Eclesia' stes: O Eterno Conselho de Deus

O Conselho Eterno de Deus

Quem somos nós? O que somos? De onde viemos e para onde vamos? Que fazemos aqui?

Estas são as principais perguntas que os filósofos fazem, na tentativa de encontrar respostas para a existência humana e na tentativa de dar sentido à vida do homem.

A resposta está em Deus, no Seu Conselho Eterno, antes da eternidade das eternidades. Ali e lá começou tudo!

Para entendermos a revelação dos Planos de Deus ao longo dos tempos, e em particular a Revelação do Mistério, teremos de estudar a Sua Palavra, começando pelo princípio. Isto servirá para alicerçar os fundamentos do Seu conhecimento e estabelecer as bases da compreensão de toda a revelação de Deus. E, sem bases, não só, não conhecemos a revelação do Mistério nas suas diversas vertentes, como nada saberemos dos relatos contidos nos antigos profetas, nos Evangelhos, nos Actos dos Apóstolos, nas Epístolas Universais e no Apocalipse, onde está contida a revelação do Plano Profético; nem teremos como explicar muitas das contradições existentes entre estas duas verdades: da Revelação Profética e da Revelação do Mistério.

Temos duas formas de começar pelo princípio:

Uma será começar no princípio da Profecia, em Génesis 1. Esta foi a forma que o Apóstolo Paulo utilizou para explicar o Mistério, quando não tinha revelação escrita. Era pelas Escrituras existentes – dos Antigos Testamentos, onde demonstrava que a Profecia estava suspensa.

A Profecia é caracterizada por “tempos e estações”, rigorosamente definidos, por Moisés, por Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel, entre outros dos antigos profetas.

«Paulo, como tinha por costume, foi ter com eles e, por três sábados, disputou com eles sobre as Escrituras, expondo e demonstrando que convinha que o Cristo padecesse e ressuscitasse dos mortos. E este Jesus, que vos anuncio, dizia ele, é o Cristo» (Actos 17:2-3);

«Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalónica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim» (Actos 17:11).

Desta forma o Apóstolo poderia demonstrar, não somente que a Profecia estava por cumprir e, por isso, suspensa, como a introdução da “Dispensação da Graça de Deus”. Esta demonstração ainda era comprovada pelos sinais do Seu apostolado (II Coríntios 12:12).

Outra forma de começarmos no princípio será irmos ao princípio dos princípios: Ao Eterno Conselho de Deus.

Esta forma é possível, hoje, adoptar, porque temos a revelação do Mistério completa. É, por isso, a forma mais exacta e a mais conclusiva. Podemos sistematizar os temas e chegar a uma compreensão mais clara que os crentes teriam no tempo do Apóstolo Paulo.

Compreendendo o Mistério desde a origem, na concepção e no tempo, compreenderemos a verdadeira importância do “Corpo de Cristo” e o seu lugar em relação às demais revelações de Deus.

I. O MOMENTO:

«No princípio Deus...» (Génesis 1:1).

Este princípio é colocado no início da criação de Deus, quando foram criados os céus e a terra. Poderemos entender que neste princípio Deus criou todo o universo e tudo quanto o compõe, sejam coisas visíveis como invisíveis, espirituais e materiais:

Mas, antes deste princípio, houve um outro, que João, refere, quando escreveu:

«No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus» (João 1:1-2).

João refere dois princípios:

(1) O princípio, atemporal, “antes da fundação do mundo”, quando só havia Deus e o Verbo e o Espírito Santo, segundo as palavras do Senhor Jesus Cristo em João 17:

«E, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo», e:

«Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo» (5, 24)

(2) Um outro princípio, o de Génesis 1:1[1], quando o Verbo deu princípio às coisas criadas:

«Ele estava no princípio com Deus».

Deste momento é dito (refere-se à pessoa do Senhor Jesus Cristo, individualmente):

Mas, ainda antes de todos estes princípios, há um outro princípio: o Princípio dos princípios: o “Conselho Eterno de Deus”.

Sobre este momento, o Apóstolo Paulo Diz:

«Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos» (Romanos 16:25, JFA, RA);

«Que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos» (II Timóteo 1:9, JFA, RA)

«Antes dos tempos eternos» (Tito 1:1-3, JFA, RA).

«N’Ele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho <1012> da sua vontade» (Efésios 1:11), conforme Efésios 3:

«Segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor» (v. 11).

Conselho (Strong: 1012 boulh boule, de 1014; TDNT-1:633,108; Sig. conselho, propósito; ver: Actos 5:38, referindo-se ao Sinédrio)

Antes dos tempos eternos (pro <4253> cronwn <5550> aiwniwn <166>); Eterno (Strong: 166 aiwniov aionios, de 165; TDNT-1:208,31; adj - 1) sem começo e nem fim, aquilo que sempre tem sido e sempre será; 2) sem começo; 3) sem fim, nunca termina, eterno.

Antes que tudo tivesse existência, como nós a conhecemos pela natureza e a revelada na Palavra de Deus, enquanto era só Deus e Deus e Deus – Deus dialogando consigo próprio, se propôs fazer algo que O exaltasse ao limite da glória possível e imaginária. Esse algo (ainda em abstracto àquele momento) seria uma atitude baseada na sua graça; O Senhor Deus viu na Graça a virtude que O glorificaria mais que qualquer outra virtude, como seja o poder, a justiça, ou qualquer outra. Se bem que, na manifestação da atitude da Sua graça implicaria a manifestação de todas as demais. Então – e para corresponder à dimensão da glória que O Senhor pretendia conseguir – essa demonstração da Sua graça deveria corresponder à Sua própria dimensão. Ou seja: seria a demonstração de toda a Graça que se poderia compreender em Deus: uma graça do tamanho de Deus. Como Deus não tem tamanho quantificável, assim seria a demonstração da Sua graça. Por isso, esta demonstração da Graça de Deus seria uma demonstração de Deus ao limite da Si mesmo... se humanamente pudéssemos determinar!

«Segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado…»

«Segundo o conselho da sua vontade, com o fim de sermos para louvor da sua glória…»

«Para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória.»

(Efésios 1:6, 12, 14).

Assim, e considerando os termos que o Apóstolo Paulo emprega para localizar a origem deste plano, ele escreve:

“Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos...”, “o mistério guardado em silêncio nos tempos eternos...” e “o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e que, agora, foi manifesto aos seus santos...”

“Pensado antes da eternidade...”, “guardado em segredo no seio de Deus durante a eternidade”, e “conservado oculto nos tempos dos séculos”, até agora – A Economia da graça.

Até ao momento já poderemos referenciar alguns pontos fundamentais: A existência de Deus em conselho, uma vontade expressa (demonstração da Sua graça) e um propósito (o louvor e glória da Sua Graça).

Do termo “conselho” resulta que, para esse efeito, terá de existir mais que uma pessoa. Por isso, se reporta ao momento, intemporal, antes da eternidade, na existência inacessível de Deus, onde ocorreu alguns pressupostos:

II. A COMPOSIÇÃO DO CONSELHO: A PLENITUDE DA DIVINDADE

Divindade é um ser sobrenatural, usualmente com poderes significantes, cultuado, tido como santo, divino ou sagrado, e/ou respeitado por seres humanos. Normalmente as divindades são superiores aos seres humanos e à natureza (wikipedia).

A melhor definição do Senhor Deus foi dada por Ele mesmo, para as Suas criaturas:

«Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU.

Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros.» (Êxodo 3:14)

Deus, um Ser eterno: na pessoa, na natureza e no tempo.

Quando lemos a revelação do Mistério temos uma clara descrição de um Deus triuno: há um só Deus em três Pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo, e em cada um é visto os atributos da Deidade.

(1) No Pai está pessoalmente centrada a fonte da divindade e, portanto, a vontade de Deus como o desejo, o impulso (yelw / yelema) de inclinação e da natureza.

(2) No Filho estão centralizadas pessoalmente a Sabedoria/Articulação da divindade e, portanto, a vontade de Deus, como decreto (boulomai/boule/boulema) através de articulação e deliberação.

(3) No Espírito está centralizado pessoalmente o poder da divindade e, portanto, a vontade de Deus, conscientemente compreendido e exercido (energeo-energeia-energema/dunamai-dunamis).

O Filho está no Pai, a essência, e o Espírito procede do Pai através do Filho. O Pai gera continuamente o Filho para ser o decretador pessoal / articulador / expressor de seus desejos, e do Filho inspirados continuamente o Espírito para ser o intérprete pessoal / executante de Seus decretos. Ver Mateus 11:27; Efésios 1:1; Romanos 11:34.

«Sim, ó Pai, porque assim te aprouve. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.» (Mateus 11:26-27);

«Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigénito, que está no seio do Pai, este o fez conhecer.» (João 1:18);

«Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Porque quem compreendeu o intento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!» (Romanos 11:33-36);

«Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, aos santos que estão em Éfeso e fiéis em Cristo Jesus: a vós graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo.» (Efésios 1:1-2).

Só com a Revelação do Mistério é que temos uma clara e objectiva revelação da Divindade de Deus, ou seja, da Sua Tri-Unidade. O Velho testamento não era absolutamente claro.

No entanto, quando nos reportamos ao Conselho Eterno de Deus, quando ainda não existia homens, criação, seres celestiais, nada, só Deus e Deus e Deus. E, como seria conhecido Deus neste momento, antes da Existência das coisas? Antes de Deus ser conhecido como Pai, Filho e Espírito, como seriam conhecidos entre Si? Não sabemos! Porque só conhecemos Deus revelado desta forma, porque foi a forma que o Senhor (Triuno) assumiu para se revelar de Si mesmo e se dar a conhecer às Suas criatura

Não esqueçamos que Deus, na Sua essência, é um ser eterno na natureza, na pessoa e no tempo. Inatingível em relação às Suas criaturas e à Sua criação. Isso está implícito na forma como o Senhor se revelou a Moisés, quando disse: “EU SOU”, e também na forma como se revelou a Paulo:

«Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus seja honra e glória para todo o sempre. Amém!» (I Timóteo 1:17); e,

«Até à aparição de nosso Senhor Jesus Cristo; a qual, a seu tempo, mostrará o bem-aventurado e único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores; aquele que tem, ele só, a imortalidade e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver; ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém!» (I Timóteo 6:15-16).

Pai, Filho e Espírito Santo é a forma que o Senhor Deus assumiu para lidar com a Sua criação. E, isso, como veremos mais adiante, foi decidido neste Conselho de Deus e tomou forma a partir do momento que o Senhor decidiu colocar em prática este plano. Num certo sentido, Deus nasceu! Até ali, Deus era um Deus transcendente – inatingível; A partir daí Deus seria um Deus “imanente”[2] – influente.

III. A ACTA DO CONSELHO

Declaração das Decisões da Assembleia

(1) Definição de um Plano: A glória de Deus baseada na Sua Graça: O Louvor da Sua Graça; E deste Plano é que resultam todos os demais: Por isso, todos os demais planos poderão e deverão ser considerados sub-planos: O plano dos anjos e do mundo espiritual/invisível, o plano do universo e da natureza material; o plano da terra e o seu governo para o homem (Adão). Estes sub planos ocorreram com o propósito de ser cumprido o Plano principal: O Corpo de Cristo. Como consequência disso, esses sub-planos irão beneficiar das bênçãos do Corpo e a partir do “Corpo de Cristo”.

Daqui resulta as afirmações do Ministro da Economia (Dispensação) da graça, quando disse:

«Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti.» (Gálatas 3:8);

«Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que crêem.» (Gálatas 3:22);

«Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para demonstração da sua justiça neste tempo presente…» (Romanos 3:25-26);

«Ora, tudo isso lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos.» (I Coríntios 10:11)

De sorte que era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as próprias coisas celestiais, com sacrifícios melhores do que estes.» (Hebreus 9:23);

«Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.» (Colossenses 2:17);

Por vezes, ouve-se algumas explicações acerca do início da “Dispensação da Graça” como uma circunstância que ocorreu porque a Nação de Israel rejeitou o Seu Messias. Isso seria colocar o Senhor dependente das circunstâncias: no caso, a circunstância de Israel ter rejeitado o Messias e o Reino. Mas, nada está mais errado que isso. A revelação do Mistério de Deus demonstra que a origem deste Plano não esteve em Actos 2, 9 ou 28, mas no “Conselho de Deus” antes de todas as coisas. E, o primeiro Plano de Deus foi a concepção do “Corpo de Cristo”, com a determinação de todos os seus termos e pormenores. Mesmo, quanto ao momento histórico. E, o momento mais adequado para a demonstração da Graça de Deus seria o momento em que o homem menos a merecesse. E, esse momento foi o momento que o mundo merecia a ira de Deus e estava eminente o cumprimento da Profecia na fracção do início da Grande Tribulação: a demonstração da Ira de Deus. Esse foi o momento da demonstração da Graça de Deus; e o Senhor fê-lo salvando o líder da rebelião: Saulo de Tarso.

Assim, e a título de exemplo, Abraão só recebeu a boa nova de salvação de Deus porque ela já estava prevista por Deus – para o “Corpo de Cristo” – antes da fundação do mundo. E, tudo mais que foi revelado, especialmente desde Adão até à vinda da fé do “Corpo de Cristo” eram figuras do que estava oculto em Deus para o “Corpo de Cristo”. Ou seja, e como veremos mais adiante, toda a história desde Adão até Saulo de Tarso são uma consequência do “Corpo de Cristo” e não um facto que ocorreu pela circunstância de Israel rejeitar o Seu Messias. A experiência de Abraão aconteceu por causa do “Corpo” e não o inverso, mesmo tendo Abraão vivido antes do início da Igreja “Corpo de Cristo”. E, mais que isso, todas as bênçãos que as criaturas e a criação vão usufruir, irão porque o Senhor as previu para o “Corpo de Cristo”, ou seja, vão desfrutar – como sub-planos, das bênçãos do Corpo e a partir do “Corpo de Cristo”. Por isso é que este Plano foi pensado em Primeiro e será o primeiro a ser cumprido – o “Corpo” é o primeiro a entrar na glorificação.

(2) Definição das Funções da Divindade

Numa leitura cuidada de Efésios capítulo I constatamos que a concepção, a execução e a realização do Plano Eterno de Deus envolve toda a Divindade, com posições e tarefas perfeitamente definidas. Outros textos:

«Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo» (1:3);

«A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com vós todos. Amém!» (II Coríntios 13:13).

2.1 – O Pai

Como já tivemos oportunidade de referir, no Pai está pessoalmente centrada a fonte da divindade e, portanto, a vontade de Deus como o desejo, o impulso e a inclinação, e a garantia da permanência da Divindade.

Normalmente o Pai está relacionado como estando da posição mais elevada, representando toda a Divindade, quando o Filho se fez Homem e o Espírito Santo, como o Filho, tinha sido enviado ao mundo.

«Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso: seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro, tudo é vosso, e vós, de Cristo, e Cristo, de Deus» (I Coríntios 3:21-23).

«Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se exceptua aquele que sujeitou todas as coisas. E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos» (I Coríntios 15:27-28).

O Pai, ainda, é apresentado como Aquele que permanece na Sua posição de origem, antes de serem criadas todas as coisas:

Também, é o Pai que, pela Sua posição original, transcendente e inacessível, garante a continuidade da Divindade, quando o Filho abandona a Sua posição e forma Divina (Filipenses 2:5-8).

«Todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele» (I Coríntios 8:6);

«Há um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos» (Efésios 4:6);

O Pai, por fim, é aquele assegura o cumprimento do Decretado no Conselho Eterno acerca do Filho e a reconduzir o Filho à Sua posição na divindade, agora como Deus-Homem:

«A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, tomando-o vós, o crucificastes e matastes pelas mãos de injustos; ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela» (Actos 2:23-24);

«Paulo, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dos mortos) …» (Gálatas 1:1);

«Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai» (Filipenses 2:9-11);

«Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, também vós vos manifestareis com ele em glória» (Colossenses 3:3-4);

«Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade» (Colossenses 2:9);

2.2 – O Filho

É Designado Um Eleito da Divindade para encabeçar a realização deste Plano, é feito um Concerto Eterno: O Concerto da Graça com O Filho.

«Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do concerto eterno tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande Pastor das ovelhas» (Hebreus 13:20);

O Filho seria A Pessoa da Divindade em quem seria centralizada a realização deste Plano. Isto desde a forma que tomaria (Daniel 7:9), aos sofrimentos e morte que experimentaria (I Pedro 1:20), concentrar em Si toda a nova criação de Deus (Efésios 1:10), até à nova centralidade da Divindade que representaria: “N’Ele habitar corporalmente toda a plenitude da Divindade” (Colossenses 2:9). Tudo foi definido e determinado no Conselho de Deus: que tomaria uma forma – ainda não havia homem para se pensar numa forma humana – como agora a conhecemos como Homem, e realizaria todo este Plano do Conselho Eterno de Deus. Esta forma, nesta fase conceptual é chamada de “Ancião de Dias”:

«Eu continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e um Ancião de Dias se assentou; a sua veste era branca como a neve, e o cabelo da sua cabeça, como a limpa lã; o seu trono, chamas de fogo, e as rodas dele, fogo ardente.» (Daniel 7:9).

«Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigénito, que está no seio do Pai, este o fez conhecer.» (João 1:18);

Assim, o Senhor não tomou a forma humana, mas o homem é que tomou a forma de “Cristo” concebido por Deus no Seu Conselho, antes da eternidade. Por isso é que está escrito, em relação ao “Corpo Humano”:

«E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...» Génesis 1:26).[3]

E em relação ao “Corpo Espiritual”:

«Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogénito entre muitos irmãos» (Romanos 8:29); e,

«E vos vestistes do novo (Homem), que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou; onde não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo em todos» (Colossenses 3:10-11).

Assim, e entendendo alguma ordem na prossecução deste Plano, percebemos que – primeiramente – O Filho é a expressão exacta e Pessoal da Divindade:

«O Filho amado… o qual é imagem do Deus invisível» (Colossenses 1:15);

«O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder» (Hebreus 1:3)

De seguida, verificamos que, no Filho, estão concentrados todos os Planos e os Propósitos do Conselho Eterno de Deus para a criação existente:

«O qual é imagem do Deus invisível, o primogénito de toda a criação; porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo da igreja; é o princípio e o primogénito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência, porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse» (Colossenses 1:15-19).

Por fim, também em Cristo se centraliza e se concentra todo o Plano – Programa – Propósito de Deus para o futuro, o qual passará pelo “Corpo de Cristo”:

«Estejam unidos em caridade e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus — Cristo, em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência» (Colossenses 2:2-3).

«A vossa vida está escondida com Cristo em Deus; quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, também vós vos manifestareis com ele em glória» (Colossenses 3:3-4).

Reconsiderando o texto sagrado de Hebreus 13:

«Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do concerto eterno tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande Pastor das ovelhas» (Hebreus 13:20);

«Um pacto é um acordo mútuo entre as duas partes em que um determinado trabalho é proposto e uma recompensa adequada prometido em retorno. Na eterna aliança os dois partidos foram o Pai e o Filho. A tarefa era o Filho que devia encarnar-se, tornar a lei uma obediência perfeita, pensamento, palavra e acção, e então suportar a sua pena em favor de Seu povo culpado, oferecendo ao Deus ofendido pelo pecado (considerado como Governador e Juiz) a expiação adequada, satisfazendo a Sua justiça, ampliando sua santidade, e trazendo uma justiça eterna. A recompensa prometida era que Deus iria levantar dos mortos o Fiador e Pastor do seu povo, exaltando-o à Sua própria mão direita acima de todas as criaturas, conformando-os à imagem de Seu Filho, e tê-los com Ele em glória para sempre e sempre; no Seu cumprimento voluntário O Filho surge com a Sua proposta: "Eis-me aqui... para fazer a tua vontade, ó Deus" (Hebreus 10:7), e tudo o que Ele fez e sofreu foi em cumprimento de seu acordo de aliança. O Pai, no cumprimento da sua parte do contrato, e conferindo a recompensa prometida, assegura a sua conclusão pelo que é totalmente revelado no Novo Testamento. O Espírito Santo foi a testemunha e gravador desse pacto.

Agora o acordo eterno pode ser expressamente designado de "o pacto de paz" em Isaías 54:10, Ezequiel 34:25, 37:26. Nesse pacto Cristo estava como representante do seu povo, transaccionando em seu nome e para o seu nome, em resultado dos intentos do seu coração mais elevados em seu coração. Nesse convénio, em conformidade com a vontade do Pai e do Seu amor maravilhoso para com eles, Cristo concordou entrar na exigências deste noivado, sofrendo o terrível castigo do pecado do Seu povo a fim de que ele pudesse ser entregue a Deus e ter paz com Ele, podendo haver perfeita amizade e concórdia entre Deus e eles. Esse compromisso foi fielmente cumprido por Cristo, e a paz que Deus eternamente tinha ordenado foi feita. E, oportunamente, o Pai traz cada um dos seus eleitos para o seio dessa paz e Aliança. É à mesma eterna aliança que Zacarias 6:12-13 alude: “conselho de paz haverá entre ambos”. E, “esse conselho de paz" ou de boa vontade mútua era “entre ambos”, ou seja, entre “o homem cujo nome é Renovo” e Jeová, “o Senhor dos Exércitos” (Zacarias 6:12). O "conselho" desta obra assenta essencialmente no Plano eterno que Deus tinha para Cristo e para o Seu “Corpo” (Efésios 2:21-22) e da Sua exaltação ao trono de glória.» – Arthur Walkinston Pink, in “Gleanings From Paul – Prayer for Peace”. (Itálico, é adaptação do editor).

Outros textos a considerar:

«A seu tempo, mostrará o bem-aventurado e único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores; aquele que tem, ele só, a imortalidade e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver; ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém!» (II Timóteo 6:15-16);

«Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do concerto eterno tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande Pastor das ovelhas» (Hebreus 13:20);

«Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens» (Filipenses 2:6-7)

«Pelo que, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste» (Hebreus 10:5);

«Ele mesmo edificará o templo do SENHOR, e levará a glória, e assentar-se-á, e dominará no seu trono, e será sacerdote no seu trono, e conselho de paz haverá entre ambos.» (Zacarias 6:13);

«Depois disso, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há-de ir por nós?» (Isaías 6:8);

Embora Isaías tivesse dito: “envia-me a mim”, verificamos que quem foi enviado de entre Deus foi o Senhor Jesus Cristo.

Por esta razão é que a mensagem da Graça de Deus, no cumprimento do Decreto de Deus, é enviada por parte de “Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo”, porque é no Pai e no Filho que assenta este glorioso e eterno Plano. Por essa mesma razão é que todas as Epístolas de Paulo, que têm os ensinos de Deus para o “Corpo de Cristo” começam com “graça e paz da parte de Deus e do Senhor Jesus Cristo”.

2.3 – O Espírito Santo

Qual é a descrição do papel do Santo Espírito neste Plano Eterno de Deus? Vejamos alguns textos:

«Quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus...» (Hebreus 9:14).

Acerca deste assunto, leiamos o que Arthur Pink escreveu:

«Menos é explicitamente revelado na Escritura relativo à pessoa do Espírito Santo, pois Ele não nos é apresentado objectivamente como o Pai ou o Filho, na medida em que Ele habita e trabalha dentro dos santos. No entanto, abundantes e claras provas são dadas nos oráculos sagrados que Ele é Deus, co-essencial, co-igual e co-glorioso com o Pai e com o Filho. Com um exame cuidadoso das Escrituras e a comparação de umas passagens com outras irá demonstrar estes factos. Como é um grave erro concluir – como é feito por alguns os teólogos – e pensar no Espírito Santo como a terceira pessoa da divindade, ou que Ele não é tão sábio ou inferior a qualquer um dos outros dois. Se em Mateus 28:19 e II Coríntios 13:14 Ele é mencionado depois do Pai e do Filho, em Apocalipse 1:4-5 Ele é referenciado (como "os sete Espíritos", o Espírito em sua plenitude), antes de Jesus Cristo; Também em I Coríntios 12:4-6 e Efésios 4:4-6 Ele é referido antes do Filho e do Pai. Essa variação da ordem de manifestação do seu co-igualdade pode ser indiferenciada, senão pelo valor do contexto e da mensagem que se pretende dar por ele. Assim, como a igualdade com o Pai e com o Filho, o Espírito Santo também deve ser "o Deus da paz", o que é evidenciado pela sua comunicação divina da paz aos corações dos redimidos. Quando ele desceu do céu sobre o nosso Salvador, quando foi baptizado, o Espírito Santo se manifestou em forma de uma pomba (Mateus 3:16), o pássaro da paz.»

«O Pai, no cumprimento da sua parte do contrato, e conferindo a recompensa prometida, assegura a sua conclusão pelo que é totalmente revelado no Novo Testamento. O Espírito Santo foi a testemunha e gravador desse pacto.» – Arthur Walkinston Pink, in “Gleanings From Paul – Prayer for Peace”.

Primeiramente, em relação à Divindade, o Espírito Santo é como um observador do Acordo estabelecido entre o Pai e o Filho no Eterno Conselho de Deus, como uma autêntica testemunha. Neste sentido o Espírito Santo assume um papel de Selo do Acordo e Penhor do Seu cumprimento, à semelhança das Sua funções no desempenho da execução da obra de Deus na Edificação do “Corpo de Cristo” (Efésios 1:13-14). Por esta razão é que o Espírito Santo está em todos os momentos das intervenções do Pai e do Filho, confirmando-as, inclusivamente na cruz do Calvário: é a unção![4]

«Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude» (Actos 10:38);

«Amaste a justiça e aborreceste a iniquidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros» (Hebreus 1:9).

Por sua vez, na realização da obra de Deus na edificação do “Corpo místico de Cristo”, o Espírito Santo assume as mesmas funções e acções que teve para com o “Corpo” físico de Cristo:

«Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adopção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus» (Romanos 8:15-16);

«Mas o que nos confirma convosco em Cristo e o que nos ungiu é Deus, o qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações» (II Coríntios 1:21-22);

«…Em Cristo; em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória» (Efésios 1:13-14).

Ou seja: O Espírito Santo unge, confirma, aplica, sela, baptiza e garante cada membro do “Corpo” em Cristo: na identificação com a Pessoa (cabeça), com a posição, com os direitos e privilégios.

De uma forma resumida, e relativamente às determinações do Conselho Eterno acerca de Si mesmo, isto é, de Deus – poderemos concluir – se nos é permitido por Deus fazer tremenda dedução – com a seguinte afirmação:

O Pai assegura a pré-existência da posição da Divindade, enquanto o Filho se despe de toda ela ao se fazer homem; o Espírito Santo é a Testemunha e quem faz a confirmação deste Concerto da Graça.

Uma prova desta conclusão é o facto de todos os planos se cumprirem em Cristo, mas como Homem, e nunca como Deus.

«Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade» (Colossenses 2:9).

(3) Definição de Um Corpo:

«Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas» (Efésios 2:10, JFA, RA);

«Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em caridade, e nos predestinou para filhos de adopção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado» (Efésios 1:4-6);

«E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto. Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogénito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou» (Romanos 8:28-30).

a) Deus vai formar, em Cristo, um corpo espiritual, espectacular e glorioso de remidos pela demonstração da Sua graça, para o louvor e glória da Sua graça (Efésios 2-3; 5:25-27; Colossenses 3);

b) Deus vai dar a partilhar a este Corpo de Cristo a Sua posição, para exaltação da Sua Graça (Efésios 2:4-10; Filipenses 3:20-21);

c) Deus vai conceder a este Corpo de Cristo as funções da Sua Divindade na gestão da Criação, primeiramente no “século vindouro” e, posteriormente, nos “novos céus e na nova terra” (Romanos 8:17-30; Colossenses 3:1-4; Filipenses 3:20-21; I Coríntios 6:1-4);

i. O Corpo em Relação à Criação Espiritual de Deus: O Corpo fiscaliza o ministério dos anjos;

ii. O Corpo em Relação à Criação Natural de Deus: O Corpo fará a ligação da experiência das bênçãos espirituais de Deus com as demais criaturas e criação (Romanos 8:14-21; Efésios 1:3; 2:4-10; 3:8-11; Filipenses 3:20-21; Colossenses 3:3-4).

O Decreto Eterno de Deus

É Declarado um Decreto, para dar cumprimento a este Plano: O Mandamento Imperial de Deus acerca do “Corpo de Cristo” (grego: Strong: 2003 epitagh epitage, de 2004; TDNT-8:36,1156; n f – 1) injunção, mandato, comando; “Edito Imperial” – William Barclay).

«Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos esteve oculto, mas que se manifestou agora e se notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da fé, ao único Deus, sábio, seja dada glória por Jesus Cristo para todo o sempre. Amém!» (Romanos 16:25-27).

«Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, segundo o mandado de Deus, nosso Salvador, e do Senhor Jesus Cristo, esperança nossa» (I Timóteo 1:1);

«Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade, em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos, mas, a seu tempo, manifestou a sua palavra pela pregação que me foi confiada segundo o mandamento de Deus, nosso Salvador» (Tito 1:1-3).

Este termo não pode ser confundido com “mandamento”, no sentido de “Lei de Moisés” (grego: Strong: 1785 entolh entole, de 1781; TDNT-2:545,234; n f = 1) ordem; 2) mandamento, regra prescrita de acordo com o que uma coisa é feita.)

Este termos empregue por Paulo é mais que “mandamento”, no sentido de “regra de vida”. É uma ordem soberana, um édito imperial, prescrito “antes dos tempos eternos”, desde o Conselho Eterno de Deus. No grego secular esta palavra foi utilizada para se referir aos Éditos Imperiais de Faraó do Egipto e, na Septuaginta, o mesmo termo é utilizado três vezes, sendo uma vez empregue no Edito de Assuero (Ester 1:8) e no Édito de Nabucodonosor (Daniel 3:16) – WB.

INTRODUÇÃO:

A Importância do Decreto do “Corpo” nos Decretos de Deus: O Lugar do “Corpo de Cristo” nos Decretos de Deus – Anterior ao Decreto dos Anjos >> Anterior ao Decreto da Criação >> e, anterior ao Decreto da Terra >> e ao Decreto da Criação do Homem (Profecia).

Desde a reforma que tem havido uma continuada disputa sobre a lógica da ordem de decretos de Deus sobre os eleitos, especialmente em relação à queda de Adão. Se alguém entender que o decreto relativo à eleição do “Corpo” como sendo anterior à permissão da queda de Adão, então é “supra-lapso”[5] (antes do lapso, pré-lapso, ou seja “pré-queda”); se se entender que o decreto relativo à eleição é subsequente à permissão da queda de Adão, então é infra-lapso ("após o lapso", ou seja “pós-queda”). Beza de Genebra, discípulo de Calvino, foi um dos primeiros a formular o ponto de vista da “pré-queda”, mas a maioria da comunidade dos "reformadores" manteve-se a defender o ponto de vista do pós-queda (infra-lapso).

Se examinarmos os argumentos de Beza, e repetidos pelos seus adversários (como Charles Hodge, em Teologia Sistemática), eles são baseados em passagens como Efésios 3:10-11. A nossa suposição, sem ter examinado Beza directamente, é que todos os seus argumentos são baseados nas escrituras paulinas.

Presumem, os ensinadores da comunidade não reformada (“pós-queda” – infra-lapso – “universalistas”)[6], que a eleição é unitária e monolítica (de esperança eterna final única, por exemplo, sem um lugar de destaque para Israel ou para o Corpo de Cristo), baseando-se no facto de os escritos de Paulo não passam de uma décima sexta parte da Escritura, por volume. No entanto, e em contra-ponto daquela posição, a posição da comunidade reformada contra o ponto de vista da pós-queda (infra-lapso) parece razoável, nas seguintes condições:

(1) O Corpo de Cristo como está descrito em Paulo, é realmente anterior (supra) a todos os decretos e lapsos, ou seja, a decisão de eleger o Corpo é anterior ao facto de permissão da queda de Adão, mas também da criação dos anjos e da queda de Lúcifer, da criação do Universo, da criação da Terra, da criação do homem e da eleição de Israel;

(2) Israel e os gentios, conforme descrito nos escritos extra Paulo, são, na verdade pós-queda (infra-lapso), ou seja, a decisão de eleger a nação de Israel e as Nações é posterior ao facto da permissão da queda de Adão[7]. É claramente o caso de Israel: é pós-criação, na verdade pós-Terra, em posição lógica (anterior ao facto cronológico). Mas, será Israel pré-queda (infra-lapso)? Hebreus 4:3 cf. 3:11 esclarece:

«Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso, tal como disse: Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso; embora as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo. Porque, em certo lugar, disse assim do dia sétimo: E repousou Deus de todas as suas obras no sétimo dia» (4:3-4).

«Por isso, me indignei contra esta geração e disse: Estes sempre erram em seu coração e não conheceram os meus caminhos. Assim, jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso» (3:10-11).

Mas as obras que estão em referência foram concluídas com a fundação do mundo, conforme descrito em Génesis 1; então, parece evidente que o Senhor está a colocar a entrada do Israel eleito numa posição logicamente posterior, ou no mesmo ponto da recusa de deixar entrar o Israel réprobo, tornando a posição pós-queda de Israel. Os gentios, por sua vez, parece ser claramente pós-queda, uma vez que são vistos como os restos das linhas dos pecadores eleitos nos decretos de sua eleição (por exemplo, Amos 9:12). Então eles são contemplados, logicamente, após a queda de Adão e seus descendentes Gentios.

(3) O mérito desta questão é decidido por meio da avaliação que as Escrituras dão a esta posição, que têm total apoio.

Neste estudo, as premissas (1) e (2), estão provadas: o decreto de escolher o Corpo de Cristo é anterior à decisão de criar a universo, ou seja, a lógica da posição correcta para o corpo é "pré-criação"(que ipse facto implica supra-lapso, i.e. pré-queda dos anjos e da criação, da terra e dos homens); a posição correcta de Israel e das Nações é "pós-criação” e até mesmo “pós-queda”. Assim, nós repudiamos tanto a presunção de sentido unitário, eleição unitária (não reformada, diga-se, universalismo), como os argumentos que usam para a apoiarem.[8]

Em relação aos anjos, vamos usar a terminologia pré-criação como uma alternativa ao termo “supra-criação”, e pós-criação como uma alternativa à “infra-criação”. E podemos dizer que o decreto da criação dos anjos, é pós-criação e pré-lapso, ou seja, a criação dos anjos foi decretada (decidida) depois da criação do Segundo Céu (ou, pelo menos, em simultâneo), e pré-criação da criação da Terra e da criação de Adão. Job 38:4-7 diz:

«Onde estavas tu quando eu fundava a terra? …quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam?»[9]

Nesta ordem de ideias, o Decreto dos Anjos é pós-Corpo (posterior ao Decreto do “Corpo de Cristo” e pré-terra (supra-Terra) e pré-Adão (supra-Adão). Ou seja, em relação ao “Corpo de Cristo”, o decreto dos anjos é posterior ao decreto do “Corpo de Cristo”.

Nesta ordem de ideias, devemos concluir que o Decreto do “Corpo de Cristo” por ser anterior ao decreto dos anjos, ele é superior na ordem e na importância. Sendo assim, pela mesma ordem de ideias, o seu decreto (dos anjos) e os seus contemplados (os anjos) estão numa ordem de importância inferior ao decreto eterno do Corpo de Cristo e aos seus contemplados. Por sua vez, o decreto dos anjos, por ser anterior ao decreto da Terra e do homem, é superior em ordem e em importância em relação a estes. E é isso mesmo que verificamos no ministério dos anjos: a criação, a terra e o homem (no quadro da Profecia) estão dependentes do seu ministério.

Também, o decreto dos Anjos é pós-criação do Universo, mas pré-lapso da sua queda. Ou seja, a decisão da criação dos anjos é anterior à permissão da sua queda e anterior ao decreto da sua condenação:

«Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos» (Mateus 25:41).

Ou seja, o “fogo eterno” foi criado “pós-queda” de Satanás e “pré-queda” de Adão!

Génesis 1:1-2 diz:

«No princípio, criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas».

Conjugado com Isaías 45:18, que diz:

«Porque assim diz o SENHOR que tem criado os céus, o Deus que formou a terra e a fez; ele a estabeleceu, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada: Eu sou o SENHOR, e não há outro».

Tem levado alguns estudiosos das Escrituras a concluir que a terra ficou “sem forma e vazia” após a queda de Lúcifer.

A título de resumo, podemos concluir que o “Decreto do Corpo de Cristo” é anterior a todos os demais decretos de Deus, se bem que foi o último a ser revelado. O Decreto dos anjos eleitos é pós-Corpo de Cristo e pré-terra, pré-homem e pré-queda do homem. Por isso, eles serão pré-queda, na posição lógica dos anjos. Israel foi ordenado em pós-terra e pós-queda, e mesmo pós-reprovação dos Gentios (Génesis 10-11), e por isso é infra-lapso (pós-queda) na sua posição lógica. A designação dos gentios eleitos (salvos) foi ordenada na sequência da decisão de ordenar Israel, como os beneficiários secundários da ordenação de Israel, depois da Sua revolta na torre de Babél. Por isso são pós-queda na sua posição lógica.

I. O DECRETO DO FILHO:

O Filho como Cabeça da Igreja e como O Primogénito da Criação.

Com base nalguns textos sagrados já citados, poderemos verificar alguns pressupostos:

(1) O Filho procede eternamente do Pai, e ainda reside no seio do Pai;

(2) A relação entre o Pai e o Filho tornou-se – em parte – sujeita às restrições das criaturas, de matéria, de espaço e do tempo. Quando o Filho se manifestou como um Ancião de Dias, e esse acto é chamado de "nascimento". Ou seja, o verdadeiro “nascimento” do Senhor não foi quando Ele se tornou Homem, mas quando Deus se tornou o “Filho”, antes da fundação do mundo, na eternidade, e como resultante do Acordo do “Conselho de Deus”. Podemos dizer que este é o segundo princípio da nossa introdução: quando o Filho assumiu esse papel ao dar início ao grande Plano do Conselho Eterno de Deus. É a este momento que João se refere, quando diz: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João 1:1). E, neste cenário foi dado iniciou a criação. Assim, o Filho se tornou o Primogénito e o Princípio da toda a criação (Colossenses 1:15-17).[10]

(3) O Decreto de Deus para manifestar o Filho como o Ancião dos Dias ou, simplesmente O “Filho”, ou o “Verbo/Logos” é anterior ao Decreto para criar o universo (Provérbios 8:22-31; João 17:5).

(4) O resultado do Decreto é a união das duas naturezas na Pessoa de Cristo: humana e divina (por exemplo, Colossenses 1:18-20; Apocalipse 1:13-18); Cristo como o Filho encarnado foi decretado antes do decreto de criação do universo.

(5) O resultado do Decreto é, ainda, a identificação do Corpo de Cristo com a Pessoa de Cristo como a plenitude da Sua humanidade e da Sua Divindade (Efésios 1:23, Colossenses 2:10[11] [grego: O Corpo é a Sua plenitude] – na posição: Efésios 2:6, na glória: Filipenses 3:20-21 com Efésios 5:25-27, nos privilégios: Efésios 1:3, na herança: Romanos 8:16-17, 32, nas funções: Filipenses 3:20 c/ I Coríntios 6:2-3, no carácter: Efésios 1:4; 5:25-27); assim, o Corpo de Cristo foi decretado antes do Decreto para a criação do universo.

(6) Mas isso, o Senhor assumiu a posição de “Primogénito da Criação” depois de ter assumido a posição de “Cabeça da Igreja”. Por essa razão é que a dimensão material da criação é sujeita no tempo e na importância à dimensão espiritual da Igreja “Corpo de Criso”.

Vamos, agora, construir essas últimas conclusões de uma maneira alternativa: comparar o conteúdo (linguagem) dos Decretos sobre o Corpo de Cristo e os Decretos sobre Israel.

II. O DECRETO DO “CORPO DE CRISTO”

Lugar Do Corpo De Cristo Nos Decretos De Deus – O Decreto Anterior À Fundação Do Mundo

Primeiramente, e analisando as ocorrências dos termos "antes" e "de" (durante) nos textos relativos a cada uma das três ordens ou grupos de eleitos da redenção, poderemos obter as conclusões lógicas inevitáveis, que serão reforçadas nas próximas subsecções.

O primeiro pensamento, neste Decreto Eterno, é que o Corpo de Cristo é pré-criacional e está pensado por Deus e definido pelo Conselho de Deus desde antes da fundação do mundo.

(1) Cristo e o Seu Corpo foram escolhidos antes da fundação do mundo (do Cosmos).

(A) Cristo é descrito como antes da fundação do mundo: Provérbios 8:22-31; João 17:5, 24, I Pedro 1:20; Filipenses 2:6-7.

(B) O Corpo é descrito como escolhido antes da fundação do mundo (do cosmos), nos tempos eternos (Efésios 1:4, cf. 4-23, II Timóteo 1:9) e, consequentemente, a sua peculiar Escritura, a “revelação do Mistério” revelada e confiada ao Apóstolo Paulo, também por Decreto de Deus, e decididos, também, antes da fundação do mundo (I Coríntios 2:7) e antes dos tempos eternos (Tito 1:1-3).

Tais expressões ocorrem somente em relação a Cristo e ao Seu Corpo, e estão unicamente descritos no Evangelho de Paulo. Os membros do Corpo são geralmente chamados filhos maduros e são oficialmente rotulados como filhos maduros pelo Decreto de sua eleição (Efésios 1:5).

(2) Israel, diferentemente do Corpo, é escolhido depois da fundação do mundo (do cosmos) (Hebreus 4:3; 9:26; Apocalipse 13:8; 17:8) e, portanto, sua peculiar Escritura: a Lei da primeira geração, os Escritos dos antigos Profetas da segunda geração, os quatro Evangelhos, Actos dos Apóstolos e Epístolas de terceira geração e Apocalipse são o registo dos referidos Decretos revelados, que foram ordenados desde ou a partir da fundação do mundo (do cosmos) (Mateus 13:35-36; 24:31; Lucas 1:70; 11:50; Actos 3:21).[12]

Os membros de Israel são chamados geralmente crianças (ou bebés, no caso da Terceira Geração), e são oficialmente rotulados meninos no decreto de sua eleição (João 1:12; I João 3:1 – “filhinhos”).

(3) Por sua vez, os gentios são escolhidos desde a fundação do mundo (do cosmos) (Mateus 25:34[13]; Amos 9:9-12; Lucas 11:50 – “de Abel”).

Os gentios santos são oficialmente rotulados escravos no decreto de sua eleição (Amos 9:12, cf. Isaías 14:13; 54:3; 60:1-22; 61:4-6; Mateus 15:21-28; Apocalipse 2:26-27.

(4) Para sermos mais completos, podemos constatar que os anjos eleitos fazem parte, aparentemente, do decreto pós-céus e da pré-terra: Job 38:4-11.

Pontos lógicos: Se insistirmos na interpretação da fundação do cosmos nestas passagens, de forma consistente, e devemos, e se nós acreditarmos que Deus sabe de antemão tudo o que vai fazer e acontecer à Sua – e na Sua – Criação (por exemplo: Isaías 14:27; 46:9-11), então, somos forçados a concluir o seguinte:

Fundação do Mundo, nas referências citadas em (2 e 3) não é um ponto no tempo, simplesmente, mas sim um ponto de vista lógico, e estas referências remetem para a ordem lógica nos Decretos de Deus no seu próprio pensamento. Ou seja, o Pai decidiu a criação em primeiro lugar, e elegeu a Israel e aos gentios, depois. Fundação do Mundo, também, é um ponto de ordem lógica nas referências citadas em (1), e essas referências se referem também à ordem lógica dos Decretos de Deus no seu próprio pensamento. Ou seja, o Pai decidiu Cristo e o Seu Corpo em primeiro lugar e, só depois, a criação.

Há outro facto que nos ajuda a entender a prossecução deste processo: Nesta operação de Deus para o “Corpo de Cristo” não há qualquer tipo de intermediários. Deus pensou neste plano no Conselho da Sua Vontade e definiu o Programa para a Sua realização. A execução deste programa é feita directamente e pela interferência directa do Senhor sobre ele. E, nem poderia ser de outra maneira, uma vez que, de acordo com a revelação de Deus, só o “Corpo de Cristo” é que foi objecto do Plano de Deus desde antes dos tempos eternos. E tudo foi pensado ao pormenor. Daí que, não é concebida qualquer intervenção dos anjos sobre o “Corpo” porque eles não faziam parte do Plano nem do Programa de Deus, ou seja, a sua existência. Eles foram pensados mais tarde – se bem que criados antes do Corpo no facto histórico (o mesmo com os crentes da Profecia).

Relativamente ao Plano de Deus para a Terra, que passa pelo homem, desde Adão, é diferente. Este Plano para o homem só foi pensado por Deus “depois da fundação do mundo”. Este Plano, também é diferente do Plano do “Corpo de Cristo”, porque não faz parte de qualquer segredo de Deus, mas sempre foi revelado na Profecia. Além disso, este plano de Deus para a Terra e para o homem, no quadro da revelação profética, passa pelo ministério dos anjos. Deus nunca trabalhou directamente com o homem, na execução do Seu programa profético. Mesmo naquelas ocasiões que parece ser dito que Deus esteve em contacto directo com o homem, é esclarecido mais tarde que houve um intermediário angelical. Exemplo disso foi a entrega da Lei a Moisés, no monte do Sinai. A bênção de Deus, desde a purificação e perdão de pecados passava pelo ministério dos anjos. No entanto, como estas bênçãos foram pensadas, planeadas antes de tudo para “Corpo de Cristo”, então, tudo aquilo que o mundo receber de Deus o será por benefício da Igreja, por participarem daquilo que o Senhor previu e realizou para a Igreja “Corpo de Cristo”. E, não será ousado dizer, ainda, que o será pelo ministério do próprio “Corpo de Cristo” glorificado, uma vez que os anjos e o ministério dos anjos estão e estarão sob a supervisão e administração do mesmo “Corpo de Cristo”.

O VOCÁBULO "PRÉ" REFERIDO EM RELAÇÃO AO CORPO DE CRISTO.

A revelação do Decreto de Deus acerca do “Corpo de Cristo” e da pessoa de “Cristo” em relação ao Seu “Corpo” místico vem revelar que tudo foi pré-definido no Conselho Eterno de Deus, antes dos tempos eternos. Isso é demonstrado nos vocábulos próprios que são empregues nos escritos de Paulo, na revelação do “Evangelho de Paulo”. Alguns são termos que poderemos denominar de “pré-palavras" ou palavras que são usadas com o prefixo “pré”, outras são seus equivalentes, ou seja, pela frase ou contexto verificamos que se trata de algo previamente determinado. Estas “pré-palavras” são usados em relação ao Corpo de Cristo, e "não" apenas a Cristo, pessoa. Por outras palavras, há uma série de palavras que são usadas exclusivamente a Cristo e/ou ao seu corpo e expressam o lugar lógico do pensamento de Deus, acerca de Cristo e do Seu Corpo, no Conselho Eterno de Deus.

Apresentamos, agora, uma tentativa de correlacionar os pré-vocábulos relativos ao Corpo de Cristo, e também verbos que, pelo seu contexto, ocorrem com o mesmo sentido e significado de “pré” palavras, e por vezes actuando como sinónimos das mesmas, na tentativa de compreender a lógica do pensamento de Deus, quanto ao que foi determinado no Eterno Conselho de Deus.

Relativamente aos verbos, no grego, não tendo escrito explicitamente o prefixo "pré", mas quando o contexto o exige, devem ser entendidos como tal. São exemplos disso: (1) quando têm uma sequência lógica de um “pré” termo utilizado; (2) quando ocorrem antes da preposição ou das "pré" palavras, mas seguem uma sequência lógica; (3) o uso do tempo aoristo em acções vistas como consequentes explícita e logicamente das "pré" palavras e com cumprimento ainda no futuro; e, (4) verbos que estão explícitos e em paralelo com os "pré" verbos e “pré” termos, etc..

2.1 – Em Relação ao Filho:

(1) “Pré-Amado” (grego: Strong: 25: agapaw agapao).

«Nos escolheu nele antes da fundação do mundo… em amor nos predestinou para ele… graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado» (Efésios 1:4-6).

Poderemos verificar que, no Conselho de Deus, ficou definido todas as coisas, e a primeira que sobressai é que o Filho é o Amado. Podemos dizer que o Senhor Jesus Cristo é o Pré-Amado. E esta intimidade entre Pai e Filho estão patentes nas palavras do Senhor Jesus Cristo em João 17:5, 24-26:

«5 E, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo».

«24 ¶ Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória[14] que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo. 25 Pai justo, o mundo não te conheceu; eu, porém, te conheci, e também estes compreenderam que tu me enviaste. 26 Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja».[15]

(2) “Pré-Centralizado” (grego: Strong: 4388: protiyhmai, protithemai) – literalmente “pré-colocado” na posição de centralizar todas as coisas na nova Criação de Deus:

«Desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera <4388 = pré-propusera> em Cristo de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra» (Efésios 1:9-10).

Ou seja, Deus pretendia fazer um mundo em que o Filho seria o centro, a base e o propósito da sua existência. Conforme Colossenses 1, diz: «Pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.» (16-17). No entanto, é revelado mais que esse propósito se concretizará não no presente mundo de sombras e figuras, mas na “dispensação da plenitude dos tempos” e com a intervenção da Igreja “Corpo de Cristo” – Assim no grego: “en tw cristw” – em o Cristo”[16].

(3) “Pré-propiciado” (grego: Strong: 4388: protiyhmai, protithemai) – literalmente “pré-colocado” em propiciação: Romanos 3:25, conforme propiciação de Israel (I João 2:2). O Senhor foi previamente colocado por Deus como propiciação pelos nossos pecados. A mesma palavra é usada em Romanos 1:13 e Efésios 1:9.

«A quem Deus propôs <4388 = pré-propôs>, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos» (Romanos 3:25).

Isto é referenciado por Pedro:

«Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, o qual, na verdade, em outro tempo, foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado, nestes últimos tempos, por amor de vós» (I Pedro 1:19-20).

Esclareça-se que, embora Pedro refira que a morte do Senhor Jesus Cristo estivesse prevista antes da fundação do mundo não quer dizer que ele o refira para a Igreja “Corpo de Cristo”, ou que alguma coisa fosse prevista antes da fundação do mundo para Israel. Pelo contrário: como já referimos e verificaremos mais detalhadamente à frente, a morte do Senhor Jesus Cristo só foi prevista antes da Fundação do mundo para a Igreja “Corpo de Cristo”; e, o verdadeiro sentido, significado e propósito da morte do Senhor só está contido no Decreto eterno de Deus, para a Igreja “Corpo de Cristo” cuja revelação só se encontra contida no “Evangelho de Paulo”. Pedro, com esta referência só está a demonstrar que compreendeu isso e, como representante do Reino e da Profecia, aceitou que é beneficiário – ele e quem ele representa (os crentes da Profecia) – secundário ou por derivação das bênçãos do “Corpo de Cristo”. Como os gentios receberão as bênçãos como as “migalhas” de Israel, Israel e os gentios recebem as bênçãos de Deus como as “migalhas” do “Corpo de Cristo”.

2.2 – Em Relação ao Corpo:

(1) “Pré-pecado” (grego: Strong: 4266: proginomai, proginomai) – literalmente, ter “pré-ocorrido” pecados: Romanos 3:25. Este termo ocorre somente aqui no NT. Esta preposição “pré” significa a ordem lógica que é indicada pelo verbo que ocorre no tempo perfeito! Veja abaixo os comentários que usam este versículo para resolver os chamados "problemas lógicos" de qualquer posição supra (pré)[17].

«A quem Deus propôs (pré-propôs), no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos <4266 = pré-cometidos>» (Romanos 3:25)[18].

(2) “Pré-expiação” (grego: Strong: 3929 paresiv, paresis – de 2935; TDNT-1:509,88; acto de passar por alto, de deixar passar, de negligenciar, de desconsiderar) por força do contexto de Romanos 3:25. Depois da passagem lógica do pré-pecado e da pré-propiciação, seque-se, na mente de Deus, a “pré-expiação”. Daqui resulta também que o corpo é logicamente pré-propiciado, ou pré-remido.

«A quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes <3929> os pecados anteriormente cometidos» (Romanos 3:25).

(3) “Pré-paternidade” (grego: propatora, propatora) – literalmente Abraão nosso pré-pai, segundo a carne: Romanos 4:1. Este termos é usado unicamente aqui na Escritura, na tradução dos LXX, e mesmo nos apócrifos. Abraão é o pai do Corpo, antes de ser pai de Israel, ou seja, ele é nosso pai no seu estado de pré-circuncisão. Ou seja, o facto do Senhor o salvar antes da circuncisão estava mais em sintonia com o propósito do Cristo de Cristo e para o qual a sua salvação apontava como figura, do que com a nação de Israel, do qua todos descendem segundo a carne.

«Que diremos, pois, ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne?

(4) “Pré-escolhidos”. Expressão que, embora não tenha o prefixo “PRÉ”, o contexto obriga a entender o verbo como tal. Deus elegeu os membros do “Corpo de Cristo” mesmo antes de eles terem nascido!

«Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor…» (Efésios 1:4).

(5) “Pré-amados”, “pré-redimidos”, “pré-perdoados”. Segundo Efésios 1:5-6, o Amado é colocado na ordem lógica entre os escolhidos antes da fundação do mundo e a predestinação ou pré-determinação, então poderemos perceber que somos pré-amados, segundo o “beneplácito que pré-posera em Cristo” (grego: Strong: 4388 protiyhmai protithemai – “colocado antes”). Assim, a ordem lógica em Efésios 1 é: pré-escolha – o pré-amor – o pré-destino. Os outros termos de “pré-palavras” são equivalentes e o sentido deve ser retirado a partir do contexto.

«Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele; e em amor nos predestinou para ele, para a adopção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, 6 para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado, em amor…» (Efésios 1:4-6).

(6) “Pré-Redimidos” – Na sequência da linguagem do Apóstolo em Efésios 1, e se estamos pré-escolhidos por Deus, e se estamos pré-destinados para filhos, então, já temos a “pré-expiação” ou estamos expiados por antecipação do Conselho Eterno de Deus” e de acordo com o Decreto Eterno de Deus: “Em quem temos a redenção, pelo seu Sangue…” (Efésios 1:7). Até, porque, Cristo já tinha pré-morrido… (I Pedro 1:20);

(7) “Pre-destinado” / “Pre-determinado” (grego: Strong: 4309 proorizw, proorizo) – termo utilizado somente em relação aos membros do Corpo: Romanos 8:29-30; I Coríntios 2:7; Efésios 1:5, 11. Uma outra ocorrência deste termo é excepcionalmente utilizada por Pedro, mas para se referir à pré-determinação da morte do Senhor Jesus Cristo – Actos 4:28. Conforme Lucas 1:70 e Apocalipse 13:8 não implica que se reporte ao Conselho da eternidade, mas “depois da fundação do mundo”, por se tratar no quadro profético. Vejamos as suas ocorrências:

a. Pre-destinados para sermos conforme a imagem do Filho: «Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogénito entre muitos irmãos» (Romanos 8:29);

b. Pré-destinados para participarmos da glória do Filho: «E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou» (Romanos 8:30);

c. Pré-destinados para participarmos do Propósito de Deus no Filho: «Mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória» (I Coríntios 2:7);

d. Predestinados para termos o estatuto do Filho, como filhos: «Nos predestinou para ele, para a adopção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade» (Efésios 1:5); e,

e. Pre-destinados para sermos herança exclusiva de Deus (mais que herdar, somo herança de Deus): «Nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade» (Efésios 1:11).

(8) “Pré-esperança” (grego: Strong: 4276 proelpizw, proelpizo), ou seja, “esperança antecipada” (Efésios 1:12)[19]. Analisando este termo, ele deve ser entendido na sua ordem lógica – antes da ordem cronológica, no tempo abstracto. O Corpo foi ordenado para uma “pré-esperança” que seria consumada no Terceiro Céu, no Trono de Deus, de acordo com o versículo 11. Pré-esperança, no sentido da revelação do Mistério, não é uma expectativa abstracta, mas é algo já preparado antecipadamente por Deus (Efésios 1:10) e reservado exclusivamente para o “Corpo de Cristo”. É uma esperança (propósito nos factos) já preparada previamente por Deus, antes de ter criado os céus (o segundo céu – o espaço dos anjos) e a terra (espaço dos homens da profecia), que é o terceiro céu, o paraíso, os lugares celestiais, a presença de Deus, o lugar “em Cristo”[20].

(9) “Pré-Preparado” (grego: Strong: 4282 proetoimazw proetoimazo), ou seja: preparado antecipadamente.

a. “Criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou antecipadamente…” (Efésios 2:10). As “boas obras” preparadas antecipadamente por Deus, no Conselho da Sua vontade, são as funções destinadas para o “Corpo de Cristo” nos “séculos vindouros” (verso 7), conforme “vossa vida está escondida com Cristo em Deus” de Colossenses 3:3-4.

b. “Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios!» (Romanos 9:23-24). Conforme Efésios 2:10 – “Somos pré-feitura Sua…” para as “pré-obras” preparadas por Deus!

Note-se que os vasos de ira não são pré-preparados (verso 22); mas os membros do “Corpo de Cristo” são pré-preparados!

(10)“Pré-promessa” / “pré-declaração” – literalmente, algo “prometido antes dos tempos dos séculos” (Tito 1:1-3).

(11)“Pré-conhecidos” (grego: Strong: 4267 proginoskw, proginosko), “Pré-chamados” (2564 kalew, kaleo), “pré-justificados” (Grego: Strong: 1344 dikaiow, dikaioo), “pré-glorificados” (grego: Strong: 1392 doxazw, doxazo), de acordo com o contexto de Romanos 8:29-30.

a. “Pré-conhecido” (grego: Strong: 4267 proginoskw, proginosko), é um termo exclusivo ao Corpo. Dirige-se directamente aos membros do Corpo, em Romanos 8:29 – “os que dantes conheceu”, de acordo com o seu “pré-decreto” (v. 28), e à pessoa do Senhor Jesus Cristo em I de Pedro 1:20. Em relação ao Senhor Jesus Cristo não era novo, pois o Senhor na Sua oração sacerdotal já o tinha referido (João 17:5 e 24). Outro uso deste termo encontra-se em Romanos 11:2, podendo indiciar uma referência aparente a Israel; pode, realmente, se referir ao remanescente de Israel que ficou neste tempo presente da graça (11:5), e que faz parte do Corpo. Este conhecimento prévio de Deus acerca dos crentes Judeus servem como garantia dos decretos de Deus a respeito a Israel, inclusivamente no concernente à Profecia, já que é Decreto temporal, i.e., posterior ao Decreto Eterno de Deus. Mas esta forma substantiva, com um carácter prognóstico, e de pré-conhecimento, é mista: é o usado em relação a Cristo (Actos 2:23; 4:28) e de Israel (I Pedro 1:2).

b. Pré-Justificados. Se deduz na terminologia empregue pelo apóstolo o seguinte: o tempo do verbo é aoristo, voz activa e modo indicativo, o que indica um facto passado e já consumado, tido como definitivo. Assim, quando fomos justificados no momento que cremos, estamos a confirmar um facto indubitável do pré-decreto de Deus (Romanos 8:28) e da pré-eleição de Deus.

c. Pré-glorificou. O mesmo que se referiu anteriormente, da forma gramatical e das suas conclusões. Quando a Igreja “Corpo de Cristo” entrar na glória, pelo arrebatamento, só está a confirmar um facto que já ocorreu no pré-decreto de Deus.

Assim, no propósito de Deus, e como resultado do decidido no Conselho Eterno de Deus, nos já fomos chamados, justificados e glorificados:

«Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais… vivificados juntamente… ressuscitados juntamente… e juntamente assentados em Cristo Jesus» (Efésios 1:20; 2:5-6 – Assim o grego).

III. AS CONCLUSÕES DO CONSELHO: A HERANÇA DA DIVINDADE

«Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade, com o fim de sermos para louvor da sua glória» (Efésios 1:9-12);

«O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória» (Efésios 1:14);

Existem Três Famílias na Eleição Redentora, porque há Três Pessoas na Divindade, e cada Família é a Herança de uma Pessoa da Divindade.

(1) O Pai herda o Corpo de Cristo, incluindo a sua Cabeça, Cristo: Efésios 1:11a [Grego: Strong: 2820 klhrow kleroo]; 2:19-22 [grego agion = Santo dos Santos = Terceiro Céu], 1:18; 4:4-6 – O Corpo está em paralelo com o Pai; Colossenses 1:12 – Santo dos Santos na Luz. Efésios 2:6 – O Corpo está sentado em e com Cristo no Trono do Pai (cf. 1:19-21). Filipenses 3:20 – grego: politeuma – Politeuma = Assento de Autoridade, Lugar de Administração);

«Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade...» (Efésios 1:9-11).

Ou seja, na eternidade, quando todas as coisas estiverem reunidas em o Cristo, o “Corpo de Cristo” terá uma posição privilegiada na Criação de Deus, sendo a Sua própria Herança.

«O qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu...» (Tito 2:14 – JFA, RA).

(2) O Filho herda Israel directamente (e indirectamente os gentios): Êxodo 19:56 / I Pedro 2:9 (notem que é o Logos / Filho é quem fala com Moisés); Isaías 19:23-25 (falado pelo Memra, a Palavra). Israel está assentado sobre o Trono do Filho: conforme Mateus 25:31 com Apocalipse 3:21 (em geral); Ezequiel 37:24-25 (David no Trono Executivo); Ezequiel 43:7,18-19 – Ezequiel e os filhos de Zadoque sobre o Trono Cerimonial; Isaías 32:1; Mateus 16:19; 18:18; 19:28; Lucas 22:28-30; João 20:23; Actos 5:1-11, 12-16; Apocalipse 21:14. No concreto, Pedro e os doze estarão assentados sobre os doze Tronos como Sinédrio, com Pedro como um Nasi – Líder.

«Pede-me, e eu te darei as nações por herança e os confins da terra por tua possessão» (Salmos 2:8).

(3) O Espírito, portanto, participará na herança dos gentios implicitamente (não nações – povos sob governo), como o meio pelo qual o Filho os irá herdar (Salmos 2:7; Apocalipse 2:26, etc.). O Filho pelo Espírito governará as nações (Isaías 11:1-10), dirigirá os juízes de Israel (Isaías 44:3; 59:21) e, os gentios se assentam nas suas respectivas Nações, em Tronos, distribuídos pelo Espírito (Apocalipse 21:24);

«E acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne...» (Joel 2:28)

IV. “PROBLEMAS LÓGICOS" E “CONCLUSÕES BÁSICAS”.

O objectivo desta construção mental é perceber como Deus pode ordenar um plano acerca de um grupo de criaturas a partir do nada, sem ter necessidade que elas existam; ou como Deus pode ordenar acerca de um grupo de pecadores, sem, necessariamente, ter em mente a sua existência, ou usando termos que impliquem a sua existência prévia, o que parece implorar a questão lógica.

Parece que a solução é bastante simples, uma vez que percebemos que há diferentes ordens lógicas de deduções, e que Deus não age apenas dedutivamente (como pode ser visto no Caso de Lei das Escrituras).

Como ilustração, vamos fazer a seguinte sequência de decisões:

(1) Eu pretendo adquirir um equipamento de vídeo, som e imagem…

(2) Eu pretendo adquirir um equipamento de vídeo, som e imagem… que preencha determinados requisitos, designadamente capacidade de manipulação de energia, largura da banda, padrão de radiação, adaptabilidade, etc.

(3) Eu pretendo adquirir um equipamento de vídeo, som e imagem… com uma série de especificações físicas, nomeadamente dimensões da caixa, drivers, configurações, etc.

(4) Eu pretendo adquirir um equipamento vídeo, som e imagem… que funcione de forma específica, e que tenha determinadas características de funcionamento, use materiais específicos, utilize determinados componentes, etc.

Isso é o que se chama de projecto top-down; seu uso é comum em engenharia.

De forma similar, o Senhor decretou o Corpo como Seus remidos, criaturas que – pela Sua graça – participassem da plenitude da Sua divindade, ANTES de ter/ser decretado a criação do universo, a criação de um homem Adão em particular, ou da sua queda; em outras palavras, O Senhor decretou o Corpo antes de ter decretado todos os meios específicos para concretizar o Seu Plano para o Corpo. A ordem lógica de suas decisões sobre o Corpo parece ser mais ou menos o seguinte:

(5) O Amado deve ser manifestado na forma de uma das Suas criaturas. Ele mesmo se tornou no espaço do terceiro céu – dimensão divina não criada. “Tudo foi criado n’Ele, por Ele e para Ele” (Romanos 11:36; Colossenses 1:15-17);

(6) Ao “Filho” – “Ancião de Dias” é dada uma natureza pessoal das Suas criaturas, que habitaria aquele lugar, o terceiro céu – o paraíso (João 1:1-2, 14, 18; Filipenses 4:5-11).

(7) A natureza, características, funções, privilégios, entre outros factos, próprios do “Filho” - “Ancião de Dias”, seriam alargadas a um grupo de criaturas resgatadas pela Sua graça, que, conjuntamente com Ele e por Ele habitariam o Terceiro Céu.

Essas decisões podem ser tomadas antes de especificar a existência do universo, do homem, e/ou da queda de Adão, etc. Mas, para ser Decretado o Corpo de Cristo, já seria necessário ser especificado a esfera de sua esperança eterna, ou seja, o terceiro céu, ou o paraíso. Este é, de facto, o caso da esperança do Corpo de Cristo: uma esperança específica é ordenada, e então determina que um grupo de eleitos nele habitariam, ou seja, possuiriam esta esperança. Por exemplo, o segundo céu é ordenado antes dos santos anjos serem ordenados, tornando-os pós-segundo Céu e pre-Terra na posição lógica.

As nossas conclusões básicas sobre a ordenação lógica das cinco classes dos Eleitos, incluindo os três grupos de remidos, são as seguintes:

· Cristo na Sua humanidade é supra-lapso na posição total. Ele foi ordenado Filho e Ancião de Dias antes de todas as coisas. O Filho, o Amado, é o primeiro a ser eleito.

· O Corpo de Cristo é supra-lapso na sua posição. O Corpo foi ordenado em pré-criação, em Cristo (no grego: “en Cristw”, dativo de esfera em Efésios 1:3). O Corpo é o segundo na ordem da eleição.

· Os santos anjos foram ordenados em pós-segundo Céu e pré-fundação da Terra. Por isso, eles serão supra-lapso, na sua posição lógica. Assim, os Anjos são os terceiros na ordem da eleição.

· Israel foi ordenado em pós-Terra e pós-Queda, e mesmo pós-Reprovação dos Gentios (Génesis 10-11), e por isso é infra-lapso na posição lógica. Israel são os quartos eleitos na ordem da eleição.

· Os gentios foram ordenados na sequência da decisão de ordenar Israel, como os beneficiários secundários da ordenação de Israel, depois da Sua revolta. Por isso são infra-lapso na posição lógica.

É interessante notar, que, em relação aos eleitos remidos, o princípio que diz: "os primeiros serão os últimos, e os últimos serão os primeiros" parece ser honrada: por exemplo, o Corpo de Cristo foi ordenado em primeiro lugar, mas revelou historicamente em último. Também se aplica aqui o princípio de Hebreus 7:

«Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior» (v. 7).

O Propósito Eterno de Deus

Lugar do Corpo de Cristo na Nova Criação de Deus

O “Corpo de Cristo” ocupa o terceiro nível da hierarquia do Universo, abaixo de Deus e abaixo de Cristo (Efésios 1:18-23; I Coríntios 3:21-23).

Efésios 2:5-10 – “Boas Obras” são as funções pré-preparadas por Deus e que nos vão ocupar nos séculos vindouros, descritas no versículo 7. Não é a vida hoje, mas nos séculos vindouros (7). A dimensão prática o apóstolo fala dela em 4:1 – “Andai segundo a vocação com que fostes chamados…” Ou seja: a nossa vida prática deve ser em função e deve reflectir o nosso carácter e as nossas funções celestiais e da eternidade.

Filipenses 3:20-21

Colossenses 3:3-4 – “Vossa vida está escondida com Cristo em Deus”; vida não só como essência, mas como as nossas funções na eternidade – nos séculos vindouros, conforme Efésios 2:10. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, nós nos nos manifestaremos com Ele, já no exercício das nossas funções gloriosas, conforme Romanos 8:18-23.

O PLANO DO CONSELHO: O PAPEL DA HERANÇA DA DIVINDADE

Reiterar as considerações anteriores

(1) O Corpo supervisiona as hostes angélicas e os renovados/recriados céus.

(2) Israel, sob a supervisão dos anjos, supervisiona as nações na Terra recriada/renovada.

(3) Os gentios cuidam da Terra supervisionar a sua fauna e flora.

[1] Conforme Job 38:4-7, os anjos teriam sido criados juntamente com o segundo céu, esfera do seu domínio, e antes da terra.

[2] Imanente, não no conceito ideológico de algumas religiões orientais, mas como Aquele que se relaciona com a Sua Criação: «Porque nele foram criadas todas as coisas… Tudo foi criado por Ele e para Ele; e Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas e todas as coisas subsistem por Ele» (Colossenses 1:16-17). «Para que buscassem ao Senhor, se, porventura, tacteando, o pudessem achar, ainda que não está longe de cada um de nós; porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração» (Actos 17:27-28). Noutro sentido temos um tipo de “antropomorfismos”: Deus com manifestações como o homem: boca, mãos, dedo, face, etc. ... No entanto, a situação deve ser colocada no inverso: o homem é que tem reacções que reflectem as reacções de Deus!

[3] Não foi o Filho que tomou a forma do homem, mas foi o homem que tomou a forma que Deus assumiu para o Filho no Conselho Eterno de Deus: criação natural e espiritual: Romanos 8:29; Colossenses 3:10-11.

[4] A Unção está relacionada com a confirmação: I Coríntios 1:21.

[5] Entenda-se “lapso” como o facto que originou uma ruptura: a queda de Lúcifer, a queda de Adão, a queda dos gentios e a queda de Israel; daqui resultou a preservação dos eleitos: do Corpo, dos Anjos, de Israel e dos Gentios.

[6] Os universalistas consideram que o Senhor só elegeu os salvos depois da queda; coloca o Senhor sujeito à circunstâncias do facto da ruptura. As Escrituras, pelo contrário, e isto aplica-se a todos os programas de Deus, coloca a eleição e a predestinação dos salvos antes do lapso e os perdidos após o lapso. Romanos 9:22-23 esclarece: Os vasos de misericórdia são pré-preparados; os vasos de ira são pós-preparados.

[7] O plano de Deus para a nação de Israel vem na sequência da profecia de Génesis 3:15, de o Senhor restaurar a Terra por causa da queda de Adão; sendo assim, concluímos que é “pós-queda”. Todos os momentos determinantes da revelação profética é “depois ou desde a fundação do mundo” (grego: Strong: 575 Apo Apo, i.e. “após”, “depois”, desde” - Mateus 25:34; Lucas 11:50; Hebreus 4:3; 9:26; Apocalipse 13:8; 17:8). Comparar as “coisas preparadas” por Deus para o “Corpo” – pré-preparado antes da fundação do mundo (I Coríntios 2:9), com as preparadas “após a fundação do mundo” para a Terra (Mateus 25:34).

[8] Em relação à Profecia e ao plano terreno, a ordem é sempre “pós-lapso”: salvação de Adão depois da sua queda; a chamada de Israel após a queda dos gentios (na torre de Babel); a rejeição do Israel rebelde após a sua queda; e a salvação dos gentios através de Israel.

[9] Na revelação profética os anjos estão relacionados com as estrelas: Job. 38:7; 25:5; Salmo 147:4; 148:3; Isaías 14:12, 13; Daniel 8:10; Mateus 2:2; I Coríntios 15:41; Apocalipse 1:16, 20; 2:1; 8:10; 9:1; 12:4. O espaço sideral, o espaço estrelar é a principal esfera de acção dos anjos. Este é o seu domínio. É o espaço que é designado, genericamente, como o segundo céu. Muito provavelmente cada anjo estará relacionado ou identificado com uma estrela. Por isso é dito que a queda de Lúcifer, a “estrela da manhã” afectou uma terça parte das estrelas, ou seja, correspondente a uma terça parte dos anjos (Isaías 14:12 e Apocalipse 12:4). A esperança da Igreja “Corpo de Cristo” á acima desta esfera, acima no terceiro céu, no Paraíso (Efésios 1:20-23; II Coríntios 12:1-4).

[10] Antes de Deus ser conhecido como Pai, Filho e Espírito, como seriam conhecidos entre Si? Não sabemos! Porque só conhecemos Deus revelado desta forma, porque foi a forma que o Senhor (Triuno) assumiu para se revelar de Si mesmo e se dar a conhecer às Suas criaturas.

[11] “N’ Ele, habita corporalmente toda a plenitude da divindade”, ou seja, toda a plenitude da divindade é manifestada no Seu corpo. Qual corpo? Físico ou místico? Vários ensinadores das Escrituras vêm aqui o “Corpo” místico, ou seja: Cristo e a Sua Igreja. As funções da divindade vão ser exercidas pelo “Corpo de Cristo”. Isso é confirmado nos textos supra citados. Funções espirituais, morais, corporais, essenciais: pois, “atingistes a plenitude n’Ele” (Assim o grego no verso 10 – “Ralf P. Martin, Introdução e Comentário”, Edições Mundo Cristão”). E Cristo físico é a cabeça. Na prática, na vida na terra, devemo-nos encher de toda a plenitude da divindade (Efésios 3:19).

[12] Geração: A generalidade dos dispensacionalistas crê que o cumprimento da Profecia será na quarta geração, baseado na profecia de Génesis 15:15-16, que diz: «E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado. E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia». A primeira geração de Israel é a que ficou cativa no Egipto; a segunda geração é a que foi deportada para a Babilónia; a terceira geração é a que estava sob o domínio de Roma, no tempo do Senhor Jesus Cristo e seguintes; e, a quarta geração é a que estará sob o domínio do anticristo e, o remanescente desse tempo entrará no Reino Messiânico. A referência às primeiras três é de serem dominadas pelos gentios; a quarta geração será libertada pelo Senhor e conduzida à promessa.

[13] Este texto refere-se ao julgamento das nações: elas serão julgadas em função da atitude para com Israel.

[14] A “minha glória” nesta revelação é a Profética e a Messiânica; Este Plano foi concebido “desde a fundação do mundo” (Génesis 3:15, conforme Mateus 25:35 e Lucas 1:70).

[15] O Senhor quer transmitir o amor eterno do Pai aos seus discípulos. Mais uma vez verificamos que, na dimensão profética o terreno é um reflexo e um derivado do celestial: primeiro, Pai/Filho; Segundo: Pai/Corpo. Há quem confunda aqui o “como” do “quando”!

[16] “Em O Cristo” (en tw cristw) – expressão exclusiva do Apostolo Paulo (13 vezes) e sempre relacionando o Senhor Jesus Cristo como a cabeça do Corpo.

[17] O Senhor para a Igreja “Corpo de Cristo” prevê uma pré-salvação, mas nunca uma pré-perdição; A perdição dos membros do “Corpo” nunca esteve em “análise” porque nunca foi considerada por Deus. Eles foram “eleitos para salvação desde o princípio” (II Tessalonissenses 2:13) e são, desde o princípio “vasos pré-preparados de misericórdia… para glória de Deus” (Romanos 9:23). Deus prevê que os membros do “Corpo” caiam em pecado, e providência o escape, não uma perdição! E, por isso, todos os que fazem parte dos eleitos do “Corpo” nenhum se perderão. Contrariamente, os perdidos, não foram eleitos para a perdição, nem foram designados para a perdição: por os seus nomes não estarem “escritos no livro da vida desde a fundação do mundo” (Apocalipse 17:8) os seus pecados ditarão o seu destino: a perdição. Por isso, pelos seus pecados, ficarão sem desculpa (Romanos 1:20; 2:1).

[18] É comummente aceite que este texto se refere aos pecados cometidos nos Antigos Testamentos; e pelo contexto, parece poder ser aplicável; mas a principal referência é à Igreja “Corpo de Cristo” e ao período pré-existente do Conselho Eterno de Deus.

[19] A falta do entendimento da “pré-eleição” e da “pré-herança” do Corpo tem levantado algumas dificuldades a entender este texto sagrado, levando a uma explicação em que o lógico é condicionado pelo cronológico, Deus condicionado pelas circunstâncias, o Corpo condicionado por Israel. Essa é a ideia que passa quando é dito que “nós, os que primeiro esperamos em Cristo” se refira aos crentes judeus. Paulo está a referir-se a Cristo na Sua ligação ao “Corpo” (Gr. “o Cristo”). “Nós”, os eleitos e pertencentes ao “Corpo”; Os crentes da Profecia nunca esperaram num Messias na perspectiva do Corpo e dos “lugares celestiais”. A “pré-esperança” aponta para o que o Apóstolo disse antes: 1:9-11, e descreve-a em 2:10. “Em quem vós, também, estais…”, crentes de Éfeso, depois que crestes (v. 13).

[20] Note, o leitor, que este lugar já foi preparado por Deus, e não foi afectado pelo pecado; por isso, na restauração não haverá novo paraíso ou um novo “terceiro céu”, mas “novos céus e nova terra” o espaço contaminado e afectado pelo pecado de Lúcifer e de Adão.

Eclesiastes

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O Eterno Conselho de Deus

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