segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Questões do Evangelho da Graça de Deus


Questões do Evangelho da Nossa Salvação

“…Cristo; em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa.” ( Efésios 1: 12-14).

Muitos falam do Evangelho, mas grande parte desses desconhecem ou ignoram que as Escrituras falam de vários Evangelhos, e o Evangelho que Deus determinou que fosse anunciado e crido no tempo presente é o "Evangelho da Graça de Deus" (Atos 20: 24). A gravidade de confundir estas várias "boas novas" pode levar a condicionar o poder de Deus na operação da Sua salvação, porque hoje Deus só salva pela Sua graça, segundo a mensagem do Evangelho da Graça de Deus.

Por outro lado, muitos "evangelistas" e ensinadores das Escrituras Sagradas, falando do Evangelho da Graça de Deus, desconhecem qual o seu conteúdo e a sua verdadeira razão de ser, ou seja, qual o seu verdadeuro conteúdo, as causas e a razão da sua existência. É isso que nos propomos analisar aqui.

Então, não podemos falar do Evangelho de Deus, de Cristo ou de Paulo sem conhecermos a Epístola aos Romanos, pois é ai que melhor é revelado o conteúdo do Evangelho e onde melhor é minuciosamente explicado.

Paulo começa a dizer que foi chamado para o "Evangelho de Deus" (1: 1-2), no qual está ao serviço espiritual de Deus (1: 9), que denomina "Evangelho de Seu Filho" e "Evangelho de Cristo" (1: 16), "Mensagem" ou "Pregação de Jesus Cristo" (16: 25), "Palavra de Fé" (10: 8-12), "Palavra de Cristo" (10: 17) e "meu evangelho" (2: 16 e 16: 25).

"Porque não me envergonho do EVANGELHO DE CRISTO, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé." (Romanos 1: 16-17).

 

Primeiramente, devemos saber que esta "Mensagem de Cristo" a Paulo, não deve ser confundida com a mensagem e/ou a pregação do Senhor Jesus Cristo no Seu ministério terreno. Paulo nem conhecia pessoalmente o Senhor, nem andou com o Senhor para conhecer a Sua mensagem. Pelo contrário, Paulo era perseguidor do Senhor e dos seus discípulos. Esta Palavra e esta mensagem que Paulo fala nas suas epístolas, diz ele que recebeu-a diretamente do Senhor, depois de ter sido glorificado acima de todos os céus e constituído Cabeça da "Igreja Corpo de Cristo". Para isso, Paulo foi arrebatado ao "Paraíso", acima do terceiro céu, para receber esta comissão celestial e esta mensagem (II Coríntios 12: 1-10). Isso é bem explicado em Gálatas 1 e 2, quando diz que não o recebeu dos Apóstolos de Israel, que eram antes dele, nem dos anjos (como aconteceucom Moisése os profetas), mas diretamente do Senhor. É um evangelho, não segundo a revelação dos profetas, que proclamavam o Reino Milenial na Terra, mas segundo a "revelação do Mistério" (16: 25), oculto em Deus desde antes dos tempos das Eras (Tito 1: 1-4). Era a esta revelação que o apostolo se referia quando disse:

"Se alguém ensina alguma outra doutrina e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, contendas de homens corruptos de entendimento e privados da verdade..." (I Timóteo 6: 3-5).

Como é a esta manifestação/vinda do Senhor especial à terra (mais propriamente aos ares, como acontecerá no "arrebatamento"), já na qualidade de Cabeça da Igreja "Corpo de Cristo", quando disse:

"Não te envergonhes, portanto, do testemunho (mensagem, evangelho) de nosso Senhor, nem do seu prisioneiro, que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus, que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho, para o qual eu fui designado pregador, apóstolo e mestre." (II Timóteo 1: 8-11).

"Manifestada/revelada agora, com o aparecimento de nosso Salvador Jesus Cristo..."

"Aparecimento", grego: "epiphaneia", que significa "vinda" como em II Timóteo 4: 8.

Por isso, não foi um sonho, visão ou arrebatamento espiritual, mas a presença real, autêntica e pessoal do Senhor Jesus Cristo (I Coríntios 9: 1; 15: 8), na mesma forma visível e física como aparecera aos crentes messiânicos (5-7), mas já glorificado.

Assim, este Evangelho não tem um conteúdo e propósito humano e terreno, mas espiritual e celestial.

E, então, é chamado "Evangelho de Deus" porque Deus é o Seu autor; e, "Evangelho de Cristo" porque se refere a pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo e porque foi Ele que o revelou diretamente a Paulo; e, "Meu Evangelho..." porque Paulo foi o apóstolo da Sua revelação; e chama-o assim e para distinguir esta mensagem com aquela que foi confiada aos doze apóstolos para Israel e acerca do Reino Messiânico na Terra. Isso é bem explicado em Gálatas 1 e 2.



E, porquê, um Evangelho de Cristo?

E, porquê um Novo Evangelho?

Segundo a explicação da Epístola aos Romanos, a razão de ser do Evangelho de Deus e de Cristo é, porque, estava, e continua a estar, eminente a manifestação da IRA de Deus! E, o homem estará sem desculpa: quer pelos sinais da criação, quer pela rejeição da Palavra do Evangelho: a mensagem da benignidade de Deus revelada neste tempo presente, a chamada "Dispensação da Graça de Deus" (Efésios 3: 1-4):

"Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis (sem desculpa)." (18-20).

Temos, então, aqui, um agravamento da sentença aplicada ao pecado de Adão. A ira de Deus não é uma resposta de Deus sobre o pecado original do homem. Mas, a ira de Deus e o Seu juízo é mais que isso. A consequência do pecado de Adão é a morte (Génesis 2: 16-17; Romanos 6: 23). E esse pecado já foi julgado e sentenciado: a morte! E, "a morte passou a todos os homens..." E, por causa do seu pecado, ou seja, por causa do pecado de cada um, cada um tem a sentença de morte lavrada sobre si (Romanos 5: 12), mas não por causa do pecado de Adão, mas pelos pecados de cada um (Efésios 2: 1; Colossenses 2: 13). Cada um será julgado pelos seus próprios atos e não pelo pecado de Adão ou pelos pecados de outros.

A IRA de Deus é, então, a Sua resposta, primeiramente, à impiedade e injustiça dos homens. E, mais abaixo diz que tem a ver com a dureza do homem e do seu coração impenitente (2: 5) e, seguidamente, "que detêm a verdade em injustiça" (1: 18), que tem a ver com a rejeição do Evangelho de Deus, como veremos mais adiante.

 

 Vejamos a descrição que é feita do estado espiritual, social, político e moral do homem:

"...

"E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém; estando cheios de toda iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pai e à mãe; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; os quais, conhecendo a sentença de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem." (Romanos 1: 28-32).

 

Assim, estes sabem, no íntimo, qual a sentença de Deus sobre tais atos: "são dignos de morte..." e ficam sem desculpa...

Mas mais:

"Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo. E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem. E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?" (Romanos 2: 1-3).

Como temos vindo a verificar, há dois agravamentos da condição humana, ou da sentençainicial do pecado de Adão: (1) a depravação humana e, (2) por rejeitarem mutilarem o Evangelho da Graça de Deus. O mundo não só está a rejeitar o Evangelho da graça de Deus como, ainda, está a deturpar este Evangelho, designadamente a confundir a verdade de Deus com a injustiça (p. Ex.: dizendo que Deus não julgará... passando a dizer que a verdade é a injustiça; outro exemplo em 3: 3-8). Pelo, que, o Evangelho é uma oportunidade da graça de Deus, manifestada no tempo presente; mas a sua rejeição colocará o ser humano sob um juízo agravado de Deus. A oportunidade recusada torna-se responsabilidade!

"Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência, e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?"

(conforme Tito 2: 11; 3: 4-7)

"Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti para o dia da ira e da manifestação do juízo de Deus, o qual recompensará cada um segundo as suas obras, a saber: a vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, e honra, e incorrupção; mas indignação e ira aos que são contenciosos e desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade; tribulação e angústia sobre toda alma do homem que faz o mal, primeiramente do judeu e também do grego; glória, porém, e honra e paz a qualquer que faz o bem, primeiramente ao judeu e também ao grego; porque, para com Deus, não há acepção de pessoas. Porque todos os que sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela lei serão julgados. Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei, os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os, no dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho." (Romanos 2: 4-16).

 

E, aqui entra a vocação e ministério de Paulo, como diz ele: "O Meu Evangelho..." (2: 16; 16: 25; II Timóteo 2: 8; conforme Romanos 10: 8-16; Tito 1: 1-4);

1. A Justiça de Deus é reafirmada, mas, AGORA, manifestada, sem a Lei... (com base na obra do Senhor Jesus Cristo - morte e ressurreição - 3: 21-26, conforme I Corintios 15: 1-4; Romanos 4: 23-25 e 5: 1-2). Este é o conteúdo da mensagem do Evangelho: Deus oferece vida e glória ao ser humano pecador, rebelde e seu inimigo com base na morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo. 

2. Deus adiou o dia da Ira e do Seu juizo... a nova mensagem e propósito de Deus não cancelou nem alterou o que tinha determinado para o mundo, mas adiou, simplesmente, até completar o novo plano que tinha oculto (II Pedro 3: 9-10; 15-16; Romanos 11: 5-6, 25);

3. Este Evangelho propõe-se chamar o homem ao arrependimento e salvar o mundo depravado e rebelde, não levando em conta o estado de depravação presente do homem (significado da expressão: "não tendo em conta os tempos da ignorância do homem" - Atos 17: 30; ou seja, esta depravação merece castigo, mas Deus está a revelar graça, propondo salvação para escapar a esse castigo);

4. Sem as obras da lei, mas pela fé... também chamada de "mensagem da fé" ou "pregação da fe" (10: 8-13);

5. Quer para judeus ou gentios (v. 12);

6. Este Evangelho não se propõe salvar o homem da morte, simplesmente, ou a livra-lo do juízo e da ira de Deus (5: 9-11; I Tessalonicenses 1: 9-10). Notemos como Romanos 5 chama os homens de "fracos", "pecadores", "impios" e "inimigos". A mensagem deste Evangelho informa que, todos aqueles que o aceitam nos seus termos e condições, Deus fará deles um "Corpo" em Cristo e com Cristo, com uma vocação celestial - quanto há natureza dos membros e quanto ao propósito para eles. A isto o apóstolo Paulo chama de "Mistério do Evangelho" (Efésios 6: 19), o grande tema da Epístola. Assim, como a rejeição do Evangelho da Graça de Deus trás um agravamento da sentença de Deus em relação ao pecado de Adão, a sua  aceitação trará ao crente desta Era da Graça a sua participação no reino celestial, como membros do "Corpo de Cristo".

7. Por fim, a mensagem deste Evangelho não fala só de graça, misericórdia e de paz, mas de "juízo": o nosso texto de Romanos 2: 16 fala que "Deus irá julgar os segredos dos homens... segundo o meu evangelho..." ou seja, terminado o período da benignidade de Deus (v. 4), o tempo profético ou cronológico de Deus será reatado, precisamente no momento em que foi suspenso: o início dos dias da ira de Deus.

 

Nota complementar esclarecedora:

Há dois programas de Deus: um terreno e cronológico, com dias, meses e anos... muito circunstancial e dependente dos atos humanos... reativo de Deus... denominado de Programa Profético; e outro...

O Programa Celestial, lógico, assente no "espírito", no "pensamento" ou na "eternidade" de Deus, ou seja, sem tempo ou não sujeito ao período cronológico nem condicionado à condição e atos do ser humano.

Um, o primeiro, é reativo para Deus... Deus atua em resposta aos atos e condições humanas; o outro é pre-ativo, ou seja, assenta tudo em Deus que previamente pensou, executou e realizou... hoje é o tempo da Sua aplicação.

 

Este é o conteúdo, as causas e propósitos do Evangelho da Graça de Deus.

A graça, misericórdia e paz de Deus seja connosco. 

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