus, não só para o salvar (e fazer dele o modelo de salvação que se operará no período da dispensação da graça – I Timóteo 1:15-16), na base das riquezas da Sua graça, mas, também, para o incumbir de uma revelação celestial. A ele foi dada a revelação do mistério, que foi mantido em segredo desde a eternidade – antes da fundação do mundo (Romanos 16:25-26), que contem o significado e o propósito da morte, sepultamento e ressurreição do Senhor Jesus Cristo para a salvação de todos os membros da Igreja “corpo de Cristo” (I Coríntios 15:1-4), e de todo o mundo (isto é, dos crentes de todas as dispensações). O Apóstolo Paulo escreve 13 cartas para o “corpo de Cristo”, que contém a doutrina para a Igreja. Ele escreve a sete igrejas e a três homens:
IGREJAS
HOMENS
1.     Romanos;
2.     I e II Coríntios;
3.     Gálatas;
4.     Efésios;
5.     Filipenses;
6.     Colossenses;
7.     I e II Tessalonissenses

1. I e II Timóteo;
2. Tito;
3. Filemon
A carta seguinte é a Epístola aos Hebreus, que faz a ligação entre os escritos do “corpo de Cristo” e os escritos dos Judeus. Esta epístola foi escrita por Paulo aos Hebreus, para o período em que Deus vai voltar a lidar com aquele povo (Romanos 11:25), após o arrebatamento da Igreja (I Tessalonissenses 4:13-18). Paulo, com base na revelação da glória, dá-lhes o sentido e a forma que deve revestir o cerimonial levítico, como reflexo da realidade que existe na glória, e a sua aplicação. A Epístola aos Hebreus é como a passagem de testemunho da “Dispensação da Graça” para a “Dispensação do Reino”, do Mistério para a Profecia, dos celestiais para o messiânico. Para este novo período do Reino há novamente sete Epistolas que contêm doutrina para as sete igrejas no período da tribulação.
CARTAS
IGREJAS
TEMA
Tiago
I Pedro
II Pedro
I João
II João
III João
Judas
A igreja de Éfeso
A igreja de Esmirna
A igreja de Pérgamo
A igreja em Tiatira
A igreja de Saris
A igreja em Filadélfia
A igreja em Laodiceia
Testemunho
Perseguição
Falsos Mestres
Apostasia
Vida da Igreja
Fidelidade
Mornidão Espiritual


 
As chamadas Epístolas Universais poderão, ainda, ter a seguinte aplicação:
Elas poderão ser divididas pelos seus autores, que são quatro: Tiago, Pedro, Judas e João. À semelhança dos quatro Evangelhos, que dão quatro aspectos da manifestação do Senhor Jesus Cristo para Israel, estas quatro Epistolas, que estão muito relacionadas com os autores dos quatro Evangelhos, contêm quatro aspectos da doutrina messiânica para os crentes do Reino:

A EPÍSTOLA
TIAGO
PEDRO
JUDAS
JOÃO
O EVANGELHO
Mateus
Marcos (sobrinho de Pedro)
Lucas
João
A FIGURA
O Rei
O Servo
O Homem
O Deus
O TEXTO
Tiago 4:2
I Pedro 1:18-19; 2:21-25
Judas 1:14
I João 5:20


O livro do Apocalipse é o livro da história do período da grande tribulação, da segunda vinda de Cristo, dos julgamentos e dos novos céus e nova terra. Há três julgamentos que serão derramados sobre a terra durante o período da tribulação, e que se relacionam com o conteúdo das chamadas Epístolas Universais. Os sete selos, as sete trombetas e as sete taças:
 
O Juízo dos Sete Selos:
(1) O Juízo do Primeiro Selo: O anticristo manifesta-se num cavalo branco. (Apocalipse 6:1-2). Diversas doutrinas são ensinadas para esse momento. A carta aos Hebreus é um livro de transição (Hebreus 1:2; 2:2-3; 3:14; 4:2; 6:2-4; 8:8, 8:13, 9:28; 11:06, 12:22, 13:2). Tiago é a primeira carta doutrinária para o período da tribulação (Tiago 1:1-2, Tiago 5:3);
(2) O Juízo do Segundo Selo: O anticristo manifesta-se num cavalo vermelho, ou seja, ele vai reforçar a sua posição de liderança pela força, pois dão-lhe poder para tirar a paz da terra (Apocalipse 6:3-4). Doutrinas diversas para esses tempos: Israel a nação escolhida (Hebreus 3:14; I Pedro 1:5-6; 2:5-9). A primeira Epistola de Pedro é a doutrina para este segundo momento.
(3) O Juízo do Terceiro Selo: O anticristo apresenta-se assentado num cavaleiro negro. Ele toma o domínio económico e financeiro do mundo. Foi-lhe dada uma balança para ninguém comprar nem vender sem a sua autorização, ou seja, se não tiverem o seu sinal (Apocalipse 6:5; 13:1-11). Os textos doutrinários para estes tempos serão especialmente os da segunda Epístola de Pedro (II Pedro 3:7-10).
(4) O Juízo do Quarto Selo: O anticristo aparece assentado como cavaleiro de um cavalo amarelo, e do qual é dito que lhe segue a morte e o inferno. Este momento será caracterizado pela perseguição do anticristo e dos seus servos contra aqueles que não se sujeitam ao seu domínio. Os crentes serão sujeitos à sua primeira grande perseguição (Apocalipse 6:7-8). A primeira Epistola de João será a carta mais apropriada para os crentes deste período (I João 2:18-22; 3:8-9 – os nascidos de Deus).
(5) O Juízo do Quinto Selo: Todos os que forem mortos libertarão um grito de vingança (Apocalipse 6:9). A segunda Epistola de João será adequada a estes tempos (II João 1:7).
(6) O Juízo do Sexto Selo: Terra treme, o sol torna-se negro como saco, a lua se tornará como sangue, e o juízo chega (Apocalipse 6:12). As doutrinas para estes momentos estão contidas na terceira Epistola de João, de forma especial (III João 1: 7-11 – o mal).
(7) O Juízo do Sétimo Selo Há silêncio no céu por trinta minutos minutos (Apocalipse 8:1). Textos doutrinários para estes tempos: A Epístola de Judas (1:6; 1:23 – salvos do fogo; 1:25 – o domínio de Deus, agora e para sempre).

O livro do Apocalipse nos conduz através da grande tribulação por quatro vezes. Ele também faz quatro relatos da Segunda Vinda do Senhor Jesus Cristo, como os quatro evangelhos fazem quatro relatos da sua primeira vinda:
Tribulação
Relato da 2.ª Vinda
O primeiro relato: Apocalipse 5 e 6;
O segundo relato: Apocalipse 8, 9, 10 e 11:15;
O terceiro relato: Apocalipse 12,13,14;
O quarto relato: Apocalipse 15, 16, 17 e 19;

Apocalipse capítulo 7 é parentético.
O julgamento dos sete selos.
O julgamento das sete trombetas: as actividades do anticristo.
O julgamento das sete taças: a destruição da Babilónia e a Segunda Vinda do Senhor.




Conclusão
Espero que estes resumidos pensamentos possam ser suficientes para esclarecer os crentes acerca das Escrituras, tendo consciência que “toda a Escritura inspirada por Deus é proveitosa”, mas nem toda a Escritura de Deus fala acerca de nós; e só a Escritura que fala acerca de nós que nos é vinculativa. Refiro-me aos escritos do Apóstolo Paulo para a Igreja “corpo de Cristo”. Todos os demais escritos, são produtivos, mas não falam acerca de nós e pode conter coisas que, se forem aplicadas a nós só desonrará a Deus.
Fazer esta distinção, além de nos ajudar a viver segunda a regra fixada por Deus para o honrarmos no tempo presente, também nos poupa a “formas de vida” que, e ainda bem, não são para nós. O modelo de Deus para nós é incomparavelmente mais elevado e, por isso, incomparavelmente melhor.
Gozai a bênção de Deus.
V Paço



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