quarta-feira, 16 de abril de 2014

A Coroa da Justiça

A coroa da justiça! Quanto já foi especulado acerca desta coroa! Quantos morrem na espectativa de receberem esta coroa, mas longe do correto entendimento do que ela representa e do que ela galardoa! A coroa da justiça é uma recompensa dada no tribunal de Cristo aos que a merecerem, justamente; ou não seja ela própria chamada de “coroa da justiça"! E que mais pode ela significar?

Quando estava a estudar esta assunto consultei alguns comentários de estudiosos das Escrituras de renome no meio cristão. Verifiquei que a generalidade dos comentadores foram buscar a explicação deste assunto aos escritos dos evangelistas do reino e às epistolas dos autores messiânicos, como Tiago, Pedro, João e de Judas. Mas, como verificamos pelos seus escritos, eles falam para os seus irmãos judeus, referem-se a esperanças e a mensagens diferentes e, por conseguinte, a vindas diferentes do Senhor: sendo que eles se referem à vinda do Senhor à terra, de forma visível e física, no cumprimento da revelação profética, e Paulo se refere à vinda do Senhor aos ares, de forma espiritual, ou em corpo espiritual e glorificado, como cabeça da Igreja "Corpo de Cristo", no cumprimento do programa do Mistério. Por isso, o sentido e a explicação deste assunto só poderá ser encontrado em Paulo e nas suas epístolas.

Além disso, a "Coroa da Justiça" será atribuída aos membros da "Igreja Corpo de Cristo" por dois tipos de ministérios: o de Paulo, pois diz: «acabei a carreira, guardei a fé... desde agora me está reservada...», e ao dos crentes posteriores a Paulo, que foram recetores da mensagem de forma indireta, ou seja, através de Paulo (II a Timóteo 2:1-5), quando diz: «E, não somente a mim, mas a todos os que amarem a Sua vinda...». Paulo, assim, faz distinção entre o ministério dele, que recebera a comissão e a revelação diretamente do Senhor glorificado (esclareça-se que o Senhor só foi glorificado depois de subir ao céu, e não quando aparecera ressuscitado aos Apóstolos de Israel) e o nosso ministério ou responsabilidade.

Relativamente «aos que amarem a Sua vinda», não se refere ao sentimento que podemos nutrir pela próxima vinda do Senhor, mas refere-se à manifestação do Senhor a Paulo com a revelação da Igreja Corpo de Cristo, e ao propósito que Deus tem para ela em Cristo glorificado. A mesma palavra é usada pelo Apóstolo no capítulo 1, versículo 10, para se referir à manifestação do Senhor glorificado a Paulo com esta mensagem. Por isso, «amar a vinda do Senhor» quer referir-se àqueles que amam a palavra, a revelação, o plano e propósito que a manifestação do Senhor glorificado confiou a Paulo e a guardam como ele a guardou e, por esse facto, foi-lhe reservada a cora da justiça, o galardão justo da obra que tem, de facto, valor para o Senhor.

Analisemos o assunto, então com mais pormenor. Vejamos o texto sagrado:

«1 Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu Reino, 2 que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. 3 Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; 4 e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. 5 Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério. 6 Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. 7 Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. 8 Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda» (II a Timóteo 4).

É frequente ouvir-se que a “coroa da Justiça” é uma recompensa para todos aqueles que amarem a vinda do Senhor! E, uma leitura corrida parece dizer isso mesmo. Mas, qual era o pensamento do Apóstolo Paulo com estas palavras?

Atentemos, primeiramente, para o contexto, já que se trata das últimas palavras do Apóstolo Paulo neste mundo e o sentido e significado da “coroa da Justiça” tem de estar em sintonia com o contexto.  

O Apóstolo vem falando, desde o capítulo 3, dos últimos dias e dos homens que os caraterizam. Agora, ele diz: “virá tempo que não suportarão a sã doutrina” (v. 3). E, se nos dias de Paulo eram tempos difíceis, que o leva a dizer: “todos me desampararam” v. 10 e 16) e, como os de Éfeso se “desviaram de mim” (1:15), estes “darão ouvidos a fábulas” e se “desviarão da verdade” (4:4; Tito 1:14). Mais, ainda, estes se “oporão” à verdade e àqueles que anunciam a verdade (3:8), como “Alexandre, o latoeiro” fez a Paulo (4:15). No entanto, irão de mal a pior, enganando e sendo enganados! (3:13).

Depois desse texto o Apóstolo passa a falar de Timóteo e para Timóteo, iniciando com as seguintes palavras:

«Tu, porém…»

«Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste…»

Então, chega ao capítulo 4 e diz: «Conjuro-te…»

Alguns manuscritos no grego usam a palavra «oun», Strong: 3767 oun oun, que significa “então”, “por esta razão”, “consequentemente”, “sendo assim”, etc.. Ou seja, “por esta razão”, pelo estado atual das coisas e piores que hão-de vir, conjuro-te…” Vejamos o texto: Usemos a versão, agora, de JFA, RA:

«1 (Por esta razão) conjuro-te (1263 – dia+martureo: através + testemunho), perante Deus e Cristo Jesus, que há-de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação (2015 – epifaneia: manifestação) e pelo seu reino: 2 prega (2784 – proclama publicamente) a palavra, insta (2186 – epi+histemi, coloca acima), quer seja oportuno, quer não, corrige (1651 – corrige, repreende, reprova), repreende (2008 – epi+timão: sobre estima), exorta (3870 – chamar à margem) com toda a longanimidade (perseverança, insistência) e doutrina. 3 Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; 4 e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas (histórias judaicas, símbolos e costumes). 5 Tu, porém, sê sóbrio (mantém a calma) em todas as coisas, suporta as aflições (da oposição), faze o trabalho de um evangelista (conforme Efésios 4:11, os dons que permanecem e se substituíram aos Apóstolos, depois de colocados os fundamentos – Efésios 2:20; 3:5), cumpre cabalmente (completamente, como eu completei: a mesma palavra em 4:17) o teu ministério. 6 Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. 7 Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. 8 Já agora (desde agora: resta-me) a coroa da justiça me está guardada (606 apokeimai apokeimai, de 575 e 2749, apo+keimai, i.e., colocado de lado guardado em espera), a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda».

Assim, o apóstolo está a endossar e a comissionar a Timóteo com o testemunho (“conjuro-te, i.e., gr. “através do testemunho”), de Deus e do Senhor Jesus Cristo, no exercício de evangelista (que não se limita a pregar o “plano de salvação”), ou seja, a pregar, corrigir, repreender, exortar, com toda a persistência e doutrina, e assim, completar na integra o seu ministério, e fazer face ao crescente aumento do erro e dos falsos ensinadores. E, isto, porque, ele, já chegou ao fim da sua carreira… só lhe restava uma coisa: “aguardar a coroa da justiça”!

Neste sentido, Timóteo, deveria procurar (gr.: 4704 spoudazw spoudazo, i.e., esforço, diligente, apressar) para se apresentar (gr.: 3936 paristhmi paristemi, i.e., estar em pé ao lado de… em formatura, pronto para servir) a Deus, aprovado (gr.: 1384 dokimov dokimos, i.e., testado e reconhecido, como estando de acordo com a revelação do Mistério), como obreiro (gr.: 2040 ergathv ergates, i.e., trabalhadores por salário, não escravo), sem vergonha, que maneja bem (gr.: 3718 oryotomew orthotomeo, i.e., “cortar certo, a direito”) a palavra da verdade (2:15), ou seja, Timóteo tinha todas as condições para estar neste ministério e deveria ser diligente e esforçar-se para se apresentar a Deus para o exercer.

Além disso, ele tinha o conhecimento geral das escrituras desde pequeno, conhecimento esse que lhe foi transmitido pela sua avó Loide e sua mãe Eunice (1:5; 3:15) e que, por si só, já o capacitava para toda a boa obra (3:15-17). E, neste contexto, a boa obra não são boas obras, ou obras de caridade, ou obras esmoleres, mas as obras da Palavra de Deus, que se coadunam com a revelação do Mistério da graça de Deus, como o apóstolo especifica:


«Em tudo, te dá por exemplo de boas obras: (como?) na doutrina, mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós» (Tito 2:7-8);
«Preparado para toda a boa obra... Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor. E rejeita as questões loucas e sem instrução, sabendo que produzem contendas. E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor; instruindo com mansidão os que resistem, a ver se, porventura, Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade» (2:22-25).

Depois desta visão geral do texto, verificamos que o Apóstolo está para ser executado e, neste cenário passa o testemunho a Timóteo fazendo-lhe alguns avisos e recomendações, para que tenha êxito no seu ministério e o conclua integralmente e com distinção. Pois, disso dependerá a coroa de justiça que lhe pode estar, também, reservada.

Quanto a Paulo, ele diz:
- Combati o bom combate,
- Acabei a carreira,
- Guardei a fé.
- Desde agora, a coroa da justiça me está reservada…

O Apóstolo está a falar a Timóteo de ministério, da obra de Deus, doutrina, e de tudo aquilo que envolve a revelação e ministério da Igreja “Corpo de Cristo”. E, em relação a si próprio, está a falar das mesmas coisas: o combate foi a defesa da doutrina, que foi o seu ministério, e a pregação que lhe foi confiada e que ele completou (v. 17), e, no meio de todas estas dificuldades, ele guardou a fé, protegeu o corpo de doutrina, de forma que ela ficou intocável e inviolável, e podia ser passada, assim pura a Timóteo. Por isso, a coroa de justiça lhe estava reservada, porque a doutrina que lhe foi confiada estava inviolada e ele tinha completado a pregação ou o ensino que o Senhor lhe confiou. Neste sentido faz toda a propriedade falar da coroa da justiça.

Ao ler o texto em português parece ser a primeira e única lição do texto que a coroa está reservada para os que amam a vinda do Senhor. Mas, quando examinamos objetivamente as palavras do Apóstolo Paulo no grego verificamos que essa conclusão está muito longe do seu pensamento.

Primeiramente, seria muito estranho o Apóstolo desejar a vinda do Senhor e atuar como se estivesse a pedir para que o Senhor antecipasse a Sua vinda! De facto, esse é o espírito da Igreja messiânica, não da Igreja “Corpo de Cristo”. A oração dos crentes deve estar em sintonia com a mensagem, e a mensagem messiânica, na ausência do Senhor, é por vingança e libertação do sofrimento. E, tanto será o sofrimento na grande tribulação que os incrédulos desejarão morrer e a morte fugirá deles, mas para os que morrerem será uma bênção. E será tanta a aflição que muitos desmaiarão de terror!

«E haverá sinais no sol, e na lua, e nas estrelas, e, na terra, angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas; homens desmaiando de terror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo, porquanto os poderes do céu serão abalados» (Lucas 21:25-26), e:

«E naqueles dias os homens buscarão a morte e não a acharão; e desejarão morrer, e a morte fugirá deles» (Apocalipse 9:6);

Por outro lado:

«E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam» (Apocalipse 14:13).

Por isso, e nesse contexto, no período da grande tribulação, os crentes orarão:
«E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra (Apocalipse 6:10);
«E o Espírito e a esposa dizem: Vem! E quem ouve diga: Vem! E quem tem sede venha; e quem quiser tome de graça da água da vida» (Apocalipse 22:17);
«Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente, cedo venho. Amém! Ora, vem, Senhor Jesus!» (Apocalipse 22:20).

No entanto, este tipo de oração não está em sintonia com a mensagem da graça, pelo contrário. O crente, revestido pela graça de Deus, sabendo que a vinda do Senhor implicará o fim do «tempo da longanimidade de Deus», e o início dos dias da ira e da vingança do Senhor, não poderá orar «ora vem, Senhor Jesus» pois estará a pedir a vingança de Deus sobre o mundo em que, Ele, está e quer revelar e manter a demonstração das riquezas da Sua graça. Além disso, o propósito da graça de Deus é aquele em que Deus mais e melhor é exaltado na Sua glória. Porquê, então, retirar essa glória a Deus?

«Mas, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia. O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se. Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há se queimarão» (v. 8-10).
«E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição. Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados e descaiais da vossa firmeza; antes, crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora como no dia da eternidade. Amém!» (II de Pedro 3:15-18).

Então, qual é a ideia do Apóstolo Paulo com estas palavras e que coroa de Justiça será esta? Será que ela tem mesmo a ver com a vinda do Senhor? Até muitos “perdidos”, não obstante serem crentes em Deus à sua maneira, de forma religiosa e com paganismo à mistura, desejam a vinda do Senhor… mesmo de forma errada… mas é a vinda do Senhor! Será que, por isso, têm uma coroa de justiça reservada?
Vejamos o que o texto sagrado diz:



 Desde agora… Strong: 3063 loipon loipon, i.e., o que me resta, quanto ao mais, finalmente…, conforme em Efésios 6:10; Filipenses 3:1; 4:8; I Tessalonicenses 4:1; II Tessalonicenses 3:1.

Coroa: Strong: 4735 stefanov stephanos, de uma palavra aparentemente primária stepho (torcer ou enrolar), que tem como origem nas grinaldas dos vitoriosos gregos, seja nos jogos ou mesmo militares, conforme as referências em I aos coríntios 9:25, II a Timóteo 2:5, e no caso do próprio Senhor Jesus Cristo referido em Hebreus 2:7 e 9, na Sua exaltação ao Trono da glória. Por isso, a coroa é um símbolo de recompensa por vitória e conquista, mas, também, de realeza e de governo.

Vejamos alguns textos onde o termo é empregue:
«Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa <4735> corruptível; nós, porém, a incorruptível» (I Coríntios 9:25);
«Portanto, meus irmãos, amados e mui saudosos, minha alegria e coroa <4735>, sim, amados, permanecei, deste modo, firmes no Senhor» (Filipenses 4:1);
«Pois quem é a nossa esperança, ou alegria, ou coroa <4735> em que exultamos, na presença de nosso Senhor Jesus em sua vinda? Não sois vós?» (I Tessalonicenses 2:19);
«Já agora a coroa <4735> da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda» (II Timóteo 4:8).

Guardada… Strong: 606 apokeimai apokeimai = apo + depositada = de 575 e 2749, ou seja, “colocado de parte” + “guardado em espera”, com determinação ou ordenação de Deus. Vejamos alguns textos:
«Veio, então, outro, dizendo: Eis aqui, senhor, a tua mina, que eu guardei embrulhada <606> num lenço» (Lucas 19:20);
«Por causa da esperança que vos está preservada <606> nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho» (Colossenses 1:5);
«Já agora a coroa da justiça me está guardada <606>, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda» (II Timóteo 4:8);
«E, assim como aos homens está ordenado <606> morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo» (Hebreus 9:27):

Dará… Strong: 591 apodidwmi apodidomi – apo + didomi, de 575 e 1325: “colocado à parte” + “dar”; verbo futuro, indicativo, voz ativa. Ou seja, algo que é dado à parte, individualmente, em particular. A coroa está guardada à parte e será, da mesma maneira, concedida à parte, ou seja, individualmente a cada um, fruto de algum mérito. Vejamos alguns textos usados pelo Apóstolo para vermos o sentido em que o usa:
Significado: entregar, abrir mão de algo que me pertence em benefício próprio, vender
«Que retribuirá <591 – pagará o que é devido> a cada um segundo o seu procedimento» (Romanos 2:6);
«Não torneis <591 – pagar> a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens» (Romanos 12:17);
«Pagai <591 – pagar a dívida> a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra» (Romanos 13:7);
«O marido conceda <591 – pague a dívida> à esposa o que lhe é devido, e também, semelhantemente, a esposa, ao seu marido» (I Coríntios 7:3);
«Evitai que alguém retribua <591> a outrem mal por mal; pelo contrário, segui sempre o bem entre vós e para com todos» (I Tessalonicenses 5:15);
«Mas, se alguma viúva tem filhos ou netos, que estes aprendam primeiro a exercer piedade para com a própria casa e a recompensar <591> a seus progenitores; pois isto é aceitável diante de Deus» (I Timóteo 5:4);
«Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe dará a paga <591> segundo as suas obras» (II Timóteo 4:14).

Sua vinda… Strong: 2015 epifaneia epiphaneia – epi (sobre) + vista, de 2016; significa: aparição superior, manifestação de cima.
Só Paulo usa este substantivo. Vejamos exemplos:
«Então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação <2015> de sua vinda» (II Tessalonicenses 2:8);
«Que guardes o mandato imaculado, irrepreensível, até (gr. “mechri, até que, pela) à manifestação <2015> de nosso Senhor Jesus Cristo» (I Timóteo 6:14);
«E manifestada, agora, pelo aparecimento <2015> de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho» (II Timóteo 1:10);
«Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação <2015> e pelo seu reino» (II Timóteo 4:1);
«Aguardando a bendita esperança e a manifestação <2015> da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus» (Tito 2:13).

E o nosso texto:
«Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda <2015>» (II Timóteo 4:8);

Neste termo encontramos a explicação do pensamento paulino. Vejamos:
1.     Na utilização deste termo pelo Apóstolo Paulo, a generalidade dos exemplos, refere-se à manifestação do Senhor visível a Paulo de forma física, com “corpo glorificado”, ou seja, é a manifestação do Senhor já como “cabeça da Igreja corpo de Cristo” e dotado da mensagem da revelação do Mistério a Paulo. E, mesmo quando ela se refere à vinda futura do Senhor Jesus Cristo é sempre nesta qualidade de “Cabeça da Igreja” e ao regresso do Senhor à Igreja “Corpo de Cristo” para a conduzir à glória, às bênçãos e riquezas incompreensíveis de Cristo: a segunda vinda para completar a primeira!

2.     A “epiphaneia” do Senhor, na linguagem de Paulo nesta epístola a Timóteo, pelo texto do capítulo 1:10 e 41 (a palavra é a mesma no grego, traduzida por "aparecimento" e "vinda"), refere-se à manifestação do Senhor glorificado a si, aquando do seu caminho para Damasco, e lhe comissionou com a Dispensação da Graça. Recordo que uma regra fundamental de interpretação é obter o sentido de uma palavra no uso que tem no contexto ou na própria epistola; se não houver mais usos da palavra nessa epístola é que terá de socorrer-se noutras ocorrências do mesmo autor, depois de autores correspondentes e, ainda, depois, na escrita secular. E, o uso «epiphaneia» nesta epistola refere-se à manifestação do Senhor a Paulo, no caminho de Damasco e á revelação e/ou dispensação que lhe está subjacente.

3.     A vinda do Senhor não se refere à vinda em si e propriamente dita, mas ao que a manifestação do Senhor trouxe: a revelação da graça de Deus e todo o ensino que diz respeito à Igreja “Corpo de Cristo”, desde a sua salvação, forma de Deus atuar e forma de como Deus espera que vivamos, e dos propósitos que Deus tem em Cristo para a Igreja “Corpo de Cristo” segundo a revelação do Mistério.

4.     A coroa da Justiça guardada para aqueles que amam a vinda do Senhor, deverá ser melhor entendido como, “amarem o que a manifestação do Senhor Jesus Cristo trouxe, segundo a Sua graça”, salvando Saulo de Tarso e fazendo dele um modelo da graça neste programa da graça de Deus. Vejamos o texto:
«Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o dom de Deus que há em ti pela imposição das minhas mãos. Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação. Não te envergonhes, portanto, do testemunho [palavra] de nosso Senhor, nem do seu encarcerado, que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus, que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho, para o qual eu fui designado pregador, apóstolo e mestre e, por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não me envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia. Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste com fé e com o amor que está em Cristo Jesus. Guarda o bom depósito, mediante o Espírito Santo que habita em nós» (II a Timóteo 1:6 a 14).

5.     Este texto está em plena sintonia com o que veio a dizer no capítulo 4: o Senhor guardará o meu depósito até àquele dia… e, o Senhor me dará a coroa naquele dia…

6.     Isto tem tudo a ver com o Tribunal de Cristo, que acontecerá naquele dia, o dia em que o Senhor novamente se manifestará aos membros da Igreja “Corpo de Cristo”.

7.     O tribunal de Cristo julgará os membros da Igreja “Corpo de Cristo” em função da sua intervenção na edificação do Corpo de Cristo, se edificou segundo o modelo da graça de Deus ou segundo a carne: qualquer método utilizado e/ou qualquer obra que não se coadune com o modelo da graça de Deus, receberá detrimento:
«Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus (Paulo pôs o fundamento, Apolo dá seguimento à obra: rega, trata, desenvolve). De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento (mas, tudo vem de Deus, está em Deus e é feito para Deus, v. 23). Ora, o que planta e o que rega são um; e cada um receberá o seu galardão, segundo o seu próprio trabalho (gr. Lit.: “O que planta é um e o que rega é um outro, e cada um receberá o galardão de Deus em função da sua obra”: de colocar o fundamento, ou de saber edificar acima do fundamento). Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, (e vós sois) edifício de Deus.
«Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como edifica. (Ou seja, segunda a graça de Deus que me foi revelada, e me conferiu o apostolado, pus o fundamento da Igreja “Corpo de Cristo”, que é Jesus Cristo como cabeça da Igreja; Apolo e outros a seguir a ele e como ele – como nós hoje, edificamos como Apolo. Devemos ter todo o cuidado se edificamos segundo a mesma graça que foi revelada a Paulo).
«Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo (mas, Jesus Cristo como “Cabeça da Igreja”, não como Rei, Profeta ou Sacerdote). Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo (O dia, é o Dia de Cristo, o dia da Sua vinda para arrebatar a Igreja “Corpo de Cristo” e levá-la ao tribunal – Pois, a todo o homem está destinado morrer e vindo, depois disso, o juízo – Hebreus 9:27. Este assunto é mantido até ao capítulo 4:5); e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará (Fogo? É uma referência à prova a que seremos sujeitos antes do Tribunal de Cristo a ver o que fica da graça na nossa obra de edificação: a prova da batalha com as hostes espirituais da maldade para desimpedir o acesso à nossa herança – Efésios 6:10-12). Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão (P.i., o julgamento é em função da edificação do Corpo sobre o fundamento da graça); se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano (sofrerá dano: a obra, não “ele”; o “ele” não ocorre no grego); mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo (Todo o “Corpo” será salvo, mas só alguns receberão galardão: os que edificarem segundo as regras da graça revelada ao Apóstolo Paulo).
«Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá (não o indivíduo, mas a obra dele, conforme textos anteriores); porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado. Ninguém se engane a si mesmo: se alguém dentre vós se tem por sábio neste século, faça-se estulto para se tornar sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; porquanto está escrito: Ele apanha os sábios na própria astúcia deles. E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são pensamentos vãos.
«Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso: seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, sejam as coisas presentes, sejam as futuras, tudo é vosso, e vós, de Cristo, e Cristo, de Deus» (I Coríntios 3:6-23).
E, a edificação está relacionada com o ministério do ensino: se o ensino assenta na graça, de acordo com o “corpo de doutrina” revelado a Paulo, ou nas suas obras e méritos; é o ministério da edificação dos santos com a pregação de Jesus Cristo segundo a revelação do Mistério.

8.     O tribunal de Cristo tem a ver como tratamos o Corpo de Cristo, ou seja, os seus membros. O Senhor faz a paz no Corpo, com a unidade dos seus membros, pela obra do Senhor Jesus Cristo na cruz do Calvário. É responsabilidade de todo o crente manter esta unidade, guardá-la a todo o custo, não fazendo discriminação aos membros do Corpo, nem fazendo divisões.
«Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz;
«Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos» (Efésios 4:1-6)

Temos a descrição da Unidade do Corpo de Cristo, no qual se desdobra em um Espírito, uma esperança, um Senhor, uma fé, um batismo e um Deus. Tudo isto foi planeado por Deus na Eternidade e concretizado pelo Senhor Jesus Cristo na cruz do Calvário. O Espírito Santo tem revelado estas coisas nos escritos deixados para nós pelo Apóstolo Paulo. A nós é dito: se pertencemos ao “Corpo de Cristo” devemos nos esforçar diligentemente para preservar esta unidade… porque esse é o andar segundo a nossa vocação. O andar da nossa vocação é a Unidade; a forma como guardamos a unidade é com as virtudes espirituais que encontramos em Cristo, designadamente: suportando-nos uns aos outros, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade.

Com isto, devemos ter consciência da forma como tratamos os membros do Corpo de Cristo, independentemente das razões que invoquemos, mesmo sendo crentes mais fracos: isso será motivo de reprovação, e das mais sérias:
«Recebei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões…
«Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor. Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto de mortos como de vivos. Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus. Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus. Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus. Não nos julguemos mais uns aos outros;
«Assim, pois, seguimos as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros. Não destruas a obra de Deus por causa da comida.
«Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao próximo no que é bom para edificação.
«Portanto, acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus» (Romanos 14 e 15)
«E assim, por causa do teu saber, perece o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu. E deste modo, pecando contra os irmãos, ferindo-lhes a consciência fraca, é contra Cristo que pecais» (I Coríntios 9:11-12);
«Nisto, porém, que vos prescrevo, não vos louvo, porquanto vos ajuntais não para melhor, e sim para pior. Porque, antes de tudo, estou informado haver divisões entre vós quando vos reunis na igreja; e eu, em parte, o creio. Porque até mesmo importa que haja partidos entre vós, para que também os aprovados se tornem conhecidos em vosso meio. Quando, pois, vos reunis no mesmo lugar, não é a ceia do Senhor que comeis. Porque, ao comerdes, cada um toma, antecipadamente, a sua própria ceia; e há quem tenha fome, ao passo que há também quem se embriague. Não tendes, porventura, casas onde comer e beber? Ou menosprezais a igreja de Deus e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto, certamente, não vos louvo» (I Coríntios 11:17-22).
«Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros (suportai as fraquezas uns dos outros) e, assim, cumprireis a lei de Cristo. Porque, se alguém pensa ser alguma coisa (se alguém pensa que é espiritual), não sendo nada, a si mesmo se engana. Mas prove cada um o seu labor (a sua própria obra, se é feita no espirito ou na carne) e, então, terá motivo de gloriar-se unicamente em si (no que fez) e não em outro. Porque cada um levará o seu próprio fardo (peso, prémio, galardão). Mas (gr.: “agora”), aquele que está sendo instruído na palavra seja participante em todas as coisas boas com aquele que o instrui. Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a (gr.: “eis”, i.e., através) sua própria carne, da carne colherá corrupção (destruição da obra); mas o que semeia para (gr.: “eis”, i.e., através) o Espírito, do Espírito colherá vida eterna (obra viva e permanente). E não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos» (Gálatas 6:1-7).

9.       O tribunal de Cristo julgará os crentes em função da sua fidelidade à palavra de Deus, a revelação da Igreja “Corpo de Cristo” confiada ao Apóstolo Paulo (Filipenses 2);
«Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. Fazei tudo sem murmurações nem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo, preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente» (2:12-16).

Notem que o Apóstolo vem dizendo que o Senhor foi glorificado acima de todos os céus. Este texto é similar a Efésios 1:19 a 23. Nesta qualidade todo o joelho se dobrará diante do Senhor, inclusivamente os membros da Igreja “Corpo de Cristo”. Por isso o versículo doze começa com “Hoste” (Strong: 5620), ou seja, “portanto”. E, isso, para fazer uma aplicação do que vem dizendo. E, de que fala ele? Obediência. E, obediência de quê? Vejamos o que ele diz:
«Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós» (2:17);
«O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco» (4:9).
E, diz:
«Preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente» (2:16).

“Preservando”, no grego a palavra é: epecw epecho, Strong: 1907, de 1909 e 2192; Significa: “Ter ou segurar firmemente sobre, aplicar, observar, atender a…”
O Tribunal de Cristo galardoará aqueles que segurarem firmemente a palavra da vida e não a deturparem, não a corromperem, não cederem à verdade em função das conveniências.
O galardão de Paulo não dependia da firmeza dos filipenses, mas a firmeza dos filipenses era sintoma de que o trabalho e o esforço de Paulo não tinha sido em vão ou inútil. Sempre que nós, recetores e beneficiários do ministério do Apóstolo Paulo, andarmos desviados ou não conformes a revelação da Graça de Deus estamos a tornar o seu ministério inútil… i.e., para nós. Ele lutou e esforçou-se para nos deixar a mensagem da graça pura e genuína,  e a nossa resposta é não a preservar da mesma maneira pura? De forma alguma! Por seu lado, o ministério de Paulo nunca seria em vão, pois todo o trabalho que é feito no Senhor nunca é em vão (I Coríntios 15:58); mas, os membros do “Corpo de Cristo” que não andarem segundo a revelação que diz respeito ao Corpo, esses andarão em vão ou sem sentido e, fazem do trabalho de Paulo inútil para eles, e no Tribunal de Cristo receberão a vergonha!
Por outro lado, a firmeza dos crentes na Palavra da Vida e a preservarem pura tal como ela foi revelada, será motivo de alegria e glória para nós e para Paulo.

10.   O Tribunal de Cristo coroará aqueles que sofrerem pela Palavra de Deus, ou seja, resistirem às adversidades dos opositores e não cederem na graça, seja pela mensagem, seja pela conduta (II Timóteo 1, 2:8-9; 4:8).
Toda a segunda epístola a Timóteo tem a ver com este assunto: O aparecimento de falsos ensinadores, o desvio generalizado dos crentes professos da verdade, o sofrimento que esta situação causa aos fiéi... mas há uma palavra de ânimo e de esperança: o Senhor tem uma coroa especial para os que permanecem na verdade e não cedem!
«6 Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o dom de Deus que há em ti pela imposição das minhas mãos. 7 Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação. 8 Não te envergonhes, portanto, do testemunho [revelação da palavra] de nosso Senhor, nem do seu prisioneiro, que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus, 9 que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação (soberana vocação) e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, 10 e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho, 11 para o qual eu fui designado pregador, apóstolo e mestre 12 e, por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não me envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia. 13 Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste com fé e com o amor que está em Cristo Jesus. 14 Guarda o bom depósito, mediante o Espírito Santo que habita em nós. 15 Estás ciente de que todos os da Ásia me abandonaram; dentre eles cito Fígelo e Hermógenes.
16 Conceda o Senhor misericórdia à casa de Onesíforo, porque, muitas vezes, me deu ânimo e nunca se envergonhou das minhas algemas; 17 antes, tendo ele chegado a Roma, me procurou solicitamente até me encontrar. 18 O Senhor lhe conceda, naquele Dia, achar misericórdia da parte do Senhor. E tu sabes, melhor do que eu, quantos serviços me prestou ele em Éfeso.
1 Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça [mantem-te firme na graça revelada e] que está em Cristo Jesus. 2 E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros.
3 Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Cristo Jesus. 4 Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou.
5 Igualmente, o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas.
6 O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a participar dos frutos.
7 Pondera o que acabo de dizer, porque o Senhor te dará compreensão em todas as coisas.
8 Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado de entre os mortos, descendente de Davi, segundo o meu evangelho; 9 pelo qual estou sofrendo até algemas, como malfeitor; contudo, a palavra de Deus não está algemada.
10 Por esta razão, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna glória.

11 Fiel é esta palavra: Se já morremos com ele, também viveremos com ele; 12 se perseveramos, também com ele reinaremos; se o negamos, ele, por sua vez, nos negará; 13 se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo.

14 Recomenda estas coisas...

1 Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, 2 pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, 3 desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, 4 traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, 5 tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes. 6 Pois entre estes se encontram os que penetram sorrateiramente nas casas e conseguem cativar mulherinhas sobrecarregadas de pecados, conduzidas de várias paixões, 7 que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade.

8 E, do modo por que Janes e Jambres resistiram a Moisés, também estes resistem à verdade. São homens de todo corrompidos na mente, réprobos quanto à fé; 9 eles, todavia, não irão avante; porque a sua insensatez será a todos evidente, como também aconteceu com a daqueles.

10 Tu, porém, tens seguido, de perto, o meu ensino, procedimento, propósito, fé, longanimidade, amor, perseverança, 11 as minhas perseguições e os meus sofrimentos, 
14 Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste 

1 Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: 2 prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. 3 Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; 4 e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas.

5 Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério.

6 Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. 7 Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. 8 De resto, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.

9 Procura vir ter comigo depressa. 10 Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para Tessalónica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia. 11 Somente Lucas está comigo.
16 Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor; antes, todos me abandonaram. Que isto não lhes seja posto em conta! 17 Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças, para que, por meu intermédio, a pregação fosse plenamente cumprida, e todos os gentios a ouvissem; e fui libertado da boca do leão. 18 O Senhor me livrará também de toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém!

Por essa razão, e no mesmo sentido, o apóstolo usa o termo “sofre”, não no sentido de dor, mas, como “bom soldado”, “resiste”, “permanece firme”, não cede ao inimigo e às pressões do inimigo.

“Sofre”: Strong: 5278 upomenw hupomeno de 5259 e 3306; TDNT-4:581,581; verbo, e significa: resistir, suportar oposição e ficar firme. Exemplos:
«Regozijai-vos na esperança, sede pacientes <5278> na tribulação, na oração, perseverantes» (Romanos 12:12);
«O amor… tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta <5278>» (I Coríntios 13:7);
«Por esta razão, tudo suporto <5278> por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna glória» (II Timóteo 2:10);
«Se perseveramos <5278>, também com ele reinaremos; se o negamos, ele, por sua vez, nos negará» (II Timóteo 2:12).

Notem esta afirmação do Apóstolo Paulo, depois de falar do ministério do obreiro, como filho, como soldado, como atleta e como lavrador: no fim da carreira ele será julgado em função da sua estabilidade da verdade do Mistério: se estiver na pureza da graça e firme nela, será galardoado com o reino celestial e universal do Senhor; mas, se os obreiros negarem o Senhor, e fazem-no com o ensino que propagam e com a verdade que rejeitam, o Senhor lhes negará a recompensa. Serão salvos, é certo, mas nus: como que pelo fogo (I Coríntios 3:10-15).

Este sofrer não é o sofrer de sentir dor, sofrimento físico ou humano. O Apóstolo também se refere a esse tipo de sofrimento,  mas não como “condição de recompensa”, pois a salvação e a santificação é obra exclusiva da graça de Deus. Esse tipo de sofrimento que Paulo também refere: sugkakopayew sugkakopatheo, Strong: 4777, empregue em II Timóteo 1:8, 2:3, 9, II Timóteo 4:5; ou, sumpascw sumpascho, Strong: 4841, empregue em Romanos 8:17, I Coríntios 12:26, é o sofrimento que todo o ser humano padece por toda a criação estar sujeita ao pecado, como é descrito em Romanos 8. Ora, esse sofrimento não tem recompensa, como os religiosos ensinam e muitos crentes também esperam, erradamente. Esse sofrimento é uma consequência do pecado, e que termina com a morte! Sendo a morte englobada neste tipo de sofrimento!

Assim, os membros e obreiros do "Corpo de Cristo" têm a obrigação de sofrer pelo Evangelho, no sentido de o manterem na pureza que nos foi entregue pelo Apóstolo Paulo, nas epistolas que ele escreveu e o Senhor preservou para nós. Paulo teve de combater a muitos, mesmo no seio da igreja, que queriam deturpar a mensagem, alterá-la, torna-la mais atraente e social, mais religiosa e formal. A vitória de Paulo assenta, essencialmente, no facto de ter recebido uma mensagem pura de Cristo glorificado e de a ter mantido assim até morrer, com todo o sofrimento que isso implicou, ou seja, perseverança e não cedência às pressões externas e internas, conforme as suas conveniências. A nossa obrigação e coroa será ter a mesma postura que Paulo: recebemos uma mensagem pura: devemos mantê-la pura e inviolável; e passa-la assim, da mesma maneira, pura.

Esta reflexão é muito séria, pois devemos ter bem a noção no que cremos. A palavra de Deus é o que está escrito; e para a Igreja "Corpo de Cristo" é a palavra de Deus que foi revelada e escrita pelo Apóstolo Paulo. A palavra de Deus não são as nossas mensagens, as nossas declarações de fé, as nossas convicções, os escritos e livros de mestres das Escrituras, por muito conceituados que eles sejam. A palavra de Deus é o que está escrito (para o tempo presente) nas epístolas de Paulo (digo isto resumidamente, pois terá mais aspetos, mas que devem ser entendidos com muito cuidado). Por isso, se queremos receber a palavra de Deus na sua pureza devemos entendê-la como o Apóstolo Paulo a compreendia e não como nós pensamos que a entendemos! E, para chegarmos ao entendimento do Apóstolo Paulo temos muito que estuda! Timóteo e outros que conviveram com Paulo, foram uns privilegiados; outros, porém desprezaram esse privilégio, de terem um entendimento mais exato e completo da mensagem que o Senhor lhe confiou. Por isso, a nós, resta-nos estudar, e estudar, e estudar... e esperar que a graça de Deus nos faça entender o seu pensamento! Por isso, esta mensagem não é para todos, mas para aqueles que reconhecem o apostolado e ministério distinto de Paulo, como sendo um mandamento de Deus (Tito 1:1-4).

11. O Tribunal de Cristo está subjacente ao ministério da Reconciliação, também chamado de Ministério da Justiça, Ministério do Espírito, a obra do ministério (Efésios 4:11-12).

«Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo. E assim, conhecendo o temor do Senhor, persuadimos os homens e somos cabalmente conhecidos por Deus; e espero que também a vossa consciência nos reconheça» (II Coríntios 5:10-11);
...
«Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus. Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus. E nós, na qualidade de cooperadores com ele, também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus (porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação)» (II Coríntios 5:18 a 6:2)

«Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel. Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós ou por tribunal humano; nem eu tampouco julgo a mim mesmo. Porque de nada me argui a consciência; contudo, nem por isso me dou por justificado, pois quem me julga é o Senhor. Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá o seu louvor da parte de Deus» (I Coríntios 4:1-5).

Neste sentido, há a sublinhar que o Tribunal de Cristo examinará a nossa fidelidade à palavra que Deus nos confiou, pelo ministério do Apóstolo Paulo. Este julgamento será na vinda do Senhor, não na morte do crente! Ninguém entrará nas funções da eternidade sem que antes venha o Senhor e se proceda ao Tribunal de Cristo. Assim é o que está determinado a todo o homem, inclusivamente aos crentes.

Por esta razão, diz o Apóstolo: “conhecendo o temor que se deve ao Senhor”, desempenhamos o nosso ministério e persuadimos os homens. Ou seja, exortamos, procuramos convencer todos os membros do Corpo de Cristo que esteja convicto na fé, corpo de doutrina. Notem: o Tribunal de Cristo não é o estímulo ao trabalho, em si e por si, pois qualquer um poderá trabalhar… e nem por isso terão galardão; sobre isso ele diz que são obras que a carne se vangloria (II Coríntios 11: 28-30). O Tribunal de Cristo estimula-nos a exortar os crentes a conhecerem e a estarem firmes na fé, no ensino e na mensagem da reconciliação. O Tribunal de Cristo constrangia Paulo a preparar a Igreja como uma virgem pura a ser apresentada diante do Senhor... (II Coríntios 11:2).  Por isso ele diz: “A ninguém conhecemos segundo a carne…” “andamos por fé e não por vista…” “Em Cristo somos uma nova criação…”, não carnal e humana, mas espiritual e celestial… e, para ela e por causa dela Deus nos deu o ministério da reconciliação com uma mensagem de reconciliação.

E, ainda, neste sentido, acaba a epístola e diz:
«Já o disse anteriormente e torno a dizer, como fiz quando estive presente pela segunda vez; mas, agora, estando ausente, o digo aos que, outrora, pecaram e a todos os mais que, se outra vez for, não os pouparei, posto que buscais prova de que, em mim, Cristo fala, o qual não é fraco para convosco; antes, é poderoso em vós. Porque, de fato, foi crucificado em fraqueza; contudo, vive pelo poder de Deus. Porque nós também somos fracos nele, mas viveremos, com ele, para vós outros pelo poder de Deus. Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados. Mas espero reconheçais que não somos reprovados» (II Coríntios 13:2-6).

Por em causa o Apostolado de Paulo era por em causa o seu ministério e a comissão que o Senhor lhe deu acerca da Igreja “Corpo de Cristo” para os gentios, neste tempo dos gentios. E, colocar em causa o ministério do Apóstolo Paulo era sinal de que, provavelmente, eles estariam fora da fé, o corpo de doutrina que diz respeito à Igreja “Corpo de Cristo”. E, se não estivessem na fé, estavam reprovados. E, estar reprovado no ministério era estar reprovado no Tribunal de Cristo; estar reprovado no ministério e na mensagem era negar ao Senhor; e, negar ao Senhor o Senhor o negará no Tribunal de Cristo, recusando-lhe qualquer recompensa! (II Timóteo 2:11-13).

12.  A coroa da Justiça é assim chamada porque é uma recompensa dada pelo Senhor àqueles que a merecerem justamente, sem quaisquer favores, mas obedecerá a critérios justos, honestos, corretos;

13.  A coroa da justiça é, também, assim chamada, porque ela será dada por alguém que é verdadeiramente justo: o Senhor, justo juiz.

14.  A coroa da justiça é assim chamada, creio, porque coroará a justiça de Deus, assente na Sua graça e, aqueles que a recebem são aqueles que mais e melhor exaltaram a justiça de Deus, manifestada sem as obras da Lei (Romanos 3:20-25), ou seja, a justiça que é pela fé, corpo de doutrina.

15. Outro elemento importante que tem a ver com o Tribunal de Cristo, e que está no seguimento desta linha, tem a ver com a base sobre a qual será aplicada esta justiça, e essa base é o Evangelho confiado ao Apóstolo Paulo, acerca da Igreja “Corpo de Cristo”:
«No dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o meu evangelho» (Romanos 2:16).

Já estou a imaginar muitos crentes que esperam a tolerância do Evangelho de Paulo, por ser um Evangelho de Graça e, será este mesmo Evangelho que os envergonhará por o desconhecerem e, especialmente, por não o aplicarem à sua vida! E, quando Paulo fala de Evangelho ele não se limita a falar do “plano de salvação”, mas a todo o conselho de Deus que é uma verdadeira boa-nova para a Igreja “Corpo de Cristo”!

Que sabes tu, do Evangelho de Paulo? Não pergunto se sabem versículos ou capítulos de memória; pergunto, que entendimento têm do Evangelho de Paulo? Como ele escreve:

«Se é que tendes ouvido a respeito da dispensação da graça de Deus a mim confiada para vós outros; pois, segundo uma revelação, me foi dado conhecer o mistério, conforme escrevi acima, resumidamente; para que, quando ledes, podeis chegar à compreensão do meu entendimento acerca do mistério de Cristo» (Efésios 3:2-4);

«Não cesso de dar graças por vós, fazendo menção de vós nas minhas orações, para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele [entendimento da sabedoria revelada através do conhecimento completo dele – à medida que o conhecemos mais e melhor, segundo a presente revelação de Cristo, como Cabeça da Igreja, adquirimos este entendimento], iluminados os olhos do vosso coração [interior], para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder» (Efésios 1:16-19).

Saber da Bíblia e falar dela, qualquer religioso é capaz de o fazer e, alguns, até o fazem com grande eloquência. Mas, falar do “Mistério de Cristo” só pelo Espírito de Deus (I Coríntios 2:9-16). Este entendimento é ter a mente de Cristo!


O Tribunal de Cristo tem tudo a ver com a Igreja “Corpo de Cristo”, com a forma como edificamos o Corpo, tratamos os seus membros, ensinamos ou formamos os demais membros, conhecemos as verdades da revelação do Mistério de Cristo, a comissão e mensagem que o Senhor glorificado revelou a Paulo, entre outros aspetos do “Corpo de Cristo” místico.

Sobre a coroa da justiça, poderemos admitir que qualquer um poderá dizer que ama a vinda do Senhor, e até pode amar e desejar muito a vinda do Senhor. A própria criação o deseja! (Romanos 8) Mas, que é que isso tem a ver com uma recompensa ? A coroa da justiça estará reservada para aqueles que amarem a manifestação do Senhor a Paulo, com tudo aquilo que isso implicou, ou seja: o início de um novo propósito de Deus, de um novo programa de Deus, de um novo modelo de Deus, em suma, de uma nova dispensação de Deus, demonstrada, designadamente, no caracter de graça que ela revestiu, a comissão que ela trouxe, a mensagem que ela anunciou e o propósito que ela teve. Isso, sim, é verdadeiramente o motivo que levou Paulo a lutar o bom combate, e assim acabou a carreira e guardou a mensagem. Por isso, sim, Deus terá uma coroa de justiça para lhe conceder, como prémio.

Caros amigos e co membros do Corpo de Cristo: que esperais do Tribunal de Cristo? Que coroa esperais receber? Que recompensa e galardão esperais receber? Não se deixem iludir com ideias e mensagens nada condizentes com o modelo da graça revelada ao Apóstolo Paulo, nem se deixem influenciar com vidas religiosas, formais, e recheadas de aparências que não têm qualquer valor espiritual.

O Senhor seja convosco e com o vosso espirito no entendimento da Sua palavra, em toda a graça.

VPaço

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