sábado, 28 de junho de 2014

TENTAÇÃO: DE CRISTO E NOSSA!



«E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo» (Mateus 3:16-17).

Há vários aspetos neste relato de Mateus que são verdadeiramente impressionantes. Primeiramente, começa por chamar a nossa atenção as palavras do Pai acerca do Senhor Jesus Cristo: «Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo»! O meu Filho, onde está todo o meu prazer! Não deixa de ser admirável as palavras serem pronunciadas em relação ao Senhor Jesus Cristo, não a meio do seu ministério, nem no fim do seu ministério, mas depois de cerca trinta anos de vida como carpinteiro, como um homem de ofícios, vivida no anonimato! Diga-se, anonimato porque o Espírito de Deus não foi servido de relatar qualquer facto da vida particular do Senhor Jesus, senão, tão-somente, que «todos os anos, ia com seus pais a Jerusalém, à Festa da Páscoa» (Lucas 2:40, 41), que vivia em nazaré, que era sujeito aos seus pais na carne, que «crescia em sabedoria, em estatura, e em graça para com Deus e os homens» (Lucas 2:51-52).

Não ignoremos, ainda, que estas palavras do Pai foram dirigidas ao Senhor Jesus Cristo no momento em que o Senhor estava sendo batizado por João, o Baptista. O contexto diz:
«E, naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judeia e dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus…
«Então, ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judeia, e toda a província adjacente ao Jordão; e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados…
«Então, veio Jesus da Galileia ter com João junto do Jordão, para ser batizado por ele. Mas João opunha-se-lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim? Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o permitiu. E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água…» (Mateus 3:1-17).

Lucas escreve:
«E aconteceu que, como todo o povo se batizava, sendo batizado também Jesus, orando ele, o céu se abriu…» (Lucas 3:21).

Assim, percebemos que João Baptista, homem enviado de Deus (João 1:6) a preparar o caminho para a manifestação do Messias (João 1:31-34), pregava o batismo do arrependimento, a quem iam ter todos de Jerusalém, da Judeia e arredores, confessando os seus pecados.
Estranho é que, sendo esta mensagem dirigida a pecadores, o próprio Senhor Jesus Cristo tenha ido a João Batista para ser batizado! E, questionamos: que pecados tinha o Senhor Jesus que se arrepender e confessar? Ao que o Senhor responde:
«Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o permitiu».

Convém que seja batizado para cumprimento da justiça! Notem: o Senhor não diz que era necessário, como disse a Nicodemos (João 3:5, conforme, 3-7). Mas, disse: convém, no sentido de ser próprio, adequado para o Senhor dar testemunho, já que foi feito semelhante aos homens (Romanos 8:3), mas «sem pecado» (II Coríntios 5:21). Neste sentido, o Senhor estava a identificar-se com o pecado do ser humano, com antes, com o Seu nascimento, se tinha identificado com a natureza humana, diga-se, com o ser humano (Filipenses 2:4-11). Era necessário que o Senhor se identificasse com o seu parente próximo (Deuteronómio 25; Rute 3:9-12, conforme Levítico 25:26) para o remir. Desta forma o Senhor dava os seus passos no cumprimento de toda a justiça de Deus, desde o seu nascimento até à sua ressurreição, ou seja, cumprir o que a justiça de Deus reclamava do pecador: o pagamento da dívida. Neste caso, que seria paga não pelo pecador mas pelo seu parente próximo, o Senhor Jesus Cristo, o único que tinha condições e capacidade para fazer a liquidação e pagamento da dívida do ser humano.
Depois de todo este cenário, todo ele exuberante e divinal, em que tudo parecia cumprir-se facilmente e sem contratempos, somos confrontados com outro relato que nos deixa, agora, no mínimo, intrigados, conforme a exposição das palavras que seguem:
«Então, foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo» (Mateus 4:1).

Depois de um ambiente todo ele divino e celestial, o Senhor é conduzido a um cenário totalmente oposto, como seja, um deserto, um período de fome e sede, e com o diabo a rondá-lo com várias tentações!
Notem a descrição que é feita: O Espírito de Deus descendo sobre Ele…” e, agora, conduzido pelo mesmo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo!
Lembro, também, que o termo "tentar" significa mais do que simplesmente ser atraídos para fazer o mal. O termo carrega a ideia de um teste, de uma tentativa de vacilar a dignidade da pessoa. Assim, as tentações que o nosso Senhor foi sujeito eram muito mais do que simplesmente fazê-lo cometer um ato imoral. Pelo contrário, elas visavam testar a sua dignidade e fidelidade à vocação para a qual fora chamado, e posição que Ele iria reivindicar e ocupar, como Messias, no quadro da Profecia e para o seu cumprimento.
«Tentação diabo…» Esta referência leva-nos até ao jardim do Éden, quando o ser humano foi pela primeira vez tentado pelo diabo. E, podemos fazer esta comparação porque o Senhor foi provado e experimentado exatamente nos mesmos pontos em que Adão e Eva tinham sido e falhado. Tinha chegado o momento em que o "último Adão" iria ser provado se manteria a sua fidelidade às palavras do Pai e se passaria com distinção, exatamente naquilo que o seu primeiro Adão não conseguiu.
Cristo tinha vindo para ser batizado por João, identificando-se, assim, com os fiéis, o pequeno rebanho do remanescente de Israel. O Pai, por sua vez, declarou que Ele é o seu "Filho amado". O Espírito manifesta-se e veio sobre Ele, numa atitude de testemunho, mas, também, de unção e capacitação espiritual para o ministério que iria iniciar. O próprio João Batista testemunha:
«Porque aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, pois não lhe dá Deus o Espírito por medida» (João 3:34).

O Espírito era para falar as palavras de Deus, dentro do Plano que Deus tinha para o Ungido, no âmbito da Profecia:
«O Espírito do Senhor JEOVÁ está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos e a abertura de prisão aos presos» (Isaías 61:1;
«E repousará sobre ele o Espírito do SENHOR, e o Espírito de sabedoria e de inteligência, e o Espírito de conselho e de fortaleza, e o Espírito de conhecimento e de temor do SENHOR» (Isaías 11:2).

É o Espírito da Palavra e para a palavra! Ou seja, tinha tudo a ver com o ministério que o Senhor iria iniciar.
 

A NATUREZA DA TENTAÇÃO

A epístola aos Hebreus diz:
«Porque, naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados» (Hebreus 2:18).
«Porque não temos um sumo-sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado» (Hebreus 4: 15).

A generalidade dos crentes não têm a verdadeira noção e objetividade destas palavras, presumindo que o Senhor poderia ser induzido ao mal como todos nós somos, por causa da raiz do pecado que está em nós! Outros questionam esta alusão às tentações do Senhor Jesus Cristo, uma vez que ele não tem as mesmas situações e seduções que caraterizam a nossa sociedade moderna. Mas, de facto, não é a esse tipo de situações que são referidas aqui. Claro que, há muitas situações da nossa atualidade que não são comparáveis ou equivalentes às situações que o Senhor viveu. Além disso, há caraterísticas específicas nas tentações que têm a ver com a facha etária ou com sexo, lugar, entre outras, que não podem ser aplicadas ao Senhor Jesus Cristo. Por exemplo, as mulheres, pelas suas disposições próprias, ou os idosos, pelas debilidades que são próprias da idade não devem ser conotadas com o Senhor, nem pode! Por isso, teremos de concluir que as referências às tentações do Senhor Jesus Cristo têm um outro sentido e refere-se a outras questões.
O aspeto mais importante da questão tem a ver com a natureza da tentação, e não com os meios ou com o processo que o diabo usa para realizar a tentação. O objetivo de Satanás não visava conduzir o Senhor a cometer qualquer ato horrendo, imoral ou injusto. E, mesmo ao tipo de tentações que o Senhor foi sujeito, não haveria mal algum o Senhor comer de forma miraculosa, no caso transformar pedras em pão, pois o Senhor fez isso várias vezes durante o seu ministério; nem seria preocupante o Senhor saltar de uma torre do templo e ser auxiliado pelos anjos, pois o Senhor foi-o várias vezes ajudado pelos anjos, inclusivamente depois deste período de tentações; nem haveria mal algum o Senhor tomar a posse de todos os reinos do mundo pela força. Isso tudo será realizado pelo Senhor de forma miraculosa na Sua vinda em poder e glória. A questão importante e o cerne das tentações do diabo tem exclusivamente com a Palavra de Deus, e testar o conhecimento correto e puro que o Senhor tinha da Palavra de Deus e da sua aplicação.
Há coisas que estão muito além de nosso alcance atual de lidar em profundidade e detalhe com cada tentação. No entanto, há vários pontos reveladores que devem ser notados. Primeiro, cada tentação feita ao Senhor Jesus Cristo tem uma ligação direta com algo que vai acontecer na sua segunda vinda. Por exemplo, O Senhor irá transformar as pedras em pão, no deserto, de acordo com o texto de Apocalipse 12:6,14; O Senhor descerá do céu de acordo com Apocalipse 19:11 e virá ao templo em Jerusalém, de acordo com Malaquias 3:1; e, o Senhor tomará a posse de todos os reinos do mundo pela força e governará sobre eles, de acordo com Apocalipse 11:15.
As tentações que o Senhor Jesus enfrentou foram muito mais profundas do que supostamente levá-lo ao engano ou seduzi-lo a cometer um erro. As tentações visavam atingir o centro da vontade de Deus para Ele, no âmbito do programa e do propósito profético de Deus em que o Senhor é o Messias: Sumo-Rei, Sumo-Sacerdote e Sumo-Profeta. E, foi porque o Senhor tinha uma compreensão completa do programa e do propósito profético de Deus e do Seu lugar nele que pôde enfrentar de forma destemida o tentador e suportar gloriosamente a tentação.
Em cada tentação o Senhor Jesus foi tentado a fazer (ou não fazer) alguma coisa relacionada com as Escrituras que lhe eram dirigidas, diretamente, isto é, a fazer algo que as Escrituras diziam que se cumpririam nele. Assim, aparentemente, a tentação não vinha induzir o Senhor a fazer algo errado; aparentemente, parece que as tentações vinham ajudar o Senhor a cumprir as Escrituras. No entanto, a gravidade da situação não estava no ato em si, ou na possibilidade do Senhor fazer ou não fazer; o problema da tentação estava em levar o Senhor a fazer o certo mas no momento errado ou na forma errada. Quão importante, então, é reconhecer que uma das táticas favoritas de Satanás é ser bíblico, mas não dispensacional. Por isso, cada estudante sincero das Escrituras deve tomar nota: não é suficiente para nós sermos bíblicos; devemos, também, e fundamentalmente, ser dispensacionalistas. Se não formos capazes de "manejar bem a Palavra da Verdade", em breve, nos encontramos no "laço do diabo".
Também, devemos notar que, em resposta a cada tentação, o Senhor Jesus citou o mesmo livro da Bíblia. Na verdade, duas vezes Ele cita o texto sagrado a partir do mesmo capítulo que o diabo utilizou! A razão para isso não é difícil de descobrir.
O livro de Deuteronómio que o Senhor Jesus cita é o livro que antecipa a posse da Terra prometida e bênção na sua possessão, por Israel. João Batista tinha sido um fiel arauto do reino dos céus, anunciando que o Reino estava próximo. Também, o nosso Senhor Jesus começou o Seu próprio ministério público com o mesmo discurso, demonstrando a lealdade e a obediência à Palavra de Deus, no sentido de confirmar a proximidade do estabelecimento do Reino dos Céus. Assim, nesta familiaridade e citação do livro de Deuteronómio só vinha confirmar a lealdade do Senhor à Palavra de Deus, relativamente ao cumprimento dos desígnios de Deus para Israel, conforme o programa profético.
Se analisarmos as grandes tentações de Satanás aos homens de Deus na história verificamos que sempre assim aconteceu. Por exemplo: a queda de Adão: não havia qualquer mal Adão e Eva comer de todo o fruto das árvores do jardim. Um dia, teriam o privilégio de comer do fruto da Árvore da Vida e do fruto da Árvore do Conhecimento, como acontecerá no Reino Messiânico (Apocalipse 22). A questão fundamental era a forma como trataram a Palavra de Deus e lhe obedeciam. Aí é que Adão e Eva falharam!
Se observarmos para outros homens de Deus que caíram em tentação, na história humana, verificamos que o cerne da tentação se repete, designadamente Noé, Abraão, Moisés, David, Elias, a nação de Israel, entre outros, teve sempre a ver com a Palavra de Deus que lhes fora dirigida e que lhes dizia diretamente respeito, ou seja, com a vocação de Deus para eles, e por isso, cada caso era um caso concreto e pessoal. Mas, falharam, porque não ficaram firmes na Palavra que lhes fora dirigida por Deus.

 
A FORMA E PROCESSO DA TENTAÇÃO

João lança alguma luz sobre a forma e o processo da tentação, quando refere a substância da influência do mundo:
«Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, (1) a concupiscência da carne, (2) a concupiscência dos olhos e (3) a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo» (I João 2:15-16).

Ou seja: parece que há três vertentes operacionais do mundo sobre os indivíduos, e que têm uma genesi carnal: concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Este é o modus operandi do Diabo, usando a carne, ou as tendências do ser humano dominado pelo pecado e que vai imperando no mundo.
Por isso, se observarmos a tentação do diabo a Adão e a Eva, ou a Israel no deserto, ou ao Senhor Jesus Cristo no deserto, a forma de tentação repete-se. Em relação a Adão e Eva, vemos o seguinte:
«E, vendo a mulher que (1) aquela árvore era boa para se comer, e (2) agradável aos olhos, e (3) árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela» (Génesis 3:6).

 
Assim, e relacionando os textos, vemos:
A concupiscência da carne a árvore era boa para se comer;
A concupiscência dos olhos a mulher viu que a árvore... era agradável aos olhos; e,
A soberba da vida" uma árvore desejável para dar entendimento.

Os tristes resultados daquela tentação são sobejamente a conhecer:
«Tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela».

Este modo tríplice como a tentação se apresenta é universal e por isso revela o fracasso do homem para enfrentar a prova. O diabo sempre usa a carne e o mundo para fazer a sua obra, pois sabe que estas duas realidades são mais poderosas que o ser humano e, diante delas ele sempre cede.
Como Cristo veio, primeiramente, para restaurar a raça humana à sua condição original, ou seja, «da idade na inocência», e que perdemos com a queda de Adão, o Senhor teria de ser tentado, especialmente, na forma e na área em que Adão foi.
«Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão, em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o animal; depois, o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrenos; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial» (I Coríntios 15:45-50).
«A morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual é figura daquele que havia de vir. Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos» (Romanos 5:14-16).

Sendo Adão uma figura daquele que haveria de vir, era necessário que o Senhor fosse provado nos mesmos pontos e áreas que Adão foi. Pelo que, observando a tentação do Senhor, verificamos o seguinte:
1.     Ele foi tentado na concupiscência da carne: "Faz estas pedras pão";
2.     Depois foi tentado pela concupiscência dos olhos: "Lança-te daqui abaixo" do templo, como desce do céu numa exibição de esplendor angelical; 
3.     Por último, foi tentado na área da soberba da vida: "Te darei os reinos deste mundo"
Assim, o Senhor Jesus Cristo foi realmente tentado em todos os pontos que Adão foi, mas "sem pecado!

 

O SEGREDO DA VITÓRIA

Muitos têm apontado que o segredo da vitória do Senhor Jesus Cristo sobre Satanás esteve na sua total dependência da Palavra escrita de Deus. Cada vez que Satanás atacava, o Senhor respondia ao seu ataque com "está escrito". A sua destreza no uso eficaz da "Espada do Espírito" dissuadia os intentos do Diabo e o repulsava completamente derrotado.
No entanto, verificamos que não era o uso indiscriminado e descontextualizado da Palavra de Deus. O nosso Senhor não faz o que, muitos de nós, fazemos: simplesmente citamos o primeiro versículo que vem à nossa mente. Pelo contrário, as citações das Escrituras pelo Senhor obedeceu a um critério muito rigoroso e adequado, seja para dar resposta à tentação, como seja em relação ao conteúdo do texto bíblico que envolvia a tentação, que, no seu caso concreto, tinha a ver com o propósito da Sua vocação como Messias. Ou seja, a sua seleção na escolha dos textos sagrados era exatamente de acordo com a sua posição no programa de Deus então em vigor.
Há coisas que estão muito além de nosso alcance atual de lidar em profundidade e detalhes com cada tentação. No entanto, há vários pontos reveladores que devem ser notados. Como já vimos, na experiência do Senhor Jesus Cristo, cada tentação que lhe foi feita tinha uma relação direta com a vocação do Senhor Jesus Cristo como Messias. Por isso, as tentações visavam atingir o centro da vontade de Deus para Ele, no âmbito do programa profético. E, só porque o Senhor tinha uma compreensão correta e completa do programa e do propósito profético de Deus e do Seu lugar nele que pode enfrentar corajosamente o tentador e sair vitorioso.
Em cada tentação o diabo pretendia que o Senhor Jesus falhasse na sua vocação, precipitando ou pondo e causa a Escritura que falava dEle. Tal Palavra falava dEle como falava para Ele, pelo que, o Senhor tinha a obrigação de a conhecer em perfeição para não ser enganado pelo diabo ou outros dos seus enviados, designadamente fariseus, saduceus e outros eus da época. Se o Senhor não conhecesse a Palavra de Deus acerca de si mesmo, o seu tempo e a sua aplicação, facilmente poderia ser enganado a fazer algo que, estaria na própria Palavra de Deus, mas no modo e no tempo errado: ou seja, a aplicar a Sua muitos textos da Palavra de Deus mas que não lhe dizia diretamente respeito! Por isso, e já referimos, como é importante, conhecer a Palavra de Deus em termos de forma e de tempo, ou seja, dispensacionalmente. E, para reforçar esta preocupação, chamamos a atenção do leitor para observar como o diabo é muito conhecedor das Escrituras, ao ponto de as citar com muito rigor. E, aqui surge a questão: somos conhecedores das Escrituras como o Senhor Jesus Cristo ou como o diabo? O Senhor conhecia as Escrituras e sabia aplica-las corretamente, porque conhecia as Escrituras dispensacionalmente; o diabo conhecia as Escrituras mas sem qualquer critério, pelo que, não sabia fazer a sua aplicação correta. E, com isto, repetimo-nos: não é suficiente sermos bíblicos; devemos, também, e fundamentalmente, ser dispensacionalistas. Se não formos capazes de "manejar bem a Palavra da Verdade", em breve, nos prenderemos no "laço do diabo" (II a Timóteo 3:15, 2:26)
A referência que é feito ao livro de Deuteronómio também é importante, já que aquele livro aponta para a posse da Terra prometida e para bênção na sua possessão, por Israel. E, se Adão era uma figura do Senhor Jesus Cristo, Israel também poderá ser conotado com isso, na tentação do diabo são citados textos que se referiam a Israel. Ou seja, primeiramente a Israel. Mas, como Israel falhou na sua vocação, tal como Adão, o Senhor Jesus Cristo, no Seu ministério, assume o papel de Adão O Filho do Homem, como Ele próprio se intitula, e como o Filho de Deus, como Israel foi chamado por Deus.
Por essa mesma razão as respostas do Senhor ao diabo basearam-se nos mesmos textos que tinham sido proferidos para Israel. E, assim, o Senhor assume-se como o substituto do homem, quanto à restauração da raça humana, e como substituto de Israel, quanto à restauração do governo humano.
Vejamos, a título de exemplo, as semelhanças existentes entre a vocação de Israel e a vocação do Senhor Jesus Cristo:
(1)   Israel é chamado de «Filho de Deus» (Êxodo 4:22-23);
(2)   Foi chamado do Egipto (Oseias 11:1);
(3)   Foi provado no deserto (Hebreus 3:8);
(4)   As tentações assentavam nas mesmas três vertentes:
a.     A concupiscência da carne (I Coríntios 10:7-8);
b.     A concupiscência dos olhos (Idem, v. 9); e
c.      A soberba da vida (Idem, v. 10).

Mas, quanto a Israel, foi dito:
«Mas Deus não se agradou da maior parte deles, pelo que foram prostrados no deserto» I Coríntios 10:5);
«Não endureçais o vosso coração, como na provocação, no dia da tentação no deserto…
«Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como na provocação. Porque, havendo-a alguns ouvido, o provocaram; mas não todos os que saíram do Egito por meio de Moisés. Mas com quem se indignou por quarenta anos? Não foi, porventura, com os que pecaram, cujos corpos caíram no deserto? E a quem jurou que não entrariam no seu repouso, senão aos que foram desobedientes? E vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade» (Hebreus 3:8, 15-19).

Ou seja, estavam desviados dos propósitos que Deus tinha para eles como Povo de Deus”… perderam a visão da terra prometida quiseram voltar ao Egipto queriam um rei como as outras nações em suma: falharam na vocação de Deus para eles.
Em relação ao Senhor Jesus Cristo, o facto de ter citado os textos de Deuteronómio vinham demonstrar a fidelidade do Senhor à Palavra do programa profético quanto ao seu devido cumprimento, substituindo-se a Adão e a Israel nas posições que ocupavam, e nas quais falharam quando foram testados.
O Senhor, por seu lado, demonstrou, tanto pelo seu direito pessoal, como pela sua lealdade à Palavra de Deus, como devemos agir para com a tentação quando formos tentados. As suas citações de Deuteronómio servem para enfatizar tudo isso de uma forma convincente.
Consideremos, por exemplo, a sua primeira resposta. 
O Senhor cita Deuteronómio 8:3, mas o seu contexto anterior não deve ser esquecido:
«Todos os mandamentos que hoje vos ordeno guardareis para os fazer, para que vivais, e vos multipliqueis, e entreis, e possuais a terra que o SENHOR jurou a vossos pais.
«E te lembrarás de todo o caminho pelo qual o SENHOR, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te tentar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os seus mandamentos ou não.
«E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram, para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas que de tudo o que sai da boca do SENHOR viverá o homem» (Deuteronómio 8:1-3).

Assim como Cristo foi provado e comprovado com "o que estava em (seu) coração", vemo-lo agindo de pleno acordo com as exigências de Deus, quanto à fidelidade à Sua Palavra e que, tanto Adão como Israel falharam na tentação do "deserto".
O mesmo vale para as tentações que se seguiram. Em ambas as restantes tentações o Senhor se refere a Deuteronómio 6, um capítulo que incide sobre o comportamento de Israel em um momento descrito como "quando o Senhor teu Deus te introduzir na terra que jurou a teus pais" (6:10). Deuteronómio 6 mostra claramente que a posse da terra de Israel dependia de sua lealdade a Deus e obediência a Ele.

Com a aproximação do tempo para o cumprimento dessas promessas o uso que o Senhor faz dessa importante passagem, em face de ataques de Satanás, mostra claramente a sua compreensão do que Ele representava no programa de Deus e demonstra o valor da Palavra bem manejada. O Senhor Jesus Cristo simplesmente tomou a sua posição no programa de Deus e se recusa a ser afastado dessa posição, ou a precipitar ou antecipar o seu cumprimento. Foi aí que residiu a sua vitória.
 

A CHAVE PARA NÓS

É Paulo, em I Tessalonicenses 3:5, que designa Satanás como "o tentador", e certamente a experiência de cada crente atesta o trabalho continuado do programa de confusão e tentação de Satanás. A concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida na prossecução da desgraça no melhor entre nós.
Como é maravilhoso saber que temos um Salvador que sabe e entende essas fraquezas que rodeiam a nossa vida, e na sua experiência podemos obter a ajuda necessária para sairmos, igualmente, vitoriosos em situações análogas.

O Senhor Jesus Cristo demonstrou na Sua tentação ser fiel. Mas, só poderia demonstrar que era fiel se conhecesse perfeitamente e corretamente a Palavra de Deus. Doutra sorte, as respostas do Senhor a Satanás deixá-lo-ia a rir! Pior que isso, esse reação fraca representaria ficar sob o domínio do adversário.  Mas, que diz a Escritura? Que o Senhor foi "tentado em todos os pontos como nós somos, mas sem pecado", ou seja, sem falhar ou ceder à tentação de não obedecer à palavra de Deus; e, o segredo da Sua vitória é o mesmo para nós: submissão total à Palavra de Deus para nós. Lembremo-nos que não foram simples citações da Palavra de Deus, mas foram respostas com citações da Escritura corretamente dividida, e cujo conteúdo reflete o que a Escritura representava para ele. Pudéssemos ter a mesma expressão!
Os membros da Igreja "Corpo de Cristo" teem uma forma própria de responder à tentação.  E, a forma como devemos responder à tentação é bem retratada no exemplo que nos foi deixado pelo Apóstolo Paulo.
Não deixa de ser sintomático verificarmos que a Escritura apresenta o Senhor Jesus Cristo e o Apóstolo Paulo como os grandes vitoriosos sobre Satanás. Atenção, não estamos a falar de impecabilidade. Impecável só temos o Senhor Jesus Cristo como o único que morreu feito pecado, mas sem pecado”, que é Deus bendito, eternamente. E longe de nós qualquer pretensão exaltar Paulo, mas a excelência da graça de Deus que, no "principal dos pecadores", o "líder dos pecadores" que combatia o Senhor, a dita graça de Deus salvou e fez dele o apóstolo dos gentios, o comissionou com a mensagem da Igreja celestial, e fez dele um modelo da graça de Deus para nós. E, se a graça de Deus fez o que fez no principal dos pecadores, é suficientemente capaz de fazer mais em nós! Assim, e pelo contexto e pelo assunto que temos em consideração estamos a falar de sermos vitoriosos sobre Satanás no cumprimento do programa de Deus para nós enquanto estamos neste mundo. E, nesta perspetiva verificamos que, enquanto os anteriores homens de Deus falharam, pois confiavam em si, andavam pelas obras, o Senhor Jesus Cristo e o Apóstolo Paulo são os únicos dois exemplos de vitória: o Senhor Jesus Cristo foi vitorioso por mérito próprio, pelo que é Deus bentito eternamente; o Apóstolo Paulo como exemplo da graça de Deus: o que a graça de Deus e a graça do Senhor Jesus Cristo pode fazer em nós e por nós. E, se a graça de Deus fez o que fez em Paulo e por Paulo, é exemplo de que poderá fazer o mesmo em nós e por nós, ou seja: estarmos firmes na Palavra de Deus que é espiritual (não em ritos e em símbolos) e vivermos por ela!

Sobre isso ele diz:
Primeiramente, que foi chamado para Apóstolo de Jesus Cristo glorificado, como cabeça da Igreja, e que lhe confiou a palavra da pregação de Deus acerca da Igreja corpo de Cristo por mandamento de Deus: no grego: por Edito Imperial Divino.
«Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade, em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos tempos dos séculos, mas, a seu tempo, manifestou a sua palavra pela pregação que me foi confiada segundo o mandamento de Deus, nosso Salvador…» (Tito 1:1-3);

Aos Colossenses Paulo diz que padecia no seu corpo as aflições pela Igreja Corpo de Cristo, um verdadeiro combate por lhe ter sido confiada ou comissionada esta palavra gloriosa e eterna:
«Regozijo-me, agora, no que padeço por vós e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja; da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a palavra de Deus: o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e que, agora, foi manifesto aos seus santos; aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória; a quem anunciamos, admoestando a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo homem perfeito em Jesus Cristo; e para isto também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente» (Colossenses 1:24-27);

Diz ele: ele foi chamado com esta comissão para cumprir a Palavra de Deus, ou seja, completar a revelação da palavra de Deus! Será que Paulo completou a Palavra de Deus, ou concluiu o ministério para o que foi chamado e comissionado por Deus?
E, aos coríntios reforça mais a ideia das provas e tentações que teve por causa da responsabilidade que tinha:
«E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, de que ao homem não é lícito falar. De um assim me gloriarei eu, mas de mim mesmo não me gloriarei, senão nas minhas fraquezas. Porque, se quiser gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas deixo isso, para que ninguém cuide de mim mais do que em mim vê ou de mim ouve. E, para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor, para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então, sou forte» (II aos Coríntios 12:3-10);

Paulo teve um ministério muito doloroso e cheio de provas. Estava no fim da sua vida, todos as igrejas e grande parte dos colaboradores o tinham abandonado e o diabo ainda não lhe tinha largado a perna, intensificando as dores dolorosas do espinho que lhe fora da do pelo mensageiro de Satanás. Diz ele:
«Ninguém me assistiu na minha primeira defesa; antes, todos me desampararam. Que isto lhes não seja imputado. Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que, por mim, fosse cumprida a pregação e todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da boca do leão. E o Senhor me livrará de toda má obra e guardar-me-á para o seu Reino celestial; a quem seja glória para todo o sempre. Amém!» (II a Timóteo 4:16-18);

Notem estas palavras com aroma de vitória: «para que, por mim, fosse cumprida, ou completada a pregação (que lhe fora confiada) e todos os gentios a ouvisse». Por isso, pode dizer aos Colossenses: «que chegou até vós e está em todo o mundo» (1:6), «o qual foi pregado a toda a criatura» (1:23).
E, no meio destas provas todas, no fim da sua vida, pode entoar o cântico de vitória:
«Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério. Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda» (Idem, 4:5-8).

E, esta vitória não consistia somente em anunciar a Palavra da Verdade, mas acabar a vida neste mundo e endossar a mesma Palavra com a pureza e inviolável como a tinha recebido pelo Senhor. Paulo recebeu a Palavra da Verdade e a preservou pura até ao fim da sua vida, pois disse: «guardei a fé». Esta é que foi a grande vitória. Temos vários exemplos dessa demonstração. Ele diz aos Gálatas:
«E isso por causa dos falsos irmãos que se tinham entremetido e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão; aos quais, nem ainda por uma hora, cedemos com sujeição, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós» (Gálatas 2:4-5).

Nem por uma hora cedi para manter pura a verdade do Evangelho que recebera do Senhor!

Não deixa de ser sugestivo e instrutivo a estreita relação do ministério do Senhor Jesus Cristo e o ministério da Igreja Corpo de Cristo. Analisemos:
CRISTO
O CORPO
Cristo começou o Seu ministério terrestre com um conflito direto com Satanás na sua tentação (Mateus 4:1-11 e Lucas 4:1-15), sem intervenção humana.    
O Corpo começou com uma intervenção satânica diretamente sobre Paulo (II Coríntios 12:1-10). Paulo ora três vezes para ser liberado dessa servidão satânica; A resposta foi: "Minha graça te basta!” A minha graça é suficiente para ti.
- Notemos: é um ataque direto de Satanás: não há qualquer oposição física, nem qualquer envolvimento humano (pessoas)!
Notemos, ainda, que não há intervenção angélica, nem conforto. Paulo é diretamente confortado através do Espírito Santo, o Espírito da graça. Compare isso com os dois conjuntos das três tentações de Cristo, após o que são enviados anjos do Pai para o conforto de Cristo (Mateus 4:11; Lucas 22:43). Da mesma forma, no Getsêmani Cristo orou três vezes para que o Cálix fosse removido: ali, o Senhor teve de enfrentar o adversário sozinho! Todos o tinham abandonado! Mas, teve os anjos enviados por Deus para o confortar. No programa do Reino, os anjos foram enviados para confortar o Senhor; no programa da Graça o conforto é feito diretamente pelo Senhor, ou seja, pela Sua palavra. Mas, o início do combate foi um confronto direto com o inimigo!
Depois, durante o ministério, o “combate” do Senhor na defesa da verdade, contra as hostes espirituais consistia na oposição aos governantes humanos (fariseus, saduceus e Israel falso). Estes faziam parte do "anti-Israel" nos dias do Senhor.
O ministério de Paulo consistia em defender o Evangelho do Corpo de réprobos judeus e gentios. Eram homens e mulheres de "carne e sangue" (o anti-corpo). Este ministério foi principalmente defendendo e articulando o Evangelho do Corpo de Cristo. Ele não tomou nenhuma ação física contra estas pessoas físicas, mas defensiva usando as Escrituras (Atos 28:31).
- Nenhum ataque direto das forças demoníacas, mas através de criaturas físicas. Os demónios estão por trás dos obreiros humanos.
Assim, o ministério de Cristo preparou-o para o triunfo final sobre Satanás, e assim foi capaz de clamar desde a cruz do Calvário: "está consumado". O preço da redenção estava completa, e Ele foi, então, com sucesso e com boa vontade crucificado (Hebreus 12:2). Da mesma maneira, no “Corpo”, a experiência terrena é análoga e similar, sendo a mesma uma preparação para o combate final (Romanos 16:20).
Cristo “levou cativo o cativeiro” (Efésios 4:8; Colossenses 2:15); o “príncipe deste mundo” foi preso no abismo até à grande tribulação (Apocalipse 9, 13, 17:8…).
O Corpo pisará / humilhará a Satanás (Romanos 16:20);
Cristo morreu em fraqueza física, para se manifestar n’Ele a maior dimensão do poder de Deus (II Coríntios 13:3; Filipenses 2:4-11);
Paulo morre em fraqueza e abandonado, mas venceu cumprindo a pregação que lhe fora confiada e a coroa da justiça lhe estava reservada (II Timóteo 4:6-18);
Este combate final foi diretamente com o “príncipe deste mundo” (João 12:31; 14:30; 16:11); não houve qualquer envolvimento humano e foi combatido pessoalmente pelo Senhor; nem houve qualquer intervenção angelical.
Este combate final também será contra o “príncipe das potestades do ar” (Efésios 2:2-3; 6:12); E não haverá qualquer envolvimento humano: será combatido pessoalmente pelo Corpo, com o Senhor como Cabeça; nem haverá qualquer intervenção angelical: mas venceremos pelo poder de Deus (Filipenses 3:20-21; Efésios 1:18-23; 3:15-21).
- No fim, “a coroa da justiça nos está entregue… na Sua vinda” (II Timóteo 4:8), se mantivermos o Evangelho de Paulo, fielmente (Filipenses 2:16; II Timóteo 2:11-13).

Pelas considerações nas escrituras apresentadas verificamos que, em carne, ou seja, enquanto estivermos neste mundo, se quisermos sair vitoriosos, termos que seguir a referência de Paulo: pelas escrituras que ele nos deixou e pelo exemplo de vida que encontramos dele nas suas epístolas. Sublinho «nas suas epístolas» porque o livro de Atos dos Apóstolos não foi Paulo que o escreveu nem dá a perspetiva de Paulo segundo a dispensação e ensino da graça, mas segundo os judeus. O livro dos Atos dos Apóstolos não foi escrito para a Igreja Corpo de Cristo, nem acerca da Igreja Corpo de Cristo, mas tem outro propósito, que não vamos considerar aqui. O que diz respeito à igreja Corpo de Cristo está contido exclusivamente nos escritos daquele a quem foi confiada esta revelação: o Apóstolo Paulo.

E, assim, ele diz a Timóteo:
«Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as aflições (resiste), faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério. Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo» (Idem).

Por outras palavras: Timóteo: a minha carreira acabou: agora, tens de ser tu a dar continuidade. E, esta continuidade não é completar a Palavra de Deus, pois ela está completa, mas a completar O TEU MINISTÉRIO. E, este ministério não era levar o Evangelho a todo o mundo, como ainda a cristandade tem como primeiro objetivo fazer (fora dos propósitos de Deus), mas de «GUARDAR O QUE LHE FORA ENTREGUE PELO APÓSTOLO PAULO». Por isso, diz ele:
«Tu, pois, meu filho, fortifica-te [fica sempre firme na graça – não te desvies da graça] na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros. Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo. Ninguém que milita se embaraça com negócio desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. E, se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente» (II a Timóteo 2:1-5);

«Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós» (II Timóteo 1:14).

E, este aspeto é que é importante para nós, que não somos chamados a completar a comissão especifica de Paulo, mas a cumprir o nosso ministério que é, essencialmente, «fazer a obra de um evangelista» (II a Timóteo 4:5) [esclareça-se, que não é pregar o evangelho mas dominar toda a mensagem do Evangelho da Graça de Deus, a revelação do Mistério] e guardar essa mensagem que nos foi passada e, por conseguinte, confiada, e passa-la a homens fieis:

«Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência» (I Timóteo 6:20);
E, por isso é que a Igreja é chamada de «coluna e firmeza da verdade»

«Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te bem depressa, mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade. E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória» (I a Timóteo 3:14-16).
Esclareça-se, também, que "Igreja" não é nenhuma igreja local especificamente, nem uma denominação, mas os verdadeiros membros do «Corpo de Cristo», os que nasceram de novo pela mensagem do "Evangelho da glória de Cristo" glorificado confiado a Paulo para os gentios.

Voltando ao assunto e a II a Timóteo 2: Notem a linguagem militar: sofre… resiste… fica firme na graça… não caias da graça… não renuncies à palavra que recebeste de mim…
«Em tudo, te dá por exemplo de boas obras: na doutrina, mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós» (Tito 2:7-8);

Então, exorta ele:
«Sede também meus imitadores, irmãos, e tende cuidado, segundo o exemplo que tendes em nós, pelos que assim andam. Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O fim deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles é para confusão deles mesmos, que só pensam nas coisas terrenas. Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas» (Filipenses 3:17-21);

De facto, o que é de extrema importância para nós será seguir este modelo. Muitos modelos vemos a serem adotados e apontados na cristandade: modelos religiosos, muito apelativos, mas que apelam à carne, envolvem as coisas da carne, do ventre, como diz o Apóstolo, que tem a ver com as coisas terrenas, como comer, beber, formas religiosas, ritos, práticas cerimoniais, disciplina do corpo, devoção voluntária, pois tem a sua origem na carne e no mundo e o fim é a destruição: são cinzas no tribunal de Cristo.
«O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será convosco» (Idem, 4:9);
«Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo» (I aos Coríntios 11:1).

Paulo não está a falar de imitar o Senhor Jesus Cristo segundo a carne, pois ele diz que não conheceu o Senhor em carne; e, diz mais: quem o conheceu desse modo, não é nessa forma que o Senhor quer dar-se a conhecer, hoje, mas revelou-se como Sumo Senhor, com um nome que é sobre todo o nome, como cabeça de todo o principado e potestade, como cabeça da Igreja, glorificado com corpo espiritual e glorioso, elevado acima de todos os céus. Por isso, é assim que deve ser conhecido, ou seja, anunciado e pregado. E, nesse sentido diz: sede meus imitadores como eu sou de Cristo glorificado, como cabeça da Igreja; ou seja: Paulo foi o único a quem o Senhor glorificado apareceu fisicamente. Paulo foi o único que recebeu a revelação da Igreja Corpo de Cristo diretamente do Senhor. Como tal, ele recebeu o modelo da Igreja Corpo de Cristo diretamente do Senhor e no-lo comunicou pelas escrituras que nos deixou. Imitar a Paulo é seguir o modelo exarado nas epístolas que ele escreveu.
Paulo, assim, foi constituído por Deus como exemplo de como poderemos ser vitoriosos pela graça de Deus.
E, se atentarmos para a experiência do Apóstolo Paulo, como membro da Igreja Corpo de Cristo, e como aquele que recebeu a comissão e revelação para a Igreja Corpo de Cristo, verificamos que a forma de atuação do Diabo é a mesma, sendo, por isso, um modelo de atuação da graça de Deus para o crente, hoje. E, se quisermos aprender com aquelas experiências, especialmente no Senhor Jesus Cristo, quanto à forma, e no Apóstolo Paulo, como pecador salvo e comissionado para o ministério da graça, das quais saíram vitoriosos sobre as hostes espirituais da maldade, devemos atentar para elas como um verdadeiro modelo de escape.

Vejamos a experiência dos Tessalonicenses:
«Portanto, não podendo eu também esperar mais, mandei-o saber da vossa fé, temendo que o tentador vos tentasse, e o nosso trabalho viesse a ser inútil.
«Vindo, porém, agora, Timóteo de vós para nós e trazendo-nos boas novas da vossa fé e caridade e de como sempre tendes boa lembrança de nós, desejando muito ver-nos, como nós também a vós,
«Por esta razão, irmãos, ficamos consolados acerca de vós, em toda a nossa aflição e necessidade, pela vossa fé,
«Porque, agora, vivemos, se estais firmes no Senhor» (I Tessalonicenses 3:5-8)

E Gálatas 6:1
«Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão, olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado»

É esta a preparação que o Apóstolo quis fazer nos crentes, os membros da Igreja Corpo de Cristo:
«Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele Dia vos surpreenda como um ladrão; porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas. (Por isso) não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos e sejamos sóbrios. Porque os que dormem dormem de noite, e os que se embebedam embebedam-se de noite. Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da e da caridade e tendo por capacete a esperança da salvação. Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós, para que, quer vigiemos, quer durmamos, vivamos juntamente com ele» (I Tessalonicenses 5:4-10);
«E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está, agora, mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz. Andemos honestamente, como de dia, não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências» (Romanos 13:11-14).

Aos Efésios diz:
«No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo; porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
«Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.
«Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade (a Palavra da Verdade, o Evangelho da Salvação – Efésios 1:13), e vestida a couraça da justiça (a natureza do Novo Homem e seu fruto, como LUZ e da LUZ incessível – 4:24; 5:9), e calçados os pés na preparação do evangelho da paz (a mensagem do evangelho do “um corpo” – Efésios 2:14, 15, 17, conforme 4:3 – “ligação da paz”); tomando sobretudo o escudo da (“uma só fé”, 4:5; e pela “unidade da fé”, 4:13). com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação (i.e., esperança da salvação – I Tessalonicenses 5:5, Tito 2:11, Romanos 8:23-24) e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus, orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos, e por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador em cadeias; para que possa falar dele livremente, como me convém falar» (Efésios 6:10-20).

O Apóstolo não está a usar termos abstratos, nem tem um discurso desconexo. Pelo contrário, ele é objetivo e os termos que usa devem ser entendidos no contexto da Epistola. Assim, as pelas da armadura do crente não é mais do que um resumo do que ele veio falando na sua epístola aos Efésios.
E, quando ele começa por dizer que, o que nos resta, depois de tudo o que foi dito é fortalecermo-nos no Senhor, ou seja, estarmos firmes na posição que o Senhor já ocupa, como garantia do cumprimento da Sua palavra, e da promessa eterna (Tito 1:1-3), é porque só assim poderemos resistir ao adversário. O segredo a vitória passa por nos firmarmos e agarrarmo-nos à esperança do que a palavra de Deus diz que temos em Cristo, conforme está descrito em Efésios 1:3-14, e “à força do Seu poder que se manifestou em Cristo e colocando-o à dextra de Deus como Cabeça da Igreja e se manifestará em nós na ressurreição do Mistério, conforme descrito em Efésios 1:18-23, conforme I aos Coríntios 15:50-58, I aos Tessalonicenses 4:13-16 e Filipenses 3:20-21. Ou, seja, o poder que se manifestou em Cristo colocou-o na posição que Deus planeou desde antes da fundação do mundo, para cumprimento do seu eterno propósito, e na qual posição garante que todos os membros da Igreja Corpo de Cristo sejamos abençoados com todas as bênçãos espirituais; E, esse poder se manifestará em nós. É nesta certeza, nesta palavra, nesta fé que nos devemos agarrar firmar fortalecer
Neste mundo temos ciladas não lutas com as hostes espirituais da maldade essa luta será nos lugares celestiais. Mas, enquanto estamos neste mundo, estamos sujeitos às ciladas do diabo e, estas ciladas nos preparam para o grande combate na entrada dos lugares celestiais. A forma como lidamos com a Palavra de Deus acerca da Igreja Corpo de Cristo e a destreza com que o fazemos será a única forma que temos para não sermos derrotados pelo adversário, e nos capacitará para a grande batalha celestial.
Entretanto, hoje, temos de contar com as ciladas e dardos inflamados do maligno
Os termos ou conceitos que o Apóstolo Paulo usa para definir a armadura de Deus não é mais do que disse em toda a epístola, e é nela que devemos encontrar o seu sentido e significado como temos reproduzido no texto acima.
Também, devemos ter em consideração que é a forma como usamos os diversos aspetos da palavra de Deus representado pela destreza como manuseamos as armas e aplicamos à armadura ao nosso corpo, i.e., aplicamos a palavra de Deus à nossa vida, nos mesmos termos e propósitos como Paulo a descreve aos Efésios, definirá a nossa capacitação, como seja:
Lombos »»» Tronco »»» Verdade ---> a forma como a nossa postura é dominada pela verdade do Evangelho da graça;
Couraça »»» Peito/coração »»» Justiça ---> a forma como o nosso coração é dominado pelo conceito de justiça da verdade do Mistério;
Calçados os pés »»» Pés »»» Evangelho da paz ---> a mensagem do evangelho do um corpo Efésios 2:14, 15, 17, conforme 4:3 o vínculo ou a ligação da paz ou a comunhão do Corpo de Cristo;
Escudo »»» Defesa/mãos »»» Fé ---> A fé como corpo de doutrina, a verdade do Evangelho que nos foi revelado por Deus, conforme a uma só fé” descrita em 4:5; chegar, entender e andar na unidade da fé”, 4:13. Ou seja, depende da forma como, genericamente, usamos esta verdade na nossa vida.
Capacete »»» Cabeça »»» Salvação (i.e., esperança da salvação, conforme I Tessalonicenses 5:5, Tito 2:11, Romanos 8:23-24) ---> Esta esperança de que entraremos na posse das nossas bênçãos, conforme Efésios 1:3 e 2:6-7, e não outra esperança!
Espada do Espírito »»» Boca (A Espada do Espírito é usada pelo Senhor na Sua boca - II Tessalonicenses 2:8; Apocalipse 19:15) »»» Palavra de Deus ---> A arma da mente, do espírito: a Palavra de Deus. Esta pode ser a conclusão, o resumo de todas as peças da armadura de Deus. A armadura de Deus, as armas de Deus operam no espírito, porque são do Espírito de Deus e Deus usa-as pelo Seu Espírito, pela Sua mente, pelo Seu entendimento. A palavra de Deus antes de ser passada a escrito, ou antes de ser audível, é produzida na mente de Deus assim acontece connosco!
Em suma: os membros da Igreja Corpo de Cristo se quiserem levar de vencida o diabo e as suas hostes, e especialmente serem declarados vitoriosos no "Tribunal de Cristo" para que lhes seja reservada a "coroa da Justiça", têm de conhecer e dominar destramente a Palavra de Deus que lhe diz diretamente respeito e estão exaradas, exclusivamente, nas epístolas de Paulo aos gentios. Não basta sermos bíblicos. O diabo é bíblico e muito mais destro que qualquer ser humano. E, a verdade é que toda a cristandade é bíblica e baseiam as suas crenças na Bíblia, mas estão cada vez mais sob o laço do diabo, porque estão fora do modelo de Deus para os membros da Sua Igreja. O Senhor Jesus Cristo deu-nos o exemplo quanto à forma como podemos vencer o diabo: conhecer a Palavra de Deus que lhe dizia diretamente respeito e ter a sua vida enquadrada nessa Palavra (na altura, enquadrada no programa profético e no papel de Messias). O Senhor usou a Palavra de Deus para responder ao diabo, mas não foi uma palavra qualquer, foi a palavra certa no conteúdo, no tempo e no espaço. Foi a Palavra que lhe dizia diretamente respeito como Messias, no quadro da revelação profética. Paulo pode cantar a mesma vitória porque soube usar as mesmas armas: a palavra certa no conteúdo, no tempo e no espaço; a palavra que lhe dia diretamente respeito, como membro da Igreja "Corpo de Cristo" no âmbito da revelação do Mistério. E, a coroa da justiça foi-lhe reservada por ter guardado a Palavra inviolável até ao fim. Infelizmente, a Palavra não foi mantida nessa pureza por muitos anos. A generalidade das igrejas dos gentios tinham abandonado Paulo e a revelação que recebera do Senhor; muitos dos seus colaboradores seguiram as mesmas pisadas. Por séculos esta revelação esteve ignorada pela generalidade dos crentes. Estou certo que, em alguns pontos do mundo, algum punhado de crentes, poucos, terão atingido a sua compreensão, como acontece com alguns nesta localidade. Por isso, muitos serão salvos; muito poucos reinarão: serão coroados com a coroa da justiça!
Caro leitor: é inevitável que serás provado! Nós, enquanto estamos neste mundo estamos sempre a ser testados. Estás preparado para enfrentar a tentação? Vais sair vencedor? Que conheces da Palavra de Deus que te diz diretamente respeito, ou seja, que sabes da revelação da Igreja Corpo de Cristo: da sua natureza, formação e esperança? E que aplicação dessa Palavra estás a fazer à tua vida? Estás a andar segundo a vocação com que fostes chamado? Estás a guardar a unidade do Espírito e a Unidade da fé? Estás a defender a verdade na pureza como Paulo a recebeu, ou o amor ao próximo ou por alguma outra coisa vale apena ceder à Palavra de Deus? Que conhecimento e experiência da graça de Deus estás a viver na tua vida? Vives sob a graça como foi demonstrada por revelação ao apóstolo ou vives debaixo de rudimentos, cerimónias, formalismos, legalismos e outras formas carnais de querer viver a vida cristã? O diabo conhece a Palavra de Deus o suficiente e muito facilmente poderá levar-te a fazer o que parece ser mais bíblico, mas fora da vontade de Deus! Se não estiveres certo, destro, aprofundado no ensino dos escritos de Paulo nunca sairás vencedor: nem por sorte, que, na vida cristã, não há sortes: ou sabes ou não sabes; podes ou não podes; saís vitoriosos ou derrotados!

«A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito. Amém!» (Gálatas 6:18).

Vosso, VPP

 

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