quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Histórias do Facebook


O Facebook faz hoje dez anos de existência. Por todo o mundo são tomadas iniciativas, ouvidas personalidades e feitas análises para fazer um balanço desta ferramenta virtual. Por essa razão, achei oportuno repetir a iniciativa em relação ao meio cristão, e apurar alguns resultados!


O Facebook é um site e serviço de rede social que foi lançada em 4 de Fevereiro de 2004, de operação e de propriedade privada pertencente a Facebook Inc.. Tendo sido lançado como uma rede restrita aos seus fundadores e depois aberta a estudantes universitários, rapidamente foi estendida ao público em geral, atingindo em outubro de 2012 a impressionante marca de mil milhões de utilizadores. O Facebook tem sido apontado, por isso, como a maior rede social do mundo, e considerado um verdadeiro sucesso de aderência.


Como ferramenta, o Facebook permite partilhar informações, noticias, vídeos, fotos, mensagens, entre outras coisas, entre grupos restritos ou com projeção geral, permitindo aos seus utilizadores ter atividades comuns com partilha mesmo em outras redes sociais. Numa outra vertente, o Facebook tem sido utilizada como arma de propaganda de grupos de interesse, mais ou menos lícitos, mais ou menos bem-intencionados, designadamente políticos, ideológicos ou religiosos, para fazerem frente a outros interesses, normalmente já instalados e considerados intocáveis! Exemplo disso são as revoluções sociopolíticas designadas por “primavera árabe”!


Como muitas das coisas que são promovidas neste mundo, e pertencem a este mundo, começam com uma intenção elevada mas, com o tempo, tendem a degenerar, especialmente quando é utilizada e servida por pessoas com intenções duvidosas, pela utilização abusiva e na promoção de atividades pouco respeitáveis.


Mas, não obstante os abusos e propósitos menos recomendáveis, é uma ferramenta virtual muito útil, que tem servido para unir pessoas, amigos, famílias, que por diversas circunstâncias da vida os obrigam a estar ausentes e a ficar distantes fisicamente e, com esta possibilidade, permite trazê-los perto, mostrando como está a sua vida, a sua família, com toda a singeleza e naturalidade da vida.


E, no meio de tudo isto têm surgido histórias verdadeiramente interessantes e notáveis… como outras, menos, e/ou mesmo desagradáveis! A referir, a título de exemplo, um garoto que foi encontrado pelos pais, depois de 22 anos ter sido sequestrado; amigos perdidos que se descobriram; casamentos que se fazem através do facebook, e outros que se desfazem pela mesma forma; empregos que se arranjam… e despedimentos que se arriscam por coisas que se dizem nas suas páginas do facebook. Um caso destes aconteceu muito recentemente em Portugal; recentemente, também, tive conhecimento de uma mulher reformada por invalidez, que perdeu a sua pensão por imagens na sua página do facebook; E, um rapaz que foi ilibado de crime, por ter usado o Facebook no momento da ocorrência do crime. Mais graves são as situações de pessoas anónimas ou de identidade alterada que, como predadores, procuram presas inocentes para abusarem delas. Este parece ser o maior perigo!


Para evitar dissabores é sempre recomendável ter o acesso restrito aos amigos e evitar aceitar como “amigo” pessoas que não conhecemos bem; e, mesmo aqueles que “conhecemos” devemos sempre ter cuidado em aceitar “amigos”, especialmente aqueles que sabemos que nunca são bem-intencionados.


O facebook deveria servir para, de uma forme natural, simples, genuína, honesta e livre, podermos dar a conhecer a nossa vida (dentro de determinadas reservas) aos nossos familiares e aos amigos chegados e, desta forma, poderem partilhar experiencias, conselhos, ajudas, recomendações e sugestões, para ganharem ânimo, conhecimentos e formas para fazer face à vida nas suas diversas vicissitudes, que nos forçam a um relativo isolamento/afastamento, e podermos chorar com os que choram e alegrar com os que se alegram… à distância! Diga-se: à distância de um clique!


Os crentes no Senhor Jesus Cristo poderão ter uma maior vantagem, através do elemento espiritual que dispõe, podendo desfrutar de uma “comunhão virtual” e cooperação institucional.


Nestas circunstâncias fico deveras apreensivo e questiono-me dos verdadeiros propósitos que muitos “amigos" crentes que procuram “amizades” e “escondem” a sua verdadeira vida e identidade! São do tipo “cuscas” que andam a sondar páginas de “amigos” no facebook para “coscuvilhar” e “mexericar” na vida alheia. São do tipo de “Judas” que dão beijos numa “facebook” e com a outra face vendem os seus “amigos” a troco da satisfação pessoal de uma carnal compreensão das coisas de Deus (Colossenses 2:18-23), ou seja, de uma “espiritualidade” carnal!


Ninguém é obrigado a expor-se desmesuradamente nas páginas do facebook… nem é recomendável! Mas, acho extremamente intrigante os “amigos” não terem imagem de identificação e, nem sabermos bem de quem se trata! São do tipo “amigos anónimos”! Outros usam imagens de identificação alheias; ou seja, são do tipo “amigos disfarçados” ou “mascarados”! Mais intrigante, ainda, é quando os “amigos” omitem outro tipo de elementos identificativos, designadamente se são casados e com quem! Quando, de facto, são-no! Ou omitem a sua família, vida, trabalho, etc., … Quais as suas intenções? Ou têm vergonha da vida e da família que têm? Não estão satisfeitos com as suas decisões e escolhas, ou estão insatisfeitos com o que Deus lhes concedeu? São amigos, mas escondem que o são! São amigos para receberem… mas nada para darem! Nestes casos, não diria que são surpreendentes, porque, de facto, se virmos bem as suas vidas, não é tão surpreendente como isso, porque se trata de vidas vazias, sem sentido, sem alegria, sem experiências, sem nada recomendável, deprimidas e deprimentes, sem face! Têm “facebook”, mas o seu “book” não tem “face”! Por outro lado, e pelas mesmas razões, outros, provavelmente mas sinceros consigo próprios, ou porque nada têm a mostrar, ou o que têm não é mensurável, preferem não ter páginas do facebook e, assim, protegem a sua própria “face”… “imagem”… se é que a têm ou a têm merecedora de ser observada!


E, neste cenário, observamos “amigos” com tais páginas vazias, a enviarem mensagenzinhas, recadinhos, pensamentozinhos, versículozinhos bíblicos… geralmente fora do seu contexto e desconexos da sua mensagem original… muitas das vezes sem saberem o que querem dizer… outras vezes com uma aplicação descontextualizada da mensagem da dispensação da graça de Deus… mas, como está na Bíblia… e parece ser espiritual… sentem a “obrigação” de dizer alguma coisa… e assim vai a sua vidinha cristã escondida atrás de "textozinhos" e limitada a “artifícios”, a “narrativas” e a “lirismos” despidos de qualquer substância, consistência e utilidade! Com isso procuram transmitir a “face” de um “book” que não têm, acentuando a dissimulação da sua vida que se esforçam para mostrar que é cristã! Porque, convenhamos, o facebook não passa de uma reprodução do que é a vida real.


Ora, para os que confiam em Deus, e dependem da graça revelado pelo Senhor Jesus Cristo, a verdadeira vida cristã não é reproduzida em “imagens”, “faces” ou “mensagens virtuais” do que gostaríamos que a vida neste mundo fosse, mas de vida real, assente no modelo da graça de Deus que está a ser revelada por Deus ao mundo e é desfrutada somente por aqueles que têm atingido a maturidade espiritual, a maturidade de espírito e do entendimento de Deus, que é transmitida pelo Espírito de Deus através da revelação confiada ao mordomo da graça! E, esse modelo está exaustiva e claramente referenciado na revelação paulina, designadamente:


Vida tranquila (I Timóteo 2:2; II Tessalonicenses 2:12), alegre (Romanos 14:17; Filipenses 3:1) e honesta (Romanos 13:13-14; II Coríntios 8:21; Tito 2:4-5); trabalho honesto (I Tessalonicenses 4:11-12; II Tessalonicenses 3:11-13); família honesta (I Tim 3: 4-5) e disciplinada (Tito 1:4-5; Efésios 6:4); convivência social honesta (Efésios 4:24-32; 5:3-13; I Tessalonicenses 4:11-12), comunhão cristã honesta (I Tessalonicenses 4:6; I Coríntios 11:17-34; Romanos 14-15), etc., etc., etc. Isto, sim, são instruções objetivas e demonstrativas da vontade expressa de Deus (Efésios 6:6), e não conversa fiada! E, isto, sim, é o que eu gostava de ver… nos “amigos”, e não a dita conversa fiada!


Em suma: Façamos amigos… muitos… mas amigos recíprocos e genuínos! Mas, mais que isso, sejam mais amigos, mais verdadeiros amigos e mais amigos de verdade. E, para preservarmos a qualidade do nosso grupo de amigos de vez em quando temos de fazer uma limpeza e reciclagem dos mesmos! E, então, reter, guardar e defender os que são verdadeiros amigos!


Por fim, não poderia deixar de dar uma palavra de agradecimento e de encorajamentos àqueles que são amigos, e revelam-se amigos genuínos e inquestionáveis. É desse tipo de amigos que todos nós precisamos. Amigos que gostam de partilhar, dar e receber, honestos e transparentes; amigos que não precisam de subterfúgios para revelar o que não são, mas são o que são, nem precisam de se esconder atrás de “faces”, de “aparências” ou de “fantasias”, mas são como são. Amigos que se alegram connosco e choram connosco. Amigos genuínos e têm coragem de se revelar como são! O Deus de toda a graça seja convosco.



Em conclusão, não esqueçamos das palavras do Senhor Jesus:



  • «Não vos chamarei mais servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho-vos chamado amigo…» (João 15:15); e:

  • «Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos» (v. 13).


V. Paço

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