sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A Vocação da Mulher

A PALAVRA OU O MUNDO

O Papel das Mulheres na Casa de Deus






PREFÁCIO


O alarmante e flagrante desvio de muitos da Palavra de Deus, como autoridade final, e a arrogante substituição dos princípios bíblicos por conceitos mundanos dos homens, é causa de profunda preocupação. Mas, mais subtil e perigosa é a aplicação incorrecta das Escrituras por alguns que reclamam ser líderes espirituais, e que são propensos a relegarem para a sua lista crescente de “inconsequentes” (ou, sem importância) aquelas verdades que não conseguem explicar.

Entre estas jaz o papel das mulheres na Igreja. Debate acalorado e sentimentos fortes têm-se levantado sobre esta questão. Angústia e divisões têm resultado onde a Palavra de Deus tem sido posta de lado, ou mal aplicada, e tanto homens como mulheres têm assumido posições que não podem ser apoiadas pelas Escrituras.

O autor crê profundamente, e mostra, que as Escrituras afirmam tanto a importância do lugar da mulher na Igreja como a clara distinção dos ministérios dos homens e das mulheres.

Para tornarem a igreja mais “popular” e não fazerem o descrente sentir-se “desconfortável”, em muitos lugares a submissão silenciosa da mulher e a sua cobertura simbólica têm sido postas de parte, como sendo irrelevante, e não importante, e os padrões aceites no mundo têm sido adoptados sob pretexto de igualdade. Tudo isto é feito, parece, sem se considerar as consequências solenes que se reflectem na assembleia local, nos lugares celestiais, e no tribunal de Cristo.

O autor mostra claramente que isto não é nenhuma questão menor, mas que tem a ver com os domínios onde a glória de Deus e de Cristo, e o testemunho aos homens e anjos estão envolvidos. É sempre propósito do inimigo roubar a Deus a Sua porção justa; e sempre que há crentes de coração aberto querendo seguir a Palavra de Deus em vez das normas aceites pelo mundo, podemos ter a certeza de que o diabo fará o máximo para enganá-los, atrapalhá-los ou desviá-los deste santo propósito.

Os argumentos comuns apresentados contra a obediência à Palavra de Deus para o homem, que deve ter a cabeça descoberta e falar, e a mulher, que deve ter a cabeça coberta e estar em silêncio, são clara e biblicamente respondidos. Esses argumentos são demonstrados ser pensamentos do mundo, e não mandamentos de Deus. Mal a palavra mandamento é usada, muitos acusam logo de “legalismo”. O autor replica, “Ninguém engrandeceu mais o amor de Deus que o apóstolo João, e no entanto é ele que fala mais acerca de mandamentos do que qualquer outro escritor do Novo Testamento. Na mente de João, o amor e a obediência são um, e «os mandamentos de Deus não são pesados» (I João 5.3).”

Os quarenta anos de missionário no Oriente, trabalhando entre povos de diferentes culturas e línguas, deram ao autor um entendimento profundo e uma experiência alargada na cuidadosa interpretação das Escrituras.

Este material apareceu originalmente como uma série de artigos na revista Counsel, e tem sido apreciado por uma vasta audiência em mais de oitenta e cinco países.

J. Boyd Nicholson
St. Catharines, Canada









INTRODUÇÃO


A génese deste opúsculo jaz numa necessidade conhecida. Do mesmo modo que os antigos Israelitas foram afectados pelos costumes e culturas das nações vizinhas, os Cristãos, em todos os séculos, foram influenciados pelas sociedades em que viveram. Discussões comuns em círculos eclesiásticos acerca do ministério das mulheres não são surpreendentes face ao seu novo papel na vida secular em muitas partes do mundo.

Apesar das notícias nos media terem feito muito para destacar a questão da igualdade sexual, têm feito pouco ou nada para mostrar porque é que, como o Senhor Jesus disse, «desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea». O nosso presente plano, então, visa apresentar o problema, examinar o ensino das Escrituras sobre o assunto, e considerar um número de pontos de vista divergentes.

As citações da Bíblia são da Authorized Version  (KJV), sob a qual cresci, ou da Engish Revised Version (RV), como aparece no Novo Testamento Inglês/Chinês que eu tenho usado durante mais de quatro décadas.[1]

No interesse da clareza, a palavra igreja começa com letra maiúscula quando se refere a todo o “Corpo de Cristo” (Efe. 4.12), como distinto das congregações locais de Cristãos. Os nomes denominacionais têm as usuais maiúsculas (ex: Igreja de Inglaterra).

A maior parte das passagens bíblicas relevantes têm sido totalmente transcritas para benefício dos jovens crentes e dos que não são leitores regulares da Bíblia. Espera-se também que o estilo e formato apele aos que não falam inglês como língua mãe, e facilite a tradução para outras línguas, se necessário for. Pela mesma razão, as citações de outros escritos, que não as Escrituras, têm sido mínimas, apesar da ajuda de uma grande variedade de tais fontes ser alegremente reconhecida.

Nenhuma autoridade especial é reivindicada para o que aparece nas páginas seguintes, no entanto as Escrituras citadas reflectem a Palavra e a vontade d’Aquele que reclama toda a Autoridade no céu e na terra.

Novembro de 1990
W.P.W. McVey
22 Glenella Street
The Gap, Brisbane
Q. 4061, AUSTRALIA









Capítulo Um

A PALAVRA OU O MUNDO




«Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à Palavra da Sua graça; a Ele, que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados» (Actos 20.32). 

Muitos leitores reconhecerão imediatamente estas palavras como sendo parte da mensagem de despedida do apóstolo Paulo aos anciãos Efésios. Ele sabia que nunca mais os veria de novo na terra, mas tinha confiança total na Palavra de Deus para dirigir as suas vidas na sua ausência.

A menção da santificação, aqui, por Paulo, teria lembrado os anciãos de que a sua aceitação por Cristo como seu Salvador e Senhor tinha radicalmente alterado a sua posição nesta vida como também o seu destino na vindoura. Em comum com todos os verdadeiros crentes, eles tinham sido separados do mundo por e para Deus, e tinham entrado numa relação única com Ele, como seu Pai numa família celestial.

O Senhor Jesus estava a referir-se a este relacionamento quando declarou que os Seus discípulos não eram “do mundo” (João 17.14). Depois rogou ao Pai: «Santifica-os na verdade; a Tua Palavra é a verdade». A Palavra de Deus era necessária para os preservar dos caminhos do mundo, e essa necessidade, hoje, é exactamente a mesma.



O MUNDO

O mundo de que agora falamos não é, como é óbvio, o planeta em que vivemos, mas o agregado da humanidade, alienado de Deus, vivendo para si e enganado por Satanás. Em infinito amor o Salvador deu-Se na cruz pela vida do mundo, mas recebeu ódio em troca, por denunciar as suas obras como sendo más (João 6.51; 7.7).

Apesar da imensidão de mudanças externas desde o tempo de Cristo, o mundo permanece essencialmente o mesmo no seu âmago. Por esta razão, os que buscam a vontade de Deus, como revelada na Sua Palavra, não devem segui-lo ou permitir que ele retire a Palavra de Deus das suas afeições.

O período decorrido até ao presente, desde a II Guerra Mundial, tem experimentado uma mudança fenomenal, afectando a vida de milhões de pessoas, especialmente no Ocidente. Apesar de termos obtido muitos benefícios da tecnologia moderna em nossas casas, no trabalho e até no serviço do Senhor, também estamos cientes da operação das fortes influências humanísticas, levando as pessoas a expurgarem todo o pensamento de Deus das suas mentes e a repudiarem os Seus clamores sobre as suas vidas. Não imaginam elas que o seu desvio da fé de seus pais nesta senda foi claramente predito nas Escrituras como sendo um sinal dos últimos dias.




O PAPEL DAS MULHERES

De todas as mudanças ocorridas nos anos recentes, nenhuma tem atraído tanto a atenção como o novo papel das mulheres na sociedade. As mulheres agora têm ocupações no mundo dos negócios e na vida pública, que anteriormente estavam reservadas aos homens, e muitas estão a servir com distinção em posições chave. Muitas mulheres têm-se adaptado à nova situação sem cederem nos valores espirituais, continuando a olhar para o Senhor, para que as guarde, e para a Sua Palavra, para que as guie. Mas outros, tanto homens como mulheres, têm agora encontrado uma razão adicional para atacarem as Escrituras, exigindo que estas sejam reescritas para serem purgadas do que chamam de sexismo! O Todo-Poderoso é acusado de “descriminação sexual” por causa da relação Pai-Filho, que a Bíblia ensina. Para todos os que ousam usar tal linguagem nós não temos senão um comentário: São eles que necessitam de correcção, não as Escrituras.

O papel das mulheres na sociedade tem criado agora um aceso debate nos altos círculos religiosos quanto à sua posição na igreja. Uma vez que as mulheres têm provado o seu valor em tantas áreas da vida, alguns perguntam, porque é que elas não podem ser “ordenadas” em pé de igualdade com os homens? Até no interior da Igreja Católica Romana, que se declara ser semper eadem (sempre a mesma), erguem-se vozes reclamantes que exigem um maior reconhecimento das mulheres. Os sentimentos têm-se exacerbado recentemente entre os Anglicanos por causa da aceitação das mulheres como “sacerdotes” e “bispos”, e – notemos isto – os clérigos que se opunham a este movimento mostraram-se mais preocupados com os possíveis efeitos adversos disto sobre o movimento ecuménico do que com o ensino das Escrituras sobre o assunto.

A Bíblia está, assim, a ser assaltada por uns, e ignorada por outros. Os que deveriam erguer a voz em sua defesa permanecem estranhamente silenciosos, enquanto os modernistas, humanistas, e feministas desacreditam-na por todo o lado. As pessoas em geral não lêem a Bíblia, e tudo o que conhecem das discussões decorrentes a respeito das mulheres na igreja têm-no aprendido dos órgãos de comunicação social. Por conseguinte a grande necessidade do momento é examinar de novo a Palavra de Deus para se ver com exactidão o que é que ela diz sobre este assunto.




AS MULHERES NAS ESCRITURAS

Apesar das mulheres terem sido tratadas pouco mais do que gado em certas partes do mundo, e de algumas religiões dificilmente as creditarem como tendo alma, a Bíblia tem-lhes concedido um lugar de justa honra desde o início. Falando da origem de Eva (Gén. 2.21,22) um comentador disse correctamente que ela foi tomada do lado de Adão para ser sua companheira e igual, e não da sua cabeça para o dominar, nem dos seus pés para ser por ele espezinhada.

Uns capítulos mais adiante, Eva é de facto vista como sendo um com Adão na criação: «Macho e fêmea os criou, e os abençoou, e chamou o seu nome Adão, no dia em que foram criados» (Gén. 5.2). No Decálogo, os filhos eram mandados honrar a mãe, do mesmo modo que o pai (Êxo. 20.12). Uma interessante amostragem do estatuto das mulheres é visto em Génesis 24.58, onde o pai e o irmão de Rebeca ficaram convencidos de que era da vontade de Deus que ela se casasse com Isaque, mas em que a escolha e decisão final lhe foram deixadas a ela.

Volvendo-nos para o Novo Testamento vemos que o Senhor recebeu, ensinou e curou mulheres, como o o tinha feito a homens. Algumas mulheres conquistaram a Sua simpatia, outras a Sua recomendação; e determinadas mulheres obtiveram menção especial relativamente ao Seu nascimento e morte. Paulo também incluiu os nomes de várias mulheres no envio de saudações às várias igrejas, dando-lhes devido crédito pela sua parte na obra do Senhor. Depois em I Timóteo 5, ele estipulou que as mulheres Cristãs deveriam ser tratadas como mães ou irmãs, de acordo com a idade, e que arranjos especiais deveriam ser efectuados para se cuidar das viúvas idosas.




AS MULHERES NA IGREJA

Mas a nossa preocupação do momento é o lugar das mulheres na igreja como revelado no Novo Testamento, e aqui temos de definir cuidadosamente os nossos termos e sermos claros sobre o que significamos com a palavra igreja, que, em si, significa basicamente uma assembleia. Estamos a pensar no que Paulo chamou de «a Igreja que é o Seu Corpo» em Efésios 1.22,23? Ou pensamos num grupo de Cristãos que se reúne em algum lugar particular, tal como uma das igrejas a quem Paulo enviou as suas epístolas? É essencial distinguir estes dois usos da palavra: no primeiro, todos os Cristãos são vistos como um; no segundo, há diferenças óbvias.

Não é raro em qualquer língua a mesma palavra ser usada em sentidos diferentes. Como ilustração podemos pensar numa palavra como França quando é aplicada a toda a nação (ex: A França entrou em Guerra com a Alemanha), ou quando é aplicada a um grupo seleccionado dessa nação que compete nos Jogos Olímpicos (ex: a França conquistou vinte medalhas de ouro). Apesar de todos os competidores, tanto masculinos como femininos, desfrutarem dos mesmos direitos e privilégios como cidadãos Franceses em toda a parte, todavia estão sujeitos a diferentes papeis neste evento, e, em particular, não é permitido que os homens participem em eventos de mulheres, ou vice-versa.

«Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus» (Gál. 3.28). A declaração não há macho nem fêmea, é possivelmente um eco da história da criação (Gén. 1.27). As palavras de Paulo aqui são frequentemente divorciadas do seu contexto, e citadas como se ele estivesse a tratar com a ordem na igreja e a dar às mulheres o mesmo lugar que é dado aos homens em todo o ramo de actividade. A verdade é que todo o capítulo é uma cuidadosa exposição bem arrazoada da doutrina fundamental da justificação e da salvação apenas por meio da fé em Cristo, independentemente da raça, do sexo ou condição social. Todos os verdadeiros crentes herdam «a plenitude da bênção do Evangelho de Cristo»; são todos habitados pelo mesmo Espírito Santo, sendo todos de igual modo filhos de Deus; e todos podem aproximar-se de Deus exactamente no mesmo pé de igualdade, com o clamor «Abba, Pai» nos seus lábios (Gál. 4.6).

Mas o Novo Testamento é igualmente insistente no facto de que na vida Cristã devemos reconhecer – e santificar também – as distinções que existem entre maridos e mulheres, pais e filhos, servos e senhores, para nomear apenas algumas. Nós somos semelhantemente ensinados, apesar de estarmos sob o mesmo Senhor, que diferimos uns dos outros na questão dos dons espirituais e esferas de serviço, e o Senhor tem uma obra para cada um fazer, seja jovem ou velho, seja macho ou fêmea. No entanto, em parte alguma, nos ajuntamentos da igreja primitiva, vemos ser dado às mulheres o lugar de liderança, que alguns reivindicam para elas hoje.[2] Na verdade, as Escrituras opõem-se a tal pensamento e legislam especificamente contra ele. Examinaremos agora algumas passagens no Novo Testamento que tratam explicitamente com este assunto.



    












Capítulo Dois

O ENSINO DAS ESCRITURAS



I CORÍNTIOS 14.34-38

«As mulheres estejam caladas nas igrejas». 

Algumas traduções unem estas palavras à última frase no versículo 33: «como em todas as igrejas dos santos», o que implica que Paulo estaria a alinhar os Coríntios pelas igrejas em toda a parte. Mas, de qualquer forma, o sentido permanece o mesmo. A chave para a força da proibição encontra-se em dois versículos anteriores, onde o mesmo verbo Grego é usado: «esteja calado» (v.28) e «cale-se o primeiro» (v.30). O significado simples é reprimir ou fazer renunciar a comunicação à assembleia no decorrer das reuniões de igreja.

«Porque lhes não é permitido falar».

Seria desnecessário aqui qualquer comentário, não fosse a ideia proposta por alguns de que Paulo estaria só a repreender as irmãs por “cochicharem” entre si enquanto decorriam as reuniões, perturbando assim os pregadores. Todavia tal interpretação contradiz todo o sentido da passagem e o significado geral da palavra falar, que ocorre mais de vinte vezes neste capítulo. A mesma palavra é também usada a respeito de, Deus falar, Cristo falar e o Espírito Santo falar (Heb. 1.1; João 17.1; Act. 28.25). Um ponto adicional é o facto de que os homens que interrompiam as reuniões também deveriam, nesse caso, ser repreendidos. O próprio Paulo não tinha dúvidas quanto ao significado das palavras aqui usadas, pois ele tinha-as ouvido antes numa mensagem de Deus durante a sua primeira visita a Corinto. «Fala e não te cales» (Act. 18.9). O que Deus mandou a Paulo, as irmãs são agora proibidas de o fazer. Na cidade, ele deveria falar e não estar calado; na igreja, elas deveriam estar em silêncio e não falar.

«Mas estejam sujeitas, como também ordena a lei ... porque é indecente que as mulheres falem na igreja».

Estas declarações adicionais impedem enfaticamente as irmãs de tomarem um papel de liderança das reuniões de igreja, o que obviamente fariam se pregassem em público ou conduzissem a congregação em oração. Mesmo que tivessem questões, estas deveriam ser colocadas em privado, e não numa reunião. A referência à lei lembra-nos, Génesis 3.16, as palavras de Deus a Eva imediatamente após a Queda.

Contudo, alguns dizem que a lei refere-se às restrições colocadas às mulheres no Talmude Judaico, e defendem que, com isto em mente, Paulo estava meramente a corrigir na igreja o comportamento ruidoso que era comum entre as mulheres nas sinagogas. Porém os proponentes deste ponto de vista colocam-se em terreno extremamente escorregadio. Quem é que tinha uma melhor compreensão do Judaísmo daqueles dias, senão Paulo? E quem combateu mais fortemente para resistir à imposição das leis e costumes Judaicos sobre as igrejas Gentias? (Ver, por exemplo, Gál. 2.4,5). Se o falar ruidoso tivesse sido a única falta das mulheres, certamente que Paulo ter-lhes-ia dito para darem melhor uso às suas línguas e, juntamente com os irmãos, teria dado inteligentes mensagens espirituais «para edificação, exortação e consolação» (v.3). Como veremos mais tarde, o ensino do Novo testamento sobre este assunto deve ser compreendido à luz dos soberanos caminhos de Deus na criação, natureza, e redenção, e não em relação às condições sociais ou religiosas dominantes então, ou agora.

Antecipando a oposição a este ensino, exactamente como acontece hoje, Paulo desafiou os Coríntios no respeitante à Palavra de Deus. Ousariam eles dizer que eram a fonte desta Palavra? Ou reivindicariam eles serem os únicos recipientes ou intérpretes dessa Palavra? Eles teriam que compreender que o que ele escreveu era «mandamento do Senhor». Não se tratava da sua posição contra a deles numa questão que eles pudessem concordar ou diferir. Nem as palavras de Paulo diziam apenas respeito à situação Coríntia, pois ele deu o mesmo ensino às demais igrejas. Veremos isso agora nas suas instruções a Timóteo, que ele tinha deixado em Éfeso para consolidar ali a obra.





I TIMÓTEO 2

Crê-se geralmente que esta epístola foi escrita cerca de seis anos depois da primeira carta aos Coríntios. O propósito de Paulo ao escrevê-la era proporcionar direcção para o comportamento «na casa de Deus ... a igreja do Deus vivo» (3.15), e aqui uma linha demasiado clara de demarcação é traçada entre os sexos.

«Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar» (v.8).

No princípio do capítulo, quando Paulo pediu que se orasse por «todos os homens» e declarou que Deus quer que todos os homens se salvem», ele usou uma palavra que inclui ambos os sexos - tanto homens como mulheres. Porém aqui ele utilizou uma palavra diferente, que significa homens apenas – homens, distinto de mulheres. O facto de aqui (e noutros lugares) serem dadas aos dois sexos instruções separadas, é em si uma indicação das suas funções distintas na igreja.

Todavia, as mulheres Cristãs não têm sido relegadas para um papel puramente passivo, como revelam os primeiros versículos. Elas também têm uma parte vital a desempenhar no tornar Cristo conhecido. Elas também deveriam dar ouvidos à exortação de Paulo para se pedir a bênção de Deus sobre um mundo em necessidade (vs.1-3), mas nas reuniões de igreja é aos homens que é requerido que a liderança seja assumida.

O mesmo é verdade relativamente ao ensino: «A mulher aprenda em silêncio ... Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido». Se as palavras de Paulo soam a estranheza aos ouvidos modernos, são pelo menos consistentes com o que é ensinado em I Coríntios 14. É também bastante notável quão consistentes são as várias versões da Bíblia na tradução de ambas as passagens, sem usarem exactamente as mesmas palavras.


DUAS RAZÕES

Mas qual a razão para estas proibições? São apresentadas duas razões convincentes do Velho Testamento: Adão foi criado primeiro, e Eva transgrediu primeiro.[3] É óbvio que Paulo aceitava o registo de Génesis como autêntico, e o mesmo devemos nós fazer. Ele também cria que este livro contem verdades significativas para a presente dispensação – Adão e Eva como sua mulher prefiguram Cristo e a Igreja, como ensina Efésios 5. Deus não criou Eva ao mesmo tempo que Adão, ou do mesmo modo, apesar de para Ele isso ser-Lhe fácil. O Seu acto deliberado e soberano ao criar o homem primeiro é apresentado como razão para a liderança masculina nas igrejas.

Alguns podem interrogar-se sobre o porquê da responsabilidade da Queda ser colocada unicamente sobre Adão em Romanos 5, visto que Eva leva aqui com o impacto dela. A verdade é que ambos foram culpados, mas em diferentes modos. O principal elemento no pecado de Adão foi a desobediência, que em Romanos é contrastada com a obediência sem reservas de Cristo, enquanto que a causa primária do pecado de Eva não foi a desobediência, mas o engano. Satanás enganou-a, fazendo-a crer que o mandamento de Deus não necessitava de ser estritamente observado e que ambas as vidas seriam enriquecidas se ignorassem a restrição divina. Assim ela decidiu “usurpar a autoridade”, actuando independentemente do seu Criador e marido. Esse facto levou-o a afastar-se da Palavra de Deus na senda da desobediência. É claro que Deus responsabilizou pessoalmente Adão pela sua desobediência, a despeito duma aparente tentativa da sua parte em fazer recair a culpa sobre Eva.




PARTICIPAÇÃO LIMITADA?

É algumas vezes defendido que as restrições colocadas às mulheres em 1 Timóteo 2 não as privam inteiramente de tomarem parte audível nas reuniões de igreja. Uma mulher crente poderia conduzir em oração, dizem, sem usurpar o lugar dos irmãos, desde que salvaguarde que eles orem primeiro. Ela também poderia trazer mensagens de testemunho pessoal ou de exortação, desde que salvaguarde que não “ensina” com a autoridade apostólica dum ensinador como Paulo (v.7). Contudo, face ao que Paulo afirmou em I Coríntios 14, não podemos apoiar aqui esta interpretação das palavras dele. Além disso, a exortação pressupõe algum grau de ensino. Como é que, por exemplo, as pessoas podem ser instadas a aceitar Cristo como seu Salvador sem que primeiro se lhes ensine os factos do Evangelho?

Por causa da frase de ligação, «do mesmo modo» (v.9), tem-se usado este texto para se permitir que as irmãs orem publicamente na igreja, desde que estejam apropriadamente vestidas. Todavia, gramaticalmente, a palavra “ataviar” deve ser tomada com “orar” no versículo 8, a primeira referindo-se às mulheres e a segunda aos homens. O que Paulo diz é isto:

(1)                Ele desejava que os homens orassem em todo o lugar; e
(2)                Do mesmo modo desejava que as mulheres se arranjassem com modéstia.

Os versículos que se seguem concordam com esta explicação.




SACERDÓCIO

O sacerdócio de todos os crentes na presente dispensação tem também sido esgrimido como base suficiente para as mulheres Cristãs tomarem parte pública durante as reuniões de igreja, pelo menos no agradecimento a Deus. Porém este argumento derrota-se a si mesmo, pois os sacerdotes do Velho Testamento eram responsáveis acima de todos os outros por observarem e defenderem as leis de Deus (ver, por exemplo, Mal. 2.1-9). Aos sacerdotes não lhe era permitido fazer as suas próprias normas de serviço no tabernáculo ou no templo, e dois dos filhos de Aarão tiveram um trágico fim quando se aproximaram do Senhor da forma que não lhes ordenara (Lev. 10.1). Além disso, é um erro pensar no sacerdócio Cristão apenas em termos de reunião de igreja; de facto, no Novo Testamento, o assunto nunca é mencionado nesse contexto. O nosso Sumo-sacerdote, o Cristo ressurrecto, «não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer, por nós, perante a face de Deus» (Heb. 9.24). Assim, o céu é tanto a fonte da nossa vida espiritual como a esfera do nosso serviço sacerdotal. O nosso lugar de adoração não é nem em Jerusalém nem no Monte Gerizim (João 4), mas «no interior do véu», bem longe dos constrangimentos de qualquer programa semanal de reuniões. Que gloriosa verdade, pois significa que todos os crentes – os mais novos, como os mais velhos, e as irmãs, como os homens – podem oferecer «sempre, por Ele, a Deus sacrifício de louvor» (Heb. 13.15), mesmo se prostrados num leito hospitalar ou confinados numa cela prisional. Contudo, são as situações da igreja local que estamos agora a considerar.

«[Ele] não lhes ordenara.

Esta frase pode ser amplamente escrita sobre muito do que é ouvido hoje sobre o ministério das mulheres. Elas são exortadas a reivindicarem o seu papel de igualdade com os homens; a exercitarem os dons que Deus lhes deu sem complexos de intimidação dos irmãos; a mostrarem na igreja que o Evangelho as libertou do domínio masculino da sociedade. É-lhes dito que Deus é roubado de cinquenta por cento do louvor que Lhe é devido se as irmãs permanecerem em silêncio na igreja. Mas nós procuraremos em vão algum ensino destes no Novo Testamento. Nem há, para uma data futura, qualquer sugestão de um possível novo papel para as mulheres na igreja, como acontece com a possibilidade, admitida, dos escravos serem libertos em 1 Coríntios 7.21. Uma vez mais, temos que fazer uma clara distinção entre  a Palavra do Senhor e  a voz do mundo.




PROFETIZAR E PREGAR[4]

São muitas vezes levantadas questões acerca das quatro filhas de Filipe em Actos 21.9, que «profetizavam», como também acerca das palavras de Joel citadas por Pedro em Actos 2.17: «os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão». E é claro que com estes casos se pretende legitimar que as mulheres falem na igreja.

Qual a explicação? Em primeiro lugar, convém, desde já, sublinhar que as mulheres tiveram sempre um papel discreto, desde o princípio, e não apenas nesta dispensação. Quando elas deixam o lugar de discrição que Deus lhes reservou Ele diz: «Como jóia de ouro em focinho de porca, assim é a mulher formosa que se aparta da discrição» (Provérbios 11.22). 

Mas..., dirá alguém, e as profetizas de Actos atrás referidas?

Analisemos. Joel profetizou que nos «últimos dias» aconteceriam coisas anormais, a saber,
-       o sol converter-se em trevas (não é normal)
-       a lua converter-se em sangue (não é normal)
-       os velhos terem sonhos (não é normal; o normal é os jovens terem sonhos)
-       os jovens terem visões (não é normal; o normal é os velhos terem visões)
-       as filhas profetizarem (não é normal).

Quando estas coisas começaram a suceder em Pentecostes, Pedro disse que aquilo era o cumprimento da profecia de Joel (Actos 2.16-20). De facto, a profecia começou a cumprir-se, embora não toda, pois, apesar dos velhos terem tido sonhos, os jovens visões e as filhas terem profetizado, o sol não se converteu em trevas nem a lua em sangue. O cumprimento desta parte da profecia seria o início dos sinais da Grande Tribulação, do juízo implacável de Deus sobre a humanidade. O começo da Grande Tribulação ter-se-ia dado ali, não tivesse Deus suspenso o relógio profético e, em vez de derramar o Seu juízo que, tudo indicava, sucederia, decidido abrir um parêntesis de graça ao salvar o líder da rebelião, Saulo de Tarso, querendo com esse gesto revelar o que pretendia fazer com todo o mundo.

As circunstancias em que o mundo estaria e a pressão que o povo de Deus estava sujeito fez com que o Espírito Santo tivesse uma actuação à altura das diversidades.

No entanto, não esqueçamos que, embora fosse referido que elas eram profetizas, nunca lemos que elas tivessem qualquer ministério público, e muito menos no Templo de Deus em Jerusalém.

A conversão de Saulo de Tarso deu, pois, início à dispensação[5] da graça de Deus (Efésios 3.1,2 com I Timóteo 1:14-16; II Timóteo 1:9-11). E, com o início da Dispensação da Graça todas as coisas voltaram ao normal. E, isso, é o que nos importa hoje; Pois o ministério da Igreja é uma situação normal.

O leitor, para melhor compreender quais as funções e o que representava uma profetiza é analisar as referências que são feitas a elas. E, essas referências levam-nos a Miriã (Êxodo 15:20-21), a Débora (Juízes 4:4; 5:1, 12), Hulda (II Reis 22:14) e a Ana (Lucas 2:36). E o que verificamos ser comum nelas: eram chamadas profetizas por estarem relacionadas com cânticos, com a poesia, e com o louvor. Além disso, nunca com um ministério publico. Excepcionalmente, admitia-se a participação das mulheres nos grupos corais, ou seja, participação conjunta com os varões – no caso, mulheres levitas (I Crónicas 25:5; Salmo 68:25).

Se olharmos muitos dos Salmos de Davi verificamos que muito ensino e importantes profecias são ali reveladas. Por essa razão é que, este ministério era considerado no âmbito da actividade profética.

Acresce, assim, dizer que mesmo naquelas circunstâncias excepcionais que atrás referimos, em que as mulheres profetizaram, não lemos de alguma mulher – nem mesmo Maria, a mãe de Jesus – dirigir-se à multidão em Pentecostes – e elas estavam presentes. Foi Pedro que se pôs «em pé, com os onze», e apelou aos homicidas do Messias que se arrependessem.



FEBE E AS OUTRAS MULHERES

Alguns apontam para Febe, «a qual serve na igreja que está em Cencréia» e para a calorosa recomendação que Paulo fez dela em Rom. 16.1,2. Uma vez mais, aqui, não devemos limitar o significado da palavra “serve” (Gr. diakonos), pois algumas vezes ocorre para um uso puramente secular (ex: João 2.5, empregados). A vida normal da igreja proporciona muitas avenidas de serviço para o Senhor à parte do falar publicamente. Se Febe fosse uma reconhecida pregadora na igreja em Cencréia, e se Paulo cresse que esse papel era adequado a uma irmã, ele teria indubitavelmente instado com os crentes Romanos para que a deixassem exercer este ministério entre eles.

Febe não foi, de modo algum, a única mulher que mereceu a recomendação de Paulo. No mesmo capítulo um número significativo de outras mulheres é mencionado pelo nome. Saudações especiais foram enviadas a Priscila e ao seu marido, que ajudaram Paulo na sua obra entre «as igrejas dos Gentios» (vs.3,4). Anteriormente, este casal devoto tinha dado uma nova direcção ao ministério do dotado Apolo quando eles «o levaram consigo e lhe declararam mais pontualmente o caminho de Deus» (Act. 18.26). Parece que tanto marido como mulher se envolveram ambos na condução de Apolo a uma melhor compreensão da fé Cristã.

Portanto as mulheres, como igualmente os homens, têm um papel a desempenhar na causa do Senhor, ensinando a Sua Palavra e prestando ajuda espiritual aos que precisam. [6] Como questão de facto, as mulheres Cristãs muitas vezes podem fazer um trabalho eficaz em lugares onde os homens se deparam com uma porta fechada, ou onde a presença dos homens possa conduzir a más interpretações e à desacreditação do Evangelho. Isto é particularmente verdade em certas partes do campo missionário, onde é mais adequado as irmãs visitarem mulheres Cristãs nos seus lares, alcançando ao mesmo tempo os perdidos. Ao escrever a Tito, Paulo estipulou que as mulheres mais velhas na assembleia ensinassem as mais novas a pôr em ordem as suas vidas e a conduzir bem os seus lares «a fim de que a Palavra de Deus não seja blasfemada» (2.3-5). Este ainda é o ministério mais importante e necessário.


 A SITUAÇÃO CORÍNTIA 

A despeito do poder e autoridade da pregação apostólica, a Bíblia revela ampla evidência de sérias aberrações da verdade em muitas das igrejas primitivas, aberrações tanto na doutrina como na prática. Isto foi especialmente assim na assembleia Coríntia, onde a Ceia do Senhor se tinha tornado em pouco mais do que uma ocasião para um encontro social e festim. «Não tendes, porventura, casas para comer e para beber? Ou desprezais a igreja de Deus?», perguntou Paulo com indignação (1 Cor.11.22), indicando assim que algumas coisas poderiam ser próprias ou permissíveis num ambiente familiar, mas deslocadas e impróprias na igreja.

Na parte inicial deste capítulo Paulo teve de tratar com um outro abuso, um outro exemplo do fracasso Coríntio em distinguir entre o que era peculiar à assembleia e o que pertencia a outro foro. Através duma incompreensão do seu papel distinto na igreja, as mulheres apareciam em cabelo nas reuniões, assim como tomavam parte audível. Alguns homens, por outro lado, ter-se-iam predisposto a cobrir as suas cabeças na igreja.


I CORÍNTIOS 11.1-16

Esta passagem requer algumas anotações gerais antes de entrarmos em detalhe:

(1)                Não há aqui nenhuma ideia de batalha de sexos. Movemo-nos num domínio onde Deus, Cristo e os anjos estão envolvidos, e onde homens e mulheres são vistos complementando-se uns aos outros, e não competindo.
(2)                A repetição da “cabeça” no princípio do capítulo corresponde à repetição do “Senhor” no fim. Cristo tem de ter o Seu lugar reconhecido tanto como Cabeça como Senhor. Deus «O constituiu como Cabeça da igreja» (Efe. 1.22), e é à luz disto que a questão da cabeça coberta ou descoberta dos membros da igreja deve ser visto.
(3)                A declaração de que «a cabeça da mulher» é «o varão» (v.3) não acarreta nenhuma presunção de inferioridade, do mesmo modo que não pode haver tal sugestão na declaração seguinte que afirma que «Deus» é «a cabeça de Cristo». No dia a dia encontramos muitas vezes pessoas de posição subordinada que não são de forma alguma inferiores às que estão acima delas.
(4)                Segundo alguns escritores, as palavras, «o varão, a cabeça da mulher», refere-se a Adão como a causa de Eva na criação e não significa nada mais. Contudo, esta interpretação não faz justiça à declaração paralela, «Deus, a cabeça de Cristo», que deve ser compreendido no contexto da redenção humana. Embora sempre co-igual com o Pai, o Filho tornou-se o Cristo, o Salvador do mundo» (João 4.42) ao unir-se à nossa raça humana e ao alegremente aceitar a vontade do Pai em tudo o que Ele fazia na terra.
(5)                As congregações Cristãs primitivas eram compostas de convertidos de uma variedade de origens, com diferentes religiões e costumes. Como sinal de reverência para com Jeová, os Judeus cobriam sempre a cabeça na adoração. Os Romanos também cobriam a cabeça nos seus ritos pagãos, enquanto que os Gregos não. Os Judeus devotos devem ter tido dificuldades em descobrir a cabeça na igreja e adorar sem o seu talete. Do mesmo modo os não-Judeus não quereriam abrir mão dos seus velhos costumes, tornando-se talvez “contenciosos” na matéria. Contudo Paulo foi firme, revelando que este assunto não era arbitrário e que a ordem na casa de Deus deveria basear-se na revelação divina, e não em costumes diversos. Os Coríntios deveriam conformar-se neste ponto com a prática geral da igreja. Os homens deveriam estar em cabelo, gostassem ou não; e as mulheres deveriam cobrir-se.



SENHORIO

Mesmo uma leitura apressada de 1 Coríntios 11 revela que a distinção entre os sexos, que Deus fez, tanto na criação como na natureza, ainda vigora; e não deve ser posta de parte na base de que todos os crentes têm uma vida comum em Cristo. De facto os crentes são irmãos e irmãs no Senhor, mas quando se está perante a manifestação do Senhorio de Cristo (Cristo como Cabeça) diante dos anjos e dos homens, diferentes símbolos devem ser usados na igreja.

Os anjos não são estranhos à grande história da redenção humana: «Aquele [Deus] que se manifestou em carne ... visto dos anjos ... recebido acima, na glória» (1 Tim. 3.16). Estes seres celestiais, que se aproximam do Criador com as faces veladas com as asas, agora observam: um homem? Sim, um HOMEM! – Jesus, assentou-se no trono mais elevado do céu. Ei-Lo com a face e cabeça descobertas, «coroado de glória e de honra», um facto que se deveria reflectir nas igrejas de Cristo na terra.

É neste cenário que o Senhorio de Cristo (Cristo como Cabeça) deve ser compreendido. Uma vez que «Cristo é a cabeça de todo varão», a cabeça física do homem é simbólica da presença do Salvador invisível entre o Seu povo reunido. Portanto os homens não devem ter cabelo comprido, nem devem cobrir as suas cabeças durante as reuniões de igreja. Qualquer homem crente que o faça deturpa e desonra o seu Senhor, que agora aparece sem cobertura diante de Deus nos méritos da Sua própria pessoa e obra. Assim, a mensagem da cabeça descoberta na igreja é: Cristo é Cabeça.

As mulheres, por outro lado, devem ter cabelo comprido e a cabeça coberta, e proclamam a mesma mensagem, na verdade com ênfase acrescida: Somente Cristo é Cabeça. De facto, a cabeça coberta da mulher tem uma mensagem dupla. Primeiro, revela a sua compreensão das palavras, «a cabeça da mulher é o homem», e do seu papel na igreja. Mas significa mais. Visto que a sua cabeça física representa o homem, a cobertura dela lembra-o que ele também está sob autoridade a que se deve submeter. Assim, a cabeça feminina coberta indica a submissão de toda a congregação a Cristo. Relembra, também, as palavras de Efésios 5.24, onde a Igreja universal é apresentada como a noiva de Cristo e está «sujeita a Cristo».



QUESTÕES PRÁTICAS

Estas questões podem parecer menores em si, mas num contexto Cristão têm um significado profundo. A Palavra de Deus deveria ser ensinada com convicção e autoridade (Tito 2.15) – mas que autoridade? As cabeças cobertas das mulheres declaram que a autoridade não reside no homem que fala, apesar dele e dos seus demais irmãos, com as suas cabeças descobertas, revelarem pertencer a Cristo. Portanto, quando as mulheres aceitam a posição que o Senhor lhes ordenou na igreja, elas ajudam a manter os homens também no seu próprio lugar, com uma mensagem igualmente para os anjos (v.10).

Se não for dada a Cristo a Sua posição como Cabeça, outros se levantarão logo para ocupar o Seu lugar, como Diótrefes, «que procura ter entre eles o primado» (3 João 1.9). Se os requisitos do Novo Testamento para a ordem na igreja forem abandonados, então concílios, conclaves, e comités poderão anular as palavras das Escrituras «ensinando doutrinas que são mandamentos de homens», como fizeram alguns Judeus no passado (Mar.7.7). Uma reunião de igreja onde, tanto homens como mulheres, estão descobertos, significa, com efeito, que a Palavra do Senhor e os ensinos dos homens têm igual lugar.

Alguns defendem que o cabelo da mulher é em si uma cobertura suficiente, face à declaração no versículo 15 de que «o cabelo lhe foi dado em lugar de véu». Porém há alguns argumentos fortes contra este ponto de vista. A palavra Grega, aqui, para «véu» é bastante diferente dos termos usados para cobrir e véu, no princípio do capítulo. Mas mais, se o cabelo, quer seja comprido ou curto, for visto como a única cobertura requerida, as palavras do versículo 6: «Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também», tornam-se de impossível compreensão. Além disso, se este ponto de vista for aplicado aos homens e levado à sua conclusão lógica, significaria que só aqueles que são carecas ou tosquiados satisfariam os requisitos do Senhor nas reuniões de igreja. Não, ao lermos de novo o versículo 15 vemos que o cabelo comprido duma mulher é a sua glória, e isto ela deve cobrir na igreja, de modo a que Cristo obtenha toda a glória. Foi com esta precisa nota que Paulo abriu a epístola: «... nenhuma carne se glorie perante Ele ... aquele que se gloria, glorie-se no Senhor» (1.29-31). [7]

Uma vez que a cobertura da cabeça simbólica das mulheres está relacionada com a honra e glória de Cristo, não deve ser limitado apenas à Ceia do Senhor. Certamente que esta não é a única vez em que desejamos tê-Lo entre nós como supremo objecto dos nossos corações. Não desejamos a Sua presença e bênção quando nos reunimos para Oração, Estudo Bíblico, e Pregação do Evangelho? Algumas mulheres Cristãs têm sido conhecidas por renunciarem ao véu nas reuniões de Pregação do Evangelho sob o argumento de que isso pode embaraçar as suas amigas ou fazer com que as estranhas se sintam mal, mas a vontade e a glória do Senhor devem facilmente ultrapassar todas essas considerações. Na verdade, o véu das mulheres algumas vezes cria oportunidades para explicar aos observadores recém-chegados que se trata dum símbolo baseado nas Escrituras, que nós não temos nenhuma cabeça religiosa na terra, e que o Cristo glorificado no céu é o diadema da mensagem do Evangelho. Também nos deveríamos lembrar que os anjos acompanham com interesse a pregação do Evangelho (1 Pedro 1.12), e regozijam-se quando os pecadores se volvem para Deus em arrependimento (Luc. 15.10). Quanto à natureza da cobertura, isso variará de lugar para lugar, mas em qualquer caso deve ser algo que se veja claramente; afinal, um sinal ou símbolo deve ser visível para ter algum valor.

Mas há uma questão óbvia que permanece nesta passagem em 1 Coríntios 11. Na sua explicação de senhorio, Paulo mencionou tanto homens como mulheres estando comprometidos activamente na oração e profecia, enquanto que três capítulos depois ele proíbe as mulheres de tomarem parte audível nas reuniões de igreja. À parte da questão da inspiração divina das Escrituras, podemos estar certos de que Paulo não mudou de ideias tão depressa nem se contradisse. Já vimos que as instruções a Timóteo concordam com o capítulo 14 e que elas falarem publicamente, em Actos e aqui, tem a ver com o cumprimento da profecia de Joel, entretanto suspensa com a introdução da dispensação da graça; assim sendo, porque é que ele não proibiu logo as irmãs de falarem também no capítulo 11?

Em parte alguma nesta epístola Paulo se contradiz. Nós encontramos este princípio de actuação nos capítulos 8-10, onde ele respondeu às questões acerca dos Cristãos comerem alimentos oferecidos aos ídolos. Paulo não condenou imediatamente o mal, fazendo-o apenas em 10.20,21. Notemos bem que ele “tolerou” a prática no capítulo 8 quando já sabia que ela estava errada.

Paulo agiu de modo semelhante ao tratar do lugar das mulheres na igreja em Corinto. “Tolerou” que elas falassem no capítulo 11, proibindo que o fizessem no capítulo 14. Ele procedeu assim porque estava a tratar separadamente duas questões importantes. No capítulo 11 o assunto importante era a aparência das mulheres, enquanto que no capítulo 14 as suas actividades. Na realidade ele seguiu precisamente a mesma ordem em 1 Tim. 2.9-14, e acabou com o mesmo ensino.

A conclusão? As mulheres Cristãs têm um papel importante a desempenhar tanto na igreja como no mundo, mas não devem desempenhar o papel dos homens.








CAPÍTULO 3

OBJECÇÕES


Os pontos de vista que temos estado a expressar acerca da posição das mulheres na igreja não são novos. Durante séculos, teólogos e comentaristas de origens muito diversas escreveram ao longo desta linha, e as suas obras ainda se encontram entre nós. Todavia, no século vinte deram-se mudanças drásticas nas atitudes para com as grandes doutrinas históricas da fé Cristã, com o espírito do século a substituir o Espírito de Deus em muitas áreas de fé e conduta. Na questão do casamento e divórcio, por exemplo, os padrões do mundo permearam a Cristandade como um todo, e nós agora ouvimos de casamentos homossexuais, e igualmente de igrejas homossexuais com ministros homossexuais. As palavras de 1 Coríntios 7.2 são claríssimas: «... cada um tenha a sua própria esposa [Gr. mulher], e cada uma tenha o seu próprio marido [Gr. homem]» - e tudo o mais é uma perversão do ideal divino e indigno do nome de Cristão.
Desde o tempo de Adão e Eva no jardim do Éden que Satanás tem estado a procurar destruir o ideal de Deus para a raça humana. Onde Deus deseja um estado de unidade, Satanás tenta quebrá-lo; onde Deus fixa uma linha de demarcação, Satanás tenta anulá-la. O próprio nome da expressão tão comum hoje, uni sexo, é uma clara evidência disto.
A despeito da distinção divina entre os sexos, as autoridades da igreja em muitos lugares têm-se agora curvado diante da opinião pública e pressão social ao colocarem as mulheres em posições administrativas e ao darem-lhes um ministério oral ao lado dos homens, em pé de igualdade. Em muitos círculos eclesiásticos estão a decorrer processos que apontam na mesma direcção. Em 1988 o Sínodo geral da Igreja de Inglaterra votou a favor da ordenação de mulheres, esperando até 1992 para uma votação final e aprovação posterior pelo Parlamento.
Quando analisamos os argumentos dos que advogam este movimento “libertação das mulheres” e examinamos a sua abordagem geral às Escrituras, encontramos uma enorme variedade de pontos de vista, mas a maioria pode ser agrupada sob três principais cabeçalhos:
(1)               A Bíblia, sendo um livro desactualizado e não confiável, na melhor das hipóteses, não tem qualquer relevância no mundo moderno.
(2)               O Novo Testamento, introduziu uma nova era com o Pentecostes, e as igreja primitivas não reconheciam qualquer diferença entre os sexos.
(3)               As igrejas primitivas reconheciam, de facto, diferença, mas factores de cultura social e cultural pesaram.


NENHUMA RELEVÂNCIA

As pessoas que denigrem e rejeitam a Bíblia como um todo também não atribuem peso algum ao seu registo acerca da constituição das igrejas do Novo testamento. Segundo elas, tudo o que ela tem a dizer a respeito do estatuto das mulheres é visto meramente como um reflexo do pensamento daqueles dias antigos. Alguns admitem dificilmente a historicidade de Jesus, e alegam que não possuímos nenhum registo autêntico das Suas palavras verdadeiras, ou do que Paulo pensava e ensinava. É verdade que eles podem citar as Escrituras ocasionalmente, mas as citações que fazem doutras fontes têm para eles igual valor.
Na questão da ordem da igreja, alguns alegam que os Cristãos primitivos, e os que se seguiram, formularam as suas próprias regras de acordo com as necessidades dos tempos, sendo esse o segredo do seu sucesso. Por conseguinte os Cristãos hoje deveriam revelar uma flexibilidade semelhante, deixando que os líderes contemporâneos da igreja decidam a forma melhor de lidar com problemas como o ministério das mulheres, e assim “dar ao Cristianismo uma melhor imagem aos olhos do mundo”.
Outros podem expressar-se por palavras diferentes, mas não estão mais próximos da linguagem das Escrituras. Uma pessoa só tem de acompanhar os artigos religiosos e as publicações para ver como a Palavra de Deus tem sido posta de parte como guia para a fé ou conduta. Como um articulista disse bem, “Para estas pessoas até ler a Bíblia é um aborrecimento”.


NENHUMA DIFERENÇA

Os argumentos a favor deste ponto de vista são extraídos tanto do Velho como do Novo Testamentos, mas todos encontram um centro comum em alguns textos, especialmente Gálatas 3.28: «... não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus». Defendem que o Senhor Jesus introduziu uma nova ordem espiritual para a presente Era da Igreja, libertando e elevando as mulheres, de modo que as velhas distinções entre macho e fêmea não existem mais. A “liberdade” de Gálatas 5.1 é interpretada ao longo da mesma linha – fora do contexto, claro – e todos os textos que mantêm uma distinção entre homens e mulheres é reinterpretado para se libertar do “preconceito sexista”. Se algum versículo prova ser mais difícil, é então explicado como sendo meramente a expressão do ponto de vista ou preferência pessoal de Paulo, devido talvez a uma crónica aversão a mulheres, ou ao facto de  que, a despeito da sua estatura espiritual, ainda estar num estágio infantil. E, sabe-se lá porquê, foi este mesmo Paulo que nos deu a Epístola aos Gálatas!
Se Gálatas 3.28 é o texto mais popular, a linha favorita para argumento é esta: Pensemos em Miriam, Débora, e muitas outras mulheres notáveis que Deus levantou e usou nos tempos do Velho Testamento; pensemos também na profetisa Ana e todas as mulheres devotas mencionadas nos Evangelhos, particularmente as que seguiram e serviram o Senhor durante o Seu ministério terreno; pensemos ainda na lealdade e trabalhos das mulheres que Paulo recomendou tão animadamente, e que até reconheceu como suas cooperadoras em alguns casos: portanto é irracional negar às mulheres Cristãs um ministério público na igreja. Porém o “portanto” contém uma falácia, e o argumento é falho. Os dons e as graças daquelas mulheres piedosas nos dias do Velho Testamento nunca as qualificaram para oficiar na casa de Deus, quer no tabernáculo, quer no templo. Este ministério estava reservado à Casa de Levi, e especificamente aos «filhos» de Levi. Todavia lemos de cantoras no serviço do templo (1 Crónicas 25.5,6), exactamente como homens e mulheres podem livremente unir-se no canto de louvores ao Senhor na presente Era da Igreja.
Quando consideramos as mulheres notáveis no Novo testamento, o mesmo princípio aplica-se. É errado concluir que todos os seus actos e declarações registados sejam um outro “portanto” a favor da participação pública das mulheres nas reuniões de igreja. Nesta relação faz-se menção muitas vezes de dois nomes em Romanos 16. O primeiro é Febe, que Paulo descreveu no versículo 2 como tendo «hospedado [ajudado] muitos, como também a mim mesmo». É dito que a palavra aqui usada pode ter o significado de patrona, padroeira ou protectora e pode sugerir algum grau de reconhecimento oficial. É incrível como para tentarem alcançar os seus fins alguns dispõem de imaginação tão fértil, porém destituída de suporte bíblico! As doutrinas não são estabelecidas por um “pode ter o significado” ou “pode sugerir algum grau”. Depois, no versículo 7 temos Junia, que se distinguiu «entre os apóstolos», uma frase que é entendida significar que ela era apóstolo (apesar de vários eruditos dizerem que este nome é masculino). Mas mesmo que se trate duma mulher, a declaração de que se distinguiu entre os apóstolos não significa que fosse apóstolo; primeiro, porque não há exemplo de nenhuma mulher apóstolo, e não seria este caso obscuro, ou pouco claro, que faria doutrina sobre a matéria; depois, porque esta afirmação, em si, apenas quer dizer que revelou maior fé, dedicação, consagração, zelo, que os apóstolos, como aconteceu com Maria de Betânia, Maria Madalena, e outras. Comentando Romanos 16, William Barcklay disse: “As mulheres devem ter desempenhado uma grande parte na vida e obra da igreja, mas nunca nessa altura obtiveram qualquer reconhecimento oficial”. No entanto, Paulo podia ver o imenso valor do seu papel no apoio da obra do Senhor e concedeu-lhes os mais elevados elogios. Ao mesmo tempo ele teria visto como sendo irregular qualquer tentativa da sua parte para imitar os homens no ministério público, do mesmo modo que ele próprio se colocaria fora da ordem estabelecida se cobrisse a sua cabeça na igreja.
Têm-se levantadas muitas vezes objecções quanto ao modo como 1 Timóteo 2.14 liga as mulheres à Queda. Por que é que, é perguntado, o pecado de Eva, cometido há tantos anos, tem de implicar agora uma incompetência geral ao ser colocado sobre as mulheres? Mas isto apenas introduz uma questão muito mais ampla: Porque é que o pecado de Adão impõe uma incompetência muito mais séria sobre toda a raça humana, como ensina Romanos 5.18? A resposta divina a ambas as questões é ainda uma outra questão: «Porventura, a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?» (Rom. 9.20). A razão nunca deve ser usada para raciocinar Deus afastado do Seu trono. Na literatura feminista nós procuraremos em vão qualquer apelo para a soberania de Deus.
Face aos termos de 1 Coríntios 11, alguns explicam a restrição colocada sobre as mulheres no capítulo 14 relacionando-a apenas com as “línguas”, enquanto que outros acrescentariam o “profetizar”, mas na prática esta distinção não é geralmente observada. Muitos cedem dizendo que não tomam estas restrições “demasiado literalmente” e aceitam-nas apenas “num sentido limitado”. Contudo, não podemos encontrar unanimidade de opinião quanto ao que o “sentido limitado” significa, e é agora um facto patente que em muitas igrejas as palavras dos versículos 34-37 não se aplicam absolutamente em sentido algum.
Um ponto de vista, que dificilmente merece menção, é o de que apenas as mulheres casadas eram proibidas de falarem ou fazerem perguntas durante as reuniões de igreja. Isto conduziria à posição anómala de um pregador ser continuamente interrompido por jovens mulheres solteiras, enquanto que a mulher dele, talvez três vezes a idade das outras, não poderia inquirir nada!
Devida consideração deve também ser dada à evidência circunstancial deste assunto. Por exemplo, em 1 Timóteo 5.10 Paulo descreveu o tipo de viúva idosa que deveria ser cuidada pela igreja: «... se criou os filhos, se exercitou hospitalidade, se lavou os pés aos santos, se socorreu os aflitos, se praticou toda boa obra». Leia esta lista de novo  e veja tanto o que ela diz como o que omite. Se as mulheres tivessem sido reconhecidas como pregadoras públicas e ensinadoras nas igrejas primitivas, não estariam aqui contempladas logo à cabeça da lista? A única resposta para esta questão é que nenhuma provisão era necessária para elas pela simples razão de não existirem como tal.


DIFERENÇA, MAS ...
Voltamo-nos agora para a terceira classe. Muitos têm uma clara percepção da diferença entre a posição comum de todos os crentes no Corpo de Cristo e o perfil mais elevado dos homens nas igrejas primitivas, mas atribuem isto ao lugar das mulheres na sociedade na época. Eles não questionam o ensino de Paulo, mas crêem que ele falou em termos de costumes e de convenções locais, sem antecipar os privilégios que as mulheres agora desfrutam em muitas partes do mundo. Ele era um realista, dizem eles, e usou de métodos pragmáticos para tornar a sua mensagem mais aceitável numa sociedade anti-feminina. Por outras palavras, o seu ensino acerca do procedimento da igreja foi talhado para se ajustar ao mundo dos seus dias e evitar conflitos com os costumes locais.
Em resposta a tais pontos de vista sentimo-nos obrigados a dizer que, se Paulo regressasse a este mundo e visse o Cristianismo deste século, ele acusaria os seus críticos, e a Cristandade como um todo, de seguirem as tendências dos tempos em vez da Palavra de Deus. Na sua própria defesa ele poderia salientar que, bem longe de ajustar o seu ensino à sociedade contemporânea, ele chocou tanto com Judeus como com gentios ao derrubar os seus costumes (ex: Act. 16.21; 21.21). Ele poderia lembrar-nos que, apesar de ter reconhecido condições especiais, tais como «a instante necessidade» em 1 Cor. 7.26, o seu ensino a respeito da posição das mulheres na igreja era inteiramente «mandamento do Senhor». Ele poderia acrescentar que, mesmo quando se ajustou ao estilo de vida dos outros por amor do Evangelho, ele permaneceu sempre «debaixo da lei de Cristo» (1 Cor. 9.19-22). Ele declararia que Cristo, não a cultura, jaz no centro de todos os seus ensinos. E depois poderia veementemente perguntar: Se começamos a rejeitar parte deste ensino sob pretexto da cultura, onde é que vamos parar?
Vendo a palavra costume em 1 Cor. 11.16, alguns têm dado a toda a passagem uma regulação meramente local. Mas a verdade é que Paulo estava a opor-se ao costume em questão e a recusar-lhe lugar na igreja Coríntia: «... nós não temos tal costume que estais a tentar introduzir, nem as igrejas de Deus em parte alguma» (F.F. Bruce, Uma Paráfrase Expandida). Na verdade seria estranho Paulo ter falado tão categoricamente acerca do que devia e não devia ser feito para a glória de Deus na igreja, e ao mesmo tempo procurar promover costumes locais. Além disso, devemos certamente perguntar porque é que os espectadores angélicos teriam um especial interesse na cultura de Corinto, mais do que por qualquer outra!
Que as condições sociais e culturais durante a vida de Paulo eram diferentes das nossas ninguém negará, mas as verdades básicas da natureza humana e da revelação divina transcendem todas as culturas. Por detrás do ensino de Paulo em 1 Coríntios 11 está o reconhecido facto na natureza de que as mulheres não têm pêlo nas suas faces como os homens, mas têm um crescimento mais concentrado de cabelo no topo das suas cabeças, para que não o percam tão facilmente como os homens. Uma vez mais, quando Paulo falou de ser uma “vergonha” para a mulher tosquiar-se ou rapar-se, ele sem dúvida pensou em termos das condições do primeiro século, mas os leitores mais velhos lembrar-se-ão de fotos de mulheres com cabelo rapado desfilarem pelas cidades Francesas no fim da Segunda Guerra Mundial, por causa da sua associação com os soldados Germânicos durante a ocupação. Paulo não podia ter tais incidentes em mente, mas eles ilustram poderosamente o seu ponto, e provam que os seus ensinos não devem ser relegados para o passado distante.

 

 

COBERTURA DE CABEÇA OPCIONAL

Três linhas de ensino têm sido avançadas para tornar a cobertura da cabeça das mulheres cristãs uma matéria puramente opcional – não errado por um lado, mas não necessário por outro. O primeiro ponto de vista relaciona o caso com a consciência, o segundo com o coração, e o terceiro com a tradição.
É tornado uma questão de consciência ao estender-se o ensino de Paulo em Romanos 14 fazendo-o aplicar às instruções que ele deu em 1 Coríntios 11. Lembremo-nos que na primeira passagem Paulo tratou com certos assuntos controversos, tais como as comidas que os Cristãos podiam comer, a respeito das quais Deus não tinha dado nenhum mandamento específico. Consequentemente todo o homem era deixado livre para seguir os ditames da sua própria consciência diante do Senhor. «Cada um esteja inteiramente seguro em seu próprio ânimo. .... O que come para o Senhor come, ... e o que não come para o Senhor não come ...» (vs.5,6). Ora, se nós tentarmos expressar em linguagem semelhante a questão em apreço da passagem aos Coríntios, chegamos a algo como isto: Aquela que se cobre, cobre-se para o Senhor; e a que não se cobre, para o Senhor não se cobre - Cada uma esteja inteiramente segura no seu próprio ânimo. Mas como podem estas palavras ser reconciliadas com a declaração clara de que «O varão, pois, não deve cobrir a cabeça» (1 Cor. 11.7)? Como pode uma coisa que traz desonra ao homem ou ao seu Senhor (v.4), ser olhado como sendo opcional? Então, se substituirmos “ela” por “ele” e seguirmos uma linha de raciocínio semelhante, chegamos ao mesmo impasse, e só podemos concluir que qualquer tentativa para unir estas duas passagens das Escrituras é como tentar misturar azeite com água.
Outros enfatizam o coração em vez da consciência. O Senhor está mais preocupado com o estado do coração de alguém, defendem eles, do que com o aspecto exterior. Que o coração esteja correcto é o que interessa, use-se ou não o véu. Mas terão eles pensado seriamente nisto, mesmo em termos humanos? Imaginemos a reacção de um polícia, depois de mandar parar um automobilista por mudar de direcção sem fazer o sinal respectivo, quando este lhe diz que se o coração está certo, o sinal não interessa. Com toda a certeza, o polícia desprezaria em absoluto o que lhe ia no coração e aplicar-lhe-ia a respectiva multa de acordo com as regras de condução. O coração devoto quererá sempre agradar ao Senhor. «Inclinei o meu coração a guardar os teus estatutos, para sempre, até ao fim» (Salmo 119.112).
E depois há a tradição, uma palavra que é muito usada, mas pouco compreendida. Os véus são “apenas tradição” em algumas mentes, inferindo-se que toda a tradição é má. Mas no uso bíblico, as tradições podem ser boas ou más, de acordo com a sua fonte e natureza. Por exemplo, o Senhor Jesus denunciou as tradições dos Fariseus, mas Paulo exortou os crentes a reterem «as tradições» como ele lhas ensinara (2 Tes. 2.15). A Igreja de Roma coloca grande ênfase nas suas tradições, que têm sido acumuladas ao longo dos anos, e podem ser modificadas de tempo a tempo. De facto, o véu apenas deixou de ser obrigatório para as mulheres Católicas Romanas desde o Concílio Vaticano II, e essa decisão tem tido uma poderosa influência sobre as mulheres em geral. É isso que, actualmente, jaz na raiz de tanta controvérsia sobre o assunto, e o Senhor bem poderia perguntar de novo: «Porque transgredis vós também o mandamento de Deus pela vossa tradição?» (Mat. 15.3). Contudo, nunca nos devemos esquecer que não é nenhum menosprezo para qualquer doutrina ou prática dizer que ela segue a tradição, quando segue a tradição que está firmemente baseada na Palavra de Deus.



“IGUALDADE BÍBLICA”

Devem também ser mencionados aqueles que tomam o nome de “Cristãos para a Igualdade Bíblica” e argumentam fortemente para a “plena igualdade de homens e mulheres”. Uns breves comentários bastarão.

(1)        Eles implicam que, visto que homens e mulheres são semelhantes em muitos caminhos, devem ser semelhantes em todos os caminhos. Isto é uma lógica pobre e tem falta de apoio das Escrituras. Mesmo na competição desportiva, as mulheres geralmente não competem com os homens, apesar de respirarem o mesmo ar, comerem a mesma comida, e terem uma multidão de outras coisas em comum.
(2)        Eles sublinham que tanto Adão com Eva procederam da mão de Deus na Criação, mas ignoram o ensino do Espírito em 1 Timóteo 2, que está baseado no facto de que «primeiro foi formado Adão, depois Eva».
(3)        Eles falham em distinguir entre subordinação ou sujeição por um lado e inferioridade por outro. A confusão aqui conduz inevitavelmente à incompreensão de outras áreas de verdade. Nós lemos de Cristo ser «sujeito» (ex: 1 Cor. 15.28) mas nunca de ser inferior. Como é que o poderia ser?
(4)        Eles admitem que Deus deu a Adão «autoridade» sobre Eva em Génesis 3, mas argumentam que isto foi puramente no registo da Queda, tendo sido agora anulado por meio da obra redentora de Cristo. Mas isto não é apoiado nem pelo ensino do Novo Testamento (ex: 1 Pedro 3.5-7) nem pela evidência patente aos nossos olhos até ao presente. Os resultados da Queda, inerentes a Adão (dor, suor, espinhos, cardos), ainda permanecem e a morte continua inexoravelmente a ceifar ambos os sexos – mesmo os mais piedosos, e por vezes mesmo durante reuniões de igreja. Se há algum argumento para a “igualdade bíblica” é este.
(5)        Eles defendem que, visto o Espírito Santo habitar em todos os crentes, a despeito do sexo, e dotá-los de dons espirituais, homens e mulheres deveriam agora usar os seus dons nos mesmos lugares e exactamente do mesmo modo. Mas os dons de Deus, sejam materiais, naturais, ou espirituais, devem ser sempre usados para Sua glória e de acordo com a Sua Palavra. Os dons muitas vezes vêm dos fabricantes com as instruções de “Como Usar”.
(6)        Eles exortam os Cristãos a “continuamente examinarem a sua fé” com vista a retirarem o “tradicionalismo”, enquanto que toda a tendência das epístolas do Novo Testamento é uma chamada à firmeza na fé apostólica e ao evitar ser levado por todo o vento de doutrina. E na última epístola, Judas exorta-nos «a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos» (v.3).










UMA NOTA CONCLUSIVA



Desde o início que tenciono acabar este opúsculo com uma nota pessoal. Passaram-se quarenta anos desde que a minha mulher e eu partimos como missionários para o Oriente, onde trabalhámos entre pessoas de diferentes culturas e línguas, vendo almas serem salvas do paganismo e trazidas para as bênçãos do Evangelho, que inclui um novo lugar de privilégio para as mulheres. Testemunhámos casamentos Cristãos, em que os filhos estão a ser educados nos caminhos do Senhor, enquanto marido e mulher cumprem os seus respectivos papeis no lar, na igreja, e no mundo em geral. Estas experiências ensinaram-nos que, em qualquer cultura, os princípios básicos das Escrituras ainda são relevantes para a vida familiar, mesmo com tantas mães a saírem para trabalharem fora de casa, e que a contribuição das mulheres, embora diferente da dos homens, é absolutamente vital para o progresso do Evangelho e o bem estar das igrejas locais.

Paulo uma vez falou das «mulheres que trabalharam comigo no Evangelho» (Fil. 4.3), e apesar de não haver nenhuma indicação de que elas tivessem um ministério de pregação semelhante ao seu, não devemos minimizar a importância da sua obra. Há inúmeros caminhos em que as mulheres, tanto casadas como solteiras, podem participar na extensão do reino de Deus, sem ultrapassar as linhas estabelecidas pelas Escrituras. Podemos, sem reserva, aplicar as palavras de Paulo a muitas mulheres Cristãs devotas e dedicadas que têm igualmente servido o Senhor nesta geração, servindo-O entre o seu próprio povo ou em terra estrangeira. Tributamos-lhes com alegria os maiores elogios, sabendo que o Senhor se agrada muito com os seus sacrifícios e que eles serão bem recompensados.

Durante os meus dias antes de ser missionário, quando estava ao serviço do governo, o nosso departamento escreveu uma carta particularmente forte requerendo submissão com a “intenção óbvia” de exigir obediência aos regulamentos relevantes. Intenção óbvia. Esta frase tem permanecido comigo todos estes anos e adquiriu também uma dimensão espiritual. Muitas vezes encontro passagens das Escrituras onde não posso explicar todos os detalhes, mas não tenho dúvida do significado geral, pois a intenção do Espírito é óbvia. Deus tem colocado uma diferença óbvia entre os sexos desde o princípio, com instruções específicas para os homens por um lado e para as mulheres por outro, como na esfera do casamento. A intenção óbvia de Efésios 5 é que, no matrimónio Cristão, marido e mulher representem Cristo e a Igreja respectivamente, com a responsabilidade especial colocada sobre o homem de amar como Cristo amou. Ninguém que respeita a Bíblia ousará trocar aqui os papéis, ou em passagens semelhantes onde o dever da mulher é sempre combinado com um dever correspondente da parte do marido. E se a mulher é descrita como «o vaso mais fraco» em 1 Pedro 3.7, a inferência é que o homem é também fraco, e ambos necessitam da graça sustentadora de Deus nas suas vidas.

Ainda uma outra frase tem permanecido na minha mente desde aqueles anos iniciais no meu emprego secular. Nós trabalhávamos diariamente com várias regras e ordens estatutárias que acabavam todas com um curto parágrafo que dizia que a decisão do departamento seria “final e obrigatória”. Bem podemos transferir esta linguagem para um nível mais elevado e aplicá-la à autoridade final da Palavra de Deus. O mundo pode atacar as Escrituras, ignorá-las, ou ajustá-las para se adaptarem ao carácter dos tempos, mas no fim o Senhor terá sempre a palavra final. Em toda a área das nossas vidas – não apenas nestes assuntos que abordámos – seremos sábios se dermos ouvidos às palavras da mãe de Jesus: «Fazei tudo quanto Ele vos disser». Também nos lembramos das Suas próprias palavras: «porque Me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que Eu digo?».

Se alguns imaginassem que introduzíamos legalismo onde o amor deve reinar, a resposta seria que o verdadeiro amor lança fora automaticamente todo o pensamento de legalismo. A Sua vontade deve tornar-se nosso prazer, Precisamente antes da Sua crucificação, Cristo disse aos discípulos, «Se Me amardes, guardareis os Meus mandamentos» (João 14.15). Ninguém magnificou tanto o amor de Deus como o apóstolo João, e no entanto é ele que fala mais acerca de mandamentos do que qualquer outro escritor do Novo Testamento. Na mente de João, o amor e a obediência são uma só coisa, e «os Seus mandamentos não são pesados» (1 João 5.3).

João também avisou do perigo de se amar o mundo, em vez do Senhor. Já naqueles dias, os Cristãos e as igrejas estavam a ser pressionados para seguirem as ilusões transitórias do século. O antídoto de João era simples: segui a Palavra de Deus e a vontade de Deus. O mundo, com todas as suas mudanças e paixões passará breve, diz João, «mas aquele que faz a vontade do Senhor permanece para sempre» (1 João 2.17).









Educado num lar Cristão e salvo na sua idade juvenil, Willie McVey empregou-se no início da sua vida profissional no Departamento de Educação, na Irlanda do Norte. Em 1950 partiu para a obra missionária, principalmente entre os Chineses, na Malásia e Hong Kong, servindo num ministério variado, tanto oral como escrito. Ele e a esposa residem agora em Queensland, na Austrália, onde o seu filho e filha, ambos casados, são também activos na obra do Senhor.




Título Original:

THE WORD OR THE WORLD

The Role of Women in The House of God




Publicado por

Gospel Folio Press

P.O. Box 2041
Grand Rapids, MI 49501-2041
E.U.A.


[1] As citações da Bíblia nesta tradução para o Português são da Edição Revista e Corrigida de João Ferreira de Almeida.

[2] Não é por acaso que Deus não escolheu nenhuma mulher para escrever um único livro da Bíblia, nem para sacerdote no Velho testamento, nem para servir no tabernáculo, ou no templo, nem para ser apóstolo, ou evangelista, ou doutor das Escrituras, nem para operar um único milagre.
[3] Deus diz muito claramente que a posição da mulher em relação ao homem é de sujeição, e isto pelas seguintes razões:
1.    Porque o homem foi criado primeiro, tendo ela sido criada apenas depois (I Tim. 2.13).
2.    Porque o homem não foi criado por causa da mulher, mas esta por causa dele (I Cor. 11.9).
3.    Porque o homem não provém da mulher, mas a mulher do homem (I Cor. 11.8).
4.    Porque o homem não foi enganado, mas a mulher (I Tim. 2.14).
As Escrituras revelam ainda outra razão, para além das anteriormente apresentadas, que justifica o lugar de sujeição atribuído à mulher, a saber, o facto dela tipificar a Igreja no seu relacionamento com Cristo, que é de sujeição. «De sorte que, assim como a Igreja está SUJEITA a Cristo, assim também AS MULHERES sejam EM TUDO sujeitas» (Efé. 5.24).
Já por ocasião da criação Deus, em Gén. 3.16, disse muito claramente à mulher: «ele te dominará» - por outras palavras, «estarás sujeita a ele». (Nota do Tradutor).
[4] Escrito pelo tradutor (C.M.O.) e adaptado por VPP.
[5] Dispensação, vem do Grego oiko= casa e nomos=lei, governo. Uma dispensação é o governo duma casa. Nas Escrituras vemos que Deus tem 2 casas: a casa de Israel (Act. 2.36) e a casa da fé (ou, domésticos da fé) (Gál. 6.10). Estas são as duas grandes divisões da Bíblia. Cada uma destas casas tem um conjunto de regras diferentes de governo. O Conjunto de regras de Israel é a lei, o da Igreja é a graça. Mas, relativamente ao lugar da mulher, é um ensino que se reporta a Génesis 1 e 2. É, por isso, uma assunto trans-dispensacional. É interessante notar que, tanto em I Coríntios 11, 14 e I Timóteo 2, quando o Apóstolo Paulo aborda o papel da mulher, baseia sempre as suas considerações tendo por base o sucedido no Jardim do Éden. O facto é que, como o pecado de Adão afectou toda a raça humana – e foi irreversível, também o acto da mulher afectou toda a descendência feminina, e foi irreversível. Não é uma questão dispensacional, nem transitória, mas enquanto o crente estiver no mundo, sempre assim será.

[6] As Escrituras apresentam vários exemplos do ministério das mulheres:
- O ministério dos seus bens materiais (Luc. 8.3).
- O exercício da hospitalidade (Rom. 16.1).
- O ensino das mulheres mais novas (Tit. 2.4).
- A cooperação com os irmãos na divulgação do evangelho (Col. 4.3). São tão inúmeras as áreas em que o podem fazer, quantas as possibilidades existentes para a disseminação do evangelho.
- O ensino das crianças (2 Tim. 3.15; Cf. 2 Tim. 1.5).
A grande diferença no ministério feminino relativamente ao masculino, jaz na impossibilidade das irmãs pregarem ou testemunharem publicamente, quando a assembleia está reunida. Registe-se que apenas uma pequena parte do serviço desenvolvido para o Corpo de Cristo e do testemunho da assembleia ao mundo se cumpre através deste esforço. Porém, convém aqui recordar que o grande caudal da obra de Deus é efectuado privadamente por indivíduos, tanto por irmãos como por irmãs no Senhor. (Nota do Tradutor).
[7] «O varão, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do varão»(1 Cor. 11.7). As declarações deste versículo reforçam o que tem sido dito. Como na assembleia, só a glória de Deus deve estar patente, o homem não se deve cobrir, visto ser «a glória de Deus». As mulheres, pelo contrário, devem cobrir-se pois são a glória do homem, e a glória de Deus e do homem não podem coexistir. Se elas não se cobrirem a sua glória colidirá com a glória de Deus. Na assembleia só deve haver lugar para a manifestação da glória de Deus.
Convém aqui lembrar que nas Escrituras os véus são sempre usados para cobrir alguma glória:
1.      Moisés usou um véu para cobrir a glória do seu rosto (Êxo. 34.33).
2.      O véu do tabernáculo cobria a glória de Deus no lugar santíssimo (Êxo. 26.31-37).
3.      A carne do Senhor Jesus Cristo foi um véu que cobria a Sua glória (Heb. 10.24).
Assim, as mulheres devem ter um véu para cobrir a glória que são. Para esse fim Deus deu-lhes o cabelo comprido, que funciona como véu natural (Cf. I Cor. 11.15). Ele cobre a glória que são -glória do homem. Todavia acontece que esse véu, o seu cabelo, é em si mesmo uma glória - «lhe é honroso, ou seja, uma glória», (Ver. 15) -, a glória dela, pelo que este deve ser coberto com um véu artificial ou mantilha (Vers. 5,6,10). (Nota do tradutor).  

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