sábado, 28 de março de 2015

João 3:16

ENTENDENDO JOÃO 3:16
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Este texto bíblico é considerado o texto mais conhecido das Escrituras Sagradas, mas, também o mais violado e descompreendido.
Não entenderemos muito bem o texto sem saber o que o Senhor está a falar no contexto:
«11 Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que vimos, e não aceitais o nosso testemunho. 12 Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais? 13 Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do Homem, que está no céu. 14 E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, 15 para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. 16 Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. 17 Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. 18 Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. 19 E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. 20 Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz e não vem para a luz para que as suas obras não sejam reprovadas. 21 Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus» (João 3:11-21).

Há algumas premissas que precisamos entender nestas palavras do Senhor, especialmente no seu contexto histórico.
Na descrição dos profetas, e concretamente a profecia de Joel e de Daniel, o período a que se refere este relato do Senhor é o período que antecedeu a morte do Senhor e da grande tribulação. E, se estas palavras se fixam no início do ministério publico do Senhor Jesus, então, estamos a falar das vésperas da grande tribulação, ou seja, a três anos da morte do Senhor e do início da grande tribulação, de acordo com Daniel 9. É disso que o Senhor está a falar: O Senhor veio ao mundo para chamar Israel à salvação e não cair na condenação da ira de Deus, nos dias da grande tribulação (v. 17-18). Mas, os homens amaram mais as trevas que a luz (19). E, enquanto o Senhor estava no mundo, era a luz do mundo; depois que mataram o Senhor, o mundo ficou em trevas, que se adensariam com a manifestação do anticristo, como ele mesmo disse:
João 5:43 – «Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis».

João Batista, nesta linha de pensamento, diz a seguir:

  • «Aquele que crê no Filho tem a vida eterna, mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece» (João 3:36).

Ou seja: "a ira de Deus paira sobre ele, na iminência de ser descarregada..." e referia-se, certamente, ao período da grande tribulação que se seguiria àqueles dias!


Em segundo lugar, devemos entender que a morte do Senhor Jesus no quadro da Profecia nunca fora apresentado como uma bênção mas como uma maldição: não como meio de salvação, mas a causa da sua condenação; Nunca foi apresentado como um sinal de bom comportamento da humanidade, mas o clímax da sua rejeição, especialmente de Israel. Ver: Mateus 22: 1 a 7
João escreveu:
«6 Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. 7 Este veio para testemunho para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele. 8 Não era ele a luz, mas veio para que testificasse da luz. 9 Ali estava a luz verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo, 10 estava no mundo, e o mundo foi feito por ele e o mundo não o conheceu. 11 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam» (1:6-11).

Ora, estas palavras não são indicativas de que o Senhor iria ser bem recebido pelo mundo e por Israel, em especial, mas que iria ser rejeitado e morto; e, depois, as suas criaturas iriam receber e aceitar o adversário de Deus como seu guia e deus!

Outro texto que carece de explicação é Isaías 53, onde é apresentado o Senhor a morrer às mãos do seu povo. O texto começa mesmo desta maneira: «Quem creu na nossa pregação?»

A vinda do Senhor Jesus a este mundo não tinha sido pensada para morrer: a sua morte foi o culminar da rebelião humana contra Deus! O que estava para além disso estava no segredo de Deus, que viria a ser revelado somente através da revelação do Mistério por instrumentalidade do Apóstolo Paulo!

Vejamos como a morte do Senhor estava reproduzida nas palavras do Senhor, na parábola dos lavradores maus (recordemos que estavam nas vésperas da GT e o Senhor estava a preparar os discípulos para esses dias - a dispensação da graça era um mistério oculto na Profecia):

  • «35 E os lavradores, apoderando-se dos servos, feriram um, mataram outro e apedrejaram outro. 36 Depois, enviou outros servos, em maior número do que os primeiros; e eles fizeram-lhes o mesmo. 37 E, por último, enviou-lhes seu filho, dizendo: Terão respeito a meu filho. 38 Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo e apoderemo-nos da sua herança. 39 E, lançando mão dele, o arrastaram para fora da vinha e o mataram.
Mas, qual foi a resposta do Senhor da vinha?
  • 40 Quando, pois, vier o Senhor da vinha, que fará àqueles lavradores? 41 Dizem-lhe eles: Dará afrontosa morte aos maus e arrendará a vinha a outros lavradores, que, a seu tempo, lhe deem os frutos» (Mateus 21).

Irá exterminar estes lavradores maus, como acontecerá na grande tribulação: serão todos destruídos, primeiramente às mãos das nações, depois às mãos do anticristo, e os que restarem às próprias mãos dos cento e quarenta e quatro mil, à semelhança do que aconteceu com os levitas que mataram os que se contaminaram com as mulheres moabitas (Números 25). E, se ao longo dos séculos Israel tem passado um mau bocado, por causa da sua incredulidade, será incomparável o que passarão às mãos do anticristo (Apocalipse 14 - a destruição da vinha!) 


Para esclarecer o aspeto profético da vinda do Senhor, Paulo diz:
«Digo, pois, que Jesus Cristo foi ministro da circuncisão, por causa da verdade de Deus, para que confirmasse as promessas feitas aos pais» (Romanos 15:8).

Por isso, quando o texto diz «Deus enviou o seu Filho ao mundo» não pode estar implícito a Sua morte. Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho ao mundo… que significa “enviou” ao mundo, de acordo com o versículo 17. E, o primeiro propósito seria cumprir a Profecia e levar o seu povo ao arrependimento e usá-los como os instrumentos, como nação sacerdotal, para conduzir o mundo às bênçãos de Deus.
Então, o que isso significa: "Ele deu?" Tem que combinar com o que disse o profeta Isaías:
«Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o governo está sobre os seus ombros, e seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, poderoso Deus, Pai eterno, Príncipe da Paz» (Isaías 9: 6).

Isaías profetizou do nascimento virginal do Senhor, no capítulo sete. Ele profetizou que uma criança seria dada a Israel como o próprio Filho de Deus. Ele reinaria sobre essa nação como Rei. Em outras palavras, Ele seria o verdadeiro herdeiro do trono de Davi, o rei de Israel: 
«Do aumento do seu governo e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para encomenda-lo, e para estabelecê-lo com juízo e com justiça, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos exércitos fará isso» (Isaías 9: 7).

«Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz» (João 18:37).

Os sinais que o mundo sempre deu foi de rejeição e rebelião, pelo que, a morte do Senhor Jesus Cristo não apanhou Deus de surpresa. Pelo contrário: a atitude do homem no Jardim do Éden apontava para isso.

E, que dizer de João 1:29?
«No dia seguinte, João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo»

Muitos ensinadores querem ver aqui a morte do Senhor pelos pecados dos seus discípulos. No entanto, o Senhor nunca precisou de morrer para perdoar pecados: Ver Mateus 9:2; Marcos 2:5; Lucas 7:48; João 20:23. Este texto tem de ser entendido no contexto da passagem bíblica e no contexto da mensagem profética: O Senhor era o cordeiro de Deus que iria carregar os pecados de Israel e do mundo, ou seja, iria ser rejeitado por Israel e pelo mundo por causa do seu estado pecador! O Senhor enviou o seu Filho para o meio dos seus inimigos, para ver se os levava ao arrependimento, mas eles, nos seus pecados, ainda resolveram levar a sua rebelião ao extremo, matando o herdeiro! O Senhor ia ser vitima às mãos do mundo e dos seus pecados, conforme o sentido de Romanos 8:36.

Outro ponto importante em consideração deste texto tem a ver com a esperança que é prometida aos que creem no Senhor: «Tenham a vida eterna»!
Aqui, “vida eterna” é oposto à condenação! E, como vimos anteriormente, a condenação que o contexto trata é a grande tribulação que estava iminente. E, “vida eterna” não era tanto vida em termos de tempo mas em termos de qualidade: o tipo de vida. E, a vida eterna para Israel, e no contexto da profecia, era o reino milenial.
Eles foram assegurados, pelas palavras de Cristo, e por meio da ressurreição de Cristo, da vida eterna. E isso não é apenas a duração, mas também a qualidade: 
«O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida, e para que tenham em abundância» (João 10:10).

Às vezes negligenciamos passagens como esta, que nos diz muito sobre o Reino do Céu na Terra, o Reino Milenar de Cristo na terra. 

«E disse Pedro: Eis que nós deixamos tudo e te seguimos.  E disse-lhes: Em verdade vos digo que, ninguém há que tenha deixado casa, ou pais, ou irmãos, ou mulher, ou filhos, para o reino de amor de Deus,  quem não deve receber mais coletor no tempo presente, e no mundo vindouro a vida eterna» (Lucas 18:28-30).


Portanto, a vida eterna é o que os crentes da Profecia herdarão no "mundo vindouro", na era messiânica. O Senhor Jesus Cristo, o herdeiro do trono de Davi, estará sentado no trono da sua glória, em Jerusalém, e os doze apóstolos sentados em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. Assim, verificamos que "entrar" na vida eterna é equiparado a entrar no Reino milenial e que inclui o glorioso reino de Cristo de acordo com a Nova Aliança, que entra em vigor na segunda vinda do Senhor no quadro da revelação profética. Eles terão todas as bênçãos que vão estar junto a Ele, incluindo o apagamento de todos os pecados, a vida de Cristo, e da presença de Cristo.

«Para vos tomarei dentre as nações, e vos congregarei de todos os países, e vos trarei para a vossa terra. Então espalharei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. Um novo coração também vou dar-lhe, e um espírito novo porei dentro de vós, e tirarei o coração de pedra da vossa carne, e eu vos darei um coração de carne. E eu vou colocar o meu espírito dentro de você, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e fazê-las. E vós a morar na terra que eu dei a vossos pais; e vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus» (Ezequiel 36:24-28).



Então, quando Cristo profetizou na ceia da Páscoa a sua própria morte e o sangue do Novo Testamento para Israel, que queria dizer o Senhor com isso? Vejamos o que ele disse: 
«Porque este é o meu sangue da nova aliança, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados» (Mateus 26:28).


Não nos esqueçamos que, quando o Senhor disse estas palavras na ceia, os discípulos não entenderam nada do que ele dizia. Em todos os evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João, a morte do Senhor Jesus Cristo era desconhecida. Eles nem sequer acreditavam que ele ia morrer, e depois da ressurreição, com todas as viagens de ida e volta para o túmulo eles nem sequer entenderam que o Senhor tinha ressuscitado dentre os mortos, até que ele começou a aparecer-lhes. 

Notem, também, que o Senhor disse que o seu sangue seria derramado por muitos, não todos. “Tudo” pode incluir “muitos”, mas muitos não é o mesmo que “todos”. O facto de que Cristo morreu por todos os pecados de todos os “crentes” não foi profetizado. Nunca foi falado. Esse facto só foi revelado a Paulo:
«O qual se deu a si mesmo em preço de resgate por todos, para servir de testemunho a seu tempo, do qual fui constituído pregador, apóstolo e mestre dos gentios na fé e na verdade» (I Timóteo 2: 6).

Notem, também, que as palavras ditas pelo Senhor Jesus Cristo na ceia da Páscoa não tinham um caráter vicarial. Era uma morte substitutiva, mas não vicarial. Ou seja, por causa do pecado da nação e da sua incredulidade e da sua rejeição a Deus, eles estavam destinados à condenação, à exterminação, como o Senhor tinha dito. Mas, para que o remanescente fosse poupado, o Senhor iria dar a sua vida por eles: iria morrer no lugar deles. E, se o remanescente vai ser poupado na grande tribulação, diga-se, os cento e quarenta e quatro mil, é porque o Senhor morreu no lugar deles! O Senhor não morreu pelos pecados deles, mas para que eles não morressem como o resto da nação, na sua rebelião nos dias do anticristo. Assim, Deus iria providenciar um escape para o remanescente no meio da condenação do mundo! Esse o sentido de João 11:49 a 52 - "alguém tem de morrer para nós não morrermos: temos de arranjar um "bode expiatório" para escaparmos do extermínio.


Mais:
«Porque Deus amou o mundo, que deu o seu Filho unigenito, para que todo aquele que crê não pereça, mas tenha a vida eterna» (João 3:16).

«Nele crê...», como? Na sua morte? Que morreu pelos nossos pecados? Não, certamente! Eles não tinham esse conhecimento. Eles creram no Senhor Jesus Cristo como o enviado de Deus ao mundo como o Messias e como aquele que iria libertar a nação de Israel dos seus inimigos e, conduziria o mundo à restauração eterna!
«E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste» (João 17:3).

Vejamos alguns testemunhos:
João 1:34 - «E eu vi, e deu testemunho de que este é o Filho de Deus».
João 1:49 - «Natanael respondeu, e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus; tu és o Rei de Israel».
João 3:18 - «Aquele que crê nele não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus».
João 3:36 - «Ele que crê no Filho tem a vida eterna; e aquele que não crê no Filho não verá a vida; mas a ira de Deus sobre ele permanece».
João 5:23 - «Para que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai. Aquele que não honra o Filho não honra o Pai que o enviou».
João 6:69 - «E nós acreditamos e temos a certeza que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo».
João 10:36 - «Dizei a ele, a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas; porque eu disse: Sou Filho de Deus?»
João 11:27 - «Ela diz-lhe: Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo».
João 18:37 - «Pilatos disse-lhe: Tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Para este fim foi que eu nasci, e para isso vim ao mundo, que eu deveria dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz».
João 20:30-31 - «E muitos outros sinais verdadeiramente fez Jesus na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro; Mas estes foram escritos, para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus; e para que, crendo, tenhais vida em seu nome».

Todo o Evangelho de João tem o propósito de apresentar a verdadeira identidade do Senhor e verdadeiro propósito da Sua vinda ao mundo. Nesse contexto, o povo de Israel foi convidado a crer no Senhor como o Messias de Deus e enviado para libertar a nação, como o fará.

Mas, quem não cresse no Senhor, nessa qualidade, estaria perdido!
João 8:24 - «Disse, pois, vos que morrereis em vossos pecados, porque, se não crerdes que eu sou, morrereis nos vossos pecados».

Paulo confirmou a mensagem do Reino para Israel, no contexto da Profecia, quando escreveu aos Romanos e disse:
«Que, se confessares com a tua boca o Senhor Jesus e creres no teu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo» (Romanos 10:9).

Então, o que era requerido das pessoas no período da Profecia era que cressem no nome do unigenito Filho de Deus. Depois da cruz, eles foram chamados a crer nisso e, ainda, que tinha sido ressuscitado por Deus, que tinha subido ao céu, e que viria novamente, logo que chegasse o tempo da restauração de Deus, ou seja, que decorresse os sete anos do período da grande tribulação. Essa foi a mensagem de Pedro no Pentecostes, para os filhos de Israel:
Atos 3:19-20 - «Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham os tempos do refrigério pela presença do Senhor; e ele enviará Jesus Cristo, que antes vos foi pregado».

Antes da cruz eles não tinham conhecimento da morte de Cristo na cruz; eram chamados a crer no Senhor como o Seu Messias; Depois da cruz, eles eram chamados a crer nisso e mais na Sua ressurreição, ou seja, que as promessas de Deus não foram goradas pela morte do Filho, mas que Ele voltaria para vingar a Justiça de Deus e para restaurar todas as coisas e, por isso, era totalmente confiável. Vejamos o que Lucas escreveu:
«Então, ele tomou a si os doze, e disse-lhes: Eis que subimos a Jerusalém, e todas as coisas que estão escritas pelos profetas acerca do Filho do homem será realizado. Porque será entregue aos gentios, e escarnecido, injuriado e cuspido; E depois de o açoitarem, e colocá-lo à morte, ao terceiro dia ressuscitará. E eles entenderam nenhuma dessas coisas: e esta palavra lhes era encoberta, não percebiam o que lhes dizia» (Lucas 18:31-34).


Agora, o evangelho do Reino exigia fé. Tudo na salvação é pela fé. Mas, nem toda a salvação é pela graça mediante a fé. Aqueles discípulos, crentes da profecia, tiveram que creem no nome de Cristo, mas era também necessário tivessem sido circuncidados, respeitassem o cerimonial levítico, designadamente os sacrifícios pelo pecado, o batismo na água, que eram obras de justiça e, por de mais, que perseverassem até ao fim. No final seriam protegidos e livres da condenação na grande tribulação. O Senhor ensinou-lhes isso em Mateus 24, e que será cumprido na segunda vinda de Cristo: 
«Mas aquele que perseverar até o fim, o mesmo será salvo. E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações; e então virá o fim» (Mateus 24:13-14).

Não foi Paulo o primeiro a ensinar que a salvação seria pela fé. A salvação sempre foi alcançada pela fé; Com o ministério do apóstolo Paulo Deus iniciou a Dispensação da graça de Deus cuja salvação continuava a ser instrumentalmente alcançada pela fé, mas assente na graça de Deus, sem quaisquer tipos de obras! Na Profecia, de acordo com o período em que se integrava o ministério messiânico do Senhor, essa fé era expressa, e será, pelas obras: no caso de Abel, foi oferecer a Deus um cordeiro; Na experiência de Abraão, foi obedecer a Deus e oferecer o seu filho; a partir de Abraão era necessário a circuncisão; a partir de Moisés era oferecer os sacrifícios levíticos a Deus no tabernáculo; Com o ministério de João Baptista, passou a fé a ser expressa no batismo na água, que foi continuado no ministério do Senhor Jesus Cristo e por Pedro depois da ressurreição do Senhor. No reatamento da Profecia, depois da Dispensação da graça, que será na grande tribulação, a fé será demonstrada na perseverança até ao fim, como disse o Senhor!   

Com o ministério do apóstolo Paulo, pela revelação do Mistério de Cristo, nós viemos ao conhecimento de um facto na morte de Cristo que estava oculto na Profecia: que a morte de Cristo tinha sido planeada por Deus antes da fundação do mundo, e que, por ela, Deus salvaria a Sua Igreja “Corpo de Cristo” e que, depois da glorificação dela todo o mundo seria beneficiado com essa bênção, também pela instrumentalidade da Igreja. Esta mensagem dizia que Deus salvaria a Sua Igreja pela fé, mas baseado exclusivamente pela Sua graça. Vejamos o que Paulo escreve, como apóstolo do “Corpo de Cristo”:
«E dou graças ao que me tem confortado, a Cristo Jesus, Senhor nosso, porque me teve por fiel, pondo-me no ministério, a mim, que, dantes, fui blasfemo, e perseguidor, e opressor; mas alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na incredulidade. E a graça de nosso Senhor superabundou com a fé e o amor que há em Jesus Cristo. Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal (primeiro de uma série). Mas, por isso, alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal (o primeiro), Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna» (I a Timóteo 1:12-16).

«Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas as coisas, e as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo, e seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus pela fé» (Filipenses 3: 8-9).


Além disso, a igreja “Corpo de Cristo” não espera herdar a terra e o Reino terreno, mas a sua esperança é muito mais sublime e gloriosa: receber dos benefícios da vida e obra do Senhor Jesus Cristo, pelo que tudo o que é obtido em Cristo pela fé é exclusivamente pela graça de Deus apresentada no seu limite mais sublime. A Igreja “Corpo de Cristo” não precisa de obras, de circuncisão, de sacrifícios levíticos, de batismos, nem de perseverar até ao fim, pois tem tudo isso em Cristo. Agora, fomos aceitos (já) por Deus no amado (Efésios 1:6).

«Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como tem nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele; em amor nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para o louvor da glória de sua graça, que ele nos fez agradáveis ​​a si no Amado, em quem temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo as riquezas da sua graça; que ele fez abundar para connosco em toda a sabedoria e prudência; Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que ele intentou em si mesmo» (Efésios 1:3-11).

Depois de olhar para tudo isso, é importante compreendermos que, embora João 3:16 seja uma passagem favorita no sistema religioso, ela simplesmente não contém o PORQUÊ da cruz como mais tarde foi revelado a Paulo. O leitor poderá usar João 3:16 como um "trampolim" na exposição da verdade do evangelho, mas só encontrará o evangelho da graça de Deus nas epístolas de Paulo, de Romanos até Filémon.


Boas meditações.
A Graça de Deus seja com o vosso espírito.
VPaço



2 comentários:

  1. Penso ter lido que a morte de Yeshua não estava revelada na Profecia.

    Porém, o próprio Yeshua disse aos discípulos de Emaús: Lc 24:25 E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram!
    Lc 24:26 Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória?
    Lc 24:27 E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.

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  2. Caro leitor, Agradecido pelo interesse e comentário.
    De facto não pode ter lido isso no texto, porque lá não é dito isso. Mas, que, na revelação profética, que trata do programa de Deus para a terra a morte do Senhor Jesus Cristo é apresentada de forma diferente à que é apresentada na revelação do Mistério, que trata do programa de Deus para a Igreja Corpo de Cristo a ser cumprido nos lugares celestiais, em Cristo.
    A morte do Senhor Jesus Cristo nunca foi mistério, mas a morte vicarial de Cristo, essa sim, era mistério que só viria a ser revelada na dispensação do Mistério, para a Igreja "Corpo de Cristo". Nós, só entendemos que Cristo morreu pelos nossos pecados e que ressuscitou para nossa justificação depois que o Senhor glorificado revelou isso ao apostolo Paulo pelo Evangelho da glória de Cristo. A morte do Senhor Jesus no quadro profético é apresentada como o climáx da rebelião humana e o principal motivo dos juízos de Deus sobre a humanidade e, em especial, sobre Israel; a morte do Senhor segundo a revelação do Mistério é apresentada como o sacrifício de Cristo pela sua Igreja, para perdão dos seus pecados e, ressuscitou para sua justificação; e foi glorificado para garantir as promessas de Deus para ela nos supremos lugares celestiais.

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